Pesadelos
A noite finalmente chegara, daquele estranho dia. O céu estava nublado e quase não se via as estrelas que brilhavam logo acima.
As visitas de Dumbledore e do Ministro, sem dúvidas haviam assustado Sirius, as férias de Natal haviam chegado.
-Logo terei de ir para casa... –disse pensativo. –E o que farei com ela?
A garota se aproximou devagarzinho, como se quisesse algo.
-O que você quer? –perguntou Sirius num tom seco.
A garota olhou para um resto de sopa no canto da cama de Sirius, ele pode ouvir o estômago da garota roncar dali.
-É mesmo você não comeu nada. –disse ele virando-se para uma pequena campainha ao seu lado.
Ele a apertou e instantaneamente um prato cheio de sopa de ervilha e um copo de suco de abóbora apareceram na mesa substituindo o prato semivazio que se encontrara lá.
A garota olhou para ele como se quisesse perguntar algo.
-Vai pode comer. –disse ele.
Ela sentou-se na cama dele e apanhou o prato e tentou comer com a mão.
-Não pêra! –exclamou Sirius começando a se divertir. –Tenta assim.
E com isso pegou uma colher e fingiu comer sopa.
Ela o acompanhou.
-Hunf! –exclamou ele achando graça.
Sirius bateu palmas de um lado e depois do outro. Mais uma vez ela o acompanhou.
-Hahaha! Essa é boa! –exclamou ele feliz.
Sirius começou a zuar a garota, fazendo-a imitar macaco e fazer acrobacias.
Longe dali, Thiago acabara de deitar-se na aconchegante cama do dormitório de Hogwarts. A cama de Thiago ficava de frente a janela. E assim olhava noite a fora. A bela lua agora encontrava-se em fase minguante.
Thiago a admirava quando sentiu seus olhos pesados de sono.
Ele encontrava-se agora em um pequeno vilarejo. O chão estava coberto de palha. Isso o indicava que estava em um celeiro.
Estava havendo uma tempestade lá fora. Uma tempestade medonha, um calafrio subiu pela espinha de Thiago.
-Onde estou? –perguntou para si.
-Em meus sonhos. –disse uma voz doce e infantil que vinha de suas costas.
Thiago virou-se quase que num pulo.
-Quem é você!? –perguntou assustado.
-Todos me chamam de Skull. –disse uma garotinha que vestia uma camisa branca e surrada. Nos pequenos e imundos pés vestia-se apenas uma meia rasgada. Seus longos cabelos estavam soltos e caiam-lhe pela face. Ela era muito magra e mal cuidada.
-O que você faz aqui? Nesse lugar imundo? –perguntou Thiago observando as vacas e os porcos localizados à frente.
-Moro aqui. –disse ela num ar extremamente infeliz.
-E seus pais? –perguntou o garoto abaixando na altura da pequenina.
-Uma criança amaldiçoada, nascida sob escuridão não tem pais nem família. –disse a garota olhando fixamente nos olhos de Thiago.
-Amaldiçoada? –mas sua resposta foi breve.
Uma bela borboleta pousou em seu ombro. Fazendo seus cabelos da nuca arrepiarem.
-Espera! –concluiu ele. –VOCÊ é a Butterfly!
A garota sentiu uma enorme onda de medo. Thiago notou pelos pequenos olhos azul piscina (estranhamente iluminados por uma luz interior) eles estavam arregalados de pavor.
-Você... não... dirá... nada à “eles”... –disse ela em meio ao pavor.
Skull começou a se afastar. Tremendo de medo.
-Não, espera! –exclamou Thiago. –Não vou te machucar eu só...
Mas suas palavras foram abafadas quando um porco grunhiu alto.
Thiago olhou para o lado, um enorme cachorro deformado estava com o porco entre os dentes. A menina abafou um gritinho e começou a correr.
O enorme cão avançou e em poucos instantes estava com a pequena e frágil garota entre seus enormes dentes.
A garotinha se debatia mais o cão não largava e a apertava cada vez mais. Thiago podia ver os dentes do animal penetrando nas pequenas costelas.
Ela gritava e gemia. Thiago tentou se mover, mais não conseguiu nem sair do lugar.
Um velho lenhador entrou no celeiro. O animal soltou a pequena menina que ficara agonizando no chão.
-Você! Seu Seifador Maldito!!! –e o velho apanhou uma pequena espingarda se aproximou do animal que parará para observara cena. Sua expressão lembrava um sorriso.
O sangue da pequena garotinha escorria pelo celeiro e agora ela estava desacordada. O velho atirou contra o enorme, errou feio. O cão que uivou e fugiu.
Ele virou-se para a pequena garotinha e apontou a espingarda.
-Quem é você!? –mas logo a marca de uma imensa borboleta vermelha ficou a mostra nas suas costinhas. Mas o velho não viu. Ele perdera parte da visão. –Você está bem!? Está sangrando! Pobrezinha!!!
Dizendo isso a pegou no colo e correu tempestade a dentro com a pequenina no colo. Thiago ficou perplexo com a cena.
-Você tem pena de mim? –perguntou a garota reaparecendo atrás dele.
Thiago pulou de susto.
-Te assustei, né? –disse ela com um sorriso de deboche. –Assusto todo mundo.
-Você... hum...
-Não precisa se preocupar, já estou acostumada. O que você e seus amigos querem de mim? –perguntou ela.
-Não sabemos ao certo. Um dos nossos professores foi morto por... por aquela coisa. –disse Thiago temeroso.
-Pelo Seifador? –perguntou ela com um sorriso entre dentes.
Thiago não respondeu.
A garotinha tomou fôlego e disse;
-Fui criada para livra o mundo mágico de aberrações como essas e guiar suas almas para o nada... ou inferno. Sou uma “Shinigamme” ou “Carregadora”. Você que escolhe. Por isso me chamam de Skull (–tradução; Crânio – Skulltulas- tradução; Caveira, esqueleto). Mas vocês não compreenderam isso.
-Aquele velho me criou. –disse ela enquanto seus cabelos esvoaçavam ao vento.
Thiago se surpreendia cada vez mais, como uma garotinha que tinha a aparência de não ter mais de três anos poderia ser tão inteligente.
-Porque sou a parte inconsciente de mim mesma. –respondeu lendo a mente de Thiago. –Porque sou a Ira que ocultasse em mim, porque assim que o Acordar for total, irei voltar e vocês...
Uma risada fria ecoou pelo ar.
Thiago se debatia na cama, tremendo e suando.
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