Quando a chuva passar
Só uma pequena nota antes de vocês lerem esse capítulo que eu preparei com tanto carinho:
Eu não tinha planejado nenhum capítulo song pra essa fic, mas quando ouvi essa música algum tempo atrás, não teve como não lembrar do meu xodó aqui, nem como não perceber que tanto o título da música quanto a letra se encaixam perfeitamente com a fic. Algumas pessoas não gostam de músicas brasileiras, nem da cantora, mas eu peço encarecidamente que leiam a letra quando ela aparecer no decorrer do capítulo. Quem quiser baixar a música e escutar durante ou depois, é totalmente aconselhável também! Ok?
- Então você... Vai contar? Sobre o nosso namoro? – perguntou Rony ansioso.
- Sim. Hum... – Hermione olhava para ele nervosa – Seu boné não combina nada com a decoração do quarto – ela disse apontando para o boné azul do Puddlemere que ele usava e esboçando um sorriso, na tentativa de ganhar tempo para decidir por onde começar.
Rony levou a mão à cabeça sem sorrir e, distraído, tirou o boné. Seus cabelos estavam bagunçados e amassados, mas ele não pareceu se importar. Jogou o boné num canto do chão sem desviar os olhos de Hermione. O que a fez ter de respirar fundo antes de começar.
- Olha Ron. Eu decidi que você tem todo o direito de saber o que aconteceu, mesmo que fique com raiva de mim depois – ela fitou-o esperançosa, mas a expressão dele não mudou e ele não fez nenhum comentário, deixando mais nervosa do que já estava, então ela continuou – Quando lhe disse que o motivo era porque eu precisava ficar sozinha e trabalhar, eu menti. Não era nada disso.
- Imaginei que não – disse ele abaixando a cabeça por um instante e levantando novamente assim que Hermione voltou a falar. Aquele quarto realmente não estava ajudando, e a lembrança vívida de Hermione saindo por aquela porta fazia a mágoa voltar a queimá-lo.
- Eu encontrei Ron - ela fez uma pausa respirando profundamente - A carta dos Morcegos de Ballycastle. Encontrei escondida na sua gaveta um mês antes daquele dia. Foi sem querer, mas não pude deixar de ler.
Rony parecia paralisado, a encarava com a boca ligeiramente aberta.
- Você... Não era pra você ter visto! – ele deu um soco na própria testa – Droga!
- Ron, por que você me escondeu que eles estavam lhe oferecendo uma posição no time titular? – disse Hermione angustiada, ignorando os xingamentos.
- Por que eu não iria aceitar! Como é que eu iria pra Irlanda e te deixaria aqui? – perguntou ele se levantando, nervoso, e começando a andar de um lado para o outro. Começava a entender tudo agora – Eu sabia que você não iria me deixar ficar, sabia que iria dizer que era a chance da minha vida e que eu tinha que aproveitar, que você nunca me deixaria perder a oportunidade!
- Exatamente Rony! – disse ela ainda na cama, mas jogando o travesseiro pro lado e se sentando mais perto da beirada – Assim como eu sabia que você nunca iria para a Irlanda. A não ser que...
- A não ser que você me chutasse?! – afirmou ele num misto de raiva, magoa e ironia – A não ser que você me humilhasse a ponto de eu querer sumir do país?!
- Era a sua chance de realizar seu sonho! - disse Hermione, tentando convencer a si mesma pela milésima vez de que havia feito o certo.
- Claro! – disse Rony rindo sarcasticamente – Porque você pensou que aquela seria minha única chance, não é? Pensou que eu nunca conseguiria nada por aqui, que eu era um lixo no Quadribol, que não arranjaria nada melhor! – ele parou de andar e encarou-a profundamente nos olhos antes de dizer - Fique sabendo que no dia seguinte ao que você saiu daqui o Wimbourne Wasps me enviou uma coruja dizendo que eu tinha sido aprovado no teste!
- O Wimbourne Wasps? Você... – Hermione parecia transtornada. Nada havia a abalado tanto como aquilo. De repente ela se sentiu zonza e perdida. Não era possível, ele havia sido rejeitado por tantos times... Ela havia feito tudo aquilo, por nada?
- Eu só fui pra Irlanda porque pensei que seria mais fácil esquecer você lá – disse Rony dando as costas pra ela e inclinando a cabeça para trás, como se o teto fosse ajudá-lo a entender o que estava acontecendo e depois a abaixando e continuando a falar o que estava impregnado na sua garganta – Fui para um país onde eu não conhecia ninguém, a comida era ruim, as pessoas me olhavam torto por eu ser de fora, minha família estava longe e minha namorada tinha acabado de me chutar... No fim das contas me dei bem no Quadribol. Pelo menos não foi um desastre completo - ele começou a rir, gargalhar, um riso sem graça... Enquanto Hermione começou a chorar novamente, escondendo o rosto no travesseiro – Que futuro maravilhoso Hermione Granger me deu.
- Ron... M-me Desculpe-pe – ele ouviu a voz dela, depois de alguns instantes, fraca e alterada pelo choro – Eu pensei estar, estar fazendo o me-melhor. O melhor pa-para você... Você não sabe o quanto eu so-sofri.
- É engraçado como você me acha incapaz, Hermione – ele virou-se e voltou a observá-la, fitando os olhos castanhos, embaçados por lágrimas – Você acha que sabe o que é melhor pra mim, e ... Não confia na minha capacidade.
- Claro que eu confio Rony! – ela já não soluçava mais, porém as lágrimas continuavam a rolar pelo seu rosto – Mas você já havia feito milhões de testes! E sido rejeitado tantas vezes... Era seu maior sonho, e eu pensei que estivesse fazendo o melhor pra você!
- Pela primeira vez na vida você estava errada Hermione. Completamente errada. – ele se ajoelhou em frente à cama, seus olhos na altura dos dela, e uma lágrima escapando de um deles – Meu maior sonho não era ser um bom jogador de Quadribol. Mas eu vou te contar qual era. Só pra não restarem dúvidas.
Um último soluço sacudiu o corpo de Hermione ao ouvir essas palavras, e o que veio a seguir dilacerou seu coração.
- Meu sonho... – continuou o ruivo, com a voz embargada, demonstrando em cada palavra sua angustia e magoa, sua face a poucos centímetros da dela – Era ter uma família, daquelas bem grandes, com muitos filhos. Coisa de Weasley, você sabe. Ter você como minha esposa Hermione, e poder sair do trabalho todos os dias sabendo que encontraria um punhado de ruivinhos bagunceiros me esperando em uma casa aconchegante junto com a minha mulher, que me receberia sorrindo. E eu a beijaria como se minha vida dependesse disso. Dia após dia, com a mesma vontade.
Essas palavras abateram Hermione e ela nunca teve tanta vontade de se torturar e se punir. Como poderia ter errado tanto, magoado e causado tanto sofrimento, tanto nela quanto em Rony? Foi só nesse momento, ouvindo essas palavras vindas dos lábios dele, que ela percebeu que esse também era seu maior sonho. Percebeu como sempre achou triste chegar em casa e encontrá-la vazia e sem vida. E ela tinha privado os dois de realizar tudo isso.
Sem pensar, sem se conter, ela lançou os braços em volta do pescoço do ruivo e apoiou sua cabeça no ombro dele, chorando e soluçando, querendo apenas sentir um pouco dele, querendo segurá-lo e não deixar que ele se afastasse nunca mais, porque agora, como nunca antes, ela sabia que ele era parte de si mesma e que sem ele sua alma estaria incompleta e mutilada.
- Me perdoe Ron. Eu errei – ela agarrava as costas dele com força - Eu fiz tudo errado e te magoei, mas me perdoa.
Ela percebeu que ele não correspondia. Não sentia os braços fortes envolta da sua cintura, nem o carinho reconfortante em sua cabeça, que significava que Rony havia entrelaçado seus dedos pelos cachos dela. Ele estava simplesmente parado e indiferente fazendo-a se sentir horrível. E ela preferia que ele continuasse gritando e ralhando do que tê-lo quieto nos braços.
Hermione se afastou e segurou-o pelos ombros, encarando a face dele que agora também estava molhada com lágrimas. Fixou seu olhar no dele e sacudiu os ombros largos do ruivo com toda força que lhe restava, querendo que ele reagisse, que tomasse alguma decisão de uma vez. Ou pra dizer que a perdoava, ou para deixá-la.
- Eu não sei Mione – ouvir seu apelido vindo dos lábios dele acalmou um pouco seu coração e ela paralisou – Não posso dizer que já te perdoei. Não seria verdade. Ainda dói aqui – disse ele batendo com uma mão no peito – Eu preciso de um tempo.
Ele se desvencilhou dos braços dela e Hermione percebeu como a situação era completamente inversa à de dois anos atrás. E pode apreciar o quanto ele havia sofrido quando viu o ruivo lhe dando as costas e saindo pela porta do quarto. Ela se agarrou ao travesseiro mais uma vez e deixou seu corpo cair na cama, vazio, solitário.
Pra quê falar
Se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada
Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade um dia vai acabar
Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu infinito
E o meu amor é imensidão
Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar
Rony desceu as escadas desnorteado, com a cabeça ainda cheia da conversa com Hermione, e os sentimentos confusos. Raiva e rancor se misturavam com amor e carinho. Ele não sabia o que fazer, nem o que pensar.
- O que aconteceu querido? – ele ouviu a voz da mãe.
- Nada... Nada mãe – ele disse já saindo da cozinha em direção aos jardins – Onde está a Gina? – ele perguntou parando na porta, secando o rosto com as mãos.
- No jardim – disse a Sra. Weasley observando-o com uma expressão preocupada – O que aconteceu Rony? – ela perguntou mais uma vez, mas o filho já tinha saído com pressa.
Mal chegou aos jardins, Rony avistou sua irmã de pé, perto da cerca, conversando com Harry, parecendo ansiosa. Andou o mais rápido que conseguiu até ela se desviando de alguns gnomos no caminho. Gina ao avistá-lo correu em sua direção também.
- Cuida da Mione – o ruivo disse, antes que ela pudesse perguntar alguma coisa – Ela está no meu quarto. Fique com ela Gina.
- Mas o que houve Rony? – Gina vasculhou o rosto dele com os olhos, notando que ele havia chorado e que parecia triste – Aonde você vai? Vocês brigaram de novo?
- Vou pro Largo Grimauld – disse ele avistando Harry parado alguns metros atrás de Gina e acenando com a cabeça num gesto que o amigo entenderia.
O gesto e o olhar significavam que estava tudo bem e que preferia ficar sozinho. E sem dizer mais nada, o ruivo desaparatou.
- Vai atrás dele Harry! – Gina gritou desesperada.
- Não vai adiantar Gina. Seu irmão deve estar querendo ficar sozinho. Eu conheço o Rony.
Gina se aproximou dele, aflita.
- Será que eu fiz tudo errado? – ela perguntou encostando a cabeça no peito de Harry e sentindo-o abraçá-la – O que será que aconteceu?
- Só tem um jeito de descobrir – disse ele segurando o rosto dela com as duas mãos e fitando-a nos olhos – Vai lá, vê como a Hermione está.
- Você não vai?
- Não sou muito bom em consolar ninguém. E acho que essa conversa é entre mulheres.
- Ok. Eu vou – disse ela beijando-o de leve na boca – Mas não saia daqui.
Gina se aproximou da porta do quarto e não ouviu nenhum barulho vindo lá de dentro. Abriu devagar e avistou Hermione deitada na cama, abraçada ao travesseiro e chorando como uma criança que havia acabado de ver seu primeiro Bicho-papão.
- Mione?! – chamou se aproximando, sentando na cama e apoiando a cabeça da amiga no colo – O que aconteceu? – perguntou num sussurro.
- Você tinha razão – a voz de Hermione saiu fraca, os olhos dela vidrados em um ponto da parede oposta – Eu estava fazendo tudo errado.
Gina acariciou os cabelos macios e fofos da amiga, agora praticamente soltos do rabo de cavalo. Nunca tinha visto Hermione tão frágil e abalada e sentiu seu coração se apertar.
- Mas agora você está concertando tudo, Mione. Todo mundo erra. E você errou tentando acertar.
- Ele não vai me perdoar – as lágrimas caiam pelo canto dos olhos dela e escorriam até a ponta do nariz, para depois caírem na cama.
- E é obvio que ele vai te perdoar! Ele te ama, e foi ele quem pediu pra eu vir aqui ficar com você.
Hermione não disse mais nada. Rony tinha todo o direito de ficar com raiva, pelo tempo que quisesse. E ela sabia que ele estava. E a única coisa que ela podia fazer agora era chorar e esperar que ele perdoasse algum dia.
Gina desceu o primeiro degrau das escadas do apartamento que dividia com Hermione e sentiu um alívio ao ver o rapaz de cabelos despenteados ainda sentado no sofá. Juntos haviam convencido Hermione a voltar para casa e descansar. O sol já estava se pondo. A ruiva havia acabado de sair do quarto de Hermione, onde deixou a amiga para que ela pudesse tomar um banho e se trocar.
Alcançou o patamar no momento que Harry desviou os olhos da janela e notou sua presença. Ele sorriu. Ela sorriu de volta e se juntou a ele no sofá, abraçando-o pela cintura e o beijando.
- Como ela está? – perguntou Harry afastando seus lábios dos dela.
- Está tomando banho. Enquanto isso vou preparar um chá pra ela, talvez colocar um pouquinho de Poção do Sono.
- Então, já que vocês duas vão ficar bem, eu vou dar uma passada no Ministério – disse ele puxando a ruiva e fazendo com que ela se aconchegasse melhor em seus braços – Tenho que conversar com a Tonks e saber se eles já investigaram o conteúdo da poção.
- Eu vou com você.
- Não. A Mione precisa de você Gina – disse ele subindo e descendo a mão pelas costas da ruiva num gesto de carinho – Fique com ela. Eu vou dormir no Largo Grimauld, aproveito e dou uma olhada no Rony. Amanhã cedo eu volto aqui e te conto tudo.
- Certo. Te espero amanhã então – ela levantou o rosto até as bocas se encontrarem novamente.
Depois de alguns minutos de despedida, Harry se levantou e saiu. Gina preparou o chá na cozinha e subiu novamente até o quarto de Hermione, que já havia terminado seu banho, colocado um pijama e agora estava sentada na cama, segurando o porta-retrato que continha a foto do Trio ainda em Hogwarts. Ela observou Gina entrar no quarto e devolveu o porta-retrato para a mesinha ao lado da cama.
- Fiz um chá pra você. Trate de beber tudo, já que eu sei que não vou conseguir fazer você comer nada – disse Gina sentando na cama aos pés de Hermione e entregando o chá a amiga.
- O que você pôs nesse chá? – perguntou Hermione desconfiada – Tenho que acordar amanhã cedo para trabalhar. É o dia de inauguração do Instituto Narcisa Malfoy.
- Ainda não consigo acreditar que você aceitou trabalhar pro Malfoy – disse Gina ainda indignada com o que a amiga havia lhe contado algumas horas atrás - E você não vai, Mione. Você não está bem.
- Vou sim. É melhor maneira de me distrair – disse Hermione finalmente tomando um gole do chá quente – Se eu ficar em casa vou me sentir pior.
- E quando você vai conversar com o Rony?
- Eu não vou. Não quero forçar nada – Hermione levou o chá à boca mais uma vez – Tenho que dar tempo pra ele pensar e digerir tudo. Quando ele estiver pronto ele vai me procurar. Se é que um dia ele vai me perdoar.
- Vai sim, Mione – disse Gina sorrindo e tentando passar confiança – Pode demorar, você sabe como meu irmão é lerdo, mas ele vai te perdoar.
Hermione apenas sacudiu os ombros, já se sentindo sonolenta, e colocou a caneca, ainda cheia até a metade, na mesinha ao lado da cama. Gina se levantou e abraçou a amiga, depois saiu do quarto. Hermione mal teve tempo de se enrolar na coberta antes de cair no sono.
Rony se jogou na cama do seu quarto no Largo Grimauld. Não chorava mais, mas ainda sentia um aperto no peito, e uma dor de cabeça forte.
Tinha sido sincero com Hermione, ainda não podia perdoá-la. Magoa e desapontamento bloqueavam a vontade que ele tinha de correr para ela e apertá-la nos braços.
Ela não mudava, continuava duvidando da capacidade dele, continuava achando-o inferior e incapaz. “Não Rony, isso foi há dois anos, não agora. E ela fez pro seu bem!”. Mas mesmo que agora ela pensasse diferente, ele não conseguiria ter algo com alguém que um dia havia recusado seu amor, seu mais puro e sincero amor. “Ela está arrependida...”.
Não agüentando mais pensar e remoer essas dúvidas, ele se levantou num impulso e começou a se despir. Um banho era a melhor coisa que ele tinha a fazer no momento. Relaxar e tentar esfriar a cabeça. Ainda não acreditava em tudo que estava acontecendo. Ainda tinha o treino de Quadribol no outro dia de manhã. E o primeiro jogo da temporada seria dali a dez dias. Ele pegou a toalha e enrolou envolta da cintura, enquanto resmungava e amaldiçoava a vida.
Hermione acordou com a cabeça girando e o corpo pesado. Sentia como se tivesse dormido horas e como resultado sentia todo seu corpo dolorido. Abriu os olhos tentando focar alguma coisa, mas se sentia estranha, grogue. Gina tinha mesmo colocado Poção do Sono no chá. Será que era muito tarde?
Ela se levantou devagar e olhou o relógio. Seis horas da manhã. Não estava atrasada, mas ainda sim havia dormido muito. Lembrava-se de ter apagado instantaneamente ao deitar e àquela hora o sol não havia sumido do horizonte ainda. Tomou uma ducha fria para acordar, colocou um terninho cinza que tinha separado para a ocasião e prendeu os cabelos em um coque apertado na nuca. Seus olhos ainda estavam inchados pelo choro, mas estavam bem melhores que no dia anterior. A imagem de Rony agachado na beirada da cama e com lágrimas nos olhos não saia de sua cabeça. Mesmo quando se concentrava para pensar em outras coisas. Parecia colada em sua retina.
Ela adentrou a cozinha e encontrou Gina já de pé, fritando panquecas que cheiravam maravilhosamente bem.
- Sabia que a Srta. Teimosia iria querer trabalhar de qualquer jeito – a ruiva disse ao avistar Hermione – Então levantei cedo para preparar um café reforçado com tudo que você mais gosta. Pelo menos assim você não desmaia durante o dia.
Hermione esboçou um sorriso, murmurando um “obrigada” e se sentou na bancada. Gina colocou um prato lotado de panquecas e torradas quentinhas a sua frente. E depois com um floreio da varinha derramou mel por cima de tudo.
- Você colocou poção no meu chá, sua trapaceira – disse Hermione não resistindo e pegando um garfo para atacar as panquecas. Estava repentinamente morta de fome.
- Não adiantou muito pelo jeito – disse a ruiva se sentando e começando a comer também, enquanto Hermione servia suco de abóbora para as duas – O Harry vai chegar daqui a pouco. Não quer esperar e saber notícias do Rony?
- Não, melhor não. Tenho que estar lá em quinze minutos.
Hermione terminou de comer o mais rápido que conseguiu e se levantou para procurar sua bolsa. Gina seguiu a amiga até a sala.
- Tchau, Gina. Não me espere pro almoço, se é que você ainda vai estar aqui. Vou voltar tarde hoje.
Gina se adiantou para abrir a porta e abraçar a amiga.
- Se eu e o Harry tivermos que voltar pra lá, vou deixar alguma coisa pronta pra você jantar.
Gina observou Hermione sair e fechou a porta atrás dela. Queria tanto ver a amiga bem, queria tanto que tudo desse certo logo, que aquilo tudo passasse. Sabia melhor que ninguém o quanto Hermione era sensível e vulnerável, mesmo que ela quisesse aparentar o contrário para todos. Ela riu ao pensar como as pessoas tinham medo e respeitavam a grande Hermione Granger, aquela mulher forte e séria. Era isso que pensavam dela. Todos enganados.
Mal havia se sentado no sofá quando a campainha tocou. Abriu a porta para Harry, que a cumprimentou com um sorriso no rosto e um beijo bem caprichado de bom dia. Ele se sentou no sofá e puxou a ruiva para sentar em seu colo.
- Como foi no Ministério? – perguntou ela enlaçando o pescoço dele com as duas mãos.
- Tonks disse que teremos o resultado amanhã. Você conhece toda aquela burocracia do Ministério.
- E o que nós vamos fazer enquanto isso? – perguntou ela enquanto ajeitava a franja de Harry para longe dos olhos.
- Esperar – disse ele com um suspiro – Não tem nada pra gente fazer lá nos Gamp. Não depois de termos saído de lá daquele jeito. Quando tivermos o resultado nas mãos, marcamos mais um almoço com eles, dizendo que já temos uma resposta para a oferta de compra.
- E o que nós vamos fazer nesse almoço?
- Depende do conteúdo daquele pote de creme. Se não for nada especial, voltamos à estaca zero.
Gina fez uma cara emburrada. Harry riu, achando lindo o jeito dela brava e se perguntando por que não conseguia se aborrecer também.
- Odeio não ter o que fazer – ela disse – Mas pensando bem. Temos o que fazer sim.
- O que?
- Pesquisar sobre a pedra da lua. Não acho legal deixar a Mione fazer isso agora. Ela já está abarrotada de coisas.
- É. Você tem razão.
O silencio tomou conta dos dois por um momento, até que Gina disse, preocupada:
- E o Rony? Como está?
- Abalado – disse Harry com um olhar triste - Mas saiu para treinar hoje cedo mesmo assim. Chamou a gente pra ver o primeiro jogo dele, no próximo sábado.
- Se a gente não estiver trabalhando, é uma boa idéia – Gina apoiou a cabeça no ombro de Harry e suspirou – Quanto tempo será que vai demorar pra eles se entenderem?
- Não tenho idéia – disse Harry num fio de voz, enquanto abraçava a ruiva mais forte.
Harry e Gina passaram o dia no escritório que Hermione mantinha no apartamento. O céu já começava a escurecer lá fora. O lugar era uma mistura de biblioteca, sala de estudos e um refúgio particular dela. As estantes de livros que preenchiam duas das quatro paredes desde o teto até o chão com certeza guardariam algumas respostas para os dois.
- Você não acha um pouco sem sentido a gente pesquisar isso se amanhã vamos saber que tipo de coisa tinha naquele pote? – perguntou Gina, que estava sentada no chão em um canto do lugar, cheia de livros a sua volta.
- Mas pode ser que aquilo não seja nada – disse Harry enquanto se esticava para pegar um livro na estante mais alta – Eles podem estar fazendo outras coisas com a pedra da lua.
- Esse é o problema. Eles poderiam estar fazendo qualquer coisa! – disse Gina jogando um livro para o lado, impaciente – Eu já descobri milhões de coisas interessantes sobre a pedra da lua, provavelmente já sei mais até que a Mione, mas como vamos descobrir em qual dessas coisas eles estão interessados?
- Calma Gina – disse Harry estendendo uma mão para ajudá-la a levantar – Chega de livros por hoje então.
Ele deslizou uma das mãos pelas costas dela até chegar aos cabelos, puxando-a para um beijo, enquanto a outra mão segurava firmemente a cintura. Ele sentiu Gina corresponder com entusiasmo e começar a empurrá-lo vagarosamente pela porta, sem desgrudar os lábios dos dele. Harry se deu conta de que estavam entrando no quarto dela e se afastou um pouco, encarando-a admirado.
- Posso saber o que você está pretendendo? – perguntou ele sorrindo maroto.
- Nada de mais – disse ela com sua melhor cara de inocente, enquanto empurrava-o para a cama.
- Então posso dizer que quero que você faça nada de mais sempre? – perguntou ele caindo com as costas na cama e vendo Gina engatinhar sobre ele e deslizando uma mão por baixo da camisa do rapaz.
- Não se preocupe. Eu vou fazer – disse ela finalmente alcançando a boca dele e beijando com paixão.
N/A: Que autora manteiga derretida que eu sou...
Confesso que chorei quando terminei de escrever a parte em que eles conversam. Fiquei com tanta pena dos dois... Me senti tão malvada...
Então gente, como eu disse, a Mione nunca faria nada horrível, nem para benefício pessoal. Na verdade baixou a Síndrome de Potter nela e ela quis bancar a heroína e fazer o que pensou que fosse o melhor pro Rony.
Mas para as pessoas que me perguntaram sobre a carta que a Mione escreveu para a Sra. Weasley, quero explicar que era só uma carta de despedida, agradecendo por tudo que Molly fez enquanto ela morou na Toca e explicando que iria se mudar para casa que herdou dos pais. Porque ela e Rony estavam sozinhos na Toca quando a Hermione foi embora e ela é muito grata a Sra. Weasley por ter sido quase uma mãe, mas não podia voltar para se despedir pessoalmente. Não dava pra explicar tudo isso na estória, então coloquei aqui.
Eu sei que vocês esperavam o entendimento dos dois depois dessa conversa, mas não teve como... Ainda tem algumas coisinhas pra acontecer.
E eu AMEI o Harry e a Gina nesse capítulo. Adoro a maneira como eles se preocupam com o Rony e a Mione e, é claro, adoro escrever cenas românticas com eles. Ainda mais depois de tantas cenas de briga que eu tive que fazer.
Não vou responder aos comentários dessa vez, pra poder matar a curiosidade de vocês mais rápido. Mas espero comentários quilométricos, porque eu fui boazinha e postei um capítulo grande e bem caprichado. E claro, quero saber se valeu à pena esperar esse tempo todo para finalmente saber o segredo da Mione.
Ah... Alguém ai tem idéia do que o Malfoy andou aprontando? Vocês não acham que ele entrou na estória por acaso, né?
Muito obrigada mais uma vez a quem me acompanhou pacientemente até aqui!
Vocês podem ter certeza que fazem uma autora feliz!
Continuem comentando!
E quem ainda não votou, vote!
Beijo!
Ana Fuchs
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