Capitulo II



Assim que chegaram no castelo todos os alunos, menos os novatos, entraram nas carruagens sem cavalos e foram para o castelo como de costume.
Dentro do Salão Principal todos conversavam animadamente, até que as grandes portas de carvalho se abriram. E uma longa fila, liderada pela profª McGonagall, entrou no salão. Muitos dos integrantes da fila pareciam surpresos, apreensivos ,outros até mesmo assustados.
Eles pararam diante de um banquinho de três pernas que acomodava um velho chapéu.
E antes que alguém pudesse prever, as vozes dos alunos cessaram e um rasgo junto a aba do chapéu se abriu e esse começou a cantar.
“Uma história eu vou contar
De quatro amigos bruxos.
Godric Grifindor, Ravena Ravenclear,
Helga Lufa-lufa e Salazar Sonserina.
Juntos fundaram escola,
Para ensinar magia aos novos bruxos,
Mas para isso vocês devem ser divididos
Em Casas.
Cada uma com sua especialidade,
Com suas qualidades.
Quem sabe você não é um Grifinório,
Dono de coragem invejável,
Nobreza e bondade.
Quem sabe você não é um Corvinal,
Inteligente demais,
Amigo e confiável.
Quem sabe você não é um Sonserino,
Esperto,
De sangue frio e puro.
Mas se não for nenhum desses,
Não se preocupe,
Helga Lufa-Lufa acolherá
A todos aqueles que quiserem aprender.
Porém nem tudo são flores,
E um deles um dia se foi,
Brigados eles enfraqueceram,
Agora me escutem, por favor,
Não cometam o mesmo erro,
Fiquem juntos, unidos,
Para poderem vencer.
Sejam todos amigos,
Pois perto o perigo está.”


Assim que o Chapéu acabou sua canção, milhares de murmúrios eclodiram ao mesmo tempo no salão.
– O que acham que ele quis dizer? – Perguntou Tiago franzindo o cenho.
– Não sei. – Respondeu Remo pensativo.
– Mas todo ano é a mesma baboseira, não? – Disse Sirius sem levar a preocupação dos amigos muito a sério.
–O Sirius tem razão, não precisam se preocupar. – Disse Pedro.
Não muito longe de onde esses quatro meninos conversavam, quatro meninas também discutiam sobre a canção:
–Sabe, muitas vezes o Chapéu já falou dessa história das Casas, mas dessa vez… Parecia mais um alerta. – Comentou Ana em meio aos aplausos para um garotinho selecionado para a Grifinória.
–Também notei isso. – Concordou Lily – Mas que tipo de “perigo” está próximo?
–Não faço a mínima idéia…– Respondeu Cissa.
Depois de selecionados todos os novatos, o diretor, Alvo Dumbledore, se levantou e encarou as quatro grandes mesas. Mesmo antes que ele começasse a falar, um silencio repentino tomou conta do salão.
–Boas vindas a todos! – Começou abrindo os braços como se fosse abraçar todo o salão – Temos alguns avisos para dar, como se costume, mas deixemos isso para depois do banquete, não? Sirvam-se.
Imediatamente um belíssimo banquete surgiu em cada uma das mesas. Muitos alunos do primeiro ano olhavam maravilhados para aquilo. Mas ninguém em todo o salão foi mais rápido do que Pedro para começar a comer.
–Calma Rabicho, a comida não vai sair correndo. – Disse Sirius arrancando risadas dos mais próximos.
Depois de comerem Dumbledore se levantou de novo, fazendo os alunos se calarem instantaneamente.
–Agora que todos nós já comemos bastante, vamos aos avisos. Como muitos já devem saber é proibida a entrada de qualquer aluno na Floresta Proibida. Sobre os times de quadribol, os interessados devem procurar os diretores de suas Casas para se inscreverem. Ah! O Sr. Filch também pede para que leiam as normas da escola que estará no quadro de avisos de cada Casa. Bem, todos devem estar muito cansados, então Boa noite e um ótimo ano letivo.
Ao ouvirem isso muitos alunos se levantaram imediatamente e seguiram para suas salas comunais. Lílian e Remo foram conduzir os alunos novatos à sala comunal da Grifinória. Enquanto Alice, Ana e Cecília deixaram-se ficar para trás.
– Ei, o que vocês acham do Black? – Perguntou Cissa, quando as três estavam em um corredor deserto.
Alice sorriu, sabia do que a amiga estava falando. Ela notara os olhares furtivos da amiga enquanto Sirius estivera na cabine.
–Um ótimo amigo. – Respondeu o mais casualmente possível.
Ana também pareceu ter entendido onde Cecília queria chegar, então disse:
–É, ele parece legal… Mas por quê?
–Hm… Por nada, ué. Só queria saber. – Respondeu a morena agora com um meio sorriso.
Cecília sempre achou Sirius bonito, mas de uns tempos pra cá estava mais bonito ainda. E não era só a beleza dele que a atraia, apesar de Lílian o condenar, Cissa achava ele bastante interessante.
Elas andaram mais algum tempo em silêncio até pararem em frente a um quadro habitado por uma mulher gorda.
–Por favor, me digam que alguma de vocês lembrou de pegar a senha com a Lily. – Suplicou Alice.
Ana e Cissa apenas negaram com a cabeça. Agora as três teriam de ficar ali até que alguém da Grifinória, que soubesse a senha, aparecesse.
E após alguns breves minutos, que lhes pareceram longas horas, um garoto do segundo ano saiu pelo buraco atrás do retrato e lhes disse a senha.
Quando elas entraram na sala comunal se depararam com uma cena, no mínimo, estranha: Lílian sentada com um livro nas mãos (fingindo ler) e os Marotos nas poltronas mais próximas. Tiago de vez em quando lançava um olhar furtivo à garota em busca de uma chance para puxar algum assunto.
–Oi, Lily. – Cumprimentou Ana estranhando a cena. – Tudo bem?
–Oi, onde vocês ‘tavam?
–Presas do lado de fora. Nenhuma de nós se lembrou de te perguntar a senha. – Explicou Cissa.
Depois dessa breve explicação Lílian voltou a encarar o livro, enquanto as outras meninas arrastavam umas poltronas para mais perto.
–Mas por que você ‘tá lendo isso? As aulas nem começaram. – Perguntou Tiago.
Lílian desviou os olhos lentamente do livro e encarou Tiago, como se avaliasse se ele realmente merecia uma resposta.
–Sabe, Potter – Começou a ruiva num tom frio – algumas pessoas gostam de estudar…
Tiago pareceu não desistir de conversar com Lily por um segundo, mas ao invés de se dirigir a ela, falou para os outros:
–Estou cansado… vou dormir.
–Já? – Indagou Pedro.
–É, Boa noite.
Todos responderam a Tiago, menos Lílian, que preferiu ignora-lo. Tiago notou isso. Ele seguiu pelas escadas que conduziam ao dormitório perdido em seus pensamentos: “Ah, Evans, se você acha que vai me ignorar por muito tempo está enganada”.

Depois da saída de Tiago, Lílian continuou a ler seu livro, enquanto Alice, Cissa e Ana, conversavam com os Marotos.
–Ei, Sirius – Chamou Cissa – Quem é o capitão desse ano?
–O Jones, do sexto ano. Você vai continuar no time? – Perguntou Sirius.
–Claro, ou você acha que eu vou deixar vocês com toda a diversão? – Respondeu Cissa sorrindo.
Era inexplicável como Sirius gostava daquele sorriso. E todas as vezes que via Cissa sorrindo para ele daquele jeito, ele se pegava admirando como Cecília ficava linda sorrindo. Mas isso não era coisa de Sirius Black.

Já eram quase dez horas quando Lílian desistiu de ler e resolveu subir, no que foi acompanhada pelas outras.
Ao chegarem no quarto as quatro camas com cortinado já estavam arrumadas e seus malões devidamente dispostos aos seus lados. Elas trocaram de roupa, se deitaram e dormiram, menos Cecília que estava perdida em seus pensamentos.

***
Lílian foi a primeira de seu quarto a acordar, como sempre. Mas ainda ficou alguns minutos deitada. Mal conseguia acreditar que finalmente voltara a Hogwarts.
Ela então se levantou, tomou banho e se vestiu. Ana e Alice já estavam acordadas.
–Cissa… Acorda! – Chamou Alice –Vamos, a gente vai se atrasar!
–É Cissa, eu não quero me atrasar no primeiro dia de aula! – Choramingou Lily.
Cecília apenas virou pro outro lado e continuou dormindo.
–Assim vocês nunca vão acordar ela. – Disse Ana se aproximando do ouvido de Cissa e sussurrando – Cissa, o Black ‘tá te esperando. Dá pra ir logo?
Cecília deu um pulo da cama e saiu correndo para o banheiro.
–Como você conseguiu? – Perguntou Lílian abismada.
–Um pequeno troque. –Respondeu a loirinha com uma piscadela.
Antes das sete e meia as quatro amigas já se dirigiam para o salão principal, para tomarem café da manhã. Lílian de longe era a pessoa mais animada para o primeiro dia de aulas.
–Olhem só – Disse Lílian depois que McGonagall distribui os horários – primeiro horário Feitiços, depois aula dupla de Defesa Contra as Artes das Trevas e Transfiguração. Nada mal em?

–Já são oito horas! Levanta Sirius! – Chamava Remo.
–É, a gente vai chegar atrasado… – Concordou Tiago, que por milagre, já estava quase pronto.
–E vamos perder o café. – Completou Pedro.
Tiago foi até o banheiro e encheu um copo com água.
–Sirius, essa é ultima vez que nós lhe chamamos. – Avisou Remo – Depois não diga que não lhe avisamos…
Então Tiago jogou a água do copo no rosto de Sirius que acordou imediatamente.
–Que idéia foi essa? Estão ficando loucos? – Perguntou Sirius.
–Estamos atrasados por sua culpa. Anda logo, quem sabe a gente não chega na aula sem atraso? – Disse Remo.
Sirius apesar de acordar muito tarde, se arrumava bem rápido e deu tempo deles passaram no salão principal e pegarem umas torradas antes de irem pra aula de Feitiços.
A aula de Feitiços foi bastante improdutiva, já que grande parte da aula foi tomada pelo discurso do professor sobre como eles deveriam se dedicar aos estudos esse ano já que os N.O.M.s seriam decisivos para seus futuros profissionais.
A aula de DCAT não foi muito melhor, tiveram mais um discurso sobre a importância do N.O.M.s em suas vidas e uma pequena revisão sobre tudo que já tinham estudado até ali na matéria.
–Como alguns professores já devem ter dito a vocês, o quinto ao é um dos mais difíceis, afinal vocês vão prestar exame aos Níveis Ordinários em Magia, que serão importantíssimos para suas futuras carreiras. – Começou a Profª McGonagall – Esse ano vocês terão alguns horários livres durante a semana, mas não pensem que serão momentos de diversão. Eu os aconselho a utilizarem esses horários para deixarem a matéria em dia, coisa que será muito difícil se não usarem esses horários.
As aulas até o horário de almoço, não foram lá muito empolgantes nem interessantes.
–Ótimo, depois do almoço nós teremos Adivinhação e aula dupla de História da Magia. – Disse Sirius analisando o horário durante o almoço.
–Pelo menos, – Observou Remo – Vamos ter um horário livre depois.
–É, mas isso só se alguém conseguir sobreviver a aula entediante do Binns. – Disse Tiago.
A aula de Adivinhação foi como sempre, na opinião de Lílian, inútil. E História da Magia foi tão emocionante como de costume, com quase toda a turma caindo no sono, menos Lílian que fazia suas anotações.
–Como ela consegue continuar copiando o que esse cara fala? – Perguntou Tiago a Alice que estava sentada ao seu lado.
– Para mim também é um mistério…– Respondeu Lice entediada
– Ela deve ser imune a essa aula totalmente intendente. – Observou Sirius.
–Não sou imune “a aulas entediastes” – Começou Lily, que estava sentada apenas uma cadeira na frente de Alice, portanto, ouvia toda a conversa dos três – Eu apenas me esforço para prestar atenção…
–Eu também me esforço pra prestar atenção – Retrucou Tiago – Só que é impossível não dormir nessa aula!
–Sinto muito Lílian, mas tenho que concordar com o Tiago – Disse Cissa, entrando na conversa – Somente você e o Remo conseguem prestar atenção nessa aula.
–Mas felizmente acabou! – Falou Ana encerrando o assunto, porque afinal, a aula havia realmente terminado.
Os Grifinórios se dirigiram a sala comunal para aproveitar o seu tão esperado tempo livre. A grande maioria, incluindo os Marotos, aproveitou esse tempo livre para se sentarem nas poltronas e conversarem. A grande maioria, porque Lílian Evans estava fazendo o dever de transfiguração, passado por McGonagal mais cedo.
–Lily, o que você está fazendo? – Perguntou Ana quando notou Lílian sentada numa poltrona mais afastada.
–O dever de casa de Transfiguração.
–Mas ainda estamos no primeiro dia de aula… – Disse Ana – Ainda vamos ter muito tempo, sabe?
Lílian apenas sorriu para a amiga. Ela não estava fazendo o seu dever de casa porque realmente temesse não ter mais tempo de faze-lo. Ela estava apenas tentando se distrair para não ter que ficar conversando com os Marotos. Ela não ia muito com a cara deles, em especial de Tiago e Sirius. Na sua opinião os dois não passavam de garotos “metidos a besta” e que, em geral, destruíam os corações das meninas de Hogwarts. Lílian sentia pena das pobres garotas que se apaixonavam por um dos dois, pois ela sabia que acabariam como as outras: eles ficariam com elas, elas achariam que eles as amavam e no fim… bem no fim sempre tinham mais meninas atrás deles.
Enquanto isso Tiago, Sirius, Remo, Pedro, Cissa e Alice estavam do outro lado da sala comunal. Eles estavam envolvidos num animado papo sobre como haviam sido suas férias.
–Ah, mas nenhum lugar se compara a Paris – Começou Cissa pela décima vez .
–‘Tá Cissa, nós já entendemos. – Disse Alice antes que Cecília voltasse a falar de como a França era linda e maravilhosa.
–Mas é , com certeza, o lugar mais lindo de toda a Europa…
Enquanto Alice e Remo se esforçavam para fazerem Cissa parar de falar de Paris, Tiago notou, assim como Ana, que Lílian estava afastada.
–O que ela tem? – Perguntou o moreno a Ana que estava se sentando junto ao grupo.
–Está fazendo o dever que a McGonagall passou. – Respondeu a loira.
Tiago passou a observar Lílian à distância. Ela era bonita. Bonita de verdade, com aqueles cabelos ruivos, lhe caindo sobre o rosto enquanto escrevia, e aqueles olhos verdes que de vez em quando se levantavam e encaravam o grupo. Tudo isso sem nem mencionar o seu corpo. Mas por que aquela garota o tratava daquela forma indiferente? Tantas outras garotas de Hogwarts sonhavam com a oportunidade de se quer falar com ele. Mas não ela.
O que essa garota tinha? Ela parecia até preferir que ele mantivesse distância dela. Isso não era comum. Com esses pensamentos Tiago se dirigiu até onde Lílian estava sentada, puxou uma poltrona e se sentou de frente para ela.
–Oi, Lily. – Cumprimentou o Tiago.
Lílian Evans apenas levantou os olhos do pergaminho que escrevia e encarou Tiago. “O que ele está fazendo aqui?” foi só o que ela pensou antes de responder:
–Evans, para você.
–O que está fazendo? – Ele perguntou mesmo sabendo muito bem o que era.
–Dever de casa. Sabe, alguns de nós fazem esse tipo de coisa… – Responde Lily.
–Mas por que está fazendo isso agora? Podíamos estar fazendo outras coisas… – Disse Tiago com o sorriso lhe escapando entre os lábios.
–Não, não poderíamos. Talvez eu pudesse estar fazendo outras coisas, mas não com você. – Disse Lílian categoricamente – Agora, por favor, me deixe terminar isso.
Tiago a encarou por alguns segundos, olhando meio para aqueles olhos incrivelmente verdes, sem saber bem ao certo o que fazer. Por fim, ele decidiu fazer o que a ruiva lhe havia pedido.
–Como quiser – Disse ele enquanto se levantava, mas ao invés de ir em direção aos outros Marotos, ele foi em direção a Lílian –, Meu Lírio.
E dizendo isso ele deu um beijo no rosto de Lílian. Nem Tiago soube ao certo o porquê de ter feito aquilo, mas com toda a certeza, Lílian ficou muito mais confusa.
–Potter!! – Exclamou a ruiva que já estava vermelha.
– Sim, meu Lírio? – Respondeu Tiago, que agora sorria abertamente.
Nunca mais faça isso de novo!! – Disse Lílian, praticamente aos berros.


N.A.: Trabalhando no capitulo III :*

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