O menino que roubava varinhas
Observação: Alguns nomes de HP foram adaptados para soarem como alemães, nada oficial nem profissional, mas pelo menos um dos nomes do personagem (nome ou sobrenome) foi mantido para melhor identificação do mesmo.
Só para deixar claro, o mundo no qual essa fanfic se passa foi criado unicamente na cabeça da autora, que usou como base coisas tanto do mundo de Harry Potter como no A menina que roubava livros e ainda nos seus conhecimentos pessoais em História Geral, mas não se atem principalmente a nenhum livro, e criando um mundo novo que não foi primordialmente copiado de qualquer lugar.
Mesmo os acontecimentos, por vezes são baseados em A menina que roubava livros, e por vezes em Harry Potter, mas grande parte do tempo aconteceram coisas novas. Ou então há de acontecer de coisas já existentes nos livros serem descritas de uma forma completamente nova com conseqüências diversas. Então pede-se que o leitor esteja livre de preconceitos e que não fique esperando que as coisas sejam exatamente como nos livros, visto que a autora acredita que como vivem em um local diferente em situações diferentes os personagens podem se comportar de maneira diferente, já que é assim na vida real
Desde que eu tenho lembranças sempre soube que meus pais não eram meus pais. Digo, papai e mamãe eram apenas de criação, nada de sangue nos relacionava. A não ser é claro mamãe, que era prima de 3° grau da minha mãe de verdade. Falando na minha mãe de criação, quando era menor, ainda uma criança, não fazia idéia de quem fossem meus pais, sabia apenas que fazer perguntas sobre eles significava castigo. Se eu insistisse, isso poderia significar ficar sem jantar – ou sem almoço, dependendo do horário em que eu cometia tal afronta. Não que meus pais de criação fossem ciumentos e não gostassem de seu filhinho adotivo falando nos falecidos pais, isso era o máximo que eu sabia, meus pais estavam irremediavelmente mortos, sem vagas esperanças de que um dia um deles aparecesse e dissesse:
“Hey Harry, vim te buscar!”.
Meus pais de criação me castigavam porque havia algo ali que todos faziam questão de esquecer, algo que ninguém gostava de falar e queriam que eu compartilhasse com eles desse desejo. Mas, como eu poderia temer ou entender algo que ninguém jamais me explicou?
Não que eu já tivesse feito essa pergunta a alguém, afinal, chegar a esse ponto era perder um refeição na certa, além de levar um sova que doeria por dias. Quanto a sova, eu já estava acostumado, mas naqueles tempos cada refeição era uma fortuna, já morríamos de fome mesmo quando comíamos os escassos mantimentos, e ficar sem comer só me fez ser uma criança menor e mais magra do que eu já naturalmente seria, sim, como você talvez deva ter imaginado, minha infância inteira incomodei meus pais de criação com perguntas sobre meus pais verdadeiros, afinal, algo tão escondido devia mesmo valer a pena, era por isso, acho, que eu parecia ser tão desnutrido.
Meus pais de criação: Rosa e Walter Hubermann. Ela, uma mulher em forma de armário e cara de papelão, andava gingando, gostava de xingar e de me punir quando perguntava sobre meus pais verdadeiros ou quando ela achava que eu fazia algo errado. Quando criança achava que ela me desprezava, mas quando fiquei grande o suficiente para entender, percebi que ela apenas me amava de verdade e queria a todo custo me proteger da realidade, só não sabia como demonstrar isto de uma forma mais carinhosa. Ele, um homem grande, formato de barril, sem pescoço, bigode cujos fios ele gostava de arrancar quando ficava nervoso, o que usualmente era acompanhado pelo arroxeado de suas feições que iam desde o rosa até o marrom em menos tempo do que você acharia humano. Acho que ele nunca gostou de mim, e ele era bem sincero nisso, não era só a forma dele demonstrar seu amor e/ou preocupação.
Minha rua, rua Himmel, uma grande ironia, quase humor negro. Himmel = céu. Céu? Só podia ser uma piadinha infame. A rua Himmel, longe do que pode parecer, não era um inferno, não. Mas passava longe de ser um céu. Era um rua de pessoas simples, muitas pobres, crianças sujas e às vezes (ou quase sempre) esfomeadas. Estas mesmas crianças sujas costumavam passar os dias brincando na rua, mulheres velhas ou não tão velhas interagiam, tanto com insultos (muito comum) como com conversa fiada, e tínhamos claro nossas figurinhas registradas, os esquisitos da rua Himmel, os preferidos das crianças, dos quais não vou falar muito, pois seria, a meu ver, perda de tempo. Esta minha antiga rua, nem sei se existe mais, há algum tempo foi destruída, não sei se a reconstruíram, mas vamos por partes.
Meus amigos da rua Himmel, Ron Weaslmann. Claro que haviam outros meninos e meninas que eu gostava de brincar ou jogar quadribol. Mas Ron é o único amigo que nesta curta história eu acho que valha a pena ser citado. Se eu fosse escrever uma biografia, poderia colocar aqui todos os nomes (ou os nomes que eu lembrar), e teríamos uma bela lista, mas não quero escrever uma biografia. Ron Wealsmann tinha a minha idade, ruivo e sardento - assim como todos os seus outros seis irmãos - olhos azuis um pouco esbugalhados.
Creio que antes de tudo devo contextualizar você com o tempo e o local em que vivíamos.
Alemanha, Hitler. Se você nunca ouviu falar de Hitler peço que revise o seu livro de História da Magia, e se mesmo assim ele não estiver lá, peço que reclame com o seu professor, pois você tem em mãos um livro muito incompleto. Eu nasci antes de Hitler chegar ao poder, e cresci com ele ascendendo, até tomar o poder da Alemanha e ser apoiado por mais ou menos 90% da população. Mesmo que apoiar ele significasse perseguir os muggel¹, vale lembrar que muitos alemães apoiavam Hitler fervorosamente, ou apenas se associavam ao partido nazista. Não que houvesse muitas opções naquela época, ou você era do partido, ou você morria de fome sem emprego. Basicamente, muggel e qualquer um que de alguma forma compactuassem com eles era considerado inimigo do povo alemão, o que conseqüentemente significava ser mandado para um campo de concentração onde haviam duas opções: trabalho forçado ou morte. Cada um tinha sua própria opinião de qual das duas opções era mais tentadora, sem ironias. Era fácil viver na Alemanha naquela época, bastava odiar os muggel, amar Hitler e viver sua vida.
E então, encontramos o problema de Ron Wealsmann. Não que ele odiasse Hitler, não naquela época. Mas ele tinha uma amiga muggel (no tempo em que ainda não era realmente crime conhecer, conversar ou ser amigo de um).
Hermione Wranger, nascida muggel, estudava na mesma sala que nós, seu pai tinha uma loja ao lado da do pai de Ron.
No começo, acho que Ron não gostava dela, implicava e ria da menina, não por ela ser nascida muggel, como se pode pensar, mas por ela ser estudiosa, estudiosa até de mais. Hermione Wranger só sabia falar de livros e passar lições de moral em todos quando era pequena.
Uma coisa que é praticamente de conhecimento geral: meninos pequenos não sabem interagir direito com as meninas, principalmente se gostam delas, e daí surge a implicância. Esse era o exato problema de Ron. Crescer fez bem para ele, começou a conversar civilizadamente com Hermione e sempre ia visitá-la na loja do pai, onde conversavam sobre sabe-se-lá-o-que.
Antes que eu possa começar a verdadeira história, vamos apresentar os fatos, se você for esperto se lembrará que o título deste texto é: O menino que roubava varinhas.
Como nunca fui muito criativo nem tão perspicaz como minha amiga Hermione era às vezes, deves acreditar quando digo que de fato este é o tema/motivo principal de eu estar entrando noite adentro com uma pena, um tinteiro e um pergaminho, então podes descartar qualquer suposição que tenhas feito sobre o título deste texto na verdade ser uma metáfora ou qualquer outra coisa criativa e intelectual, o fato é, eu sou o menino que, literalmente, roubava varinhas.
Para ser sincero, não sou neste instante o menino ladrão de varinhas, por dois fatores essenciais, primeiro: eu não sou mais menino há muito tempo, e isso é algo irremediável; segundo: eu não roubo mais varinhas... Ou pelo menos já fazem 8 anos. Acho que já posso me considerar curado, afinal, oportunidades não faltaram.
Antes que alguém fique chocado de mais para terminar de ler, devo me retificar explicando que nenhuma varinha foi roubada sem sentido, para todas eu tinha uma justificativa (que você encontrará ao longo deste texto), mas a principal foi a última roubada, que completou uma coleção inestimável e escondida dos outros em um local que eu jamais revelarei em vida. Pretendia na verdade destruí-las, mas nunca consegui finalizar este meu intendo, quem sabe no futuro alguém as ache e as use numa causa mais benéfica?
Vamos à história.
Desde que eu tinha 11 anos costumava trabalhar todo verão na loja de Herr Oliwander, ele era um comerciante de varinhas, e sendo meu pai de criação sobrinho em terceiro grau dele, conseguiu o trabalho para mim, já que eu deveria ajudar no sustento da casa. Foi no segundo verão trabalhando na loja que eu roubei minha primeira varinha:
Mogno,fio de coração de dragão, 42 cm, maleável, boa para encantos.
Desde que conheci Herr Oliwander ele me meteu medo. Eu não suportava ser encarado por aqueles olhos claros, quando ele ficava me encarando, era o pior momento. Mas tem uma coisa que eu devo a Herr Oliwander, e isso nunca poderei esquecer. Foi graças a ele que eu fiquei sabendo tudo que sei sobre varinhas. Esse homem tinha uma fascínio imenso por esses pedaços de madeira, e foi através de suas intermináveis prelações sobre varinhas e seus detalhes que eu entrei em contato com essa parte tão... fantástica da bruxaria.
Mas estou sendo um pouco hipócrita, porque na verdade, mesmo com Herr Oliwander a me bombardear com todo o amor pelas varinhas, eu sempre achei que elas são apenas pedaços de madeira muito úteis, perigosos nas mãos erradas. Até depois de virar um ladrão de varinhas (fato que demorei a me dar conta), eu ainda não superestimava estes objetos, e hoje, tantos anos depois, ainda acho que varinhas são unicamente cotocos de madeira muito espertos. Desculpe-me se você é um fã destes artefatos, eu sei de sua importância, apenas acredito que mais importante que a varinha é o bruxo que a ministra.
Voltando ao ponto em que paramos, lá estava eu trabalhando na loja, quando surgiu um pedido imenso de varinhas vindo de Frau Umbridger, secretária e assessora do prefeito (cargo que inclusive, ela adorava ostentar). As varinhas iriam para um posto nazista que tinha na nossa cidade. Eu e Herr Oliwander tivemos de nos locomover junto com uma carga de mais de 300 varinhas para esse posto nazista, tudo isso em vassouras. Mesmo hoje, não me lembro de ter feito uma viagem tão chata quanto aquela. E eu tinha só 12 anos na época.
E foi lá naquele posto que duas coisas relevantes aconteceram: 1. Foi a primeira vez que encontrei Draco Malfoy; 2. Foi lá que roubei minha primeira varinha.
De certa forma, minha primeira varinha roubada está entrelaçada com a história da primeira vez com Draco Malfoy, bem como todas as outras que posteriormente viria a roubar.
O nazistinha mimado tinha me infernizado tanto logo de cara, que nossas primeiras palavras de cumprimento tornaram-se logo num desafio de quadribol.
"Hallo. Wie geht es Ihnen?" perguntou uma voz de garoto para mim enquanto eu almoçava sozinho, um tanto quanto afastados dos nazistas "Olá. Como tens passado Sr.?" Aquele era um jeito bem formal de se perguntar à pessoa se estava tudo certo com ela, e vindo de um garoto isso soava ainda mais estranho.
Fiquei um momento com a colher cheia de comida suspensa no ar, no meio de uma colherada até minha boca, encarei o garoto. Existem duas palavras que o caracterizaram naquele momento (e até onde posso me lembrar por toda a existência dele): puro-sangue. E arrogante. Até hoje percebo como essa primeira impressão não estava nem um pouco errada.
Como eu demorasse a responder a pergunta dele, o menino deu uma tossezinha afetada e ergueu uma sobrancelha, esperando eu responder. O problema era, como se respondia uma pergunta feita daquele jeito formal? Eu tinha doze anos, não fazia idéia, mas deixá-lo no vácuo também não me apeteceu.
"Erm... Uhn... Danke, gut." Sim, eu fiquei pensando um tempo antes de falar, e acabei respondendo o típico 'Bem, obrigado.' mesmo. Nada genial, mas melhor do que não responder não é?
"E você?" perguntei apressadamente, quase me esquecendo da educação, tão escassamente a mim ensinada no âmbito familiar.
"Também vou bem." ele respondeu e se sentou a minha frente. "Você é um puro-sangue?" foi a segunda pergunta dele.
"Bom, eu estou aqui no meio dos nazistas não é?"
"Isso não responde a minha pergunta." observou. Esperto ele.
"Bem... devo ser."
"Deve ser...?" novamente ele ergueu uma sobrancelha, o que deu-lhe um ar completamente arrogante e afetado.
"Quer dizer, ninguém fala sobre meus pais, como eles estão mortos, eu não sei..."
"Ah, lamento." ele não parecia lamentar nada. "Eu sou um puro-sangue." até ali, nada novo, e tive uma vontade tremenda de perguntar: 'Ah é? E daí?' num tom nada simpático. "Por gerações e mais gerações, somos uma das famílias mais tradicionais."
Eu continuei comendo, imaginei que se o ignorasse talvez ele desistisse de mim.
"Ah, que deslize o meu. Esqueci de me apresentar, Draco Malfoy." talvez ele esperasse que a menção do sobre nome dele fizesse algum efeito sobre mim, não sei, mas ele disse-o com toda a pompa, com um olhar maligno... O único problema era, aquele nome nada significava para mim. Nadica de nada.
"Ahn..." Reparei no olhar quase de desapontamento dele, como se eu não tivesse reagido como ele esperava. "Harry Potter, prazer." continuei comendo. Mas parece que o meu nome teve algum efeito sobre ele.
"Potter?" ele perguntou mais pálido do que normalmente já era.
"É, sabe, H-a-r-r-y P-o-t-t-e-r." respondi soletrando o meu nome. Havia aprendido há pouco tempo a arte de soletrar rápido, era maravilhoso enfim, poder mostrar minha nova especialidade.
"Eu ouvi Arshloch." o pouco de cor que naturalmente tinha voltou ao rosto dele. "Espero que você não tenha orgulho de ser um Potter." Meu sobrenome na boca dele soou estranhamente... Estranho. Como se ele estivesse cuspindo-o e não o pronunciando.
"Espero que você não tenha orgulho de se chamar Draco." Eu respondi, afinal, convenhamos, esse nome é ridículo.
Levantou-se, os olhos espremidos, aparentemente ele pretendia parecer ameaçador.
"Aposto que você só é metidinho assim aqui, quero ver se seria tão corajoso assim jogando quadribol." Aparentemente a intenção dele era que eu me encolhesse de medo, me arrepiasse ou saísse correndo.
"Isso é um desafio?" Perguntei me levantando também.
"E se for?" Ele perguntou de volta.
"Eu topo." Larguei minha colher dentro do prato, posicionei-me que nem ele, da mesma forma arrogante. Obviamente não era isso que ele queria ouvir. Estava escrito no rosto dele, que voltou a perder a cor. Depois de alguns anos de convivência com Draco Malfoy, você percebe que ele é bem menos do que ostenta e bem mais do que parece. Ele adorava desafiar os outros, talvez porque achasse que todos fossem como ele, que morria de medo de desafios físicos, ele devia pensar que isto fosse o suficiente para fazer qualquer um desistir. Mas, eu não era ele, e eu amava quadribol.
Por um momento, pareceu que ele iria voltar atrás, afinal, o que ele menos queria era correr o risco de perder. Mas, ele olhou novamente para mim, magro, sujo, aparência meio doentia, mal alimentado, roupas rotas e de segunda mão. Provavelmente sua avaliação foi negativa, deve ter pensado: "Esse moleque não deve nem se agüentar numa vassoura, isso vai ser fácil.". Mas, foi aí que ele cometeu o erro. De fato, eu era tudo aquilo que ele avaliara, mas, o problema é que eu sabia sim montar uma vassoura, e era muito bom nisso.
"Então, quando vai ser?" Ele perguntou após sua errônea avaliação.
"Quando você quiser." Falei isso mais para dar um impacto mesmo, afinal eu tinha doze anos, crianças adoram fingir que são mais do que realmente são.
"Assim que o sol se pôr então, sem falta." Ele disse estreitando os olhos "No campo de treinamento que tem aqui, traga sua vassoura, e esteja pronto para morrer ." Eu descobriria mais tarde, que esta também era uma característica que fazia parte de Draco, ele gostava de exagerar.
Esse duelo nunca chegou a acontecer. Quando eu cheguei no local e no horário estipulados na quadra (o que não foi fácil já que eu me perdi no meio do caminho), não encontrei ninguém que não um sentinela, que disse-me receber uma denúncia de vândalos estarem querendo invadir a quadra, exatamente naquele horário. Eu já não gostava de Draco Malfoy só pela arrogância dele, mas naquele instante, eu o detestei. Além de furar o encontro ainda me ferrou.
Mas também foi graças a isso que eu roubei minha primeira varinha. O sentinela resolveu me levar até onde Herr Oliwander deveria estar, já que eu afirmava veementemente que era ajudante dele. Chegamos lá e graças aos céus meu chefe não estava lá. Eu sabia que ele tinha ido resolver alguns problemas pendentes com Frau Umbridger e o prefeito, mas fiquei com medo de ele já ter voltado e dado falta de mim e da vassoura.
Claro que o sentinela que havia me pego no flagra esperou até o vendedor de varinhas chegar, o que não tardou a acontecer.
“Vejam bem, são menos varinhas, então vai balançar muito, eu quero o máximo de cuidado possível.” Ouvi Herr Oliwander dizer, antes de vê-lo chegar.
O meu captor, que mascava um pedaço de grama, do modo como só os caipiras fazem, largou o pedaço de mato e o tacou no chão, ficando em pé, logo em seguida fez uma posição de sentido. Herr Oliwander vinha conversando com outros nazistas, um de aparente patente alta.
“Então, se vocês puderem tomar cuidado e fizerem aquilo que pedi...” O chefe dos nazistas confirmou com um aceno de cabeça bem militar. Herr Oliwander me notou.
“Ah Harry, que bom que ainda estais aqui, precisamos partir sem demora, já está tarde e sua mãe já deve estar zangada.” Ele disse-me num tom divertido.
“Sr. esse menino é seu...” Começou o sentinela dedo-duro.
“Meu assistente, sim, sim. Agora,” Herr Oliwander se virou para os outros nazistas “se puderem se apressar, sim?” virou em seguida suas orbes desconcertantemente claras e inquisidoras para o rapaz que me acompanhava “Você me dizia algo sobre Harry....”
“Ah, bem, é... Sr. este menino....”
“Schunpike!” Um grito forte ecoou “O que você está fazendo aqui seu inútil?”
“Sr., sim Sr... Eu estava... Estava...” Respondeu ele fazendo um aceno com a mão e entrando em guarda novamente.
“Não me importa o que você estava fazendo, saia, suma, você está atrapalhando, volte para o seu posto!” o sentinela se contraiu, vi um tremor passar por seu corpo e ele saiu dali o mais rápido que pôde, ninguém mais deu atenção para ele, ninguém a não ser eu. Enquanto ele sumia de vista, passando perto de uma amontoado de panos que havia em um canto, eu vi sua varinha caindo ali.
E esta foi minha primeira varinha roubada. A mais sem valor de todas, porém a mais valiosa, pois foi a primeira.
O resto daquele verão passou numa tranqüilidade normal, e minha varinha roubada foi cuidadosamente guardada dentro do meu colchão. Algumas noites eu a tirava lá de dentro e a observava. Naquele tempo eu não gostava da palavra roubar, final, não era um furto propriamente dito, era? Eu havia praticamente achado a varinha...
Excluindo-se estas vagas conjecturas, o fato é, às vezes de noite, com o coração acelerado, o nervosismo do furto ainda presente em cada célula do meu corpo, como se só de olhar para a aquele pedaço de madeira eu revivesse quase com a mesma intensidade o que foi me abaixar discretamente, apanhar a varinha e escondê-la um segundo antes de Herr Oliwander virar para mim e dizer: “Harry, vamos, o que você está fazendo?”.
Talvez fosse por sentir tanto prazer nessa sensação de perigo, nervosismo, ação, que eu gostava de sempre que pudesse e não estivesse muito cansado, retirar a varinha de seu esconderijo e reviver todos aqueles sentimentos apenas no fato de fica-la segurando e analisando.
Mas mesmo assim o verão passou, e tenho certeza que o jovem sentinela jamais desconfiou ou descobriu aonde sua varinha fora parar, e assim, voltaram as aulas e mais um semestre letivo junto com elas, e uma novidade veio de carona. O Povo Jovem.
O Povo Jovem foi criado pelo Füher, todos os jovens acima de 10 anos e menores de 14 a partir daquele ano (1936) deveriam fazer parte disso. Depois dos 14 iríamos para a Juventude Hitlerista, e após os 18, ficaríamos de recruta no exército do Füher, este último fato na época ainda não era realmente irremediável, mas O Povo Jovem era. Não tinha nada de mais, fazíamos atividades extra-curriculares que envolviam a prática de esportes e o aprendizado sobre a superioridade bruxa sobre todas as outras.
E é exatamente lá que encontramos Draco Malfoy. Lá estava ele com seu uniforme padrão, que todos tinham que usar, esnobe como sempre, arrogante do mesmo jeito que eu o havia deixado. E a mesma implicância quase inata.
“Então Potter, como foi a sua partida de quadribol?” foi o cumprimento dele. Obviamente eu teria partido pra cima do arrogantezinho e teríamos rolado no chão nos batendo, se ele não estivesse acompanhado de dois trogloditas e se Ron não tivesse sabiamente me segurado. Eu não era exatamente fraco, mas Ron sempre foi alto, eu baixo e magrela, então creio que era relativamente fácil me segurar quando eu tinha recém-completos 13 anos.
Não sei se eu realmente preciso detalhar como aquele semestre foi um inferno. Basta saber que Draco Malfoy estava no mesmo grupo que eu, que ele tinha um pai influente e que adora me infernizar, tenho certeza que sozinho eu nunca teria conseguido tantas sovas e castigos dos professores como naquele semestre, fora os comentários maldosos que Draco adorava soltar quando nos esbarrávamos nos corredores. Às vezes era eu que tinha que segurar Ron para ele não partir para cima do Draco. E isso não era nada fácil. Draco Malfoy conseguiu transformar aquele semestre numa porcaria.
Mas naquele ano também aconteceu uma das mais maravilhosas coisas que poderiam ter feito a minha vida de meros 13 anos feliz. Sírius Black, O Sirius Black, o estrangeiro mais cobiçado da Alemanha havia fugido da prisão. Ele estava prestes a ser morto fuzilado, como um exemplo nacional, quando escapou da prisão. E sabe a quem ele foi procurar assim que fugiu? A mim.
Durante alguns dias um grande cachorro preto ficou me seguindo da saída do Povo Jovem até em casa, mamãe não gostou nem um pouco disso, e papai muito menos, eles nunca foram fãs de animais de rua. Ainda mais de um que parecia ser tão esperto. No terceiro dia em que o cachorro me seguia minha mãe de criação desconfiou. Foram muitos indícios, que iam desde a incrível capacidade de responder perguntas, a olhares incriminadores ou acusadores que o cachorro mandava. Cães de verdade não te respondem com um muxoxo zangado quando você fala em tom divertido: “Acho que vou te dar um nome.... que tal Chuchuzinho?”. Então naquele terceiro dia mamãe o mandou entrar. E ele não esperou uma segunda ordem,
Na época eu não desconfiei na hora da verdade, mas achei incrivelmente estranho mamãe permitir um cachorro entrar em casa. Ela o colocou contra a parede, exigindo explicações, e na frente dos meus olhos o cachorro preto se transformou em um homem, em Sirius Black.
“O que.... o que você faz aqui?” mamãe perguntou, ficando estranhamente verde. Eu não entendia absolutamente nada.
“Você realmente pergunta?” ele disse com uma risadinha que mais pareceu um latido.
“Rosa..... Rosa..... O que esse criminoso está fazendo na nossa sala?! Vamos denunciá-lo, vamos...”
“Walter, fale baixo, os vizinhos!” mamãe o repreendeu. “Não posso denunciá-lo antes que ele me explique tudo.”
“Você conhece ele?” perguntei espantado por mamãe ter esse tipo de contato.
“Isso não é da sua conta Saukerl!” respondeu ela ríspida.
“Você sabe que isso não é verdade Rosa...” o homem no chão da minha sala disse.
“Harry, eu sou seu...”
“Não!” minha mãe se levantou da cadeira, recuperando a cor “Ele não precisa ficar sabendo de tudo! Você não tem o direito...!”
“Eu tenho mais direito que você...”
“Você é um prisioneiro fugitivo, não tem direito a nada!”
“Mas o Harry tem direito!”
“É, eu tenho direito!” gritei apoiando, estava cheio de tudo naquela casa parecer ser sustentado em torno de um segredo desconhecido, aquele homem estranhamente parecia um portal para a liberdade.
“Cale a boca, estúpido, isso é assunto de adultos!” foi a vez do meu pai entrar na conversa.
Seguiu-se a isso uma grande confusão e gritaria, que pedir para eu lembrar do que foi dito já é demais. Porém, posso afirmar que: mamãe xingava todos e ameaçava com a colher; papai variava de roxo a fúcsia numa velocidade incrível enquanto apontava o dedo gorducho de mim ao prisioneiro; eu gritava com todo mundo querendo explicações; e Sírius rebatia o que mamãe e papai falavam. Isso até que ele se virou para mim, mamãe bateu com a colher na cabeça dele e papai levantou da cadeira, isso tudo ao mesmo tempo que o ex-cachorro falou:
“Harry, eu sou seu padrinho!!!” falar talvez não seja a expressão certa, ele gritou isso. O que foi seguido de um silêncio estremecedor.
Mamãe ainda tinha a colher erguida numa ameaça de segunda colherada no meu recém descoberto padrinho, papai olhava abestalhado de mamãe, a Sírius, a mim, Sírius me encarava com os olhos perscrutantes, em busca de uma reação e eu estava ainda em pé em cima do sofá meio encolhido contra a parede com o choque que o grito dele teve.
“Eu..... quê?!” perguntei não conseguindo assimilar tudo direito.
“Seu padrinho, Saukerl, que mania de fingir que é surdo!” mamãe disse voltando a se sentar, parecia estar tendo uma síncope. Papai soltou o ar de forma exasperada e também voltou a se sentar.
Eu continuei encolhido contra a parede, de pé no sofá.
“Harry eu...” Sírius começou, enfim desviando o olhar de mim.
“Meu padrinho é um presidiário fugitivo?!” eu perguntei por fim.
“É... bem, eu sei que isso não...”
“Que maneiro!!!” eu voltei a me sentar. “Como você escapou da prisão? Como eram meus pais? Porque você foi preso? Você é um animago? Como me achou? Será que veio me levar embora? Posso viver fugindo com você?” todas as perguntas foram feitas de uma vez só, numa avalanche.
“Uma pergunta de cada vez Saukerl!” disse mamãe, Sírius riu.
“Bem... é uma longa história..” disse meu padrinho.
Durante 3 meses ele ficou morando lá em casa, mais precisamente no nosso porão. Acho que aquele foi um dos momentos de maior alegria na minha vida. Quase todo dia eu voltava correndo do Povo Jovem só para ir até o porão encontrar Sirius, e ficávamos conversando durante um bom tempo. Aprendi muitas coisas com ele, dentre elas a história dos meus pais e de como ele tinha se tornado um presidiário.
Acho que Sirius não era muito feliz trancafiado num porão, era o tipo de pessoa que preferia passar a vida se metendo em aventuras, e foi exatamente assim que ele morreu, como sempre quis.
Resumo da história que soube por Sirius (que não necessariamente fiquei sabendo por completo nessa ordem cronológica):
Sírius e meu pai sempre foram grandes amigos, desde a infância. Eles formavam um grupo peculiar de descendentes de estrangeiros que moravam na Alemanha, todos filhos de ingleses. Meu pai era apaixonado por uma nascida muggel, Lily Evans (minha mãe de verdade), e quando se formaram na escola de estrangeiros que freqüentavam um tempo depois se casaram. Hitler chegava cada vez mais perto do poder, e as idéias anti-mestiços e muggel não agradavam nem um pouco meu pai e minha mãe, afinal, além de ser casado com uma nascida muggel, um dos amigos dele era um lobisomem, um dos tipos de mestiços perseguidos. Então eles se uniram com um grupo de pessoas que também lutava conta Hitler e o partido nazista, liderados por um Sr. chamado Dumbledore. Então eu nasci, naquela época mais ou menos, pouco depois Hitler tentou aplicar um golpe para tomar uma parte da Alemanha, meus pais se opuseram junto com o resto do grupo que lutava contra o futuro Füher, e foi nessa luta (a qual Hitler perdeu) que meus pais foram mortos, Hitler foi preso e por um instante pareceu que tudo estava acabado, Sírius que perseguira o espião de Hitler dentro do grupo deles (inclusive, este também era um dos amigos de infância do meu pai), acabou sendo preso, confundido com o espião de verdade, que se fez passar por morto. E agora, no instante em que eu tinha 13 anos, quando Hitler tinha enfim alcançado o poder (e claro, não libertado da prisão meu padrinho), as coisas na Alemanha começavam a ficar quentes, e Sirius enfim conseguira fugir da prisão. A primeira coisa foi tentar descobrir para onde eu havia sido mandando depois da morte dos meus pais, ele já tinha ouvido falar de Rosa Hubermann, a única parente alemã de minha mãe, por isso pesquisou por ela e me encontrou.
Ele queria ficar um tempo bem curto morando com a gente, enquanto se recuperava, através de mamãe e papai, eventualmente de mim, queria localizar Dumbledore e o resto do pessoal que lutava contra Hitler.
Meu pai de criação inicialmente não quis nem passar perto de ajudar Sirius, mas mamãe o convenceu por um ou outro motivo a começar a realmente freqüentar a afiliação nazista que tinha lá perto, como forma de tentar descobrir algo de útil para meu padrinho. Foi num desses encontros que ele entreouviu uma notícia sobre uma tal associação de mestiços que tinha em Munique, criada pelo partido nazista para reconhecer cada mestiço existente e identifica-los com um símbolo específico para que todos soubessem que eles não eram bruxos puros, perdendo assim alguns direitos, como freqüentar certos locais, ou receber alguns benefícios.
Então Sirius teve uma idéia, que envolvia Remo Lupin, um dos amigos de infância dele e do meu pai, Remo era um lobisomem. Esta idéia foi mamãe que botou em prática um tempo depois.
Ela foi até Munique, que como eu já devo ter dado a entender, não ficava muito longe de onde morávamos. Encontrou essa associação de mestiços e com sua forma sempre sutil e delicada (estou sendo irônico) convenceu os nazistas de lá a lhe fornecerem o endereço de Remo Lupin, pois este era um “estrangeiro filho de uma porca manca que estava lhe devendo até as calças, e que ela o queria escorçar pessoalmente!”, ou pelo menos foi isso que mamãe disse para a gente aos risos naquele dia mais tarde enquanto explicava como tinha sido tudo.
Achamos Remo, e través dele Sirius achou todos os velhos e novos amigos que lutavam contra o nazismo e contra Hitler. Foi hora de dizer adeus. Sirius iria ficar lá com Remo, senti no dia que estava perdendo um grande amigo. Mas Sirius me prometeu que nas próximas férias nos veríamos de novo.
Mas 1936 não se resumiu unicamente a Sirius.
Hermione Wranger fugiu da Alemanha naquele ano. Ela e seus pais foram embora, escaparam antes que ficasse pior. Quando foi instaurado que muggels e nascidos-muggels fossem marcados e destacados do resto das pessoas, ficou claro para eles que era hora de buscar um novo lar. Eu poderia contar o que soube depois pela boca de Hermione, de como foi sua fuga, como eles sobreviveram e como escaparam com sorte e ajuda de um certo embaixador português na França³ quando Hitler invadiu este país, onde inicialmente se refugiaram. Mas infelizmente o que escrevo aqui não é um autobiografia (caso em que Hermione ocuparia páginas e mais páginas sem fim), esta é uma narrativa com um propósito, então deixe apenas suas imaginação fluir na hora de recontar o que aconteceu com minha amiga.
A fuga de Hermione influenciou diretamente Ron, que logo logo terá uma idéia que levará indiretamente ao roubo da minha segunda varinha.
Mas de resto nada relevante aconteceu naquele ano, então entramos em 1937, e tudo continua na mesma, até que encontramos o verão de 1937, o qual Sirius prometera de alguma forma vir me ver.
No dia 31 de julho recebi um presente de aniversário via coruja. Não sei se eu comentei isso – provavelmente não – mas eu nunca ganhava presentes que não fossem de mamãe e papai. Receber algo via coruja para mim era algo incrivelmente novo.
A caixa não tinha remetente, porém eu sabia que só podia ser de Sírius. Dentro dela tinha muitos doces, dos quais a maioria eu nunca havia comido antes, e lá no fundo – coisa que eu só reparei depois da caixa estar metade vazia – tinha uma carta, também endereçada a mim.
Nela havia escrito algo como (não a guardei, por isso não posso realmente transcrever as palavras exatas): Dia 20 de agosto, vamos fazer um longo passeio, leve somente o essencial para uma semana.
Não havia assinatura.
Claro que mamãe não gostou disso, então resolveu que iria junto.
Protestei bastante perante tal idéia, mas claro, ela venceu.
Quando dia 20 chegou, eu e mamãe já estávamos com tudo pronto. Minha mala estava arrumada desde o dia seguinte, não que ela fosse maior do que uma trouxa pequena, mas estava lá, embrulhadinha e pronta, mamãe já tinha escrito uma carta a Herr Oliwander, explicando nosso sumiço e pedindo desculpas por eu faltar uma semana de trabalho, e meu pai de criação já estava mal humorado e carrancudo desde o dia anterior.
“Realmente precisa de tudo isso? Não era mais fácil simplesmente não deixar o menino viajar?” ainda bem que mamãe não deu ouvidos a ele.
A questão é: o dia 20 foi passando, e a cada hora eu ficava mais nervoso, e a cada hora eu tinha quase certeza de que fora esquecido. Então anoiteceu, e eu pensei: “É agora!” ... No entanto, não foi. E ficava cada vez mais tarde... E mais tarde... Então chegou a hora de dormir, e o sono foi me tomando... eu não queria, por isso fiquei sentado olhando pela janela do quarto, esperando algum sinal. E acabei adormecendo, a cabeça apoiada na janela, a boca aberta.
Foi quando algo finalmente aconteceu. Minha mãe me acordou.
“Anda logo Saukerl, ele está aqui.”
Eu nem esperei que ela falasse uma segunda vez, me levantei imediatamente, peguei minha trouxa de roupa e fui correndo para o andar de baixo.
"Olá Harry." não era Sirius.
Se tratava de um senhor de idade alto e magro, com uma longa barba branca, vestes púrpuras com estrelas bordadas em prata, oclinhos de meia lua e olhos de um azul tão intenso que parecem brilhar mesmo a pouca luz. Acho que chocado é uma boa palavra para descrever como fiquei naquele instante em que o Sr. Excêntrico me cumprimentou.
Não respondi imediatamente, primeiro tive de fechar minha boca que havia se escancarado.
"Ah... Olá." tentei timidamente, com um olhar inquisidor.
"Me chamo Albus Dumbledore." disse ele com uma pequena reverência.
"Onde... Onde está o Sirius?" esta era a única coisa que passava pela minha cabeça no momento.
"Logo, logo você irá encontrá-lo. Eu vim te buscar pois, acho que é mais seguro, caso algum curioso nos veja." me questionei seriamente se Sirius, mesmo sendo um fugitivo procurado, conseguiria atrair mais atenção do que aquele senhor.
"Podemos partir?" perguntou ele, mas eu não tive tempo de responder.
"Claro, Dumbledore. Mas não sem mim." interveio mamãe rebolando até a gente. Dumbledore ergueu levemente as sobrancelhas porém, não se opôs, apenas abriu a porta permitindo que eu e ela passássemos alcançando a rua.
Na verdade, só estou contando essa primeira vez que vi Dumbledore por dois motivos: 1. Apresentar este senhor tão importante, não só para minha vida como para a queda do nazismo; 2. Para que você possa ter uma idéia de como ele sempre foi uma pessoa marcante.
Ele nos levou naquele dia para um galpão abandonado, onde se reuniam os anti-hitleristas e onde eu reencontrei Sirius. Lá uma parte da história do passado me foi contada, de como eram os meus pais e como eles lutavam contra Hitler. Tive algumas aulas nas quais aprendi a duelar e a usar uma varinha de outras formas que não se aprendia na escola. Lupin inclusive me ensinou a realizar um patrono, e todos acharam realmente muito impressionante eu ter conseguido fazer um patrono corpóreo com apenas treze anos, todavia, eu não acho que tenha sido tanta coisa assim.
Dumbledore me ensinou grandes coisas e ganhou com facilidade meu respeito e admiração. Se tem uma coisa que eu posso dizer, é que ele não merecia ter morrido como morreu. Como líder da ordem que ia contra Hitler ele era simplesmente perfeito, ele sempre foi um grande homem.
Os dois verões seguintes passaram da mesma forma, eu ia freqüentar a ordem anti-Hitlerista criada por Dumbledore já no finzinho das férias. Quando voltava para a escola sempre tinha algo novo para mostrar aos amigos e sempre sobrava um novo feitiço para usar nos costumeiros duelos que eu tinha com Draco Malfoy, isso quando os duelos eram mágicos, já que vez ou outra nos batíamos de rolar no chão.
A medida que as coisas na Alemanha foram esquentando, Draco foi ficando mais e mais arrogante e anti-muggel, insultava a todos e gostava de dizer em voz alta que queria todos os muggel mortos, principalmente a muggelzinha metida a esperta (leia-se Hermione), Ron começou a se embater com Malfoy quase na mesma freqüência que eu nessa época.
Então chegamos a 1939. Naquele ano muitas coisas aconteceram, as coisas começaram a esquentar na Europa, Sirius foi morto, eu roubei minha segunda varinha.
Durante o primeiro semestre, tudo ocorreu tranqüilamente. Até o dia em que chegou aos meus ouvidos a notícia de que Sirius e os outros iriam lutar contra um grupo de nazistas enviados por Hitler, estavam sendo acusados de atividades ilícitas. A notícia antes de tudo chegou pela boca de Draco Malfoy, que estava mais do que bem informado sobre o ataque. A não-tão-miniatura de nazista estava se gabando para seus amigos de como o pai dele era próximo de Hitler ao ponto de fazer parte de seu exército particular, que estava indo no dia seguinte, destruir um grupinho idiota de rebeldes liderado pelo velho gagá do Dumbledore. Ele ainda teve a ousadia de garantir que todos sairiam mortos. Naquele mesmo instante eu parti pra cima dele, que não tinha idéia que eu estava ouvindo, e nós caímos em mais uma luta. As pessoas não se assustavam mais, parecia que se tornara quase um hábito, tínhamos nas costas quase três anos de inimizade.
Assim que cheguei em casa, depois da sova que levei dos professores da Juventude Hitlerista (por conta da briga), fui até a casa dos Weaslmann e peguei a coruja deles emprestada. Como eu não mandava cartas para ninguém, pelo menos não com a coruja emprestada dos meus vizinhos, Ron quis saber para quem eu estava escrevendo, apenas respondi:
“Ron, hoje eu viajo, não sei se volto.” Claro que os olhos dele ficaram arregalados diante de tal afirmação feita de modo tão solene.
“Harry...” a voz dele era um sussurro. Ele pareceu hesitar por um momento “Então eu vou junto.” Ele estava pálido, mas parecia decidido.
“Ron eu não...”
Mas foi impossível dissuadi-lo. Ron estava irredutível, e acredito que há muito tempo já sabia o que se passava a cada verão que eu passava fora indo visitar um “parente doente”. Ele não era tolo de achar que eu voltava com todos aqueles novos feitiços de baixo da manga por nada.
Partimos um tempo depois, quando ele enfim pôde arranjar uma boa desculpa para os pais e conseguir enfim pegar a própria vassoura que estava emprestada para um dos irmãos.
Chegamos ao local da ordem á tempo e dizem que minha carta os salvou da derrota. Vencemos a luta, na base do sacrifício, mas vencemos. Ou pelo menos, aqueles que eu apoiava venceram, porque eu perdi. Perdi Sirius.
“Vejo que criou bem o seu afilhado, Black” Disse com escárnio o Sr. Malfoy, pai de Draco e um dos nazistas que integravam a tropa de elite de Hitler, ele duelava com Sírius no momento, eu observava a cena de longe, tinha acabado de derrotar um adversário. “Ele é tão estúpido quanto você e seus amiguinhos.” eu já conhecia o Sr. Malfoy, pois sendo pai do Draco, vez ou outra aparecia no Povo Jovem e posteriormente na Juventude Hitlerista.
“Ah é?” Sirius respondeu com o mesmo tom de escárnio, não parando de lançar feitiços nem por um segundo.
Não demorou muito eu achei outra pessoa para lutar, sempre tentando manter um olho em cada um dos meus amigos e eventualmente em Sirius. Foi num desses momentos, em que meu adversário havia caído no chão, enfim estuporado, que eu parei por um instante para ver como iam as coisas que vi, e até hoje é como se tivesse assistido em câmera lenta, o momento em que Sirius sorria sarcasticamente para Malfoy pai.
“Isso é tudo que você pode fazer?” no instante seguinte, foi acertado por um feitiço saído da varinha do pai do nazistinha júnior. Vi seu corpo lentamente cair no chão, ele ainda tinha um sorriso sarcástico que foi lentamente desaparecendo enquanto seu corpo inerte alcançava o chão frio. Sírius estava irremediavelmente morto. Eu gritei, corri na direção dele. Alguém estuporou o Sr. Malfoy, Lupin me segurou antes que eu alcançasse meu padrinho, ele me disse alguma coisa, tentou me acalmar... Eu só lembro de encarar o corpo caído do meu padrinho, me deixei cair, e fui sustentado unicamente por Lupin. O que se seguiu depois é na verdade um grande embaralhamento dentro de minha mente, alguém deve ter ficado me protegendo quando Lupin enfim me largou e eu cai de joelhos no chão, onde fiquei até que alguém disse levantando meu rosto, me obrigando a olhar nos seus olhos:
“Harry... Acabou, nós vencemos.” eu não olhei nos olhos de Ron, apenas o fitei por um instante e voltei a encarar o vazio. Mas, no meio desse vazio eu vi alguma coisa, alguma coisa que despertou uma parte de mim. Eu vi a varinha do assassino do meu padrinho pendendo em sua mão, seu corpo debilmente largado no chão. Ron deve ter me dito mais alguma coisa, só que eu não estava ouvindo, minha atenção havia sido tomada pela possibilidade de outro furto. Meu amigo me deixou, e eu fui em direção ao criador da cobrinha que me perseguia desde os treze anos.
Me abaixei e tomei a maldita varinha do nazista homicida desfalecido, lágrimas se misturavam com o sangue que escorria da minha sobrancelha cortada, e eu senti uma vontade tremenda de destruir aquele artefato, mas não fiz isso, depois de me quedar acabado no chão, Ron apoiou a mão com ternura em meu ombro, eu tentei ao máximo não chorar, doía tudo, alma e corpo. A varinha era apertada por mim como se fosse uma espécie de ponte com a realidade que eu acabara de deixar. Quando finalmente saímos daquele local, ainda a segurava firme, e depois de tudo, ela foi guardada junto com minha primeira varinha, foi então que eu percebi o quanto era bom ter aqueles pedaços de madeira sobre meu poder.
Aquela foi minha segunda varinha roubada, eu tinha quinze anos, eu tinha muito ódio, eu tinha vencido uma luta e perdido alguém que amava, eu tinha descoberto o que era dor.
Depois dessa luta, em que no geral saímos vitoriosos, Dumbledore conseguiu por fim convencer a Inglaterra de que Hitler não tinha em mente nenhum ideal pacífico, então começou a Grande Guerra, porque junto com a Inglaterra veio a França, e com estes, outros países também vieram.
O pai de Draco estava “desaparecido” desde o dia da fatídica luta, a bola do não-tão-mini nazistinha havia baixado bastante, embora continuasse assegurando a todos a superioridade bruxa e continuasse se metendo em confusão comigo. Para ser mais exato, mesmo com o nariz menos empinado ele parecia gostar de descontar a frustração dele em mim, só que Draco não era o único frustrado, meu padrinho havia morrido e eu também gostava de descontar minha raiva no nojentinho, era recíproco.
Eu nunca fui com a cara do pai de Draco, e no fim roubei a varinha do pai dele. Se um dia eu puder reencontrar este arrogantezinho (que não deve ser nem um pouco inho hoje), eu devolverei a varinha roubada do Sr. Malfoy, se ele quiser. Sinto que foi um pouco de maldade de minha parte, mesmo depois, nunca contei a ele que a varinha do pai estava sobre minha posse. O Malfoy Sênior havia matado o meu padrinho, por isso o odiava e mesmo antes disso eu não gostava do filhote sr.-puro-sangue dele, mas apesar de toda a arrogância de Draco na época, era o pai dele.... tinha pelo menos o direito de ficar com a varinha, por isso hoje em dia quero ajeitar as coisas com ele. Há quem vá dizer que eu falar de Draco como se ele pudesse aparecer a qualquer momento é loucura. Ele foi dado como morto há muitos anos agora. Porém, eu gosto de acreditar que um dia ele vai reaparecer, voltar, e eu vou poder concertar os meus deslizes.
O maior erro de Draco foi ter nascido na família dele. Claro que naquele ano, 1941, eu ainda não entendia isso, mesmo já com 17 anos, eu não tinha vivido o suficiente para entender tudo que se passava a minha volta.
Draco sempre se gabara da proximidade de sua família pra lá de puro-sangue com Hitler, e todos sabíamos que quando completasse 18 anos ele iria automaticamente ingressar nos exércitos de Hitler e sair matando todos que lhe fossem mandados e não sentiria remorso nenhum por isso. Certo?
Errado. E eu nunca teria deixado de acreditar no que digo acima se não fosse o fato de Draco ter sido testado, e ele não passou.
O que eu vou contar agora são informações que obtive via outrem e via dedução.
Em 1941 Hitler passou uma missão a Draco. Ele deveria matar Dumbledore, o líder da última resistência interna Alemã. Veja bem, Hitler não apenas passou essa tarefa, como ameaçou matar ele e a mãe caso não conseguisse completar tudo com êxito. E mesmo o nazistinha tendo sido sempre um pomposo arrogante, era fácil perceber que ele se importava com a mãe.
Tudo deu certo, o plano de Draco para chegar até onde Dumbledore e o resto do pessoal se reunia foi um sucesso, mas o problema foi quando ele enfim conseguiu pegar Dumbledore desprevenido e fraco (visto que voltava de uma missão super exaustante), varinha na mão, pronto a mata-lo, mas ele jamais conseguiu, mesmo com sua vida, sua família em risco, ele não conseguiu arranjar forças para matar aquele homem que ele nem conhecia direito. Mesmo assim, a não-capacidade de matar de Draco não pôde evitar a morte de Dumbledore. Um espião, que ajudara Draco e que estava dentro da ordem, finalizou o serviço por ele.
Dias depois, naquele mesmo mês de Junho, Hitler invadia a União Soviética. Ia tudo como ele queria, Dumbledore, a última resistência, morto, e agora o caminho estava livre para invadir o país vizinho que de acordo com Hitler sempre fora um traidor do sangue por até estimular a mistura entre bruxos e muggel, alegando que isso criaria bruxos melhores, exatamente o oposto de Hitler.
Draco voltou para casa, eu nada soube no princípio de sua relação com a morte de Dumbledore, já que a ordem se mudou para a Rússia, e eu não pude ir junto. Claro que eu queria, mas mamãe não deixou, e os argumentos dela eram válidos. Qual seria minha utilidade na Rússia?
Eu não soube que a ordem iria mudar de lugar, eu soube que ela mudou. Eles já estavam lá quando eu tomei nota, e eu não sabia como chegar até eles. Teria ido mesmo assim, e eu estava realmente pretendendo, afinal, lutar contra Hitler sempre foi o meu desejo, desde antes de Sírius morrer. Mas haviam outras coisas (além da resistência da minha mãe) para me prenderem na Alemanha.
No meio das férias eu fiz 18 anos, a época do alistamento obrigatório nas forças de Hitler. Claro que foi nesse instante que eu quis fugir de vez, ir para a Rússia mesmo sem saber como.
Sem muitas opções, eu tive que me alistar. Recebi através de uma mensagem em pena de fênix dizendo para eu me alistar e servir o quanto fosse necessário, eu seria resgatado assim que desse. Era a letra de Remo. Não que isso tenha me deixado menos tenso, eu não queria lutar por Hitler, não queria ajuda-lo. Mas Remo pediu, e ele sempre fora alguém razoável. Dessa vez resolvi escuta-lo. Mas se eu tivesse de lutar, iria desertar.
E foi lá que eu proliferei meu hábito de ladrão de varinhas. Era tão simples....
Não fui mandado direto para a guerra, fiquei algum tempo apenas trabalhando na base mais próxima. Ron também tivera que se alistar, mas acabara caindo um pouco longe de mim, mas eu cai na mesma base que o maldito Draco Malfoy, quando achei que iria me livrar dele.... lá estava o infeliz.
Devo confessar que alguém tão “íntimo de Hitler” estar na mesma posição que eu, um zé-ninguém, foi algo meio surpreendente, mas lá estava Draco, lavando banheiros junto comigo, engraxando sapatos como eu.
“Você não era tão íntimo de Hitler, Malfoy? O que está fazendo aqui agora?” Perguntei com escárnio quando limpávamos mais um banheiro.
“Não é da sua conta, Potter.” Ele me respondeu entre os dentes. Parecia ser um assunto delicado.
Eu não insisti muito, porque tinha outras coisas na cabeça. Como o roubo da minha primeira varinha.
Reparei que o Comandante Nott, que chefiava nosso batalhão, tinha o notório costume de sempre que saia do escritório para resolver algum pequeno problema, como ir ao banheiro, ou falar com não-sei-quem sobre não-sei-o-que, deixar a porta do escritório escancarada, e a varinha sobre a mesa.
Tentei resistir nos primeiros dias, enquanto limpava o corredor enfrente a sala dele. Mas então eu comecei a ficar nervoso, e ansioso toda vez que o via sair daquele jeito displicente deixando a varinha tão fácil.
A oportunidade surgiu no dia em que eu estava de folga no pátio, o vi passando apressado em direção aos banheiros.
A varinha dele foi roubada naquele dia. E uma semana depois eu tinha em mãos outra varinha, a do General Heinsheim. Ele esqueceu a varinha dele sobre a mesa do café. Veja bem, ninguém faz esse tipo de coisa, como alguém no meio de uma guerra resolve largar a varinha na mesa? Foi inevitável, aquela varinha se juntou a minha coleção, eram quatro agora.
“Eu deveria te denunciar Potter.” Ouvi a voz de Draco vinda da porta do dormitório masculino, eu acabava de guardar as varinhas debaixo do meu cobertor, depois de analisa-las por um tempo. Disfarcei fingindo que estava só ajeitando a colcha, não tinha como ele ter visto, né?
“Do que você está falando Mlafoy?” Eu perguntei com a voz firme.
Ele se aproximou mais de mim, emparelhando na minha cama, eu me retesei, esperando o pior.
“Estou falando das varinhas que você roubou...” Ele disse espreitando os olhos, e a luz da lua que entrava pela janela os deu um brilho estranho, como se estes tivessem ficado mais prateados, uma sensação estranha passou pela minha espinha. Acho que naquele momento eu queria atacá-lo. Infelizmente, fazer isso no exército significava uma dura pena, não só uma sova, como no caso do colégio ou da Juventude Hitlerista.
“Não fale asneiras Malfoy.”
“Seja mais educado comigo, ou eu não vou ver motivo algum pra te acobertar.” o lábio dele se crispou.
“Você não....!” mas fui interrompido por um movimento brusco de mão dele, como que me silenciando.
“A questão é a seguinte. Eu não pretendo te denunciar. Eu quero mais que esses nazistas estúpidos sejam todos roubados e que se ferrem na mão do Füher.” eu arregalei os olhos para o que ouvia. Ele continuou a falar. “Só que há uma condição.” Novamente voltei a ficar tenso.
“Malfoy...” eu disse em tom de aviso. Ele fez outro gesto para eu me calar, fechei a cara, quem ele era para me mandar parar de falar?
“A condição é que você roube a varinha que eu pedir, quando eu pedir. Fora isso, só tente se manter longe de confusão e não seja pego. Pode continuar roubando suas varinhas insignificantes, eu só peço que no dia eu pedir você roube a varinha certa.”
“E porque eu faria isso?”
“Porque eu tenho você em minhas mãos já um bom começo...”
“Não se eles não encontrarem você para me denunciar” Eu disse me levantando. Ele deu um paço vacilante para trás, mas continuou com um ar de confiança no rosto.
“E também porque o que eu pretendo...” Ele se aproximou de mim hesitante, e acrescentou num sussurro nervoso depois de olhar em volta. “eu pretendo Potter, ferrar com a vida desses imbecis.”
Claro que eu não acreditei, Malfoy, Draco Malfoy, o Sr. todo-puro-sangue estava querendo ferrar com os nazistas? Aqueles que pregavam exatamente o que o Draco sempre apoiara?
Se bem que..... porque aquele esnobezinho estava ali? Limpando vasos como eu?
Passei por um bom tempo em um duelo interno, aonde minha curiosidade de ver no que aquilo ia dar acabou vencendo a sensatez e o pé atrás que eu tinha em tudo que se relacionasse ao Draco.
Mas sabe o que é incrível? Na primeira vez que ele me mandou roubar uma varinha, e eu fui, senti um prazer no desafio que era sem limites, Aquilo era mil vezes mais difícil do que pegar uma varinha num monte de roupa, ou tira-la das mãos de um desfalecido, ou ainda pega-la de cima de uma mesa... Aquilo era roubar de verdade.
O que aconteceu? A varinha que Draco me pediu para roubar era do comandante do esquadrão principal que iria para Áustria no dia seguinte. Ele comandaria um batalhão inteiro, e a idéia é que fosse proteger nossos vizinhos recém re-anexados. Mas o que é um comandante sem varinha? Um nada. Aquele esquadrão foi atrasado por umas duas semanas. Até que se impusesse uma investigação e o comandante fosse processado por desleixo e seu caso ainda teve que ser mandado para o Füher, mais o requerimento de uma nova varinha..... uma confusão.
Pela primeira vez eu e Draco rimos juntos, demos boas gargalhadas. Que não duraram muito, mas começava a nascer algo ali. Não que eu soubesse na época.
Depois daquela, ao longo de 1941 foram mais duas varinhas roubadas, todas um sucesso como as primeiras.
Então, em 1942 Draco e eu fomos transferido para uma cidade mais próxima do Front de Batalha, ainda assim não servimos como combatentes, por algum motivo, quem quer que fosse, queria que continuássemos apenas nos humilhando, pois servíamos quase como elfos-domésticos (realmente em falta em tempos de guerra), fazendo as tarefas mais degradantes. Ninguém merece ficar limpando a parte de trás do cavalo do Superior...
Nunca soube como Draco conseguia as informações de onde e quando roubar a varinha certa, mas veja bem, éramos unidos por uma ódio em comum, na época eu não sabia do caso dele com Dumbledore, não chegávamos nem próximos de sermos amigos, um ainda chamava o outro pelo sobrenome.
Veio 1943, e fomos novamente transferidos para outro Front, e a história se repetiu. Atrasávamos cada vez mais o exército nazista, visto que éramos cada vez mais transferido para perto do movimento. Na época cheguei a achar suspeito sermos transferidos o tempo todo juntos, mas não questionei. Embora anos depois tenha ficado sabendo que a movimentação de tropas estava nas mãos de Severus Snape, o espião da ordem, o que matara Dumbledore. Só que ele estava do nosso lado. E não estávamos lá no meio dos batalhões que marchavam para a guerra porque ele fazia questão de nos deixar com as tarefas da base, que também precisava ser sustentada. Snape sempre foi uma criatura difícil de entender, ele matou Dumbledore, sim, e isso o tornaria culpado. Mas depois, ficamos sabendo que ele só fizeram tal serviço para salvar a vida de Draco e sua mãe, e seu papel como espião dentro de um alto posto nazista sempre foi de grade ajuda para a ordem que agora estava na Rússia.
Ao todo, roubei doze varinhas. Até o fatídico dia que Snape foi descoberto como espião, e foi fuzilado. Claro que quando essa notícia chegou a Draco ele ficou super... chocado. Acho que ele devia muito aquele homem, e até hoje suspeito que era Snape que passava as informações sobre a movimentação do exército para Draco.
Só que Snape foi fuzilado, eu e Draco enfim nos separamos. Nada muito traumático. Ele ia agora lutar na Normandia, França, lugar que a Alemanha mantinha sobre controle. E eu iria voltar a capital de Berlim, serviria num hospital.
Até isso tudo acontecer já enveredamos por 1944. Foi quando voltei a capital que descobri sobre o bombardeio da rua Himmel. A minha rua de infância. Um bombardeio noturno, todos mortos, todos dormindo, nenhum sinal de alerta.
Minha infância morreu ali.
E sabe porque essa história fala tanto de quando eu era novo e avança de tal forma quanto mais eu vou crescendo? Porque foi aquele tempo, tão longínquo que me fez ser o que sou. Foi naquele tempo que eu fui mais feliz. Não quero escrever um drama, se não demoraria páginas contando como foi ver os túmulos da minha mãe, meu melhor amigo, seus irmãos, seus pais, aquelas figurinhas que haviam crescido comigo. Mesmo as velhas fofoqueiras que olhavam torto pra mim, senti falta de tudo naquele instante. Mas não quero um drama, meu motivo é outro.
Lá estava eu servindo no hospital da capital, e ficar longe de “casa” me fez bem, eu via tantas pessoas sofrendo, naquele consultório que me fez pensar que eu ainda era feliz por poder andar, ou por poder enxergar, mesmo com meus três graus de miopia.
E então chegou 1945, e a derrota da Alemanha.
Eu estava lá quando o exército vermelho (formado por mestiços) invadiu Berlim. Eu cheguei a ver. No dia estava servindo de mensageiro entre o hospital e o bunker do Füher. Sim, porque eu era bem conceituado dentro do hospital, já que mesmo tratando-se de alemães ou puros-sangues eu não poderia deixar aquelas pessoas sofrendo, e graças aos meus esforços, cai rapidamente na graça de meu chefe, que acabou me usando no cargo de maior confiança, aquele que levava e trazia coisas ao bunker do próprio Hitler.
Era o dia 30 de abril de 1945, eu estava indo na direção do abrigo onde o grande chefe nazista habitava, Berlim estava a um triz de ser invadida, como todos podiam perceber, mas lá estava eu de leva e trás.
Foi então que eu vi dois militares nazistas trazendo um corpo pra fora, o corpo de um homem, eu o reconheci na hora. Haviam fotos dele espalhadas por toda Alemanha, qualquer casa que se prezasse de nazista tinha uma foto dele emoldurada. Aquele era Aldolf Hitler, e ele estava morto, na mão, que estava entre frouxa e retesada, pendia uma varinha.
Eu observei a cena dos soldados levando o corpo para fora. Me aproximei.
Eles não fizeram questão de me expulsar, íamos todos morrer mesmo. Então eu me abaixei, e fingi que estava venerando o corpo dele. Zelando pelo Füher, e enquanto não era observado peguei sua varinha. Eu roubei a varinha de Hitler. O item mais valioso da minha coleção. Instantes depois de esconde-la na manga, um dos soldados me puxou de cima do corpo, fiz um olhar de dor, e ele deve ter acreditado que eu estava em pânico pela morte do Füher, porque só me enxotou dali, instantes antes de dizer um feitiço que carbonizaria o grande Füher, tornando seu corpo não encontrável até hoje.
Quando os soviéticos invadiram Berlim, eu fui feito prisioneiro, as varinhas já estavam há muito escondidas. Demorou um certo tempo, mas logo o pessoal da ordem me libertou, e eu estava bem novamente.
Eu tenho as varinhas de pessoas como o sentinela, que eu não saberia informar qual destino teve, eu tenho a varinha do seu pai Draco, eu tenho a varinha de doze comandantes nazistas, e eu tenho a varinha de Adolf Hitler.
O que eu quero?
Nada.
Nada mesmo, Não quero ser venerado, nem quero que as pessoas me sigam, nem que peçam as varinhas de volta. Eu não as destruí, é verdade, mas foi unicamente por minha incapacidade ao imaginar o que Herr Oliwander diria se me visse destruindo artefatos tão importantes.
O que eu quero é poder reencontrar você Draco, te pedir desculpas. Só depois eu soube da história toda, já fazem oitos anos que a guerra acabou, e Draco é mais um dos muitos desaparecidos entre os mortos e sobreviventes do Dia D, no qual as forças contra Hitler atacaram a Normandia, aonde esta figura tão contraditória estava servindo. Ele estava lá, e essa é a última pista que tenho sobre você.
Draco, quando puder, você sabe onde me encontrar.
E você, que não se chama Draco, e não tem muito menos o sobrenome Malfoy, apenas repasse esse texto. Se você chegou até aqui, é porque é um curioso, e como curioso, apenas peço que repasse esse texto. Preciso encontrar Draco, devo muito a ele. Basta apenas repassar, e repassar... quem sabe, nem que daqui há alguns anos esse livro não chegue nas mãos dele, e enfim eu posso saber que fiz tudo certo na minha vida?
Obrigado, quem quer que esteja lendo esse texto, obrigado por repassa-lo, para o máximo de pessoas que você puder.
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¹ Muggel é como os trouxas são chamados de acordo com a tradução alemã para os livros de HP
² História verídica essa :) Não que a Hermione tenha participado XD mas realmente esse embaixador existiu, Sr. Aristides de Sousa Mendes.
N/A: Sabe, comentários realmente incentivam uma pessoa, então, não se acanhe e comente essa fic, mesmo que seja para puxar minha orelha por conta de um deslize, ou só dizer que realmente a leu até o fim, desde já o meu muito obrigada :)
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