Think Of Me
Pense em mim
Bellatrix acenou a cabeça em sinal de concordância e o Comensal dirigiu-se até a porta, parando quando já estava do lado de fora.
- Apresse-se, Lestrange. A nossa vitória nessa batalha é muito importante.
- Eu sei da importância da batalha e sei da importância de conseguirmos a profecia, agora vá logo e me deixe me arrumar. - disse rispidamente, em sua voz habitualmente rouca.
O homem não pareceu se ofender com a falta de educação da mulher, talvez por estar acostumado àquilo, e saiu. Ela ouviu o barulho da porta se fechando e encarou-se longamente no espelho na sua frente.
Ainda lembrava um pouco a mulher deslumbrante que era quando fora condenada, apesar de sua pele estar completamente mal cuidada e parecer em muito um fantasma.
"O fantasma do que um dia já foi. ", disse uma voz irritante e estridente na sua cabeça. Balançou a cabeça em um ato infantil e suspirou, voltando a olhar-se, parando em seus olhos.
Se alguém lhe encarasse penetrantemente não saberia dizer a cor verdadeira de seus olhos. Azuis, ou cinza, talvez até negros. Mas, não, ninguém costumava a encarar. Mas quem encarasse veria um olhar seco, irônico e até mesmo insano. Mas, não, não fora sempre assim.
- Você é ridículo. - sussurrou entre os beijos.
- Cale a boca, Bellatrix.
Ele beijou-a longamente, enquanto ela revirava os olhos. Ele beijou toda a extensão entre os lábios e o colo seminu dela, tentando absorver o seu gosto. Bellatrix arranhou levemente as costas dele, quase que ao mesmo tempo em que ele a deitava em sua cama.
Após deitá-la cuidadosamente, como se ela fosse feita do material mais precioso do mundo - e, talvez, para ele, realmente fosse - ele afastou-se levemente, a encarando com um olhar doce.
- Sabe o que eu mais gosto em você? - perguntou com um meio sorriso em seu rosto.
- Você não gosta de uma coisa específica, Sirius. - murmurou em tom arrogante. - Você não sobreviveria sem nenhuma parte do meu corpo, sem nenhuma parte do meu ser, da minha alma.
Ele soltou um muxoxo e decidiu ignorar aquela grande verdade que ela havia dito.
- Seus olhos. - respondeu. - Eles brilham mais do que as estrelas.
Brilhavam.
Haviam perdido todo o seu brilho, ou talvez alguém o tivesse tirado. Azkaban, talvez. Sua família,seu marido, sua causa. Ou, muito provavelmente, ele.
Fora ele que lhe dera brilho quando ela precisou. Mas também foi ele que o tirou.
"Você tirou seu brilho, Bellatrix. Você e somente você." A voz irritante voltou a se pronunciar e ela optou por ignorá-la, por mais que soubesse que aquilo era a verdade mais dolorosa de sua vida.
Quando nos despedimos.
- Você é ridícula. - falou seca e friamente.
Ela, que anteriormente estava olhando as gotas da chuva baterem contra o vidro da janela, virou-se bruscamente para ele, o encarando. Não acreditou que ele realmente estivesse usando aquela frase tão comum e íntima entre eles para aquela situação. Também não acreditou no tom de voz usado por ele.
- Cale a boca. - começou elevando a voz. - Somente cale a sua boca e vá embora logo!
Ela avançou contra ele, tendo um baque insano da realidade que a cercava. Bateu fortemente contra cada pedaço de seu corpo que estava em seu alcance, sem ser impedida.
Quando ela começou a impulsionar-se com mais força contra o garoto ele segurou rudemente suas mãos.
- Pare.
- Vá! Vá! Vá embora e devolva a minha sanidade! - pediu entre as tentativas frustradas de feri-lo.
Ele a olhou com uma certa piedade e balançou a cabeça.
- Se alguém roubou a sanidade de alguém este alguém foi você, Bella. - disse em voz baixa.
A morena mordeu o lábio fortemente, sentindo que em breve o deixaria sangrando. Sentiu seus olhos arderem, apesar de ter a certeza de que não choraria. Voltou a olhar para a chuva que caia torrencialmente do lado de fora da Mansão.
De vez em quando
- Temporais são como você. Terríveis, avassaladores. E incrivelmente fascinantes.
- Achei que você fosse falar de como odeia temporais. - falou depois de suspirar.
Ele sorriu tristemente para ela.
- E eu os odeio. Mas eu amo a forma como eles simplesmente acontecem, a forma como eles simplesmente entram na nossa vida e somem num passe de mágica.
Eles se encararam longamente e ela teve a nítida certeza de que ele não falava mais dos temporais.
- Vá. - pediu novamente.
Ele acenou positivamente com a cabeça, começando a afastar-se dela. Bellatrix correu suas mãos rapidamente até as dele, unindo-as.
- Eu só quero que me prometa uma coisa. - disse sem encará-lo.
Sirius pareceu confuso com o que ela estava falando, mas voltou a acenar positivamente a cabeça.
- Não esqueça de mim. - falou com simplicidade.
O Black pareceu sentir uma imensa vontade de gargalhar. Uma gargalhada que seria fria e falsa, mas que ele quase não conseguiu controlar.
- Se isso fosse possível eu confesso que ficaria tentado a esquecer. - suspirou - Mas, não Bella, eu não vou esquecer. Certas coisas são inesquecíveis. Você é uma delas.
Ela não mudou a expressão em seu rosto após ouvir a resposta dele, mas assim que ele se calou ela elevou rapidamente os pés, aproximando seus rostos e selando rápida e superficialmente seus lábios.
Mesmo depois que ela se afastou do garoto ele continuou com os olhos fechados por poucos segundos, como se quisesse cumprir rigorosamente a promessa de não esquecer.
Que irá tentar
- Vá. - pediu pela última vez naquele dia.
Ele rumou até a porta, pegando sua mochila cheia de roupas amassadas. Abriu-a e virou-se para Bellatrix.
- Adeus.
Passou as mãos impacientemente em seus longos e maltratados cabelos e respirou fundo algumas vezes. A hora chegava, de forma iminente, e sabia o que deveria saber.
Recebera ordens diretas de que Voldemort queria o maior número de mortos naquela batalha, não deveriam poupar ninguém que não fosse o garoto Potter. Mas, de forma mais direta ainda, haviam sido ordenados de conseguir a profecia. Sabia que por mais que fossem cautelosos os agentes da Ordem da Fênix iriam aparecer, e temia descontroladamente um confronto.
Um olhar insano e típico dela tomou conta de seus olhos, e por alguns instantes não pareceu mais tão preocupada. Se conseguisse mesmo destruí-lo iria acabar com o único que já havia a feito sofrer. Muitos a consideravam uma louca, uma fanática. Talvez fosse, realmente.
Venha buscar seu coração
E fique livre
Mas, não, da mesma forma que a voz em sua cabeça sabia, ela também tinha consciência de que era tudo uma máscara sob várias outras máscaras que escondiam sua verdadeira face.
E a verdadeira Bellatrix dentro dela não desejava aquilo. Desejava uma coisa pequena, uma coisa que talvez muitos não se importassem. Uma coisa insignificante, talvez.
Desejava apenas que ele ainda lembrasse dela. No fundo sabia que ele lembrava, mas sentia um desejo incontrolável de ter a certeza de que ele ainda necessitava dela, que ele ainda sentia a falta do contato entre seus corpos. Queria apenas ter essa certeza.
Pense um pouco
Em mim
Ouviu alguns passos no corredor e seu coração disparou levemente.
"Não vá." Pediu a voz da sua consciência. Bellatrix chegou a ponderar a hipótese de mandar essa voz para bem longe, mas decidiu, mais uma vez, ignorá-la.
Não ir até o Ministério não era uma alternativa cogitável.
Lembrou-se de todas as vezes que ele havia lhe proposto coisas malucas, muitas das quais ela não ousaria repetir. Viver ao lado dele nunca era uma atividade monótona, ele sempre lhe trazia uma surpresa ou alguma proposta irrecusável.
Fora um relacionamento rápido, que não durou mais do que alguns verões, mas teve a intensidade dos raios de sol durante o verão, a intensidade do frio no auge do inverno.
- Vamos, Bella! - exclamou ele animadamente.
A garota, que estava sentada majestosamente em uma poltrona em seu quarto, não tirou os olhos da revista que lia. Às vezes ela conseguia ser mais fútil que sua irmã mais nova, Narcissa, e isso incomodava profundamente o garoto.
- Bellatrix Black, levante já dai e me acompanhe até o sótão! Agora! - gritou o garoto de forma autoritária.
A morena finalmente ergueu o olhar e o encarou, com uma das sobrancelhas levantadas, de forma irônica.
- O que você pretende fazer comigo no sótão, Sirius Black? - perguntou com uma voz forçadamente sensual.
Ele sorriu. Ela não precisava forçar-se daquele jeito para ser a pessoa mais sensual que ele conhecia, e ela só usava aquele tom quando queria brincar com ele, se divertir.
- Nada que eu já não costume fazer. - disse em tom rouco.
Ela abriu um grande sorriso e levantou-se.
- Por que não me disse antes?
Que passamos e vimos
Suspirou pela milésima vez naquela noite e tentou não pensar em nada. Seu coração batia pesadamente, como se sangrasse internamente.
Não lembrar de todas as coisas que eles haviam vivido era difícil. Ela lutara por toda a sua vida contra aquilo. Mas agora, minutos antes de revê-lo, era praticamente impossível não lembrar-se de tudo.
Era incrível como o pedido que ela havia feito a ele, sobre não esquecer nada do que eles haviam vivido, a perseguia. Já chegara a pensar na hipótese de que ela lembrava-se muito mais do que ele deveria lembrar. Se é que lembrava.
Azkaban era um lugar que poucos desejariam ir, mas que em épocas como aquela muito acabavam trancafiados naquele lugar.
Bellatrix estava sendo carregada por dois Dementadores, para uma troca de sela. A princípio haviam lhe deixado na sela ao lado à de seu marido, mas agora - um mês depois de sua chegada - estavam lhe trocando de sela.
No pouco tempo em que a mulher ficara na prisão já era visível a diferença em sua aparência. A mulher que antes era considerada a mais bela e mais bem vestida da sociedade bruxa agora vestia apenas alguns trapos e estava suja e muito mais magra que o habitual.
Os Dementadores jogaram-na em uma sela e ela ficou caída no chão, na mesma posição em que eles a deixaram. Demorou para abrir os olhos e olhar ao redor.
Engatinhou até um canto da sela, encostando-se na parede de pedra fria.
- Eu poderia gargalhar agora, se essa cena não fosse deprimente. - disse uma voz que lhe pareceu distante.
Bellatrix virou-se com certa dificuldade para a sela ao lado e viu um homem sentado no chão, a encarando friamente. Muito mais friamente do que ela esperaria, se estivesse em condições normais.
- Me deixe em paz. - murmurou desconexamente, enquanto abraçava as pernas.
Alguns minutos se passaram, até que ela recuperou-se um pouco do contato tão próximo com Dementadores. Virou-se para a ele, com certa dificuldade, o olhando com a visão embaçada.
- Você parece bem.
Sirius, que já desistira de olhá-la, virou levemente a cabeça em direção à ela. Ergueu os braços, como se não se importasse.
- Eles não têm muitas lembranças para me tirar. - falou com simplicidade.
- Nunca teve momentos felizes, primo? - perguntou já mais recuperada, com a sua típica arrogância.
Ele soltou uma risada forçada.
- Se quer saber se fui feliz ao seu lado é mais prático perguntar.
- Não foi isso que eu perguntei. - cortou ela.
A mulher desviou o olhar e encostou a cabeça na parede, terminando com o assunto.
- Os momentos felizes são apagados por todas as coisas que podíamos ter sido. - disse depois de longos minutos.
Deviam ter sido
Não passou muito tempo na sela ao lado da dele. Logo a trocaram novamente, a deixando ao lado de seu cunhado, Rabastan.
No princípio não entendera o porque de Sirius estar ali, foi saber o motivo muito depois. Riu ao saber. Azkaban já havia lhe afetado.
Bellatrix abriu uma gaveta da cômoda e tirou de lá uma máscara com várias texturas. Analizou-a por alguns instantes, perdendo-se nas inúmeras histórias que aquela máscara tinha.
Perdeu-se também nas inúmeras vezes em que, através daquela máscara, tirara vidas. No início foi incômodo para ela. Não ruim, apenas incômodo. Mas com o passar do tempo se acostumara; com o passar do tempo passara a sentir prazer naquilo.
Com toda a certeza, se ele ainda lembrasse dela, deveria achá-la um ser repugnante. Merecedora de ódio e nojo.
Havia, de certa forma, entrado para aquela causa para o bem dele. Aquele romance nunca tivera futuro e ela estaria apenas estragando a vida dele se não o largasse. Era noiva de Rodolphus desde que nascera, e aquilo não mudaria. E, por mais que o amasse, ela era uma Black. Não jogaria tudo para o alto por amor.
Ou pelo menos foi isso que ela achou, ao aceitar aliar-se junto à Voldemort. Mas pensou diferente quando teve que contar-lhe aquilo. Ou melhor, quando deixou com que ele visse sua Marca Negra propositalmente.
Uma atriz. Sempre fora uma. Apenas abandonara seu papel de dama perfeita nos momentos em que estava com ele. Nos momentos em que qualquer máscara que pudesse usar caía, como num passe de mágica. A mágica feita por ele; o poder que ele exercia sobre ela.
Que nosso amor era perfeito
Ou imutável
Como o mar
Bellatrix acordou lentamente, sem abrir os olhos. Ela sentia a pele dele em contato com a sua, e aquela sensação era maravilhosa demais para acordar-se e ter que ir para seu próprio quarto.
Sentiu a mão dele em sua cintura, enquanto uma passeava suavemente pelo seu rosto. Ele provavelmente estava acordado, como costumava ser.
Suspirou e decidiu abrir os olhos. E quando o fez deparou-se com um Sirius sorrindo docemente.
- Olá. - sussurrou a garota levando as mãos até os olhos, para acordar-se mais rapidamente.
- Olá. - disse antes de selar rapidamente seus lábios.
Ela abraçou o corpo nu do garoto e aconchegou-se em seu peito. Ele afagou os cabelos negros dela, respirando tranquilamente.
- Eu te amo. - murmurou Bellatrix de repente.
Ele sorriu fracamente, ao mesmo tempo em que ela apoiava-se no peito dele, para encará-lo.
- Eu daria tudo para acordar todos os dias ao seu lado e te ouvir dizendo isso. - confessou o garoto.
A morena deitou a cabeça no peito dele e tentou não pensar em como seria sua vida quando acordasse ao lado de seu marido.
- E eu também te amo. - falou Sirius no ouvido dela com suavidade.
Quando acordava
Silenciosa e resignada
Olhou-se no espelho uma última vez e colocou a máscara sob sua face. Mais uma no meio de tantas máscaras.
Amarrou a máscara firmemente e colocou o capuz da capa que vestia. Levantou-se e ergueu a cabeça, com a postura ereta. A postura de uma Black que havia sido educada para ser a maior e melhor dama da sociedade bruxa. A postura de uma Comensal que havia sido treinada pelo melhor de todos os bruxos das Trevas. A postura invejável.
Agora sim, já era a Comensal exemplar, a melhor de todas.
"Ainda assim continua sendo Bellatrix Black, a adolescente apaixonada pelo primo." Sussurrou a voz em sua mente, voltando a se pronunciar.
Bellatrix sorriu cruelmente por baixo da máscara. Aproximou o rosto do espelho, como se sua consciência estivesse ali. A ponta de seu nariz tocou a superfície gelada do espelho e ela encarou a si própria com um olhar que beirava o ódio.
- Meu nome é Bellatrix Lestrange, a Comensal. A assassina. - murmurou insanamente para si mesma.
Me esforçando
Para afastá-lo dos meus pensamentos
Afastou-se do espelho e voltou a recuperar sua postura.
Caminhou até a porta de seu quarto em passos rápidos; o salto batendo rapidamente contra a madeira do chão.
Tocou a maçaneta, sentindo o metal frio, ainda mais frio que a sua mão. A maçaneta em forma de serpente lhe lembrando cruelmente da Mansão Black, onde vivera toda a sua infância e adolescência.
A Mansão fria e sombria na qual havia crescido, aprendendo todos os mandamentos da família. Não fora uma infância saudável nem feliz.
Olhou para a serpente e lembrou-se de tantos momentos cruciais de sua vida. Lembrou-se de quando, ao abrir uma porta muito parecida com aquela, descobriu porque deveria manter-se afastada de seu tio quando ele estava irritado.
A imagem se Sirius sendo amaldiçoado no porão da mansão lhe assombrou por muitas noites de sua infância. Com o tempo esqueceu e continuou a seguir sua vida perfeita e irreal.
Também ouve o momento em que decidiu. Pois sempre há esse momento. O momento em que podemos parar e pensar se continuamos com a loucura chamada paixão, ou se acabamos com aquilo com uma bela dose de realidade. E ela decidiu pela loucura, que logo após tornou-se amor.
Sua vida fora assim, mesclada de muito ódio, sangue e mortes. Mas com uma dose pequena, intensa e interminável de amor.
Ainda amaldiçoava-se por ter feito aquela escolha, ou talvez fosse isso que queria fingir que pensava.
Naquela época era tudo tão mágico e maravilhoso que ela não teria como ter feito outra escolha. Foi seu primeiro e único amor. Ouvira uma vez que o primeiro amor é uma mistura de loucura com muita curiosidade. No seu caso fora desejo e insanidade.
Relembre aquela época, pense nas coisas que nunca faremos
Nunca haverá um dia
Em que eu não pensarei em você
"Oh, sim. Bellatrix Lestrange. Como pudemos nos esquecer?" Perguntou, mais uma vez, a voz em sua mente.
Apertou a maçaneta entre suas mãos e pediu a Merlin coragem para abrir a porta. Mas a coragem não veio.
A garota, que mais parecia um anjo vindo dos céus, postou-se ao lado do noivo, em frente ao padre.
No altar pôde ver sua mãe, lhe sorrido falsa e friamente. Do outro lado o Sr. e a Sra. Lestrange, seus futuros sogros. Podia ver o olhar da Sr. Lestrange perfurar-lhe a alma, à procura de algum erro nela.
Mas estava impecável. Os longos cabelos negros presos em um coque mal feito, com algumas mechas cacheadas caindo delicadamente sobre a face. O buquê de rosas vermelhas entre as mãos finas, a postura ereta.
Sentiu a mão de Rodolphus tocar a sua e sorriu tão falsamente quanto sua mãe. O padre começou a falar sobre coisas que ela não tinha nenhum interesse de escutar; e realmente não escutou.
Estavam no jardim da Mansão- os Black nunca iriam até uma igreja - e estava tudo muito bonito. O altar estava posto em frente ao lago existente no jardim. Procurou por olhos tão brilhantes como o seu, mas não achou.
- Srta. Black, aceita Rodolphus Lestrange como seu futuro marido? - perguntou a voz do padre, lhe chamando friamente para a realidade.
Ela olhou profundamente para os olhos do velho em sua frente e acenou positivamente.
- Sim.
- Rodolphus Lestrange, aceita Bellatrix Black como sua esposa?
Bellatrix olhou para Rodolphus, ao seu lado, com um sorriso que poderia ser verdadeiro, se não soubesse que ele era um ator tão bom quanto ela.
- Sim.
- Se existe alguém contra este casamento - começou o padre como de costume. - que fale agora ou cale-se para sempre.
Foi como se seu coração parasse de bater por alguns instantes, a espera de alguma intervenção.
- Eu vos declaro marido e mulher.
Bellatrix sentiu o chão sob seus pés cair. Não, nunca ouve uma intervenção. Ele havia se calado para sempre.
Que nosso amor era perfeito
Ou imutável, como o mar
Passara toda a sua noite de núpcias pensando no como ele havia sido covarde. Ele a deixara lá, simplesmente a deixara.
"Você pediu isso. Ele teria ido lá se você permitisse.Teria te tirado daquele casamento ridículo com a moto ridícula dele."
Um sorriso esboçou-se no rosto dela, ao lembrar-se de como odiava a moto do garoto. A moto, os cabelos, o corpo, o sorriso galanteador. Odiava tudo nele.
Seu sorriso desapareceu. Abriu a porta. Saiu pelo corredor frio e logo encontrou seu cunhado, Lucius.
- Demorou, Bellatrix. Vamos. - falou rapidamente antes de rumar para uma outra sala do corredor.
Já era de madrugada, e não deveria haver ninguém no Ministério. Iriam usar as lareiras para chegar lá.
Incontáveis horas se passaram até que ela e os outros Comensais pudessem agir. Já estava mais tranqüila, fazia o que fora ensinada para fazer.
Mas sua tranqüilidade foi varrida por um vendaval quando viu inúmeras pessoas da Ordem da Fênix aparecendo por todas as portas imagináveis. Seu coração disparou e as pernas fraquejaram.
Amaldiçoou-se por ter as mesmas reações de uma adolescente apaixonada, mas mesmo assim rumou até a luta.
Seus olhares se cruzaram em um breve instante, antes do homem aproximar-se dela, para continuar a luta que ela estivera tendo com sua sobrinha.
- Black. - foi tudo o que ela conseguiu murmurar friamente antes de soltar o primeiro feitiço.
- Lestrange. - disse no mesmo tom frio.
Suas feições não mudaram, mas o chão parecia novamente ter fugido. Lançou todos os feitiços que conhecia para cima dele, errando a maioria.
- Você sabe fazer melhor do que isso. - disse rindo ironicamente.
Ela não acreditou muito no que ouviu, e lançou o último feitiço que lançaria contra ele naquela noite.
Viu o sorriso dele, e viu seus olhos. Continuavam tão brilhantes que ela o invejou. A última coisa que pôde ver, antes do véu puxá-lo para dentro da escuridão, foi seu sorriso. Jovial, como se o tempo não tivesse passado.
E então não precisou de mais nada. Soube, simplesmente soube. Ele havia lembrado. Assim como ela, ele havia se lembrado se cada toque, de cada beijo, de cada sorriso, de cada conversa. Assim como ela, todas aquelas lembranças haviam lhe atormentado por toda a vida.
Que às vezes você vai pensar em mim
(N/A):
Sim, sim, mais uma fic da Lisi Black. Uma song, sem complicações.
Aliás, isso daqui foi escrito entre das 11 da noite e as 3 da madrugada. Portanto, tá bem podre :D
A música é do filme O Fantasma da Ópera, um óóóótimo filme. Alguns trechos da música foram cortados, pra fic não ter umas 20 páginas xD
Mas comentem! Eu vou ficar muito feliz *.*
Beijooos,
Lisi Black
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