Capítulo Doze
Nada em minha vida é normal, é incrível o quanto a vida de alguém pode ser um tanto quanto diferente.Não é possível que até a minha menstruação tem alguma coisa de estranha!Lord Potter pegou um pano para mim e disse para eu ir em um riacho ali perto, mais a fundo na floresta e que me lavasse.Ele também me entregou um vestido branco com detalhes em prata e um enfeite de cabelo.
Eu olhei o enfeite de cabelo, que era mais uma tiara de prata com várias pedras encrustadas artísticamente.Eu fiquei confusa, pra quê que ele havia me entregado uma tiara de prata com pedras preciosas? E claro, você deve ter imaginado o quão estranho foi segurar aquele enfeite tão, tão... magnífico.Eu sou... Ou melhor, eu ERA apenas uma simples camponesa de uma aldeia pequena e idiotamente tediosa, então, uma tiara de prata e pedras preciosas encrustadas me deixou bastante deslumbrada.
Percebendo a minha confusão, Lord Potter já falava:
-Eu lhe entreguei esta tiara com a intenção de deixá-la mais luxuosa, pois iremos chegar em Londres hoje mais tarde.-Ele estava com uma aparência exausta e deu uma mordida faminta em um pão que compramos em uma pequena vila aqui perto.
-Nós chegaremos em Londres hoje?-Repeti incrédula.Tão rápido assim? Eu não conseguia acreditar que aquela era minha vida, quero dizer, agora que eu entendi o que me espera em Londres, agora que eu compreendi que rumo que eu iria seguir.E não foi nada bom pensar nisso, fora como se a Lílian Evans de vestidos verde claro e branco tivesse desaparecido por debaixo de um luxuoso vestido da nobreza inglesa.
-Sim, srta. Lílian.Surpresa?-Perguntou ele divertindo-se internamente com minha surpresa.Sir Black olhou de mim para Lord Potter e logo sorriu.Estranho.Não, estranhíssimo!
-Sem palavras para descrever minha surpresa, Lord Potter!-Exclamei um pouco esganiçada.-Vou lá no riacho e se vocês chegarem perto, eu juro que os mato como fiz com esse assassino que mudou minha vida.
-Pode ir tranquila, srta. Lílian-Tranquilizou sir Lupin- Não somos tão sem-vergonhas assim como a srta. Pensa que somos.
Eu saí dali, em direção ao pequeno riacho que passamos agora há pouco.Essa declaração de sir Lupin me deixou um pouco constrangida, pois ele falou tão... tão... Não sei, parecia estar apenas se acostumando ao meu jeito..ahhnn... impetuoso e desconfiado.
Eu caminhava entre as árvores e saltando enormes rochas e raízes pretas de árvores um tanto quanto velhas, nada era melhor do que ar puro e liberdade.Pelo menos aqui eu iria ficar a só com meus pensamentos, pois desde que matei o traidor real, eu não tenho sossego e muito menos tempo para mim.Sempre Lord Potter,sir Lupin e sir Black ficam me rodeando, para saber onde vou, o que eu faço e como faço.Mas acho normal isso, não estou os culpando, pois esse é o trabalho deles.
Eu sempre pensara que cavaleiros eram cheios de luxo e mulheres, mas agora vejo que eles mal tem o que comer em uma viagem.Quero dizer, não é bem assim do 'mal-tem-o-que-comer', mas a comida deles não é tão digna de nobreza.Eles comem pão de uma padaria normal de uma vila, sem nojo ou frescura alguma, das quais sempre ouvira falar que os nobres eram.
Eu vi o riacho e coloquei um pé dentro dele para medir a temperatura.A água estava terrivelmente gelada e não sabia se eu iria entrar.Eu estou acostumada com água gelada, pois em minha casa tomávamos banho gelado, exceto nos invernos, que a casa parecia congelar.Mas continuando, eu deixei minhas coisas em uma enorme pedra ali perto e me sentei em outra, que ficava perto da cascata.Coloquei meus pés n'água e olhei em volta.
Aquela floresta mantinha um ar particular de mistério, um ar que não saberíamos como reagir ao se revelar, um ar... de magia.Suas árvores eram velhas,enormes e cheias de folhas extremamente verdes.Algumas dessas folhas tinham cores bastante inusitadas, como rosa-claro e amarelo-pálido.Uma beleza tão particular, que nem um sábio poderia descrevê-la com total certeza.Tudo ali era movido a incertezas, movido a beleza, movido a mistério.Uma enorme borboleta rosa-choque se destava por entre folhas amarelas, suas asas batiam calmamente, pousada em um galho um tanto quanto baixo, um tanto peculiar.
Eu estava tão encantada com aquilo tudo, com aquela floresta, com suas cores e mistérios que nem vi o tempo passar.Eu havia tido a impressão que tinha acabado de chegar, quando Lord Potter apareceu entre as árvores.
-Srta. Lílian?-Chamou ele se aproximando.Eu olhei para ele.
-Oi-Respondi meio confusa do que ele estaria fazendo ali.
-Você estava demorando muito, por isso eu vim aqui para ver o que estava acontecendo com a srta. -Explicou ele, um tanto cauteloso para eu não pensar que ele estaria me vigiando para ver-me nua.Surpreendentemente, isso não passara pela minha cabeça, nem ao menos chegou perto.
-Oh sim... Faz quanto tempo que eu saí lá do acampamento para vir para cá?-Perguntei calmamente, o que deixou Lord Potter um tanto... surpreso.
-Fazem duas horas, srta. Lílian.Acho melhor irmos andando, pois não podemos chegar em Londres muito tarde... Pode ser perigoso.-Respondeu ele e, pensando que eu protestaria contra a decisão de já irmos embora, eu apenas levantei, peguei minhas coisas e segui para o acampamento.
Enquanto estávamos andando, Lord Potter começou instruir-me para a chegada em Londres:
-Srta. Lílian, você terá de ter um acompanhante para suas noites de bailes, temos de arranjar-lhe isso.Uma 'mãe' de aluguel, apenas para cuidar de você femininamente, como vestido,maquiagem, dentre outras coisas que mulheres fazem.
Eu o olhei calmamente.Aquela floresta me deixou tão em paz que eu poderia fazer qualquer coisa,acontecer qualquer coisa, falar-me qualquer coisa que eu não iria me abalar.Não vai me abalar.Muito menos a Corte inglesa.
-Chegaremos em Londres por volta de quantas horas?-Perguntei subindo no cavalo de Lord Potter.
-Às 22h chegaremos em Londres e, pegaremos a carruagem até sua mansão-Começou ele abrindo um pergaminho, parecendo uma carta.
-Minha mansão?-Perguntei um tanto surpresa.
-Sim, sua mansão-Confirmou ele, sorrindo-Mas agora precisamos discutir seu sobrenome.Não pode ser Evans.Irá ser Reikjavic, pois sua família é descendente de Islandeses.Está bem, Lílian Reikjavic?
-Está sim-Assenti, enquanto ele subia no cavalo, ficando atrás de mim e aquele cheiro de canela me envolvendo.
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