Cap. único



Eu estava sozinha. Não era normal, mas eu já tinha me acostumado. Não podia contar com Harry ou Rony, nem mesmo Ginny. Desde que começamos o 6º ano eu faço isso. Antes era uma vez por semana, mas não era suficiente. Agora, era toda noite.

-Fora da cama, Srta. Granger?

-Sou monitora Filch, estou com turno extra.

-Confirmarei com sua diretora amanhã. Se não...

Ignorei o tom de ameaça. Desviei do aborto e continuei meu caminho sem me importar. Era uma mentira, mas eu não estaria ali na manhã seguinte para sofrer as conseqüências. Segui em direção a Sala Precisa, onde tinha deixado minhas coisas durante a semana. Meus feitiços ilusórios cuidaram para que ninguém percebesse minha falta de pertences. Deixaria meus uniformes e livros para trás, não precisaria mais deles. A sala me deu malas. As pessoas desconfiariam se eu levasse o malão. Harry começou a desconfiar. Rony, como o tapado que era, sequer reparou. Nem quando eu saia no meio das rondas ele parecia perceber. Juntei meus pertences e sai da sala. Pensei em deixar uma carta para Ginny, mas me convenci de que era melhor não. Tinha que sumir sem deixar pistas. Não podia ser encontrada. Sabia que ia deixar os que me amavam preocupada. Meus pais, meus amigos, os Weasleys. Eu podia estar prestes a causar muito sofrimento para todos eles, mas não podia me preocupar com isso. Não agora, não quando estava tão perto do que queria. Não tinha ninguém nos corredores, mas andei devagar do mesmo jeito, nas sombras. Não foi fácil sair do castelo. Já eram quase 2 horas. Corri para a orla da Floresta Proibida, onde tinha marcado de encontrá-lo. Faltavam 15 minutos para a hora combinada. Sentada na raiz exposta de um velho carvalho, lembrava de quando nos conhecemos. Bendito baile de máscaras! A fantasia dele era linda... Quem poderia pensar que logo ele conheceria o Zorro? No final, quando já estava cansada e voltando para minha torre, fui puxada para trás de uma armadura.
-Odeio você, pelo que me faz sentir.
E me beijou. Marcávamos de nos encontrar constantemente, sempre em segredo. Ele me conto sua vida inteira. Memórias de criança, memórias de dor. Filho de comensal. Descobri seus medos e segredos, contei os meus. Ficávamos cada vez mais próximos, mais dependentes um do outro. Mas todo o esforço para manter nosso namoro em segredo não foi suficiente. Na quarta semana de aula do 7º ano, fomos descobertos pela família dele. Fomos os dois ameaçados. Eu sujava o sangue e a tradição da família, era só uma sangue-ruim. Ele envergonhava os pais. Com muita dificuldade, continuamos a nos encontrar. Combinamos nossa fuga. Ele queria ser livre, ter o direito de amar quem quisesse. Eu? Tudo que eu queria era ele. O amor dele. Sim, eu o amava. E ele me amava, podia ver em seus olhos. Fugiríamos pela floresta. Vassouras magicamente alteradas para agüentar três vezes mais peso estavam escondidas mais para dentro. E depois, era só fugir. Senti que alguém me observava, mas não era ele. Vi Harry me olhando, as malas pareciam confundi-lo. Num instante, ele desapareceu. Sabia que iria me procurar. Minutos depois, vi meu amor descer as escadarias da entrada e andar na minha direção. Soltei o ar. Nem tinha percebido que o prendia.

-Desculpe a demora.

Ele me entregou uma rosa negra e me beijou a boca. As sensações que ele me fazia sentir... São impossíveis de descrever.

-Acho que alguém nos descobriu Blaise. Harry me viu da janela.

Blaise não pareceu muito preocupado. Nossos planos podiam estar indo por água abaixo! Ele me pediu para esperar e correu para dentro da floresta. Eu estava sozinha. Não era comum, mas eu já tinha me acostumado. Sozinha na multidão. Era como eu ficava sem ele. Ninguém mais importava. Vi Harry correr na minha direção. Era tarde demais, alguém teria que saber.

-O que faz com essas malas Mione?

- Vamos embora.

Blaise estava de volta com as vassouras. Harry parecia realmente surpreso. Olhava para mim, para Blaise e para as malas. Achei que ele merecia uma
explicação.

- É a verdade Harry. Nós nos amamos. Mas não poderemos continuar juntos se continuarmos ao alcance da família dele. Foi a única solução que encontramos. Lamento não ter dito antes... Mas amanhã todos saberão. Explique para Rony e Ginny, eles tem o direito de saber. Voltarei um dia, Harry, prometo.

Montamos nas vassouras e partimos. Não tive coragem de olhar para trás, não queria ver a dor nos olhos de meu melhor amigo. Amanhã, essa dor estaria nos olhos de outros. Mas esse era o preço do amor.

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