Capítulo 1
_ Que frio...
A voz ainda era mole. Virou-se na cama, sem muita coragem pra sair dali. Estava sonhando com algo bom, embora não conseguisse se lembrar o que era. Foi quando sentiu uma mão carinhosa em seus cabelos.
_ Vamos querida. Já está na hora de se levantar.
_ Só mais um minutinho mãe...
A jovem mãe sorriu tranqüilamente. Levantou-se da cama calmamente. Com um toque de varinha, abriu as cortinas e afastou um pouco da bagunça do quarto, como se fizesse um pequeno corredor entre a cama e a porta do quarto. Sabia que seu “pequeno foguete” estaria pronto para disparar. Sentou-se na cadeira da pequena escrivaninha e, virando-se para a pequena na cama, falou com um toque de ironia na voz:
_ Tudo bem então. Vou avisar seu pai que ele não precisa mais vir te buscar. Afinal você poderá ir a Hogwarts quando bem entender. Acho mesmo que ainda é muito pequena e...
Gina nem precisou terminar a frase. Aliás, ela nem conseguiria, pois no momento que a palavra Hogwarts foi pronunciada um relâmpago saiu em disparada da cama para o corredor. Sorrindo internamente pensou – “Uma vez Weasley...”. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um grande estrondo no corredor. O barulho de pratos se quebrando e um grito de susto a tirou dos pensamentos. Correu para o corredor e após se certificar do que havia acontecido, sentou-se no chão rindo.
Ali estava Harry Potter, o escolhido, com uma tigela de mingau na cabeça. No seu colo, com o rostinho escondido por trás da bandeja, dois pequenos olhinhos verdes espiavam o estrago. Depois de muito rir, Gina se aproximou e, tirando a tigela da cabeça do marido, disse:
_ Eu não sabia que gostava tanto de mingau assim, querido.
_ Acho que nem eu sabia. – Desviando seu olhar para os pequenos olhinhos verdes que o olhavam assustados. – Imagino que tenha dito uma boa noite de sono Emily. Queria fazer uma pequena surpresa, mas pelo que vejo, foi você quem me surpreendeu.
_ Desculpe papai. – Os pequenos olhinhos baixaram para o chão.- Eu achei que estava atrasada, então...
_ Então saiu em disparada pelo corredor. – Completou Gina, enquanto limpava os restos de mingau da cena, que se espalhavam até o teto – e atropelou seu pai.
A pequena sorriu sem graça. Harry aproveitou bem para olhar sua filha. Pequena como a Gina, com cabelos castanhos avermelhados encaracolados e olhos bem verdes. Era como se olhasse para sua própria mãe em miniatura. Lembrou-se da primeira vez que a viu, bem como da reação de Lupin.
Estavam já há algum tempo no Hospital bruxo. Andava de um lado para o outro, mesmo aos ter tomado uma poção calmante gentilmente preparada por Hermione.
_ Ela já está lá dentro há horas! – gritava no corredor.
_ Calma Harry. – disse Ron enquanto se aproximava – Essas coisas demoram mesmo. Não adianta se exaltar.
_ É verdade Harry – foi à vez de Hermione – Você parece estar muito mais nervoso do que a própria senhora Weasley. Vai dar tudo certo. Além do mais é a Gina que está lá dentro. Você sabe como ela é forte. Confie nela, vai acabar tudo bem.
Harry sorriu. Sim, era Gina que estava lá dentro. A pessoa que passou por tantas coisas a seu lado. A mulher que amava com todas as forças do seu coração. E agora ela lhe daria um filho. A verdade era que eles não queriam saber o sexo da criança, mas durante um exame rotineiro o médico lhe afirmou que estava tudo bem com seu herdeiro. Gina se enfurecera com o médico, pois gostaria que fosse surpresa. Além do mais, ela dizia ter certeza que era uma menina. Ele amaria a criança, independente o sexo.
Foi quando a enfermeira saiu da sala sorrido, trazendo um pequeno pacote nas mãos. Todos na sala silenciaram, enquanto Harry atravessou-a com tamanha velocidade que Ron poderia jurar que ele havia aparatado. Com as mãos suadas e tremendo, ele se aproximou da enfermeira, sem desviar os olhos do pequeno embrulho nem mesmo por um segundo.
_ Co- como ela está?
_ Ela está ótima. Está apenas descansando. – aproximou-se e colocou o pequeno embrulho nas mãos de Harry. – No entanto acredito que existe uma pequena pessoa que o senhor gostaria muito de conhecer. E existe uma surpresa, pois apesar o que o médico disse é...
_ Uma menina – completou Harry, com os corações aos pulos. Não, a enfermeira nem precisava falar que era uma menina. Assim que pôs seus olhos no bebê, soube que era uma menina. Lupin se aproximou para dar-lhe os cumprimentos, mas ao olhar o bebê exclamou surpreso.
_ Merlin! Mas ela é idêntica a...
_Eu sei – disse Harry, ainda sem levantar os olhos da pequena em seus braços. – Ela é igualzinha a minha mãe.
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_ Pai! Está prestando atenção no que estou falando?
Tirado de seus pensamentos pela mãozinha insistente que puxava seu casaco, Harry olhou para baixo. Com aquele olhar zangado característico de Gina, a pequena Emily censurava o pai por não ouvir suas palavras antes de embarcar no Expresso.
_ Desculpe querida. Estava...
_ Lembrando do tempo em que você era um bebê Emily, pode apostar. – Completou Gina. – Agora é melhor você se apressar, ou vai perder o trem.
Emily olhou para os pais. Sabia que a mãe estava se controlando para não chorar. Sabia também que o pai estava muito orgulhoso por ela ser aceita em Hogwarts. E sabia quanta saudade sentiria deles. Olhou para o lado, onde sua pequena coruja branca, Snow, dormia a sono solto. Lembrou-se do dia que a ganhou, da felicidade que sentira. Abraçou seus pais, um abraço longo e profundo. Sentiu no rosto a lagrima que finalmente vencera as forças de sua mãe. Após a longa e dolorosa despedida, finalmente entrou no trem. Não sabia o que lhe esperava em Hogwarts. Mas se fosse pelo menos 1% do que os pais viveram, sabia que seria uma grande aventura.
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