Um único olhar



Um único olhar

Pela primeira vez na vida se sentia fora de controle. Coisa que para ela não era algo comum. Sempre centrada e pé no chão, ou pelo menos era o que fazia questão de parecer. Já tinha arrumado o cabelo centenas de vezes e suas roupas todas em cima da cama, emboladas para o horror de quem entrasse de repente no quarto. Não era para menos, é claro. Hermione sempre fora organizada e responsável, e roupas emboladas pela cama não era um cenário freqüente de seu cotidiano. A verdade era que estava nervosa, não sabia o porquê, mas estava. Mentira! Ela sabia sim, e não havia como negar só de olhar para ela. Seus pais estavam viajando e ela definitivamente não quis acompanha-los, é claro. Afinal disse a eles que mereciam se curtir, passar um tempo juntos longe dos problemas. Longe também dos problemas que ela mesma traria mais tarde quando revelasse a eles que estaria de partida em busca das Horcruxes.

Respirou fundo repassando mentalmente todos seus afazeres que teria naquela tarde. Um calafrio a tomou por inteiro, só de apenas relembrar que estaria de saída em poucas horas... Logo sacudiu a cabeça na tentativa de espantar aqueles “pensamentos” que a desconcertavam. Começou a remexer nas roupas e nada a fez decidir qual finalmente pôr. Não que Hermione fosse uma vaidosa que se fizesse notar, mas naquele caso extremamente específico, se tornara incrivelmente impaciente apenas para escolher duas peças de roupa de sair.

Sabia que sua avó estava lá embaixo, e que daqui a poço a velha senhora estaria subindo para ver se estava tudo bem com a garota. Não que não gostasse de sua avó, mas não fora muito de acordo quando seu pai teve a idéia de levá-la para lá enquanto estivesse fora. A senhora Granger sênior era carinhosa, amável e um tanto cheia de cuidados para com Hermione. Assim como toda avó pensava, excesso de cuidado com sua única netinha nunca fora o suficiente.

A bruxa já estava realmente impaciente quando no ápice de sua irritação passou a mão na cama e pegara a primeira blusa e saia que estava a sua frente. Abriu o armário onde tinha um espelho e resolveu soltar os cabelos. Vestindo a roupa por cima do biquíni, olhou mais uma vez seu reflexo, seria daquele jeito que iria ao clube mais tarde. De repente seus olhos foram atraídos por um frasco dentro do armário, a morena tomou o objeto nas mãos, dando um leve sorriso. Não hesitou em abrir o perfume e respirar mais profundamente a fim de sentir aquele cheiro inebriante e um tanto exótico, adicionara.

Ela fazia esse ritual toda manhã: depois de se levantar a primeira coisa a fazer era admirar aquele perfume nas mãos, e logo depois mergulhar naquele cheiro hipnotizante. Sorriu ao ter o objeto mais uma vez em suas mãos, achando então que era mais que merecido usa-lo pela primeira vez. Não, nunca o usara. Sempre o encarava com um objeto sagrado, intocável que bastava admira-lo que seu dia seria bom. Ela o ganhara num momento meio inusitado, ou era a pessoa que havia lhe dado que o era? Surpreendente, seria a melhor definição. Fora uma surpresa quando Ron a presenteou com esse perfume no Natal retrasado. E até hoje ela se perguntava o porquê daquele perfume ter sido lhe dado.


Era uma manhã de Natal. Resolvera não esquiar com seus pais, que Ron não lesse seus pensamentos, mas estava realmente preocupada com o amigo, pois seu pai havia sido atacado numa missão para ordem, e é claro que o ruivo precisava do apoio dela, mais do que seus pais naquele momento. Então passaria seu Natal no Largo Grimmauld junto dos amigos. Estava em seu quarto que dividia com Gina, a ruiva já não estava mais em sua cama. Levantou-se subitamente e pôde ver a pilha de presentes ao pé da cama. Animada, começou a abri-los. Entre eles um suéter da Senhora Weasley, um estojo de pena novo de Gina, um livro sobre a nova teria de numerologia de Harry, bastante útil é claro, uma nova capa de seus pais e mais livros de romance trouxa que ela adorava. Sentiu-se imensamente feliz ao ver todos aqueles presentes. Ainda faltava desembrulhar mais um. Era um embrulho mal feito, nem tão grande como fora o de seus pais e nem tão menor do que o presente dado por Gina. Desembrulhou cuidadosamente descobrindo enfim uma caixa que parecia, se não estivesse errada, a de um perfume. Na mosca! Era de fato um perfume. Não hesitou em abri-lo e sentir o cheiro doce que exalava do frasco. Pegou o papel que já estava embolado encima da cama vendo por fim uma caligrafia garranchada de tinta preta. Ron a desejava ‘Feliz Natal’ e assinava embaixo se identificando. Sorriu radiante mergulhando então mais uma vez naquele cheiro doce que a fez penetrar em seus maiores devaneios.


Um grito a despertou de suas lembranças, era sua avó lhe chamando certamente.

- Hermione querida, o telefone! –Gritava a senhora. A morena achou estranho. Quem poderia ligar àquela hora? Todos os amigos que realmente tinha eram bruxos e não tinham telefone a não ser Harry, é claro. Mas ele não a ligaria, afinal seus tios não o deixariam usar o telefone. Ao finalizar aquele pensamento sentira um frio na barriga convidativo, mas já saindo do quarto nem quis alimentar o que suas entranhas queriam lhe dizer incessantemente.


Hermione fora em direção à sua avó que muito bondosamente colocava à mesa um bolo caseiro pronto para ser servido. A morena caminhava em direção à mesinha do telefone. E se fosse quem ela estava pensando? E se ele dissesse que não poderia mais vir? Toda sua expectativa fora para o ralo em segundos, mas se mantinha firme ao atender ao telefone.

- Alô? – Ela tentava disfarçar o nervoso.

- Alô, alô Mione?! - Rony tirava o aparelho dos ouvidos e o colocava próximo a sua boca para poder falar mais claramente, ou melhor, gritar. A garota reconhecera a voz do ruivo e pelo jeito dele devia estar todo atrapalhado com o telefone. Riu com seu pensamento.

- Rony, coloque no ouvido! – Disse paciente.

– Ham? Mione você está aí? – Não era a primeira vez que usava o felitone, mas esses aparelhos trouxas eram bastante complicados na visão dele.

- Nos ouvidos, Rony! – Hermione gritou revirando os olhos de impaciência. Ron assentiu logo obedecendo ao comando da amiga.

- Oh, Mione me desculpe... – Hermione congelou. Será que ele desistira de vir? Não podia ser, ela esperava tanto por um dia pod... - ...eu ligar cedo assim, já estou por perto. Papai me deixou perto da estação. – Ela respirou realmente aliviada e sorrira de lado quando notou seu estômago revirar por alguns segundos. – Tudo bem, é bom porque chegaremos lá cedo, vamos aproveitar mais. – Disse num sorriso radiante que fora retribuído igualmente, só que ela nem sabia. De repente um silêncio inconsciente se fez presente, só dava para escutar as respirações descompassadas. No entanto Ron o quebrara.

- O tempo está muito bom lá fora. Papai disse que não se vê um dia de verão assim na Inglaterra há anos. - Pigarreou em seguida para disfarçar que estava sem graça com o silêncio da amiga.

- Melhor para a gente, Ron.

- É uma pena o Harry não poder vir, acho que isto seria uma ótima distração para ele. – Adicionou Ron desanimado. Hermione se sentira um tanto culpada neste momento, afinal queria seu melhor amigo bem, mas não podia negar que estava feliz com a sua “não-vinda”. Ou seria radiante?! A culpa a tomava, mas não poderia se sentir assim. Não estava fazendo mal a ninguém. Só queria assumir de uma vez por todas o que seu cérebro e seu coração gritavam para ela todos os dias, desde o momento que se levantava até a hora de dormir novamente. Era um conflito interminável, ela estava cansada de se enganar o tempo todo e tinha a leve impressão de que Harry a apoiaria nisso.

- É uma pena mesmo, mas ele está bem, tenho certeza. – Adicionara ao amigo.

- Mione, preciso desligar - Hermione respirou aliviada por aquele nervoso constante ter de ir embora, e sorriu nervosa ao constatar que ele não fora. Afinal com o tempo só iria piorar. Maldita espera!

- Tudo bem então, tchau - Fora um tanto seca se arrependendo logo depois, mas já era tarde.

- Um beijo e até - Disse o ruivo que se surpreendeu com suas próprias palavras. Hermione corara nem sabendo que deixava pra trás, quando desligou, um Ron escarlate com suas orelhas rubras e um sorriso abobado.

A morena respirou profundamente e seus olhos brilharam quando desligara o telefone. Sua avó a olhava desconfiada, parecia esconder um sorriso entre os lábios. Hermione levantou de súbito tentando disfarçar que estava corada, e já ai seguir para seu quarto quando a avó começou a falar:

- Era o seu amigo ruivo? Aquele da foto, querida? – Perguntou carinhosa. Hermione assentiu e disse muito baixo para a avó: - Nós vamos ao clube, vovó. Prometo não demorar muito. Elizabeth, a Sra. Granger sênior, dera um sorriso cúmplice à neta e mais nada disse sobre o assunto. Só voltou a falar quando exigiu à neta que vestisse um casaco naquela tarde, pois tinha certeza que iria chover. Sua avó não era bruxa, ela estava certa disso, e nem tinha consciência que estava diante de uma. No entanto previsões de avó e mãe sempre são certeiras. Talvez sua avó pudesse ficar no lugar da Professora Trelawney no cargo de Adivinhações. Riu com o pensamento. Em seguida correu para o seu quarto, tinha que arrumar aquela bagunça descomunal. E se Ron entrasse lá e visse aquilo? Ia pensar que ela enlouqueceu “Oh Merlin, preciso fazer isso rápido” – Pensara.

Enquanto arrumava aquela zona, lembrava instantaneamente quando fizera o convite à Ron. Ela o fizera por carta, assim como para Harry. Mas este a respondera que não poderia ir. Professora McGonagall dera ordens expressas a ele que não poderia sair da casa dos tios antes de seu aniversário. E ele a acatou. Já Ron aceitara animado, mas hesitou um pouco quando descobrira que Harry não ia. Ou ficara sem graça? Pensou que esta seria a melhor explicação. Guardara tudo rapidamente com a ajuda da varinha, é claro. Calçou uma sandália rasteira e sentara na cama um tanto frustrada. Será que iria esperar tanto tempo? Não saberia ao certo.

Um vasto silêncio se instalou, tentava pensar rapidamente para disfarçá-lo, mas despovoado e inquietante trazia a quase dor da espera. Tomou um livro nas mãos e o abrira, mas não se concentrava nem em uma sílaba. Desistira de ler. Usaria suas pequenas forças para outra coisa. Levantou-se olhou a cama, deu uma volta em torno de si mesma observando o quarto. Tudo arrumado, nada precisava de suas funções. O que restava era mergulhar nas suas incertezas e angústias esperando que a luz um dia chegasse. Bufou impaciente, fora arrumar sua bolsa. Ou melhor, ver se não esquecera nada, de repente. Queria poupar sua mente de ilusões e expectativas que poderiam não existir. Era o que ela desejava. Já sofrera demais por ele e o final do ano passado era a prova disso. “A loira aguada fútil” se tornara a namorada do seu amigo “Won-Won”. Tinha vontade até de vomitar com aquela lembrança. Um calafrio pela espinha. Não gostava nem de lembrar daqueles tempos de trevas. Ela se tornara amargurada, raivosa e um tanto vingativa. Os canários assassinos que o digam, e também sua enorme petulância e coragem de ter convidado McLaggen para ir à festa do Slughorn com ela. Pudera! Era obrigada a ver Lilá carregar Ron para cima e para baixo agarrada a ele como se fosse a Lula gigante. Tinha que fazer alguma coisa e fez.

Tudo isso era passado, ela sabia. Mas não deixava de atormentá-la a cada dia, fazendo sua íntima parte racional aflorar e dize-la para que recuasse o quanto antes. Enquanto havia tempo.

O silêncio atormentado cessara, passos vindos do corredor quebraram seu encanto. Era a velha senhora de cabelos levemente grisalhos e feição bondosa. Hermione sorriu ao ver a avó parada na porta.

- Querida, o seu amigo chegou. - Disse ainda com aquele sorriso cúmplice de que entendia o que se passava ali, até mais do que ela. Hermione se encaminhou rapidamente em direção à sala, já com sua pequena mochila nas costas a tempo de ver um Ron inquieto na cadeira. Ele se remexia nervoso e ela pôde notar o quanto rubras estavam à ponta de suas orelhas.

- Oi! – Disse timidamente. O ruivo se levantara rapidamente a fitando nos olhos.

- Oi, Mione. – Tinha um sorriso torto nos lábios. Típico de Ron Weasley. Ele parecia ainda mais alto, e menos magro do que antes.

A morena se sentia um tanto nervosa com a presença do ruivo, mas não quisera transparecer. Sem hesitar o abraçou saudosa. Ron parecia desconcertado, a Sra. Granger o fitava com um olhar indecifrável que o deixava ainda mais nervoso. Desvencilharam-se rapidamente do abraço, estavam sem graças. A morena se afastou do amigo e este pigarreou sem jeito.

- Então? – Ron respirou fundo para encará-la. Vamos? - Perguntou o ruivo. Por que ele se sentia tão constrangido? Não havia motivo. Ou havia? – Vamos, Ron – Hermione parecia decidida, mas a velha senhora os interrompeu.

- Primeiro os dois mocinhos vão lanchar e depois poderão sair. – Disse por fim, Hermione já ia se pronunciar, mas a avó a lançou um olhar severo e fizera um sinal que não aceitaria contestação. Ron sorriu divertido tendo a plena certeza de quem Hermione puxara aquele seu ar mandão. Os três foram lanchar e para a alegria de Ron o bolo de chocolate estava delicioso. Conversaram banalidades: sobre a escola deles, apenas um olhar de Hermione fizera o entender que não poderia mencionar nada sobre o mundo bruxo de Hogwarts, sobre a infância de Hermione, o que divertiu muito o ruivo aos olhos da senhora. No entanto não deixara uma Hermione nada satisfeita.

Terminaram e a avó logo os dispensara para que pudessem se divertir, deixando bem claro que não queria nenhuma ajuda na cozinha. Sem direito a contestar eles estavam prontos para sair.

- Pode deixar senhora Granger, eu trago a Hermione para casa - O ruivo disse sorrindo, mas ficara um tanto corado quando a senhora lhe devolvera um sorriso cúmplice.

- Sim querido, eu sei.

- Tchau, vovó - Hermione beijara a avó animada. E os dois foram em direção à porta aparatando logo em seguida no jardim atrás da casa.


Ron estava encantado com tantos artefatos trouxas que ele via. Eram os ônibus, celulares, carros nas vitrines das lojas etc. Hermione olhava divertida para o amigo e respondia a cada pergunta curiosa que ele fazia. Aparataram num terreno baldio e foram caminhando até a rua do clube.

- O que foi, Rony? - Hermione falava com o ruivo que estava meio deslumbrado com o movimento trouxa daquele lado da cidade.

- Ham? Ah, não é nada - Respondeu. – Ainda falta muito?! – Perguntou, Hermione negou com a cabeça meio a um sorriso largo.

Ela realmente não acreditava que aquilo realmente estava acontecendo. Ron caminhando ao lado dela daquela maneira tão descontraída? A garota tentava segurar suas expectativas e também o bolo na garganta que hora ou outra se formava. Não poderia criar expectativas demais. Definitivamente tinha que acabar com aquele pensamento. E se ficasse frustrada novamente? Seria como voltar à estaca zero. Teria que se esconder em si mesma de novo. Gina antes das férias lhe dissera que era questão de tempo. A ruiva lhe disse que tinha certeza que o irmão gostava dela, mas que não admitia. Ou então era realmente tapado para não perceber. Hermione rira com as palavras da amiga, no entanto ela mesma já havia pensado nessa possibilidade.

- Mione? - A morena ouvira uma voz rouca lhe chamar. - Está aérea?! Está tudo bem? – Ela afirmou.

- É aqui? - Ron perguntou curioso. Os dois estavam parados em frente a um clube. Tinha um muro arborizado que separava o estabelecimento da rua. E perto deles várias crianças trouxas eufóricas de roupões felpudos. Hermione passou pela roleta, enquanto Ron a seguia encantado por todas as coisas que via à sua volta. O ruivo passara meio atrapalhado pela roleta, mas nada que dois segundos não resolvesse.

- Ron, acho que preciso passar na Dona Leia – Disse a garota, e ele não entendera nada. – É a moça que cuida das carteirinhas, Ron.

– Ah, sim - disse compreensivo. - Quer que eu te espere aqui? - Ele perguntou.

– Não, não vou deixá-lo aqui sozinho. São muitos trouxas. Você vai comigo! Tente disfarçar, por favor - pediu a amiga num tom baixo e ele assentiu.

Eles andaram um pouco mais e Ron pôde ver as piscinas, eram enormes. Ele nunca tinha visto algo parecido. De longe via um cais com vários barcos ancorados de frente a um mar azul. Ou seria uma lagoa? Não saberia direito. Esta paisagem só tinha visto em filme trouxa. Crianças brincavam dentro da piscina enquanto os adultos papeavam nas mesinhas. Era um ambiente agradável, realmente um clube. Não que soubesse como era um ambiente de um clube, nunca tinha ido a um,pois sua família não fazia parte da alta sociedade bruxa, mas era como se fosse algo intuitivo.

A morena continuou a andar até que subiram uma escada. Seguiram um corredor estreito e lá estava a sala da tal dona. Uma senhora baixa, corpulenta, mas de feição doce, quase jovial.

- Entre, Hermione. – Ela disse sorrindo. A morena sorrira de volta, um tanto sem graça. Talvez pelo entusiasmo da mulher. A sala era realmente muito pequena, mal cabia os três e uma mesinha onde tinha uma máquina fotográfica. Ron era alto demais e um pouco desengonçado para estar ali, estava desconfortável. A mulher pareceu reparar.

- Se seu namorado quiser esperar lá fora... - Os dois coraram juntos sem se encararem. – Vai ser rápido. – acrescentou naturalmente a mulher.

- Não! – Hermione exclamou se assustando com sua própria voz. – Ele não... não é meu namorado. É meu amigo. – Disse mais calma. O ruivo não dissera uma palavra, só pareceu concordar com a cabeça quando Hermione esclarecera que ele era somente um amigo.

Muito vermelho ainda, o garoto foi esperar lá fora e em poucos minutos a amiga tinha voltado com dois pequenos cartões na mão. Ron fizera uma careta de desentendimento, mas a garota lhe explicou que guardasse um quando lhe estendera.
Voltaram para a área das piscinas, onde Hermione se encaminhou rapidamente para uma mesa colocando sua mochila em cima desta. Os dois sentaram. Ron lhe lançava olhares furtivos e quando ela o encarava ele desviava o olhar. A garota respirou fundo e quebrou o silêncio.

- Você não quer nada, digo, para beber?

- Tem cerveja amanteigada? – perguntou divertido. Hermione rolou os olhos fingindo indignação. Os dois começaram a rir displicentemente. E nem notaram um cara parado em pé ao lado deles.

- Vão querer alguma coisa? - Perguntou o homem.

- Dois refrigerantes, por favor. - Respondeu Hermione ainda sob efeito das risadas.

- Você sempre vem aqui nas férias? – Perguntou o ruivo num tom sério.

- Sempre não, mas às vezes venho com os meus primos - Disse naturalmente.

- Você tem primos? - Perguntou o ruivo ligeiramente surpreso.

– Tenho, mas são parentes distantes. Quando estou em casa venho com eles para cá.

– Hum... você não fala deles. Não sabia que tinha primos. – Falou num tom desapontado.

- Às vezes até me esqueço que sou trouxa. – disse triste. Ron se sentiu um tanto desconcertado, a amiga parecia realmente incomodada por algo, se sentira um pouco culpado por tocar num assunto que claramente a incomodava.

- Às vezes me sinto culpada por não participar ativamente da vida dos meus pais. Quando cheguei em casa nessas férias eu pude notar que havia algo de errado lá. - disse a garota um pouco aliviada por poder contar ao amigo. Hermione baixara a cabeça tristemente, sentiu um calafrio quando a mão do ruivo tocou a sua em cima da mesa. Ele lhe sorria compreensivo, e ela retribuiu. Respirara fundo e voltara a falar:

- Meus pais. - Começou devagar pegando fôlego. – Estavam prestes a se separar e eu não sabia. Eu não sabia, Rony! - completou exasperada. O garoto segurou firme sua mão, quase que carinhosamente. A morena corara no mesmo ritmo que seu coração batia acelerado.

- Não se culpe, Mione. Problemas de adultos são assim mesmo. Não há nada que você possa fazer por eles, só ser compreensiva - Disse num tom surpreendentemente maduro. A garota o encarava impressionada, mas logo a tristeza lhe tomou de volta.

- Eu deveria estar mais presente, Ron. – O ruivo assentiu.

- Sim, mas eles têm que entender que você tem o seu mundo. Hogwarts foi a sua escolha. O seu lugar é com a gente, Mione. – Murmurou o ruivo respirando fundo para voltar a falar. – E eles entendem, é você que se cobra demais. - Hermione pôde ver a cumplicidade nos olhos de Ron. Um ar de alguém maduro, que tinha deixado para trás, nem que fosse por alguns instantes, o ser infantil que se fazia presente na maioria do tempo. Os dois sorriram um para o outro, e selaram o silêncio que começara a se instalar. De repente Hermione se levantara, puxando consigo um Ron assustado.

- Chega de tristeza, Ron! – Disse incrivelmente animada. – Vem, vamos na sauna!

– Aonde? – perguntou o ruivo.

– Na sauna. - Esclareceu divertida. – Você vai gostar, confie em mim.

Os dois se encaminharam a passos largos em direção à uma casa amarela, que era afastada de onde estavam. Deixaram as coisas na mesa, não havia perigo. A garota era a mais ansiosa, entraram no lugar. Tinha uma sala grande com muitos armários e, mais à frente, uma porta de alumínio que de dentro saía uma leve fumaça.

- Tire a camisa, Ron. Precisa se molhar antes de entrar lá dentro! – alarmou a garota um tanto sem graça.

– O quê? – Ele perguntou incrivelmente assustado.

- Não me olha com essa cara, Ronald! Faz o que eu estou pedindo... - ralhou a garota.

– Tudo bem... - Disse derrotado tirando a camisa. Hermione engoliu seco, sentiu-se corar levemente, mas fingiu indiferença ao que estava vendo. O ruivo era aquilo que poderia se dizer, forte. Um tanto a mais do que ela havia imaginado. Mordera o lábio de nervoso e começou a tirar a sua também. De súbito Ron segurou seu braço de uma maneira até rude. Ele tinha uma expressão indecifrável no rosto.

- Está louca? - Ele perguntou. Ela riu abertamente do amigo.

– Ron eu estou de biquíni por baixo - disse divertida. – Entra você primeiro, eu já vou - Disse Hermione naturalmente. O amigo o fizera. Quando finalmente entrou na salinha, o ruivo estava deitado, os cabelos já molhados pela água do chuveiro e a respiração ofegante ocasionada pelo vapor quente do recinto. Ela se sentou ao lado dele no topo mais alto da sauna, um pouco sem graça por estar só de biquíni. Ele continuava deitado de olhos fechados, demorando para notá-la. Assustou-se quando a viu, tratando logo de se sentar, mas Hermione fizera um sinal para que ele ficasse onde estava. A garota sentiu o olhar de Ron sobre si, não era um olhar comum. Ele a encarava de cima a baixo, de um jeito nada amigável, quase malicioso. Pigarreou chamando a atenção do ruivo, este chegara um pouco para o lado a fim de deixar espaço para a amiga se ajeitar.

- Poderia ser menos folgado, Ronald - Ralhou novamente.

- Se você deixasse eu colocar a cabeça no seu colo, não iria ficar tão espremida. - Ele disse subitamente, surpreendendo mais a si mesmo do que qualquer coisa. A morena arregalara os olhos surpresa. Será que tinha estudado direito? Seu coração acelerou.

- Pode, pode eu deixo. – Falou vacilante. Não queria demonstrar que estava sem graça com a situação, mas não pôde evitar. Ron não hesitou em encostar a cabeça em seu colo. O corpo da garota enrijeceu, talvez fosse pelo nervoso de estar ali. Ron não disse mais nada, fechara os olhos parecendo evitar os seus. Um arrepio a tomou por completo. E só pôde reparar que seu corpo se mexera, quando enxergou a própria mão indo de encontro aos cabelos do ruivo que pareceu imóvel ao sentir aquela mão tão delicada se movimentar tão lentamente ao ritmo de um inquietante silêncio.

Não que não estivesse gostando do carinho, mas Ron se sentia realmente confuso com aquilo. Ele tinha consciência que Hermione provocava nele certas reações que uma melhor amiga não poderia provocar. Uma vez, refletindo sobre uma briga que tiveram, dentre tantas, chegou à conclusão que sentia ciúme sim. Mas atribuíra este ciúme à uma proteção de irmão. Afinal queria o melhor para a amiga, assim como queria para sua própria irmã. Procurava não pensar muito sobre isso, porque era só viver um momento como este que estava vivendo agora, e todas as perguntas surgiam em sua mente como um turbilhão. Era uma proteção só de irmão? Ou era algo mais? Ele não sabia dizer, ou melhor, tinha medo de responder tais perguntas. Quando ela o convidou para vir, aceitara na hora. Não havia problema algum de, por acaso, perguntas como estas habitarem sua mente, pois Harry estava lá para distraí-lo. Mas quando a garota disse que o amigo não iria, ele começou a temer. Pensou até em inventar uma desculpa para não ir, mas não poderia fazer isso com ela. Ou não queria fazê-lo? Bom, ele que tinha seus instintos que os agüentasse. Afinal nada disso passava pela cabeça de Hermione. Certamente se passasse, ela não estaria com ele ali.

Ron continuava de olhos fechados nutrindo aquele silêncio que a consumia. Ela o olhava hesitante, temia que, a qualquer instante, ele poderia abrir os olhos e dar de cara com os seus o fitando de modo emergente. Se seguisse seu coração estaria perdida. Tudo que ele mais pedia era que ela o beijasse o quanto antes, mas graças aos Deuses sua razão sabia se impor numa situação como aquela.

Não queria olhá-la agora, se o fizesse ela saberia. Saberia em que ele estava pensando. E como poderia revelar algo se nem ele mesmo tinha certeza daquilo que pensava? Era um grande conflito entre mente e coração. Não queria demonstrar isso a ela, por isso resolvera manter os olhos fechados até que aquele silêncio cessasse.

Hermione já tinha as mãos dormentes, não agüentava mais aquela situação. Quebraria o silêncio antes mesmo que sua mente explodisse de tantos pensamentos.

- Ron - Chamou o amigo. O garoto tinha a respiração pesada, parecia estar dormindo, pensou ela. Ele abriu os olhos devagar, encontrando os seus por segundos. Hermione os desviou quando voltou a falar:

- Vamos sair daqui! – Disse decidida já se levantando. O ruivo se assustou. A garota já o arrastava para fora dali antes mesmo que ele retrucasse. Pegaram as roupas e as vestiram rapidamente. A noite já estava chegando. O sol começara a se pôr diante de seus olhos. Sem planejar os dois correram de encontro aos barcos, a água parecia reluzir o reflexo do sol. Hermione observava o anoitecer, sentou-se na ponta do píer com as pernas cruzadas, extremamente pensativa. Ron juntou-se a ela sem dizer uma única palavra. A garota sentira o cheiro do ruivo atrás de si, um calafrio a tomou por inteiro. Ela precisava seriamente controlar suas emoções. Quase o beijara agora a pouco. E se ela tivesse feito? Iria estragar tudo! Perderia a amizade de Ron para sempre. E isso era algo que não poderia negociar. Não mesmo. Sentou-se ereta, os olhos presos no horizonte. Queria que tudo fosse diferente. Queria só vê-lo como um velho amigo. Mas como? Se toda vez que o olhava nos olhos parecia estar num mundo que antes nem sabia que existia. Estar em sua presença era assim, descobrir sempre algo novo. Algo que a instigava a curiosidade. Toda pessoa no mundo tem alguém assim na vida. E Ron era essa pessoa para ela. Uma pessoa que a levava alcançar seus limites. Alcançar o impossível. Ele a desafiava. Era o próprio desafio.

Sentiu as mãos do ruivo tocar as suas, mais uma vez. Ela sorriu calada. Eram cúmplices. Cúmplices de um silêncio mútuo. Os dois sabiam que o futuro os esperava, só não sabiam que futuro era esse. Seu corpo tremeu de medo. Ou seria o vento que passara forte? O sol estava se pondo diante dos seus olhos. E ela só sentia tremer. Medo de um futuro incerto, algo que nunca poderia prever.

- Mione? - Ron a chamou. Ela não respondeu, preferia alimentar o silêncio que a atormentava. O ruivo pareceu entendê-la mesmo sem palavras. Apertara sua mão forte, demonstrando força. De repente a emoção a venceu, não poderia mais controlar aquela vontade. Abraçou-o sem medo. Queria tê-lo ali, para sempre. Queria ter a certeza de que ele sempre estaria ali. Ron a apertou contra si, queria confortá-la em seus braços. Ela era tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Desvencilharam-se do abraço e se fitaram. Não podiam saber ao certo, só sabiam que era algo forte demais. Um desses momentos que a razão não poderia explicar. Um olhar que revelava os maiores segredos da alma, que revelava uma vida inteira, ou até mais do que isso. Mergulharam nas inúmeras emoções que aquele momento os proporcionava. Sem uma única palavra. Era como se enfim o mundo se abrisse com todas as respostas até então escondidas, sem nem mesmo se lembrarem de todas as perguntas. Cada vez mais perto um do outro, selariam o maior desejo de suas almas. Reconhecer-se-iam, enfim, na multidão.

- Hei garotos! Saiam daí! - O grito fez o encanto se quebrar. Era um homem que gritava do barco para eles. Só então puderam perceber o vento forte batendo na pele, junto com uma chuva que veio sem piedade com a ida do sol. Ron se levantou ainda sem graça e estendera a mão para que a morena a segurasse. Os dois agradeceram ao homem e correram desembalados até a mesa que estavam suas coisas. A chuva cada vez mais forte. Rapidamente pegaram suas coisas e saíram correndo do clube. Relâmpagos e raios cortavam o céu, precisavam chegar o mais rápido possível até o terreno baldio para aparatarem. As visões turvas pela água que encharcavam os cabelos. Hermione correu na frente de Ron, alcançando o ônibus que vinha na direção deles. Ron fez uma careta, mas não retrucou quando Hermione entrou no ônibus, logo a seguindo. Sentaram num banco perto do motorista totalmente encharcados. Viraram a atração para os passageiros. Os dois respiravam ofegantes talvez por terem corrido tanto.

- Está tudo bem? – Ele perguntou. Ela assentiu com um sorriso um tanto sem graça.

- Sim. Nossa! Nunca corri tanto. Um pouco cansada, acho, e com frio. – Ela dissera bufando de cansaço.

- Descanse então. – O ruivo disse num misto de carinho e vergonha. Abraçara a garota pelos ombros fazendo-a encostar sua cabeça na curva de seu pescoço. Hermione corara com a demonstração de carinho. Podia sentir aquele cheiro que tanto amava, e assim ficaram até chegarem à casa da morena.

Abriram a porta com cuidado. Secaram-se com suas varinhas. A casa parecia escura, talvez a velha senhora já tivesse se recolhido. Hermione ascendera a luz. Pôs um lanche na mesa para que comessem e ficaram conversando. Nem pareciam aquele casal que se olhava no píer há menos de uma hora atrás. Eram realmente amigos para quem olhasse de fora. Uma hora ou outra o assunto morria e, para que não caíssem num silêncio incômodo, sempre um deles começava a falar nervosamente. Algum tempo depois se sentaram no chão da sala.

- Tenho que ir, Hermione. - Algo na garota murchou.

- Nem pensar! Não vou deixar você ir com essa chuva. - Ela respondeu firme. Ele nem quis contrariar, pareceu aliviado com as palavras da amiga. O ruivo lhe sorriu e ela corara. De repente um estrondo, faltara luz. Mais uma vez o silêncio se instalara e ela não pôde evitar o olhar azul que tanto a confortava. Estavam próximos, Ron a fitava intensamente. Um olhar indecifrável, ou talvez totalmente revelador como o de pouco menos de uma hora atrás. Tornara a estar num lugar que nunca estivera antes, seus sentidos pareciam lhe escapar quando sentiu as mãos de Ron acariciando sua face. Corou furiosamente, mas não perderia o contato com aqueles olhos tão intensos. Como se qualquer transbordamento fosse uma quebra de harmonia, não se movia. Não conseguia, parecia congelada no tempo e no espaço. Só pôde sentir um calafrio na espinha quando percebera os lábios de Ron de encontro aos seus, pedindo passagem. O toque macio daqueles lábios quentes, um aroma doce exalava deles. O beijo se tornou mais urgente, suas mãos bagunçavam os cabelos do ruivo, o pressionando ainda mais contra si. Mãos, línguas e lábios focados numa única função. Pareciam se perder e se achar ao mesmo tempo. Profundamente entregues ausentes de si, enlaçados num abraço terno e carinhoso. Assim passaram os longos curtos instantes daquela noite, se beijavam como se o dia fosse acabar e aquela fosse a última vez. Pararam o beijo ainda de olhos fechados, estavam tomados pelo clima que se instalara ali, do qual não queriam sair nunca. Sem uma única palavra Ron tornara a beijá-la e todo seu pensamento novamente se esvaiu.

As mãos grandes do ruivo eram tão delicadamente pousadas em sua face, que nem percebera um barulho de porta se abrindo violentamente junto com a luz sendo acesa. Separaram-se assustados com um casal os encarando. Eram o Sr. e a Sra. Granger, que olhavam a filha cheios de perguntas. Ron se levantou pronto para dar explicações, mas Hermione o calou com um gesto.

- Papai, mamãe! Não é nada do que vocês estão pensando. – Disse vacilante. Ron dera um passo à frente e encarou o pai da garota.

- Me desculpem, eu não queria desrespeitar sua filha. Eu gosto muito dela. Nós só estávamos nos... é... - O ruivo não desviou o olhar um momento sequer dos olhos do homem, mas pareceu nervoso quando a feição deste desfez a carranca. A Sra. Granger sorriu para a filha, que lhe retribuiu. O garoto se pôs ao lado da morena pegando sua mão e a entrelaçando na dele. Um arrepio lhe tomou. Parecendo segura, Hermione disse decidida.

- Estávamos nos beijando, mamãe. Me desculpe, papai. – Os pais sorriram um ao outro e a mãe disse finalmente:

- Tudo bem, queridos. Não precisam ficar encabulados. – Os dois coraram. – Tudo bem, filha. Ron, sei que minha filha está em boas mãos. – Disse o pai dando um tapinha leve no ombro do garoto.

- Faço minhas as palavras do meu marido, querido. Molly ficará radiante! Oh Deus!
– Disse a mulher carinhosa abraçando os dois imensamente feliz. As orelhas de Ron ruborizaram, juntamente com as bochechas de Hermione. Os quatro ficaram conversando diversos assuntos, até que os dois adultos diziam-se cansados. Coisa que os dois jovens duvidavam muito, já que estavam tão animados. No entanto, subiram. Ron imediatamente quis ir embora, mas a própria Sra. Granger não deixou, alegando ainda a chuva e que não haveria problema em arrumar rapidamente o quarto de hóspedes para que ele ficasse. Então aceitou, mandando uma coruja para a Toca avisando que ficaria por lá.

Estavam mais uma vez sozinhos, era a primeira vez depois do beijo. Não se encaravam, estavam extremamente encabulados. Hermione sentara no chão calada e logo fora seguida pelo ruivo. Mais uma vez o maldito silêncio os consumia, mas fora cessado pela voz de Ron.

- Bom, agora... agora muda tudo não é?! - Ele tinha a respiração pesada. Ela assentiu e sorriu enviesado.

- Você não quer que mude? – Perguntou cheia de expectativa. Ele tocou seu rosto levantando o queixo dela para que o encarasse.

- Era o que eu sempre quis, agora tenho certeza disso. – Soou carinhoso. Uma lágrima escorreu dos olhos da garota, sendo rapidamente seca pelos dedos dele que tanto a acariciavam. Hermione o abraçou e antes de beijá-lo disse:

- Eu também sempre quis. E eu sempre tive certeza disso. - Os dois mergulharam novamente naquelas inúmeras sensações que só um podia provocar no outro. Beijaram-se apaixonados até estarem extasiados e acabaram dormindo abraçados no chão da sala.

Hermione acordou quando o sol ainda estava nascendo. Aquele seria o primeiro dia do resto de suas vidas. Estava feliz. Não saberia ao certo qual seria seu destino, mas a vida já teria valido a pena se terminasse ali. Tinha a cabeça no peito de Ron e podia escutar seu coração bater. Era no mesmo ritmo do seu e esperava que fosse assim sempre, agora. Os olhos do ruivo se abriram devagar quando ela o encarava. Ele lhe sorriu cúmplice e ela pôde ver finalmente o reflexo de todo o amor que habitava aquele sorriso. Retribuiu-lhe sem hesitar, refletindo, assim, todo seu amor por ele, apenas naquele gesto. Olhavam-se sem medo agora, não havia mais o que esconder. Podiam ver mais do que o reflexo daquele sentimento tão sublime, viam suas almas. Naquele momento palavras não eram necessárias, tão quanto gestos. Se amavam mais que tudo, mas não era necessário dizer, bastava sentir. Afinal, para que tornar sagrado aquilo que já é precioso? Continuaram calados. E logo, selaram mais um beijo apaixonado, seguidos por muitos mais.


Fim

















Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.