De como eles transformaram um
Capítulo 6 – De como eles transformaram um sonho em verdade
O inverno chegou e estava mais frio do que o normal, pelo menos para o coração endurecido de Ronald. Ele teve que voltar para a casa dos pais depois que a família de Hermione pediu de volta o apartamento. Ele sabia onde ela morava, mas não se sentia encorajado a ir procurá-la. Como explicaria para ela que tinham convivido enquanto ela estava em coma? Como diria que ele era o responsável por salvá-la? Ela não acreditaria nele, Ronald tinha certeza. E, por isso, deixava que a solidão dominasse sua vida mais uma vez.
- Ronald – sua irmã mais nova, Ginevra, entrou em seu quarto sem nem mesmo bater e prosseguiu – Você tem que sair daqui. Já é meio dia, e mamãe fez batatas assadas para o almoço, do jeito que você gosta.
O ruivo sorriu diante do olhar preocupado da irmã. Não sentia vontade de sair da cama nem por um minuto. Sabia o quanto Ginevra tinha sofrido com a morte de Harry também, mas ela já havia superado tudo e tinha até mesmo encontrado um grande amor, para curar as feridas da paixão de infância. Dino Thomas era um bom rapaz, e Ronald gostava dele. Saberia fazer sua irmã feliz.
Ronald também tentou encontrar um meio de esquecer a morte do amigo. Mas tinha sido um verdadeiro desastre, não é mesmo? Afinal, Hermione não estava ali. Na verdade, o desastre era ele mesmo.
Levantou-se e desceu abraçado à irmã para compartilhar a mesa do almoço, embora não conseguisse participar das conversas como os demais. Era aquela característica sensação de felicidade que sempre cercava os Weasley que o fazia se sentir tão constrangido diante de seus familiares. Enquanto todos eram capazes de se encontrar, ele só conseguia se afundar cada vez mais em seus próprios problemas. Não queria afetar o equilíbrio da família e, por isso, só conseguia se isolar.
Após o almoço, Ginevra, com os olhos castanhos praticamente suplicantes, sugeriu ao irmão:
- Eu, Dino, Jorge e Fred vamos tomar um capuccino com conhaque para espantar o frio, lá naquele Café que você gostava, Ronald – ela disse, um tanto hesitante. – Você não quer ir com a gente?
Ronald sentiu todos os olhares pousados sobre ele. Não sentia a mínima vontade de ir, de estar tão perto e tão longe de Hermione novamente, e não entendeu quando se ouviu dizer:
- Ok, Gina. Eu vou.
Arrumou-se sem muito cuidado, vestindo novamente o velho suéter marrom com um “R” na frente. A mãe sorriu e seus olhos brilharam, um tanto quanto molhados, quando depositou um beijo na bochecha do filho ao vê-lo sair de casa com os irmãos. Ela recomendou:
- Divirtam-se, queridos!
Ronald tinha certeza de que não iria se divertir, mas começava a julgar que talvez seria muita ingratidão se ignorasse completamente os esforços dos irmãos em tentar reanimá-lo.
A neve começava a cair fininha quando eles entraram no Café. Escolheram uma mesinha próxima à janela e os ouvidos de Ronald registraram a música de fundo do local:
- Daylight whipped me into shape I must have been asleep for days. And moving lips to breathe her name I open up my eyes. I find myself alone, alone, alone above a raging sea that stole the only girl I loved and drowned her deep inside of me.
Enquanto faziam o pedido no balcão, Ronald fixou a neve lá fora e prestou atenção na música. Era exatamente sobre ele que cantavam. Sobre o fato de que a vida o havia deixado sem ela, tomado-a dele de um jeito pior que a morte. Ela tinha partido por opção.
E ele fora fraco. Ele não era capaz de ir atrás dela porque tinha medo. O mesmo medo que o acompanhou durante toda a vida. Sem querer se envolver com ninguém, tinha mergulhado naquela vida de solidão para não sofrer. Para não correr o risco de amar e perder. A perspectiva de ter que lidar com novas perdas o assustava e fazia com que não tivesse coragem de tomar certas atitudes. Perdido... era assim que ele se sentia.
- You... soft and only, you... lost and lonely, you... just like heaven...
Quando Gina voltou e lhe ofereceu o café, seus olhos ultrapassaram o rosto da irmã e se fixaram na rua, do lado de fora da construção. Ronald não conseguia acreditar no que via quando seus olhos alcançaram o outro lado da calçada. Estava frio, nevando, o vidro do Café meio embaçado pelas respirações das pessoas que abrigavam. Mas só podia ser ela. Os cabelos castanhos e fofos que escapavam da toca não deixavam nenhuma dúvida. O jeito determinado de andar e a forma como os cachos balançavam em suas costas. Ronald não quis pensar. Precisava fazer o que deveria ser feito, precisava aprender a ouvir a voz de seu coração. Ele estava certo. O que importava se ela não se lembrava? Ele a faria lembrar. Ele a faria sentir tudo de novo, como se fosse a primeira vez, como se fosse sempre verdade. Como se eles tivessem se conhecido no céu.
- Hermione!
Ela virou para encarar aquele que a chamava. Franziu a testa da mesma maneira como sempre fazia quando estava em dúvida. Ele não se importou. Não pensou. Apenas tomou-a nos braços, encostou seu nariz de leve ao dela e deixou-se fechar os olhos, entregue ao sentimento que tomava conta de seus atos, de suas vontades, de sua vida.
E ela não podia negar. Mesmo que seu corpo não soubesse, sua alma estava eternamente marcada por ele. Hermione abriu os olhos, piscando-os demoradamente, e sorriu:
- Ronald...
Porque certas coisas nunca podem ser esquecidas. E serão verdade para sempre.
N/A: Pessoal, essa fic é inteira baseada no filme "E se fosse verdade? (Just Like Heaven). Para quem não assistiu ainda, vale a pena, é uma comédia romântica das melhores que eu já vi!
Quando assisti, logo pensei que o cara e a menina se pareciam com o Rony e a Hermione. Mas até colocar a idéia no papel demorou um pouco.
Aconselho, se você quiser deixar a leitura dessa fic mais gostosa, a baixar a trilha sonora do filme, em especial a música Just like Heaven. A interpretação da cantora Katie Melua é fantástica, mas pra quem gosta de The Cure, a música original é deles.
Espero que gostem da minha primeira fic exclusiva R/Hr!
E, claro, comentem, porque nunca é demais...rsrsrsrs
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