Vestígios de Um Passado



- CAPÍTULO TRÊS – Vestígios de um Passado


Eles correram desatinamente.

- Hermione, onde está nos levando? – perguntou Rony.

A garota não respondeu, apenas continuou correndo. Eles entraram dentro de casa e Hermione levou-os direto para a biblioteca. “Só podia ser”, murmurou Rony.

A garota lançou-lhe um olhar severo, entrou e depois que todos entraram também, ela fechou a porta.

- Agora será que dá para fazer o favor nos explicar o que está acontecendo? – pediu Harry.

- Bom. – começou ela. – Estava eu tranqüila no meu canto lendo um interessante livro sobre animagia quando resolvi levantar para tomar água. Então, levantei-me da almofada e fui deixar o livro em cima dessa mesa. Só que em cima dela estava outro livro, que não estava antes. Deixa eu ver... bom, não consigo achá-lo agora. Mas vou descrever como ele era: era preto e tinha um brasão na frente. O título era: “Metamorfomagia”, e as páginas tinham uma borda azul marinho muito bonita. Eu abri e comecei a folhear o livro quando este pedaço de papel caiu no chão: - ela então pegou um pedaço de pergaminho muito velho do bolso e disse – bom, a metade estava queimada. Parece uma carta. Olha o que diz a parte legível:

“O último dos Black, todos pensavam... mas quem vos escreve sim, é o último dos Black. Ou A última, devo dizer.

“Para alguns, essa notícia é uma surpresa; para outros um choque; o que ela foi para você, não sei dizer... Donde eu vim? Como eu sou? Não vou gastar meu tempo redigindo linhas e mais linhas sobre mim, pois garanto que vocês, mesmo conhecendo a real história de Sirius Black, o desprezem. Assim, me desprezarão também. Mas não mais do que eu desprezo vocês.”

Hermione terminou de ler e um silêncio se seguiu.

- Será que quem escreveu essa carta, quer dizer, a última dos Black, é a dona da casa? – disse Rony.

- Não sei... – disse Hermione, mordendo o canto dos lábios. – Pode ser. Mas porque Dumbledore não teria nos contado?

- Podemos mostrar a carta ao seu pai e perguntar sobre ela. – disse Harry.

- Não! – disse Gina. – se o livro estava escondido e apareceu do nada, e a carta estava queimada, era porque não deveríamos ter descoberto sobre isso. Se mostrarmos ao papai ele vai pegar a carta da gente!

- Vamos deixá-la em segredo. Rony, Gina, vocês poderiam sondar, discretamente, seus pais, não poderiam?

- Claro! – disse Rony.

- Desculpa... – disse Mione – mas eu acho que Gina faria isso melhor, afinal você é pouco discreto. E um pouco atrapalhado, também.

As orelhas de Rony ficaram vermelhas e ele revidou:

- Melhor ser isso do que viver estudando para se exibir!

- Ora, mas quem neste mundo faz isso? – disse Hermione. – Você? Porque eu não faço isso! Eu simplesmente sei. Apenas sou a melhor. Não preciso treinar para isso! E, ao contrário de muita gente que treina, eu não deixo passar humilhações... ou deveria dizer gols? – olhando brava ela saiu da sala com a carta na mão.

- O que está acontecendo com Mione? – perguntou Rony.

- Pois é, maninho... deixa eu ir lá falar com ela. – disse Gina.


- Hermione, o que é que houve? – disse Gina, já no quarto dela e de Mione, sentada em sua cama.

- Não sei, Gina, não sei! De vez em quando me dá uma coisa e eu começo a brigar! Não sei o que está acontecendo comigo.

- Mas é com todo mundo?

- Ai, Gina, acho que não!

- Então... é só com o meu irmão?

Hermione suspirou. Não respondeu a pergunta de Gina, fizera transparecer que estava em dúvida. Mas não estava. Era mesmo só com o Rony. “Mas porque? Porque só com ele? Porque justo com ele?” pensava.

- Ta, então. – disse Gina. – Mas fica tranqüila, viu.

Hermione deu um leve sorriso.


- Poxa, Harry, porque ela ta assim comigo? – perguntou Rony triste.

- Ba, cara, não sei. Realmente não sei!

Eles se sentaram e ficaram em silêncio.

- Rony!! – disse Harry. – Me esqueci de contar para Mione sobre a Tia Petúnia!

- Vai lá, então. – disse Rony desanimado.

- Vem junto! – insistiu Harry.

- Eu não! Pra ela me humilhar mais?

- Ah, Rony, vem!

- Ah, ta bom... – disse Rony contrariado.


Eles desceram as escadas e não encontraram Hermione na biblioteca, tampouco na sala de estudos. Na sala ela também não estava, nem na cozinha.

- Vamos no quarto delas? – perguntou Harry.

- Não sei... se você quiser. – disse Rony.

Eles subiram as escadas e bateram na porta. Gina abriu e disse:

- O que vocês querem?

- Falar com Mione sobre a Tia Petúnia.

- Ah, claro! Vamos, entrem.

Eles entraram e encontraram uma Mione tristonha sentada na cama.

- Mione? – disse Harry.

- O que? – respondeu ela.

Então Harry contou sobre tia Petúnia. Sua tristeza deu lugar a uma excitação e logo ela já estava animada, teorizando sobre o que poderia representar aquele conhecimento a mais em magia.


A primeira semana em Chamonix passou rápida, e era muito comum eles jogarem quadribol, Snap Explosivo, xadrez de bruxo e passarem muito tempo na biblioteca, que passou a ser um ponto de diversão depois da descoberta de Hermione.

- Nunca pensei que uma biblioteca me agradaria tanto! – disse Rony, num dia chuvoso onde eles precisaram ficar na biblioteca.

- Ora, Rony! – disse Gina. – Bibliotecas são muito legais.

Eles passaram horas e horas vendo livros, todos muito interessantes, e procurando mais vestígios do passado da possível dona da casa.

Os livros eram sobre assuntos diversos: tinham os livros dos últimos anos em Hogwarts, outros também eram de escola, mas decididamente não de Hogwarts.

- Devem ser da Beauxbatons. – disse Hermione sensatamente.

Mas os livros em maior quantidade eram, sem favor nenhum, os de transfiguração, animagia, metamorfomagia e (aí eles se assustaram com a quantidade) de Defesa Contra as Artes das Trevas.

- Será que ela é auror? – perguntou Harry.

- Pode ser. – disse Hermione. Então exibiu um sorriso.

- Por que esse sorriso todo, Mione? - perguntou Rony.

- Ora, Rony, mesmo sem conhecê-la sinto que seria muito amiga da dona da casa.

Harry e Rony se entreolharam.

As estantes eram escuras, cobriam todas as paredes, e também ficavam dispostas pelo meio da grande sala, formando corredores de livros antigos.

- Achei! – disse Hermione excitada.

Ela entrou no quarto corredor à esquerda e pegou um livro antigo. O livro era exatamente como ela descrevera: preto, antigo, com um brasão na frente e margens azul-marinho nas páginas.

- Mione, olha!! – disse Harry apontando para a capa do livro. – O título não é Metamorfomagia.

Foi então que todos notaram que, gravado em letras douradas e em alto relevo, estava escrito: “Aurores”.

Hermione abriu o livro cuidadosamente e na primeira página havia uma dedicatória:



Querida Amiga

Sei que és muito nova, mas acho que este livro pode te ajudar na tua carreira. Espero que lhe seja útil! Estou com muitas saudades. Quando puder, dê uma chegada aqui. Fale com Rabicho, pois só ele poderá te informar nosso paradeiro.

E como você perguntou na última carta, sim, Harry está lindo. Amanhã faz um ano! Se puder, venha para cá.

Ontem falei com tua irmã. Ela é muito inteligente, embora só tenha nove anos. Deve ter puxado a irmã! Boa sorte no seu terceiro ano. Qualquer coisa, mande-nos uma coruja.

Com carinho,

Lílian



Todos olharam para Harry, que emudeceu. Leu a carta várias vezes, para tentar absorver o choque. Até que falou:

- Se a dona da casa era tão amiga de minha mãe porque não me falaram quem ela é?

Os outros balançaram a cabeça.

- Pelo menos já é quase certo que ela se tornou auror. – disse Hermione. – Harry, não fique assim. Iremos encontrá-la. Eu prometo.

Harry olhou-o triste, mas demonstrando gratidão. Assim, abraçou a amiga, o que causou uma leve contração em Rony, mas Gina segurou-o.

- Obrigado Hermione. – disse Harry, afastando-se.

A garota sorriu e, levando o livro, saiu do quarto, com Gina atrás dela.


- Mione, como você pretende encontrá-la? – falou uma Gina atônita.

- Eu não sei, Gina, não sei. Mas não custa tentar. – falou Hermione um pouco desanimada. – Vai ser difícil, eu sei, mas irei tentar!

Gina suspirou. Então disse:

- Eu te ajudo. O Harry merece.


- Ba, cara, deve ter sido difícil descobrir isso. Quer que eu fale com papai?

- Não, obrigado, Rony. Vamos descer até a sala. Fred e Jorge devem estar lá, já que está chovendo.

Então eles se dirigiram ao andar de baixo, mas não encontraram Fred e Jorge. Resolveram sair na rua, mesmo que chuvosa, para que Harry pudesse absorver melhor o que lera sem companhia.

Estavam subindo para a colina quando ouviram:

- Seu burro, não pegou essa!!

- Vê se você defende esta, então!

Foi quando viram que, no alto da colina chuvosa, Fred e Jorge estavam jogando quadribol.

- O que é que vocês estão fazendo aí? – perguntou Rony. – Está chovendo, não sei se vocês viram.

- Ora, maninho, temos que treinar. – começou Fred.

- Podemos ter de jogar em condições piores do que esta, durante este ano. – falou Jorge.

- E não queremos perder, não é? – continuou Fred.

- Por isso... Façam algo útil: tragam suas vassouras e treinem com a gente.

Harry, que já estava triste por causa de Sirius, ficou mais ainda com a notícia da carta de sua mãe. Não queria jogar. Mas acabou jogando, para não deixar Rony tão triste.

Acabou perdendo um monte de gols, pois sua cabeça ainda estava na carta de sua mãe. Sua mente foi invadida por uma série de perguntas: Como Tia Petúnia sabia um feitiço? Quem era a dona daquela misteriosa casa? Será que ela tinha alguma ligação com Sirius ou Lílian? E, o mais importante: Por que o Sr. e a Sra. Weasley não nos disseram à quem a casa pertencia?

- Harry! A goles! – disse Fred, e por pouco Harry não deixou a goles cair.

- O que está acontecendo com você?- perguntou Jorge. – Parece tão distante.

Rony olhou para Harry pedindo permissão para contar, mas Harry mesmo tomou a palavra e contou a Fred e Jorge sobre as duas cartas que eles encontraram na biblioteca.

- O livro está com Mione. – completou Rony.

- Estranho... – disse Fred.

- Primeiro sua tia, depois esta casa, daí veio a carta e depois a dedicatória?

- Pois é, Jorge, esta casa deve estar escondendo muitos segredos. - disse Rony.

Então eles entraram e jantaram. Depois, todos se dirigiram ao quarto de Hermione para falar com ela sobre o assunto.

Ficaram horas conversando e teorizando, até Sra. Weasley mandá-los dormir. Ela saiu e foi para sua cama, e, antes que todos os outros saíssem, Hermione acabou por dizer:

- Não sei todas as respostas, mas posso afirmar uma coisa: esta casa é cheia de mistérios, e se o Sr. e a Sra. Weasley querem mantê-los em segredo, é por que há algo a mais do que imaginamos.

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