Capitulo 10



CAPÍTULO X

“Não”, pensou Hermione, ela não ignorava realmente por que ele parara o veiculo. A resposta estava no rosto dele. Estava tão bonito que mal conseguia desviar os olhos dos dele.

Mas Hermione não sabia ao certo se queria apenas um doce interlúdio. Suas defesas já estavam bastante fracas. E se ele insistisse? Poderia resistir-lhe caso se deixasse pegar nessa armadilha amorosa?

-Eu não creio que seja uma boa idéia - disse, quando ele soltou seu cinto de segurança e depois o dela.

-Não mesmo? Mesmo depois do modo como você ficou vermelha quando eu olhei para você no quarto dos gêmeos? Você sabia o que eu estava pensando, Hermione, sabia muito bem.

Harry puxou-a para junto se si, encontrando sua boca. Lá fora a chuva escorria pelos vidros, tamborilando no capô e no teto do veículo num ritmo alucinante, enquanto o desejo começava a tomar conta de Hermione.

Ele mordeu seus lábios macios, com mordidinhas delicadas que faziam desejá-lo ainda mais. A mão dele deslizava em sua blusa, encontrando a maciez do seio em seu bojo de seda.

Quando Hermione tentou se libertar, Harry murmurou rouco:

-Fique quieta. Faz tanto tempo que não sentimos um ao outro deste jeito. Tempo demais.

Então, beijou seus olhos castanhos para fechá-los e encontrou o fecho de sua blusa, despindo-a para os dentes quentes e famintos. Hermione dizia a si mesma que não podia permitir que aquilo acontecesse. Aquilo era apenas um jogo para ele, e logo iria parar.

Com um grito magoado, ela desvencilhou dos braços dele, tão de repente, que ele não conseguiu detê-la. Abriu a porta e saiu correndo pela chuva.

O capim alto batia em sua calça comprida enquanto corria, não sabendo ao certo por onde estava correndo, ou para onde estava indo. Segundos mais tarde, isso não importava mais, porque Harry a segurou e a deitou com ele na grama molhada.

-Nunca fuja de um caçador - ele disse asperamente,virando o rosto delicado para si e beijando a boca macia.

A chuva continuava a cair sobre eles, encharcando-os, colando as roupas como se fossem uma segunda pela.

Era novo e excitante deitar assim, beijar assim, sentindo os movimentos quentes do corpo forte de Harry contra o seu, os sentidos muito aguçados.

-Nós poderíamos muito bem ficar sem nenhuma roupa - disse ele, com a voz rouca de desejo. - Eu posso sentir você inteirinha.

As mãos dele agora deslizavam por seu corpo, explorando-o, provando-a através do tecido.

Hermione gemeu ao deslizar as próprias mãos naquelas costas musculosas, no tórax, nos quadris. Não entendia o que estava acontecendo, como essa paixão se apoderara dela.

Ele poderia fazer o que quisesse e, ela não iria impedi-lo. Estava em chamas, apesar da chuva, abraçando-o, esfregando seu corpo molhado no dele, na silenciosa paz da campina.

Harry deixou-a sentir todo seu peso, devorando a boca de Hermione com a sua. As mãos dele deslizavam em suas costas, puxando-a sensualmente para ele.

O corpo feminino palpitava e ardia com a perícia dos movimentos dele.

Harry desafiou-a, sondando seus lábios com a língua:

-Me mande parar. Me mande soltá-la. Eu te solto.

-Não posso - choramingou ela, com os olhos ardendo de lágrimas ao se agarrar aos ombros largos e molhados dele. - Eu quero você. Oh, quero tanto você!

Os lábios dele estavam por todo seu rosto, ternos, suaves.

Harry sentia a respiração pressa na garganta diante dessa total rendição. Tremia por todo o corpo com a força da nova sensação. Queria protegê-la. Devorá-la. Aquecê-la. Segurá-la até o fim de seus dias, exatamente como estava fazendo.

Suas mãos emolduraram o rosto dela ao beijá-la delicadamente.

Com um suspiro trêmulo, ele falou:

-Sim.

Olhos nos olhos. Harry confessou:

-Eu poderia tomá-la Hermione aqui mesmo. Neste instante. Eu poderia possuí-la e ninguém nos veria ou ouviria.

-Sim...

-Meu bem, minha doce querida. Você tem o sabor de rosa, eu seria capaz de ficar aqui deitado com você pelo resto da vida, eu nunca mais vou tocar assim em outra mulher. Nunca mais vou deitar com outra mulher, provar outra mulher, desejar outra mulher.

-Eu nunca mais vou desejar outro homem como desejo você.

Harry encostou o rosto no dela e suspirou, abraçando-a enquanto uma brisa soprava suavemente e a chuva começava a parar.

Ele então se afastou, arrumando delicadamente suas roupas desalinhadas. Colocou seus cabelos molhados para trás, beijou-a com ternura como despedida e carregou-a nos braços de volta ao carro.

-O carro - balbuciou ela. - Nós vamos molhar os bancos.

Ele beijou-a de novo antes de colocá-la sentada no banco e prender seu cinto de segurança.

-Não se preocupe, meu bem, não tem importância. Nada mais importa agora.

Sentando-se a seu lado,ele encontrou sua mão e segurou-a.

Conseguiu dar partida no veículo de dirigi-lo até em casa com apenas uma mão livre.

Berta deu uma olhada neles e ia fazer algum comentário, mas Harry advertiu-a logo que entraram.

-Não diga nada. Nem uma palavra.

Berta suspirou.

-Bem, vocês pelo menos estão se molhando juntos. Creio que é bem melhor do que fazer sozinho - concluiu com um sorriso ao voltar para cozinha.

Hermione sorriu para Harry e subiu a escada para mudar de roupa. Ele desapareceu minutos depois de receber um telefonema urgente, e saiu sozinho, despedindo-se apenas com uma piscadela e um sorriso.

Ela andou de um lado para o outro num topor, esquivando-se das perguntas sussurradas de Berta, esperando que ele voltasse para casa. Mas ao chegar a hora de dormir, ele ainda não havia voltado.

Hermione subiu para seu quarto e ficou andando de um lado para outro, preocupada, perguntando-se o que fazer. Não podia ir embora, não depois daquela tarde. Ele a queria e ela o queria.

Ele talvez não pudesse lhe propor casamento, mas ela se conformaria com aquilo que ele pudesse lhe dar.

Harry tinha de gostar dela pelo menos um pouco. E ela o amava o bastante pelos dois.

Por que ele não foi em frente, ela se perguntou, quando teve chance naquela tarde? Por que parou? Estava apenas lhe dando tempo para tomar uma decisão? Para ter certeza de que ela o aceitaria desse modo? Tinha que ser isso. Bem, era agora ou nunca.

Vestiu uma camisola sedutora, uma bonita camisola branca com bastante renda e mangas longas e elegantes. Escovou os cabelos até ficarem lisos e sedosos, e pôs um pouco de perfume. Então,olhou-se no espelho, e disse a si mesma que estava fazendo a coisa certa.

Uma hora depois, ouviu o carro de Harry se aproximar. Ele subiu a escada e parou em frente à sua porta. Segundos depois começou a se afastar, mas Hermione já havia se levantado. Abriu a porta, ofegante, e fitou-o.

Ele usava uma calça escura e uma camisa estampada cinza aberta no colarinho. Segurava o chapéu de vaqueiro em uma mão e com a outra coçava a cabeça. Ele a encarou:

-É perigoso, meu bem, usar uma coisa dessas em minha frente.

Hermione engoliu seu orgulho.

-Eu quero você - disse baixinho

Ele sorriu.

-Eu sei. Eu também quero você.

Ela abriu a porta um pouco mais.

Ele arqueou a sobrancelha.

-Isso é um convite para ser seduzido?

Hermione engoliu em seco.

-Eu não sei muito bem como seduzi-lo. Portanto, acho que você vai ter que me seduzir.

O sorriso dele se ampliou.

-E quanto às precauções, minha virgenzinha?

Ela corou totalmente. Não contava com essa súbita resistência.

-Bem... Você não pode cuidar disso?

Os dentes brancos dele ficaram à mostra.

-Não.

-Oh...

Ele jogou o chapéu em cima da mesa do corredor e entrou no quarto, fechando delicadamente a porta.

-Agora venha cá. O que você acha que eu quero, Hermione?

-Você deixou bem claro aquilo que quer.

- Aquilo que você acha que eu quero - corrigiu ele, segurando-lhe os ombros de leve. - E você tem razão quanto a isso. Eu poderia levá-la às estrelas. Mas não esta noite.

-Você está cansado demais?

Ele sorriu.

-Não.

-Eu não entendo...

-Sim, já percebi isso.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma caixa. Era preta, aveludada e pequena. Ele abriu-a e mostrou-lhe o que continha.

Era um anel de brilhante. Um grande e lindo brilhante numa armação com outros menores circundando-o. Ao lado do anel havia uma aliança de brilhantes e mais fina.

Ele explicou:

-É um anel de noivado. Ele vai no terceiro dedo de sua mão esquerda, e no casamento eu colocarei aí a aliança.

Hermione achou que estava ouvindo coisas. Claro que estava!

Mas o anel parecia real. Não conseguia parar de olhar para ele.

-Mas você não quer casar! Você detesta laços!

Ele traçou uma linha lenta e sensual em sua face sedosa, sorrindo suavemente.

-Eu quero me casar. Quero que você partilhe sua vida comigo.

Então, Hermione rompeu em lágrimas. Elas rolaram pela sua face numa torrente, um soluço irrompendo de sua garganta.

Ele se tornou um vulto grande e bonito.

-Pronto, pronto - murmurou ele, curvando-se para beijar sua face úmida. - Está tudo bem.

-Você quer se casar comigo?

-Quero.

-Quer mesmo?

-Quero sim. Eu seria um tolo se deixasse ir uma mulher que me ama tanto quanto você.

Hermione gelou. Como foi que ele adivinhou? Como ele soube?

Puxando-a para si, ele explicou suavemente:

-Você me disse isto está tarde. Oferecendo-se para mim sem nenhum laço. Você nunca faria um oferecimento desse a um homem que não amasse desesperadamente. Eu sabia disso. E foi por isso que parei. Seria de alguma forma desprezível termos nossa primeira vez no chão sem fazermos as coisas direito.

-Mas, mas...

-Mas como eu me sinto? Você não sabe?

Os olhos dele lhe diziam. Todo o corpo dele lhe dizia..

-Por favor, me diga - pediu ela.

Ele segurou-lhe o rosto com ambas as mãos.

-Eu te amo, Hermione. Eis quanto te amo... - concluiu, beijando-lhe os lábios.

Levou muito tempo para lhe mostrar quanto a amava. Quando terminou, os dois estavam deitados na cama, a camisola dela levantada até a cintura. E ele dava a impressão de que morreria tentando se conter para não ir até o fim. Feliz ou infelizmente, Berta adivinhou o que estava acontecendo e começou a bater à porta como se quisesse pô-la abaixo.

Ela falou em voz alta:

-Já é hora de dormir, patrão. É tarde. Ela é uma garota em fase de crescimento. Precisa dormir!

-Oh!, não, não é nada disso que preciso - disse Hermione, com uma frustração tão terna que Harry riu, apesar do desejo que sentia.

Ele respondeu gritando:

-Está bem, futura tia. Dê-me um minuto para dizer boa noite e eu já sairei.

-Vocês vão se casar? - Berta exclamou alegremente do lado de fora.

-É isso mesmo. Você não está contente com suas maquinações agora?

-Pode botar contente nisso. Mas agora, falando como futura tia-sogra, saia daí já. Ou então espere até o jantar de manhã para ver se vai comer! - Nós vamos fazer as coisas direito!

-Eu já estava pronto para fazer as coisas direito - ele sussurrou para Hermione, com um brilho divertido no olhar.- Não estava?

Hermione riu.

-Estava sim. Mas nós não podemos esquecer isso?

-Não podemos? Não, acho que não.

Levantando-se relutantemente, ele abotoou a camisa que os dedos sequiosos dela haviam desabotoado.

-Coisa linda - murmurou, observando-a puxar a camisola.

-Você também é lindo.

-Você vai sair, ou eu vou ter que entrar? - Berta insistiu.

Harry olhou irritado para a porta.

-Eu não posso ter um minuto de paz para dizer boa noite à minha noiva?

-Você já esteve dizendo boa noite há trinta minutos e isso basta. Eu vou contar! Um, dois,três...

Harry suspirou para Hermione.

-Boa noite, meu amor - disse com relutância.

Ela soprou-lhe um beijo.

-Boa noite, querido.

Ele deu um último olhar para a mulher amada e abriu a porta quando Berta estava chegando no...

- ..... Quatorze!

Hermione recostou-se nos travesseiros, ouvindo o agradável murmúrio de vozes do lado de fora de sua porta enquanto contemplava seu anel.

-Parabéns e boa noite, querida! - disse Berta.

-Boa noite e obrigada! - respondeu Hermione

- Oh, o prazer é todo meu! - intrometeu-se Harry.

-Saia já daqui - resmungou Berta, empurrando-o pelo corredor.

Sozinha em seu quarto Hermione tentava se convencer de que não estava sonhando. Foi o episódio mais difícil por que já passara. Mas ele era seu. Eles iam se casar. Iam viver juntos, amar-se e ter filhos. Fechou os olhos com relutância, sentindo o corpo todo arrepiado de felicidade.

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