Único - Chasing Cars
N.a: Simplesmente não consegui evitar. Música “Chasing Cars”, do Snow Patrol. Boa leitura.
Obs: em itálico são os pensamentos da Hermione, ou/e ironias em destaque.
Obs²: As personagens nesta fic não me pertencem; elas são frutos da imaginação de JK Rowling, mas se pertencessem Harry e Hermione estariam juntos e Ginevra Molly Weasley estaria à sete palmos do chão desde o segundo livro.
Chasing Cars
Seus olhos percorreram minuciosamente cada detalhe daquele ... circo. Gina gargalhava de alguma piada muito interessante contada por uma de suas novas amigas de curso. Curso do quê nem ela compreendia direito. Algo ao qual, pelo jeito, ela somente havia se inscrito porque Harry insistira muito que ser a “esposa de Harry Potter” não era uma profissão, de fato. Mérlin, um ano se passou e ela ainda sentia o estômago embrulhar ao pensar nesse termo: esposa de Harry Potter. E não era só por ele ser Harry Potter, quem derrotou Lord Voldemort, não. Era mais pelo fato dele ser o seu Harry.
Gina se orgulhava por aparecer na capa do Semanário das Bruxas como “Aquela que fisgou o coração do escolhido”, seguido de uma vasta matéria de como as qualidades da ruiva lhe chamaram a atenção: “Além de possuir uma beleza estonteante, Ginny Potter – maldita editora. Já sabemos não? Não é necessário reafirmar a cada parágrafo o parentesco dos dois. - é muito habilidosa com a varinha. Cuida sozinha da mansão Black, - com toda absoluta certeza, Dobby e Monstro estão lá somente de enfeite, ou talvez, passem o dia abanado sua nova patroa; a quem, ela percebera, Dobby obedecia com relutância. Ela também notara que o elfo não se punia tanto como antes quando deixava algum comentário pessoal sobre a conduta da ruiva na mansão escapar e, para sua felicidade, Harry também não fazia questão de repreendê-lo, somente um “não diga na frente dela” era o suficiente - onde o jovem feliz casal vive. - tão felizes. Se essa gente soubesse o que realmente ocorre naquela casa...- “Não é fácil, sabe? Quem olha e vê esse elegante e bem arrumado homem não imagina a bagunça que ele faz dentro de casa! Mas não posso reclamar não é? Que mulher no mundo bruxo e trouxa não gostaria de ter Harry Potter como marido?!”– Deus! Qual o problema dessa ... pessoa? Não conseguia ficar cinco minutos sem dizer isso! Definitivamente, Gina parecia mais considerar o posto que ocupava do que a razão sentimental ali. Deprimente.
A ruiva gritou algo como “maravilhoso!” enquanto a amiga batia palminhas numa falsa empolgação. No meio tempo em que abria a champagne, os olhos de Harry trombaram com os dela. Mesmo estando do outro lado da sala e fingindo estar prestando atenção há algum assunto da conversa, Hermione não conseguiu desviar o olhar.
We'll do it all
Nós faremos tudo isto
Everything
Tudo
On our own
Pela nossa conta
We don't need
Nós não precisamos
Anything
De nada
Or anyone
Nem ninguém
O moreno ficou a encarando, na pergunta silenciosa do que havia de errado com ela. Se fosse há algum tempo atrás, os olhos dela estariam brilhando de alegria por, finalmente, ter um momento a sós com ele, mesmo numa sala cheia de pessoas. Cinco segundos, bastava-lhe isso para sentir-se vivo novamente, para observar o seu delicado rosto... seus lábios chamando-o sem se mexerem. Mas não. Havia sim algo no olhar de Hermione, um profundo desapontamento. Ele esperava tudo, ou qualquer coisa. Que ela o olhasse com ódio profundo – tal olhar ela vem destinando a Gina nos últimos doze meses – ou até com nojo, era preferível ao que via agora: nada. Os olhos castanhos de Hermione pareciam negros, como se não abrigassem mais alegria, como se não abrigassem alma.
-Por favor... – ele implorou baixinho, olhando pra ela. Mas Hermione sequer piscou.
-Então querido, o que acha? – Gina colocou sua mão esquerda no ombro de Harry, fazendo a aliança brilhar. Não tive certeza se para jogar na minha cara ou para se mostrar para a amiga. Ultimamente Gina tem se tornado intragável. Sempre que me olhava parecia esconder algo por detrás de seus olhos: uma raiva profunda misturada com um ciúme doentio e fantasioso. Mal me aproximei de Harry nesse ultimo ano, o que ajudou muito – ressalto a ironia - muito quando minha mãe faleceu após meus cinco meses de casada. A única vantagem é que pude começar a tomar antidepressivos sem que ninguém suspeitasse que minha depressão ia além da morte de minha querida mãe. Ah, como eu senti falta dele. Sentia saudades de cada detalhe do nosso relacionamento. Das simples palavras que ele me dirigia quando me notava aérea, longe, perdida em pensamentos. Dos sorrisos tão doces que ele destinava só a mim e agora, era obrigada a compartilhá-los com Gina, pois tais sorrisos eram somente permitidos quando ninguém nos observava. O que é muito difícil, levando em consideração que sempre que eu estava presente na sala, Gina cercava-o como um tubarão sentindo o rastro de sangue no mar: chegava de soslaio e delicadamente, exibindo aquela bendita aliança. Ah, como eu queria que decepasse a própria mão esquerda por engano! – pensou enraivecida. Tais sorrisos, tais olhares... ela mataria para tê-los, mas não hoje. Era muito surreal. Não suportava olhar para o casal. Então por que, diabos, não desvio meu olhar?
-Como disse? – Harry lentamente se virou para Gina. Os olhos verdes ainda presos em Hermione. A morena sorriu para o marido e Tonks e foi em direção à cozinha, após pedir licença.
-Harry! Está tão aéreo hoje. O que há? – Gina repreendeu-o com aquele tom, aquele doce, com falsa mágoa, que só usava para pessoas não muito próximas dos dois. – Bem, como Stella dizia, Barcelona é uma cidade magnífica para casais. Ela já concordou em nos emprestar seu apartamento, apesar de preferir um hotel, sabe que não gosto de incomodar. De qualquer maneira, poderíamos sair de fininho da festa, fazer as malas e aproveitar esses quinze dias. Se quiser podemos voltar terça até. Minha consulta é somente na terça daqui a duas semanas e ...
-Gina, por favor, agora não ok? Veja, não são seus tios da Romênia? Por que não vai até eles um momento enquanto eu vejo como vai o coquetel. – e sem deixar beira para discussões, Harry correu em direção da porta dos fundos.
Gina percorreu os olhos pela sala. Ela também não estava lá.
Hermione chegou até a árvore mais larga que encontrou. Sentou-se de forma que, quem olhasse da janela da Toca, não pudesse ver sequer sua sombra. Uma vontade impiedosa de chorar apoderou-se dela. Não agüentava mais toda aquela farsa. Pensava que com o passar dos meses, ela aprenderia a ser feliz com Rony, e de fato, não era de todo infeliz. Ele a fazia rir e era um ótimo amigo. Porém, nada mais. Observou o relógio bater onze horas da noite. Retirou um frasco laranja da pequena bolsa de mão que levava e tomou dois comprimidos, não se importava se o único líquido disponível era a champagne em sua taça. Sorriu débil e melancolicamente observando o frasco. Se não fosse aquele remédio...
Escutou passos calmos se aproximando. Não precisava olhar para trás para saber quem era, o cheiro dele chegava antes. A morena encolheu as pernas e permaneceu imóvel. “Volte para dentro, volte.”
-Não adianta se esconder, Mione. – Harry caminhou silenciosamente até o lado esquerdo dela e sentou-se também. Por um par de minutos, Harry observou os orbes escuros de Hermione lhe fitarem sem realmente o verem. – Eu estou realmente aqui. – ele disse carinhoso tocando-lhe o rosto e recostando sua testa na dela. Inevitáveis, lágrimas começaram a cair dos olhos dela.
-Eu sei. – Hermione tocou a mão que ele segurava seu rosto e o encarou de volta. Harry aproximou-se lentamente até seus lábios tocarem timidamente os dela. Mérlin, quantos meses ele agüentara sem aqueles lábios? Sem se importar que há alguns metros dali seus amigos estivessem celebrando os doze meses de seu casamento com outra mulher que não era aquela a quem ele beijava, Harry aprofundou mais do que deveria o beijo. Passaram-se minutos até os dois se afastarem pedindo ar. Quando Hermione abriu os olhos sentiu um arrepio percorrer sua coluna: Harry tinha uma determinação em seus olhos verdes que ela jamais vira. No segundo seguinte, ela sentiu-se puxada. Ambos desapareceram do terreno.
Remexeu-se lentamente por entre os lençóis. Riu levemente ao sentir pequenos beijos em seu ombro. Abriu os olhos e se deparou com a hora. Uma da manhã. Demoraram mais do que deveriam. Os beijos subiam seu pescoço até os lábios dele cobrirem sua boca.
If I lay here
Se eu deitar aqui
If I just lay here
Se eu apenas deitar aqui
Would you lie with me and just forget the world?
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria do mundo?
-Nós deveríamos voltar. – Hermione disse firmemente. Porém, seus dedos enredados nos cabelos negros e despenteados de Harry e o fato de suas pernas estarem começando a se enlaçar nas dele mostravam que sua fala não era tão determinada assim.
-Sim. Deveríamos. – Harry concordou depois de dar-lhe um leve beijo prolongado. Ele acariciou os cabelos de Hermione, tirando alguns cachos de sua testa suada com a mão esquerda. A morena sentiu o frio metal da aliança dele tocar-lhe a testa e fez o que pôde para demonstrar a ele que aquela posição já não a agradava.
Aquele toque, por que diabos ele tinha que encostar aquela bendita aliança nela? Sentia-se suja, repugnante e o frio do metal a fazia gelar por dentro. Todo o calor das últimas horas dissipou-se com aquele simples toque. Hermione encarou o anelar esquerdo que, diferente do que Harry, estava limpo. A primeira coisa que fizera ao chegarem ao quarto fora, discretamente, jogá-la no chão.
-Sua esposa deve estar preocupada. Não imagino o que dirá quando perceber sua ausência por tanto tempo na festa. – Hermione levantou-se bruscamente dirigindo-se ao banheiro da suíte, abaixando-se para recolocar a aliança que reluzia perdida ao pé da cama. Merlin, o que ela tinha na cabeça? Encarou o próprio reflexo: os cabelos desarrumados, maquiagem borrada e as mãos prendendo o lençol que ela enrolara no corpo ao levantar-se. Mirou sua aliança por um momento. Ela estava enrolada no lençol dela, encarando-se no espelho da suíte dela ela havia dormido como marido dela.
De repente uma enorme repulsa tomou conta do corpo de Hermione. A morena largou o lençol ali mesmo no chão do banheiro e correu para o quarto para vestir suas roupas, se perguntando se eram aqueles mesmos lençóis que haviam testemunhado a “concepção”. Harry permanecia sentado, as costas recostadas na cabeceira. Tinha um olhar distante, frio, e havia retirado a aliança.
-Não me importo com o que Gina irá dizer ou fazer. – Hermione parou e o encarou. Harry, porém, mantinha o olhar preso na aliança que rolava entre seus dedos. – Provavelmente fará um escândalo quando chegarmos em casa, mas lá não. Não na frente de todas aquelas pessoas. – ele voltou seu olhar para Hermione enquanto recolocava a aliança. Para ele, esse meio tempo que permaneceu com o anelar esquerdo livre, sentiu como se uma coleira que o enforcava sumisse tão rápido quanto voltou. – Nós precisamos conversar. – ele disse simplesmente visto que Hermione continuava na árdua tarefa de se vestir.
-Não há nada para ser conversado. Não devíamos e você sabe disso. Você está feliz, não está? – Hermione disse apressadamente enquanto calçava uma de suas sandálias. Ela não deixou brecha para o moreno confirmar a pergunta. – E eu estou levando. Nada que um ou dois comprimidos não resolvam todos os dias. – ela disse sarcasticamente. – Isto que ocorreu hoje... você sabe e muito bem, não devia ter ocorrido. Foi um grande e estúpido...
Harry levantou-se abruptamente e, com a força e rapidez de sua ação, comprimiu Hermione contra a parede tapando-lhe a boca com uma de suas mãos. – Não! – disse alto. – Ouse dizer, não ouse nem pensar nessa palavra. – disse ameaçador. – Não foi um ... e você sabe disso!
Hermione suspirou quando ele retirou a mão de sua boca pedindo desculpas pela brusquidão. – Um erro, Harry. Erro. – ela disse, não desafiadoramente como ele pensava que diria, mas em tom de derrota. – Só não me procure. – e no segundo seguinte, ela se fora.
I don't quite know
Eu não sei direito
How to say
Como dizer
How I feel
Como eu me sinto
Harry deu um murro na parede onde, segundos antes ela estava. Observou o quarto fora de lugar, mas não tanto quanto ele. Ele sabia que era errado, mas recusava-se a admitir isso. Já fora infeliz a vida toda, não seria agora que permitiria que a vida lhe roubasse a última alegria que tinha. Sem mais opções, ele vestiu-se também, apesar de dizer que não se importava, sabia que Gina conseguiria afetá-lo novamente. Ao apanhar os óculos na cabeceira, sua mão esbarrou no jornal enrolado derrubando-o no chão e expondo a manchete que já fora obrigado o dia inteiro a encarar. Refletiu em como ele havia acabado com a única oportunidade de ser feliz, ser feliz com Hermione. Ah sim, a culpa.
Nos primeiros meses de casamento, de madrugada, ele acordava e sem mais nem menos, aparecia na casa dela. Muitas vezes era somente para vê-la dormindo e, por estar usando a capa de invisibilidade, ficava até o sol nascer. Algumas vezes, por sorte ou destino, ela acordava como se o esperasse. Apesar dela sempre o mandar embora gentilmente, ele sempre achava um modo de roubar-lhe um ou dois beijos. E, por mais doloroso que fosse ver seu melhor amigo se revirar na cama roncando para abraçá-la, ele permanecia lá, como um expectador da própria vida, ou do que ela poderia ser. De qualquer forma, ele sempre retornava quando o sol começava a nascer e Gina, continuava dormindo sem nem perceber que ele havia estado fora, ou era isso que ele se forçava a acreditar. E a culpa o fazia imaginar a sua morena em Gina toda vez que a cumprimentava com um beijo de bom dia ou boa noite e agora, ele tinha que arcar com as consequências, a pior delas era com certeza a rapidez com que Hermione se afastara dele, mas a mais latejante delas brilhava no Profeta Diário esparramado no chão: “A caminho o primeiro herdeiro Potter!”.
Hermione retornou a Toca e procurou misturar-se novamente a multidão quando sentiu um puxão em seu braço.
-Onde você estava? – Rony parecia preocupado e um pouco bêbado.
-Esqueci meus remédios em casa e fui pegá-los. Acabei cochilando no sofá. – ela sorriu fraco. Rony apenas disse para não sumir novamente e, que se ela estivesse cansada poderia ir para casa, ele ficaria mais um pouco na festa. Poucos minutos se passaram até ela escutar um estalido vindo do lado de fora da janela. Ela tentou voltar para a multidão o mais rápido que pôde, mas tornou a sentir outro puxão levando-a agora para a escuridão da madrugada.
Harry ficou a encarando, metade de si querendo a repreender por chamá-los de erro, outra querendo se desculpar por ter simplesmente engravidado a esposa.
-Nem se dê ao trabalho. – Hermione continuou encarando os olhos verdes dele com aqueles olhos vazios. – Sei que quer me pedir desculpas por... – ela suspirou rápido tentando controlar-se novamente. – mas não o faça. E não tente justificar dizendo que ela é sua esposa e você não podia fazer nada e fingir que tudo estava bem e... – Hermione suspirou novamente porém, quando voltou a falar sua voz parecia embargada. – por favor, Harry deixe-me ir.
Those three words
Aquelas três palavras
Are said too much
São ditas demasiadamente
They're not enough
Elas não são o bastante
If I lay here
Se eu deitar aqui
If I just lay here
Se eu apenas deitar aqui
Would you lie with me and just forget the world?
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria do mundo?
O moreno piscou um par de vezes até compreender o que ela dissera. Por mais que no momento “deixe-me ir” significava deixá-la voltar para a festa e para a falsa segurança de seu marido, aquela frase parecia significar muito mais. Parecia um pedido para que a deixasse sair de sua vida por completo. Harry ponderou em segundos o que deveria dizer, o que ele sentia e o que queria dizer. Queria pedir para ela não deixá-lo, que fora um fraco, mas que se arrependia. Que nunca, nem por um momento, desejara ter seu primeiro filho com Gina ao invés dela e, que apesar dos doze meses passados de seu casamento, não se acostumara com a idéia de voltar para alguém que não fosse ela ao fim do dia. Que, se a deixasse ir, quem não teria mais motivos para viver seria ele. Que precisava dela mais do que nunca, intensa e apaixonadamente. Que, se fosse a situação contrária, ela a esperar um filho de Rony, ele não suportaria e o mundo não faria mais sentido. Que apesar de achá-la forte por estar suportando e fazê-lo infeliz vê-la infeliz, não podia deixar de sentir um bem estar ao perceber que ela precisava dele tanto quanto ele dela. Que, como ele, ela não via mais beleza no mundo. Que muitas vezes, no dia que seria o dia deles, ele aparatara do lado de fora da janela dela, debaixo de chuva e até de neve, a fim de roubá-la pra sempre, mas que só não o fazia, pois não tinha coragem, porque tinha medo dela ter seguido a razão e havia o esquecido. Que a amava tanto que chegava a doer em seu peito, uma dor aguda e sufocante. Mesmo assim, nada disso parecia fazer sentido ou jus ao que sentia por ela.
-Te amo mais do que a minha própria vida e eu não consigo e não vou permitir que você saia da minha vida, Hermione. Me perdoa, mas eu não sou nada sem você, não passo de um fraco e não me importa se acredite ou não, só necessito que você saiba que eu nunca deixei de te amar um minuto sequer. – Harry soltou o braço que ainda segurava de Hermione para emoldurar o rosto da morena com as mãos. Recostou sua testa na dela e parou de evitar o pranto que explodia em seu peito. – Me perdoa, me perdoa, me perdoa. – repetiu enquanto chorava. Hermione levou as mãos aos ombros do moreno e os apertou, enquanto permitia que ele a abraçasse afundando seu rosto no vão de seu pescoço.
Forget what we're told
Esqueça o que nos falam
Before we get too old
Antes de ficarmos muito velhos
Show me a garden that's bursting into life
Mostre-me um jardim que esta se abrindo para a vida
Let's waste time
Vamos desperdiçar tempo
Chasing cars
Perseguindo carros
Around our heads
Em volta de nossas cabeças
Do lado de dentro, uma taça fora esmagada entre os dedos finos. O resto de champagne escorrendo pela aliança opaca. Gina jogou os cacos rapidamente na pia e enrolou um pano na mão que sangrava enquanto posava seu melhor sorriso.
-Harry, querido ai está você. Venho o procurando há tempos! – Harry distanciou-se lentamente de Hermione, disfarçando as lágrimas.
-Estava dando uma volta pelo jardim com a Mione.
-Bem, já terminou? – Gina soou falsamente meiga. - Estão todos pedindo um discurso seu. Várias pessoas já me perguntaram o que você está achando da idéia – aqui, Gina adquiriu um tom cruel – de ser pai. - e arrastou mais do que deveria a última palavra. Hermione sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha e percebeu que Harry passara a encarar a esposa duramente.
-Ainda não temos certeza, não? – Harry disse quase por entre dentes. – Sua consulta médica é somente terça-feira, certo?
Gina fez um gesto vago com as mãos. – Bobagem. Conheço meu corpo bem o suficiente para saber quando há algo de incomum. Bem, vamos? – a ruiva completou praticamente encravando suas unhas no antebraço do moreno e o puxando para dentro. Hermione novamente se viu sozinha.
I need your grace
Eu preciso da sua graça
To remind me
Para me lembrar
To find my own
De encontrar a minha própria
If I lay here
Se eu deitar aqui
If I just lay here
Se eu apenas deitar aqui
Would you lie with me and just forget the world?
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria do mundo?
Harry caminhou lentamente até o meio da sala. Várias pessoas o cumprimentando com sorrisos e congratulações, dizendo que ele e Gina seriam ótimos pais. Harry começou agradecendo pela presença de todos. Gina fez um sinal para que continuasse a falar, já que, por um breve momento – especificamente no momento em que Hermione procurou o braço de Rony – ele pausara seu discurso. “Bem, não sei exatamente o que dizer aqui. Acho que você se sairá melhor, Gina”. Disfarçou o incomodo com um sorriso. “Bobagem!”, a ruiva retrucou. Então, seu olhar cruzou o dela, de Hermione. E foi como se ele retornasse no tempo, levando-a até o altar do casamento dela, fingindo ser deles.
-Vocês não imaginam como a idéia de ser pai me apavora. – Alguns convidados riram, outros afirmaram que era verdadeiramente apavorante ter um filho. – Mas é algo que sempre imaginei. Não para compensar a paternidade que me foi tirada, mas pelo fato maravilhoso de um ser tão pequeno, inocente e incrivelmente frágil representar algo tão imenso, puro e extremamente forte entre duas pessoas. Um filho é a confirmação da verdadeira conexão entre duas pessoas, e só há uma pessoa com quem eu tive essa conexão. – Harry sorriu, pela primeira vez naquela noite diante de todas aquelas pessoas, verdadeiramente ao levantar a taça que tinha nas mãos em direção à Hermione. Poucos foram aqueles que entenderam o real significado daquele gesto, e mesmo assim, não pareceu grande surpresa para estes.
Um deles foi a própria Gina, que disfarçou ao máximo seu descontentamento: não só Harry dizia que não havia qualquer tipo de conexão entre eles, não havendo portanto um bebê; como admitia abertamente que só havia amado Hermione. Para todos os outro, não importava que ele houvesse omitido o fato desta pessoa estar ao seu lado, era bem claro que ele se dirigia a Gina. “Pobres ingênuos”.
- E talvez, - ele sobrepôs sua voz ao burburinho de risos e palmas - ela tenha se esquecido, então acho melhor ressaltar: eu te amo, Mione. - os olhos da morena brilharam intensamente. Mesmo que tivesse a taça à centímetros e que, sequer um sussurro houvesse saído de seus lábios, Hermione ouvira como um grito a última palavra da frase de Harry, e aparentava ser a única, já que o resto das pessoas soltava exclamações de simpatia e suspiros. Mesmo não tendo reparado neste último detalhe, Gina sabia que não havia sido para ela, assim, apertou mais ainda suas unhas no antebraço do marido, e depositou-lhe um teatral beijo na bochecha dizendo "Também amo você, querido", mas Harry pareceu não escutar.
Forget what we're told
Esqueça o que nos falam
Before we get too old
Antes de ficarmos muito velhos
Show me a garden that's bursting into life
Mostre-me um jardim que esta se abrindo para a vida
All that I am
Tudo o que eu sou
All that I ever was
Tudo que eu sempre fui
Is here in your perfect eyes, they're all I can see
Esta aqui em seus olhos perfeitos, eles são tudo o que eu consigo ver
Assim como Harry, Hermione levantara sua taça na direção específica dele, compreendendo seu pedido de desculpas e sua afirmação de que ele nunca sentiria por Gina o que sentia por ela. Ela lembrava-se de uma conversa, agora tão distante que tivera com ele:
- Não me importa, Harry. De verdade! Entenderei perfeitamente se você se apaixonar por ela durante o casamento. - ela baixou os olhos. - Afinal, já conserva um enorme carinho por ela. - completou com um suspiro.
-Não!Não! Nunca, me ouviu? Nunca vou amá-la como eu te amo. - Harry encaminhou-se até ela e tomou seu rosto com as mãos, depositando um suave beijo em seus lábios. Hermione lhe sorria quando se afastou.
-Não disse que a amaria como me ama, somente disse que é comum se você se apaixonar por ela. - Harry franziu as sobrancelhas, como se achasse impossível se apaixonar por uma pessoa amando outra. - Verdade. Nunca gostará dela como gosta de mim. Pode gosta mais, menos ou até quase tanto quanto, mas como gosta de mim, nunca mais. - ele ainda lhe olhava confuso.
Hermione sorriu docemente, como se fosse uma criança mandona de onze anos explicando a matéria de História da Magia que acabara de ser dada, à um amigo perdido. - Veja, o que sente por mim é algo que nunca mais vais sentir outra vez. Você pode gostar mais ou menos, ou até mesmo achar que são sentimentos quase iguais, mas não são e nunca serão. Pois, cada pessoa nos toca de uma maneira diferente e retribuímos este sentimento de maneiras diferentes, mesmo sendo nós. Quando estiver acordando alguma manhã de domingo, fria e chuvosa e sentir preguiça de sair da cama - Harry sorriu levemente sob a lembrança - e procurar uma cintura para abraçar e um pescoço onde possa aquecer seus lábios - ela continuou num sussurro, contornando os lábios dele com o polegar - o fará com Gina, tenha certeza. - o toque dela endureceu rapidamente, assim como o rosto dele - Mas não da forma como faz comigo. Não sentira cheiro de flores ao afagar um cabelo que não é cacheado, nem sorrirá sob o leve estremecer de alguém que tem certa aflição na nuca ao contato de seus lábios e resmungará aninhando-se ao seu peito. Lembre-se disto quando o próximo domingo chegar.
E de fato, o domingo chegou. E exatamente como ela lhe dissera, Gina não sorriu sobre o carinho ou estremeceu quando sentiu sua aproximação, somente se agitou, encolhendo-se mais na cama e puxando mais ainda o cobertor para cima de seu queixo. Como se fossem uma mesma mente - se, de fato, não eram - ambos sorriram para si mesmos, sob a mesma memória.
Algumas horas depois, Gina se enfurecera e trancara-se no banheiro para se acalmar um pouco. Como se atrevia? Ali, do lado dela, a dizer que a amava sendo que ela estava do outro lado da sala e, ainda por cima acompanhada do marido. Ninguém, oh sim, ninguém havia reparado nas entrelinhas do discurso. Gina bufou bruscamente sobre a própria imagem no espelho. O fato de Harry ter sumido ao mesmo tempo de Hermione não era nada comparado ao que a esperava na terça-feira. A rápida viagem à Barcelona era uma desculpa perfeita, e tinha que fazer o máximo de si para convercer Harry de que fossem. Era sua única chance.
-Entendeu, não é ? - Harry sussurrou ao seu ouvido quando ela e Rony decidiram se despedir. Hermione deu de ombros.
-Não foi tão claro assim mas, subentende-se. - respondeu com um sorriso caloroso. - Sou uma garota esperta. - completou com uma piscadela. Rony abraçou o amigo, desejando melhoras ao bem estar da irmã antes de sair porta à fora atrás da esposa.
Hermione repirou fundo a medida que deixava-se escorregar pela parede do banheiro impecavelmente branco. Com as mãos trêmulas, ela largou o calendário no chão de qualquer jeito, colocando as mãos sobre o ventre, protetoramente. Uma batia foi ouvida, seguida do seu nome. Rony estava em casa. Juntando todas as suas forças, ela voltou a levantar-se e deu uma útima olhada nas bochechas rosadas e olhos úmidos no espelho do banheiro.Respondeu um fraco "estou indo" ao segundo chamado de Rony, deixando o calendário esquecido no chão: "Terça-feira" seguido de uma bolinha vermelha na primeira página que ficara um pouco amassada pela pressão das mãos da morena. Estava atrasada.
Na sala, o ruivo parecia apreensivo. Ao vê-la chegar ele pareceu tomar coragem e largou a bolsa com o emblema do time no chão.
-Ron, o que houve? - ela tentou controlar o nervosismo em sua voz. - Pensei que seus treinos fossem demorar mais de uma semana, como da última vez. - completou com um sorriso forçado. Rony tremeu ao som de "da última vez".
-Eu preciso lhe contar, Hermione. - ele a encarou com profundas olheiras. - Eu-eu quero o divórcio. - despejou de um fôlego. Hermione ficou parada de súbto e o ruivo podia jurar que ela avançaria para ele com uma faca ou qualquer outro objeto que pudésse machucá-lo. Por um momento sua imaginação lhe pregou uma peça com a sombra de um serra-elétrica puxada da manda do suéter dela mas, ao contrário de tudo o que prevera, Hermione caiu sentada na poltrona mais próxima, as mãos na barriga, lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto. Ele se aproximou ao ver os ombros da morena começarem a chacoalhar, mas não por causa do choro e sim por causa de acessos de gargalhadas. Ele ajoelhou-se à sua frente, chamando-a de Mione.
-Você jura que não está brincando comigo? - ela perguntou em meio as risadas. Ele acenou negativamente. Hermione segurou-lhe as bochechas e deu-lhe um beijo leve. - Oh, Rony! Obrigada! - e no minuto seguinte ela chorava agarrada à seu pescoço e também ajoelhada.
-Eu não entendo. - ele disse suavemente afagando as costas dela. - Aliás, entendo sim. - Hermione, lentamente encarou-o. - Você também não estava feliz. Nunca esteve não é mesmo? - ele dirigiu-lhe um sorriso calmo e sincero, junto da pergunta retórica. - Mas eu preciso lhe contar tudo, por favor. - Rony puxou-a pelas mãos até o sofá. - Eu sei que lhe prometi ser fiel, Hermione, mas eu não o fui. - ela pareceu querer dizer "não há mal algum nisso", mas ele lhe fez sinal para que permanecesse em silêncio. - Meus treinos nunca duraram mais de nove ou dez dias nos últimos meses. Eu conheci alguém. Bem, - ele riu desconcertado - não propriamente conheci pois eu já a conhecia, mas nunca realmente tinha reparado nela. Eu me sentia culpado por deixar você em casa, mal do jeito que você estava, mas eu não aguentava ouví-la chorar todas as noites e não poder fazer nada. E nela eu encontrei conforto. Após o anúncio da gravidez de Gina, eu resolvi terminar meu caso e tentar seguir a vida com você. Afinal, ele havia seguido. - Hermione franziu a testa. - Harry. - Rony desviou o olhar - Sei que vocês se envolveram. - Hermione arregalou os olhos - E sei que estiveram juntos à duas semanas atrás...
-Rony, por favor, acredite! Eu nunca mais me encontrei com ele desde que ele se casou. Até duas semanas atrás e ...
Rony colocou os dedos sobre os lábios dela. - Não há necessidade para desculpas. E, apesar de achar que Gina não encararia com tanta naturalidade, talvez ela mereça por tentar separá-los e me convercer a fazê-lo. - o ruivo suspirou - Eu e Gina vimos quando vocês se beijaram quando Voldemort foi derrotado. Eu fiquei tão irritado quanto ela na época, mas quando vocês juraram ao meu pai, toda minha raiva sumiu. Até hoje eu não acredito que sacrificaram suas felicidades por nós. - ele lançou um olhar carinhoso à Hermione - Gina disse que nunca romperiam suas promessas, então seria como se aquele beijo nunca tivesse acontecido: ela teria Harry e eu teria você. Na época me bastou, mas quando as coisas começaram a piorar e sua mãe faleceu eu percebi que nada seria como antes e que seria egoísmo meu sacrificar sua felicidade em nome do meu orgulho. Era por isso que eu me sentia culpado. Eu podia libertá-la de mim e deixar que seguisse sua vida, mas não tinha coragem e Gina perdeu a cabeça quando sugeri que fizesse o mesmo com Harry. -Rony franziu o cenho, indignado - Eu disse que se eu lhe desse o divórcio, seria uma questão de tempo para Harry fazer o mesmo. Mas, novamente, eu me deixei levar e Gina afirmava que após um tempo tudo voltaria ao normal, que a sua infelicidade devia-se á sua mãe. Então eu reencontrei Luna. - um sorriso bobo tomou os lábios do ruivo. - Ela estava fazendo uma matéria sobre a influência dos gnomos-verdes-purulentos na qualidade dos gramados em alguns campos de quadribol. Numa hora estávamos conversando sobre quadribol e no outro... bem já estávamos apaixonados. Eu contei a ela o que estava acontecendo e ela foi maravilhosa. Não me precionou a te largar sendo que você precisava de alguém junto há você, mas nessa última viagem ela me revelou algo: ela está esperando um filho meu. Por mais que ela afirmasse que poderíamos criar a criança à distância e que eu não precisava assumí-la...como se eu não fosse assimir meu primeiro filho! O caso é que isto me bastou como um aviso. Eu a amo. Quero casar com ela e ver meu filho nascer, crescer e aprender a jogar quadribol. Não seria justo que eu tivesse toda essa felicidade e você, nem ao menos a pessoa que mais lhe importa, Mione. Por isso eu decidi te dar o divórcio. - Rony levou uma de suas mãos ao rosto da morena e o acariciou.
-Eu não sei o que lhe dizer, a não ser que me permita ser a madrinha e que é do fundo do coração quando digo que seja muito feliz com Luna. E, também espero que seja tão compreensivo comigo quanto fui com você. Eu também estou esperando um filho, Ron. Um filho meu e do Harry. - Hermione já tinha lágrimas nos olhos. - E eu não sei o que fazer. Fui tão descuidada e agora eu vou ficar completamente sozinha. Gina nunca vai permitir que Harry se separe dela, ainda mais agora que ela ... - Hermione estremeceu de leve enquanto mais lágrimas caíam em seu colo - Eu já estou de duas semanas. - Rony olhou-a com uma expressão diferente.
-Oh, Mione. Me corta o coração vê-la chorar. E Gina pode ser minha irmã, mas vocês são meus melhores amigos. Seria muito egoísmo de minha parte esconder isso de você, quando você foi tão boa comigo. - Hermione levantou a cabeça me direção ao ruivo. - Gina não está grávida. Ela inventou na esperança de... bem, exatamente eu não sei, mas não é verdade. Quando a informação vazou no Profeta, ela não viu saída a não ser afirmar a história e tentar engravidar até hoje, que é o dia da consulta dela com um médico. Harry insistiu para que ela fôsse até o médico, mas eu duvido que seja porque queira saber como ela está de saúde. Acho que ele também duvida dessa história. - Hermione permaneceu muda, a respiração descompassada. - E, se eu não me engano, a essa altura minha carta já deve ter chegado nas mãos dele. Claro que, depois da confirmação dada pelo médico de que Gina não está grávida, a carta não fará muita diferença. - acrescentou com um sorriso maroto. - Boa sorte, Mione. Desejo a vocês três toda felicidade do mundo. - concluiu com um beijo na bochecha úmida dela.
I don't know where
Eu não sei onde
Confused about how as well
Confuso sobre o “como” também
Just know that these things will never change for us at all
Apenas sei que estas coisas nunca mudarão para nós em nada
Com um suspiro, ele encarou o rélogio de cabiceira que marcava "7:59". "Vamos! Mude!", resmungou para si mesmo. Quando o pequeno bipe emitido pelo aparelho soou oito horas da manhã, ele levantou de um pulo da cama. Procurou com os pés calçados em grossas meias de lã os chinelos que se esconderam debaixo da cama. Um vento suave entrou pela janela, todavia fazendo-o estremecer. Caminhou até o baú onde mantinha sua vassoura e seu kit-de-poções para principiantes, escalou-o e ficou nas pontas dos pés para alcançar o puxador da janela para fechá-la. Lá fora, o sol se escondera atrás de algumas nuvens no céu e outra rajada de vento trouxe algumas folhas de outono para o quarto. Antes de descer do báu ele encarou um dos pés, que quase escorregara pela tampa. "Mamãe morreria se me visse aqui", pensou divertido. Pulou do baú, desviando de seu gato que se espreguiçara no tapete após acordar com seus movimentos, voltando rapidamente.
-Hoje é meu aniversário, Bee. Vamos acordar mamãe e papai para avisá-los. - disse em confidência para o gato, beijando o topo de sua cabeça. Ele andou a passos apressados, trombando vez ou outra em um tapete até chegar a porta dos pais. Observou que os cabelos do pai pareciam mais bagunçado que o normal, cabelos que ele havia herdado, e que ele abraçava o ventre protuberante da mãe protetoramente. Lembrava que os dois disseram que ali havia uma irmãzinha, e que ela seria seu presente de aniversário. Ele resmungou, dizendo que preferia uma vassoura mais veloz - fazendo sua mãe quase ter um infarte - ou outro bichinho de estimação, como uma acromântula, por exemplo - o que seu pai negou rindo, dizendo que o tio Rony nunca mais se aproximaria de sua casa - já que quando ganhara o gato, só sabia dizer palavras monossilábicas e, por isso seu gato tinha o nome de "abelha", mas passado o ciúmes inicial ele até que gostara da idéia. Todavia, ainda tinha uma mínima esperança de ganhar a vassoura.
- Vem Bee. - ele disse ao gato, enquanto subia na beirada da cama. - Preparado? - os olhos amarelos do gato bege e marrom cintilaram. - E JÁ! - gritou, começando a pular na cama. - Bom-dia! Bom-dia! Bom-dia! - continuou gritando enquanto os pais se agitavam. - Oi! - disse risonho quando os pares de olhos verdes iguais aos seus o encaravam. - Acordei vocês? - perguntou inocentemente.
-Humm.. não sei. Nos acordou? - ele pergundou, virando-se para a esposa.
-Não, já estava acordada. - ela afirmou sonolenta.
-Ah, está bem. - ele olhou de um para o outro.- Bee queria ver vocês. - retrucou puxando o gato para seu colo. - E perguntar se vocês sabem que dia é hoje. - continuou com uma carinha feliz. O gato olhou-o por cima das orelhas. Harry virou-se para o relógio. Oito e dez.
-Bem, acho que é ... sábado! - Harry posou a mão no queixo, como se pensasse.
-E o que mais? - o menino perguntou em expectativa.
-Oh, sim, eu sei.- ele olhou para a mãe que tentava se sentar com dificuldade, devido a barriga. - É dia de panquecas no café da manhã.
-Manhê! Temos panquecas todos os dias! - resmungou. "Não de chocolate", ela retrucou. - Não sabem mesmo que dia é hoje? - ele baixou os olhinhos úmidos para a carícia que fazia no gato.
-Talvez seja o aniversário de alguém. - ele voltou o olhar para o pai. - Sim, lembra-se do Robert do Ministério, carinho? Acredito que seja hoje seu aniversário! - vendo a tristeza se abater novamente no filho, Harry puxou-o para seu colo. - E também o aniversário de três anos de um garotinho chamado James Sírius Potter? - James imediatamente começou a gritar e pular no colo de Harry, "então vocês se lembram!".
-Como poderíamos esquecer, meu bem? - Hermione puxou o filho para um beijo. Ele aproximou o rosto da barriga de oito meses da mãe e disse:
-Oi Lil', hoje é meu aniversário e teremos panquecas de chocolate, sabia? Espero que você seja legal, já que é meu presente. - em seguida, o menino pulou. - Ela me ouviu!
-Sim, deve ter ouvido. - Hermione sorriu, sentindo a filha mexer de novo.
-Quanto ao seu presente ... - Harry começou a dizer - pensamos em comprar outra coisa, já que sua irmã pelo jeito vai chegar um pouco atrasada para sua festa. - James pulou novamente. - Está lá na sala. - mal Harry terminara a frase, o menino já saíra correndo porta à fora, gritando: "É uma vassoura? É uma acromântula? É um hipogrifo? É uma piscina? É um saco de doces da Dedosdemel?" - Se eu soubesse que ele ficaria tão animado com um simples saco de doces, teria comprado meia dúzia de sapos de chocolate. - completou sorrindo para a esposa. - Bom dia. - completou inclinando-se para beijá-la.
Hermione sorriu de volta. - E como vai minha garotinha? - ele abaixou-se, beijando a barriga dela e sentindo um movimento lá dentro.
-Extremamente feliz. - a morena acariciou os cabelos azeviche do marido, recebendo outro beijo. - É melhor irmos para a sala, antes que ele quebre tudo tentando abrir o presente. - Harry a encarou sorrindo. - O quê?
Ele balançou a cabeça negativamente. - Te amo.
Ela depositou outro beijos em seus lábios antes de sussurrar - Eu te amo.
Então, ambos levantaram-se e seguiram para a sala.
If I lay here
Se eu deitar aqui
If I just lay here
Se eu apenas deitar aqui
Would you lie with me and just forget the world?
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria do mundo?
N.a: Acabou! Eu amei fazer essa song! Ela é simplesmente linda. Amo ambas as músicas e não sei qual dos dois capítulos eu gostei mais. Amei escrever cada pedaçinho dela, mas a cena final do pequeno James tem um lugar mais do que especial no meu coração. Espero que tenham gostado :)
Comentários (5)
Own, eu li de novo...*-------------------*"É uma vassoura? É uma acromântula?" kkkkkkkkkkkAMEI o Harry ter ficado com a Hermione (lógico, é uma fic HHr --"), e terem o James!!*-------------------*E a Lily a caminho...*-------------------*
2012-10-12EU AMEI ESSA DAQUI!!Não que a outra tenha sido ruim (não mesmo!), mas essa daqui teve as duas coisas que eu mais amo numa história: drama e final feliz! *------------*Parabéns, mil parabéns!A história ficou ótima!! Eu chorei tanto com a Mione e com o Harry, tanto por saber do casamento dos dois, quanto pelo fato de serem praticamente forçados a permanecer em matrimônios que não os faziam felizes...Eu dei altos pulos quando a Mione descobriu que estava grávida!! *-* Quase acordei todo mundo aqui em casa, com vontade de gritar "O Rony pediu o divórcio!!" e "James Potter nasceu! Sabem o que significa? Que Harry e Hermione estão juntos!!"... \o/\o/\o/\o/E Lily a caminho... Own... Fiquei toda boba! ^^"Harry e Hermione ainda apaixonados, mesmo depois de tanto tempo, é algo que me dá prazer numa fic. E essa daqui foi incrível! Parabéns de novo! =DAdorei demais tudo isso! *-*(Adorei sua descrição antes de escrever a fic: "As personagens nesta fic não me pertencem; elas são frutos da imaginação de JK Rowling, mas se pertencessem Harry e Hermione já estariam juntos e Ginevra Molly Weasley estaria à sete palmos do chão desde o segundo livro". Foi demais!! Ri horrores aqui, rsrsr..)
2012-07-06~~LE MORRENDO LENTAMENTE~~ ))))))))))))): Coisa linda!
2012-02-03Obrigada pelos comentários jéssica :) Essa song é tão antiga que com certeza deve estar precisando de uma revisão gramatical hehe, mas que bom que gostou. Foi uma das primeiras que eu escrevi, pensei nela com muito carinho e fico feliz em ver que outras pessoas também a apreciam.
2011-11-08OWWWWWWWWWWWWWWN! eu amei demais! E essa parte: -Oi Lil', hoje é meu aniversário e teremos panquecas de chocolate, sabia? Espero que você seja legal, já que é meu presente. - em seguida, o menino pulou. - Ela me ouviu! MORRI! :')
2011-11-07