A grande e fabulosa Hogwarts
Muitas horas depois, já vestidas de uniforme, já totalmente à vontade, já totalmente conhecidas, as três meninas olhavam o céu escuro pela janela. Gea estava com o olhar tão perdido que era possível que se alguém batesse palmas em frente ao seu rosto ela nem piscasse. Narish estava com as pálpebras pesadas, e aquele movimento do trem não estava cooperando para com que ela se mantesse acordada. Lilian era a mais desperta, por duas razões: primeiro porque ela estava muitíssimo ansiosa pela chegada em Hogwarts. Mal podia esperar para conhecer o tão famigerado e ao mesmo tempo desconhecido castelo. E segundo porque ter comido aquele feijãozinho marrom com tanta convicção não tinha sido uma boa idéia, e sua língua estava formigando com o ainda presente gosto de areia.
Narish já estava quase caindo nos braços de Morfeu, quando o trem freou, tão brusca e repentinamente que as três caíram dos respectivos bancos. Gea ficou por baixo, sendo esmagada pelo peso quase adormecido de Narish. Lílian caiu ao lado das duas, com as pernas para cima.
- Acho que a gente chegou. - disse a voz abafada de Gea.
Logo as três saíram no corredor apinhado de alunos, todos segurando seus malões. Panacéia, a gata de Gea, estava encarapitada na cabeça de sua dona, morrendo de medo de cair, fazendo com que Gea adquirisse a cara de uma pessoa inteiramente maluca. Lilian teve o pé pisado umas quinze vezes até que todos pudessem sair do trem.
Já estavam se dirigindo para o mesmo lugar que os outros, rumo à umas carruagens, quando uma voz rouca e grave disse:
- Alunos do primeiro ano! Aqui, comigo! Primeiro ano, por aqui!
O homem era tão grande que até assustou à Lily. Mas bastou ela chegar perto dele para perceber que seu rosto parecia muito bondoso.
- Quero quatro de vocês em cada barquinho! - disse ele mostrando quatro dedos no alto da cabeça. Lílian, Gea e Narish ocuparam um barquinho juntamente com uma garota de cabelos loiros e cacheados na altura do queixo. Por mais que as meninas tentassem puxar assunto ela não parecia estar com muita vontade de fazer amizade.
Assim que elas puderam ver o castelo, Lily quase deixou o remo cair de tão pasma que ficou. Era magnífico, fabuloso, deslumbrante, maravilhoso, e muitos outros adjetivos polissílabos que Lilian conhecia, mas nenhum conseguia definir a impressão excelente que ela tivera do castelo. Aliás, ela e todos os outros, pois assim que o amontoado assimétrico de torres apareceu para os alunos nos barcos, um "Ohhhhh" foi perfeitamente distinguível.
Alguns barquinhos atrás de Lily e suas amigas, Sirius, Tiago, Remo e Pedro remavam sem fazer muito esforço. Assim que Tiago parou de admirar o castelo e abaixou a cabeça para o nível das outras, percebeu quem estava um pouco à sua frente.
- Hum... cabelo de foguinho na mira... - disse ele com uma voz maldosa.
- O que? - perguntou Remo.
- Aquela menina, me derrubou quando eu estava entrando no trem. - parou de olhar para ela e virou-se para os outros- Decidi que juntamente com o seboso do trem eu vou ser um inferno para aquela garota o máximo de tempo que eu puder.
Seu rosto estava tão expressivo que os outros três quase podiam ver um par de chifrinhos vermelhos aparecerem nas laterais de sua cabeça. Tiago olhou empolgado para os amigos e pediu que o ajudassem a remar para perto do barco de Lilian. Remo tentou impedi-los, mas eles não lhe deram ouvidos, e remaram até onde Tiago os indicara. Quando ele estava bem perto, pôs a língua para fora, levantou o remo bem alto, e...
...Lilian observava o castelo, deslumbrada. Ele era tudo o que ela imaginara, e muito mais. Enxergou uma floresta aparecendo do outro lado do castelo, e um salgueiro que se sacudia com o vento. Estava com os olhos perdidos nas belezas do castelo, e...
TCHOOOO!!!!!
- Ho! - Lilian exclamou de susto. Estava tão molhada, mas tão molhada, que podia sentir a água entrando nas suas meias e fazendo cócegas nos seus pés, seu cabelo escorrer por cima de seus olhos, e o nariz pingando. Ela se virou vagarosamente, e quando viu quem estava no barco atrás dela, a raiva começou a deixar sua cabeça tão quente que ela não se espantaria se a água tivesse evaporado.
Tiago havia batido com o remo no lago, fazendo com que a água fosse toda em cima de Lily. Ele fazia a cara de arrependimento mais falsa que possuía quando falou:
- Oh!!! Meu Deus! Eu te molhei? - Lilian afastou os cabelos encharcados da frente do rosto e trincou os dentes. - Que pena!! Bem, pelo menos você não precisa tomar banho quando for Sábado! - e deu um sorriso cínico. Sem contar Remo, que tentava sufocar o riso, todos no barco de Tiago, e alguns dos arredores se matavam de rir.
Lilian não pensou muito antes de levantar o seu remo, mas não com a intenção de molhar o garoto, e sim de quebrar a pá na cabeça dele – ou talvez quebrar a cabeça dele na pá. Já ia dar o impulso quando uma mão muito forte e grande segurou seu remo.
- Puxa! Você caiu? - disse Hagrid, o guarda-caça, a observando. Lilian olhou pra ele, ainda com as duas mãos no remo e respondeu:
- Não, eu...
- Então você mergulhou? O que pensou, queria ir nadando? - Lilian abriu a boca para protestar, mas Hagrid não deixou e continuou:- Não pode fazer isso, Srta... qual é seu nome?
- É Evans, mas eu não...
- Então Srta. Evans, você não deve mergulhar na água, é para isso que tem os barquinhos! - enquanto os garotos seguravam a barriga de tanto rir atrás de Hagrid, Lilian foi tentar se pronunciar de novo, mas o guarda-caça a interrompeu mais uma vez:- Olhem! Chegamos!
Todos foram abandonando os barcos, e quando Lilian pisou na grama da borda do lago, ouviu seus sapatos fazerem plosh de tão molhados. Tentou procurar por Tiago, mas ele fizera questão de se postar bem longe dela, perto de Hagrid.
Assim que chegaram ao topo das escadas, no portal do castelo, uma senhora magra e esbelta, com os cabelos escuros presos num coque os esperava. Deu-lhes algumas instruções sobre a seleção das casas, e antes de mandá-los entrar parou os olhos em Lilian.
- Oras! Eu não digo que esses barquinhos têm que ser maiores? Você caiu, não foi? - Lily engoliu seco e ajeitou os cabelos nervosamente enquanto respondia:
- Não senhora! Eu...
- Mergulhou no lago? O que tinha na cabeça Srta.? Sabia que uma lula gigante mora lá dentro? Ah, jovens inconseqüentes!
***
No meio da fila, a excitação crescia na mesma medida em que a proximidade do salão. Lilian andava se sacudindo nos pés, torcendo os dedos, roendo as unhas. Estava pensando na seleção; e se por um acaso caísse na Sonserina? Só pelo que as amigas haviam dito sobre a fama da casa, essa idéia lhe amedrontava. Achava também que não se daria muito bem nas matérias bruxas, embora pretendesse se esforçar ao máximo; aquilo parecia tão difícil!
Estava tão pensativa que nem percebeu quando a porta do salão se abriu, e ela já passava por ela.
As quatro mesas, povoadas com pessoas sorridentes e felizes, convidavam os alunos calorosamente. O olhar de Lilian deteve-se no teto enfeitiçado, e ela chegou a pensar que o salão fosse ao ar livre. As velas magicamente flutuantes lançavam uma luz viva e aconchegante, melhorando ainda mais a impressão que Hogwarts passou aos alunos.
- Espero que sejam selecionados para a Lufa-Lufa!! – disse um ser transparente e gorducho à certa altura. Lilian se assustou e Narish a explicou:
- Fantasmas! – como se aquilo devesse servir de alívio!
Logo, estavam todos sob os olhos do salão inteiro. A Prof. McGonnagal explicou-lhes que assim que seus nomes fossem chamados eles deveriam sentar-se no banquinho de três pernas atrás dela, e colocar o chapéu na cabeça. E assim, a seleção começou.
- Alcott, Agnes! – foi a primeira a ser chamada. O chapéu desceu até seu nariz, e para o espanto de Lily, um rasgo se abriu como uma boca e disse “Corvinal!”. A menina levantou-se sob os aplausos de todos, e foi até a mesa azul e bronze ajeitando os cabelos loiros.
- Bellins, Gea! – a amiga de Lily foi decidida até o banquinho, e pouco tempo depois o chapéu anunciou “Grifinória!”. Gea seguiu para a mesa que gritava e batia palmas.
- Black, Narcisa! – era a irmã de Andromeda, que desfilou até o banquinho pondo um pé na frente do outro. Assim que o chapéu anunciou Sonserina, ela abriu um enorme sorriso, e Lilian a acompanhou com os olhos até ela se sentar ao lado de Bellatrix e Lúcio, que lhe parabenizaram.
Alguns Lufa-lufas e Corvinais depois, a Prof. Mc Gonnagal anunciou o nome pelo qual Lilian esperava:
- Evans, Lilian!
Tentando o impossível para deixar o cabelo molhado aceitável, Lilian subiu os degraus fazendo uma trilha de água por onde passava. Assim que se sentou, sentiu o traseiro molhado gelar quando em contato com o banquinho.
O chapéu teve o mesmo efeito do que nos outros, e desceu até seu nariz. Lily ouviu, muito espantada, uma voz dizer como que dentro de sua cabeça:
- Brrr! Você caiu no lago, é? – ela respondeu sussurrando, um pouco esguia:
- Não, eu...
- Mergulhou e agora está molhando meu interior também! – Lilian suspirou, porque percebeu que não adiantaria tentar explicar. – Não interessa. Bem, vamos ver, o que diz sua cabecinha... Talvez Corvinal, você me parece inteligente... não, não acho que Corvinal faça o seu estilo... sendo assim, vai ficar bem na – e aumentando a voz – Grifinória!
Lilian levantou-se aliviada; pelo menos Gea estaria lá também!
Alguns Sonserinos, outros Lufa-lufas, Remo Lupin e Pedro Pettigrew foram selecionados para Grifinória também. Então a professora chamou:
- Potter, Tiago!
“Ah! Então é esse o nome do desgraçado!” Pensou Lilian. E continuou a pensar:
“Grifinória não, Grifinória não, Grifinória...”
- Grifinória!
Lilian desabou a cabeça na mesa. Ah, assim seria muito mais difícil.
Potter sentou-se na frente dela por um minuto, e disse:
- Olha só! Nós vamos ser colegas, cabelo de foguinho! – Lilian apenas olhou para ele com os olhos faiscando. Não sabia o que responder, nunca fora de ter desafetos, mas aquele garoto estava despertando seu lado assassino e sanguinário mais escondido.
Ele se arrastou para perto de Sirius Black, enquanto a seleção prosseguia. O garoto que fora azarado por Sirius e Tiago no trem, Severo Snape, caíra na Sonserina, e logo depois dele, Narish também fora selecionada para a Grifinória. Gea, Lilian e Narish não podiam querer mais nada. Aliás, Lilian podia querer que Tiago caísse em qualquer outra casa, mas...
Assim que todos os alunos já estavam instalados em suas respectivas mesas, o diretor da escola, sentado na mesa principal, levantou-se, dando as boas vindas aos estudantes. Deu os avisos, falou sobre a Floresta Proibida, entre outros. Ao ver a cara de fome de todos os presentes, concluiu:
- Sem mais chateações, que o banquete seja servido!
Imediatamente, os pratos ao longo da mesa se encheram das mais maravilhosas iguarias e refeições, uma brilhando mais de sabor do que a outra. Todos literalmente atacaram, minguando a quantidade de comida num estalo. Os pratos se encheram novamente, e novamente. E depois veio a sobremesa, tão atraente quanto o jantar. Lily aproveitou para comer um pouco de tudo, não queria deixar nada escapar.
Assim que todos acabaram, dois alunos mais velhos, da Grifinória, levantaram-se:
- Pirralhos! Sigam-me! – disse o menino. A garota ao seu lado deu-lhe um peteleco no ombro.
- David! “Pirralhos”? O que é isso?! Vai traumatizá-los! – disse ela agudamente. O tal David encolheu-se ao tapa e justificou-se:
- Ai! Calma! É assim que tem que ser, Agatha querida! Eles só respondem quando a gente chama pelo nome! – seu ombro foi ferido novamente.
- Não me chame de querida! E nem eles de pirralhos! – disse ela, muito nervosa, antes de perceber que ele sorria. – E não sorria quando eu estou brigando com você!
Lilian riu, apesar de estar sendo incluída no “pirralhos”. Pressentiu que daria muita risada com seus monitores.
Eles levaram os alunos do primeiro ano até o sétimo andar, eventualmente fazendo avisos como que as escadas se mexiam, e dizendo os nomes dos lugares que iam passando. Pararam em frente à um quadro de uma mulher vestida de rosa.
- Veritaserum! – disse Agatha, fazendo com que o quadro se afastasse, dando passagem para a sala comunal. Os monitores se localizaram no centro do salão e David virou-se cruzando os braços.
- Pivetes, venham comigo, eu vou lhes mostrar seus quartos. Se aparecer uma quimera, uma fantasma, ou pior, uma barata, meu quarto será em frente. – E ele se virou, seguido pelos garotos, ignorando o “David!” de Agatha. Ela sacudiu a cabeça, levou a mão à testa e disse, saturada:
- Hunf. Venham garotas...
O quarto de Lilian e suas amigas era amplo e bem decorado. Tinha o papel de parede cor de vinho, com motivos mágicos, e cinco camas de dossel, cada uma com o malão de sua respectiva ocupante em frente. A cama de Lilian era a segunda a partir da janela, e ela dividiria o quarto com Gea, Narish e mais duas meninas: Alex White e Kelly Towniff.
Aquela tinha pego a cama próxima à janela. Tinha cara de ser muito simpática, uma pessoa extremamente agradável. Durante o jantar, mesmo quando estava séria, sustentava um ar que parecia ser de constante sorriso. Ela também não estava muito arrumada, com os cabelos meio que à mercê do vento, fazendo com que ela soprasse a franja toda hora.
Já Towniff, apesar de ser fisicamente semelhante à Alex, dava a impressão de ser o pólo oposto dela. Não que fosse antipática ou algo assim; mas olhava diferente, meio de cima.
Após trocar algumas palavras com suas companheiras de quarto, Lilian deitou-se e observou o teto de sua cama. Pela primeira vez no dia suspirou tranqüila, anuviou grande parte de toda a tensão, e deu um sorriso confiante. Entrara no mundo mágico com o que ela considerava o pé direito, e ele sorrira para ela tanto quanto aquela menina com quem Lily dividia o quarto.
N/A:Olá! Bem, aqui está o terceiro capítulo! Eu vi que umas 100 pessoas leram essa fic.. e no entanto n tem nenhum comentário. Ela ta tão ruim assim? *fazendo bico* Se estiver ou não... Eu só vou saber se vcs deixarem um comentário!:D Então deixem, ta? Malfeito Feito!
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