Capitulo 7



Capitulo 7

Hermione ia pôr o moletom e terminar de preparar o café da manhã quando Harry bateu na porta.

Seus moletons combinavam. Ele a examinou longa e detalhadamente.

-Eu não gosto do seu cabelo preso – comentou ele.

-Não posso correr com ele solto - protestou Hermione. – Fica emaranhado.

Ele farejou o ar.

-Está tomando o café da manhã? – perguntou ele, esperançoso.

-Só um pouco de bacon com ovos mexidos e biscoitos.

-Só?! Eu apenas comi uma barra de granola. – disse com absoluto desdém.

Hermione riu nervosa. Era novidade que Harry estivesse em sua casa porque gostava de estar com ela. Não entendia aquela mudança de atitude e realmente não confiava nele, mas estava tão encantada que não se atrevia a expor aquelas dúvidas.

-Se me der um pouco do seu café da manhã, prometo não correr muito depressa - disse Harry.

-Isso soa como chantagem - brincou Hermione. - O que diria seu chefe?

-Você não é um cliente – ele salientou, sentando-se à mesa. - Ou um delinqüente, assim não tem problema.

Hermione serviu uma xícara de café e reparou que não tinha mais xícaras do mesmo jogo e nem mais garfos do mesmo faqueiro.

-Que desastre... – ela murmurou para si ao buscar a geléia de amora silvestre e colocá-la na mesa junto com outra colher de chá descombinando.

Ele lançou-lhe um olhar especial.

-Não tem problema, Hermione - disse Harry suavemente, e seus olhos estavam tão ternos quanto sua voz profunda. - Se você soubesse a quantidade de gente que hipoteca até as sobrancelhas para ficar bem diante de outros. Por acaso, muitas delas acabam na prisão, tentando ganhar dinheiro rápido vendendo drogas... Você vive com o que tem e o faz incrivelmente bem.

-Obrigada. Eu preferia morrer de fome a viver assim - respondeu Hermione.

-Eu também – ele confessou. Quando mordeu um biscoito lamentou levemente: - Se pelo menos Jessie soubesse fazer biscoitos assim.

Ela sorriu, satisfeita com o elogio, uma vez que Jessie era uma cozinheira maravilhosa.

-São a única coisa que faço bem.

-Não são, não. – ele provou a geléia e arqueou as sobrancelhas. – Não sabia que fazia geléia de amora silvestre. – observou ele.

-Pode-se comprar, mas gosto de fazer a minha e conservá-la – disse ela. – Está veio do rancho. Na verdade, são suas próprias amoras... – acrescentou ela envergonhada.

-Pode recolher quantas quiser se fizer sempre um pote de geléia para mim -riu Harry, servindo-se de mais biscoitos.

-Fico contente que você tenha gostado.

Tomaram o café da manhã em um agradável silêncio. Quando Hermione serviu uma segunda xícara de café, os biscoitos acabaram.

-Agora sim que preciso ir correr – ele provocou. - Estava tudo muito bom, Hermione.

-Você só estava com fome.

Harry tomou a segunda xícara de café entre as mãos e ficou olhando-a.

-Você nunca soube aceitar um elogio - disse amavelmente. - Há muitas coisas que faz muito melhor que o resto de nós, mas é tão modesta que acaba se diminuindo.

Hermione encolheu os ombros.

-Eu gosto de cozinhar.

Harry continuava observando-a. Ela tinha se levantado bem cedo esta manhã, ele refletiu, com seu rosto florescendo como uma rosa, sua pele limpa sem maquiagem. Seus lábios tinham um brilho natural e uma forma maravilhosa. Recordou seus beijos e desejou voltar a beijá-la. Mas era novidade para ela, precisava ir devagar. Não podia pressioná-la se realmente a queria do seu lado, poderia perdê-la. Em outro tempo, aquilo não faria diferença, mas atualmente não podia suportar a idéia de que Hermione não fosse parte de sua vida. Poderia ter chutado a si mesmo pelo que dissera a ela naquela festa desgraçada.

-A festa foi um horror - comentou de repente.

Os olhos dela se escancararam.

-Como disse?

-Rebeca abriu todos os presentes e comentou quanto haviam gasto e para o que serviam até que todos os convidados ficaram com a cara no chão - explicou Harry com um brilho nos olhos verdes. – Ela terminou zangando-se com uma antiga amiga que se apresentou com seu ex-noivo e montou uma cena. E saiu com um táxi sem nos dar tempo de reagir.

Hermione tentou não rir. Era difícil não se divertir com a situação de Rebeca. A mulher era difícil, até mesmo para pessoas com Luna.

-Suponho que com ela se foram também os sonhos de glória de Luna -comentou com tristeza.

-Rebeca não teve nunca a mais mínima intenção de ajudar minha irmã -respondeu Harry terminando o café. - Não estava disposta a jogar sua reputação por uma desenhista que ninguém conhecia. Só estava enrolando Luna para ficar perto de nós. Já estava se aborrecendo mesmo antes do sábado à noite.

-Desculpe-me – disse ela, não sabendo o que mais dizer.

-Não éramos amantes – disse ele grosseiramente.

Ela ruborizou-se e depois retomou o fôlego.

-Harry.

-Quero que saiba disso se por acaso chegarem rumores sobre nossa relação - explicou Harry muito sério. - Nunca foi mais que uma atração superficial. Jamais poderia me deitar com uma mulher que vai dormir maquiada.

Ela não ia perguntar, ela não ia perguntar, ela não...

-E como sabe isso? – ela falou sem pensar

Ele sorriu para ela.

-Luna me contou. Ela perguntou a Rebeca a razão, e Rebeca disse que nunca se sabe quando um cavalheiro poderia bater na sua porta após a meia-noite. – ele se inclinou para frente e disse: - Eu nunca bati.

-Eu não ia perguntar!

-Claro que ia. – seus olhos deslizaram sobre seus lindos seios, delineados sob o top que usava. – Você é possessiva em relação a mim. Não quer ser, mas é.

Ela estava perdendo terreno. Pôs-se de pé e fez questão de verificar se os cadarços estavam amarrados.

-Vamos?

Harry ficou em pé também, estirou-se preguiçosamente, e começou a recolher a mesa.

-É a primeira vez que vejo você fazer isso - comentou Hermione surpreendida.

Ele olhou rapidamente para ela.

-Se me casar, tal e como eu quero, quero repartir os afazeres domésticos em cinqüenta por cento para cada. Não me parece nada romântico me jogar no sofá com uma camiseta suja vendo futebol enquanto minha mulher se ocupa de esfregar a cozinhar – ele arqueou as sobrancelhas, pensativo. – Por falar nisso, não gosto de futebol.

-Não veste camisetas sujas também – ela respondeu, sentindo-se triste porque ele mencionara casamento. Talvez houvesse outra mulher em sua vida, além de Rebeca.

Ele soltou um risinho.

-A não ser que eu esteja trabalhando na garagem. – ele deu a volta na mesa depois de colocar os pratos na pia e agarrou-a suavemente pelos ombros, com uma expressão sombria. – Nunca discutimos questões pessoais. Sei menos de você que um estranho. Gosta de crianças? Quer ter filhos? Ou sua carreira profissional é a coisa mais importante da sua vida agora?

Hermione sentiu verdadeiro pavor. A atitude de Harry com ela tinha passado da total indiferença a um exame minucioso, e rápido demais. O rosto dela assumiu uma aparência de perseguição.

-Não precisa me responder - acrescentou Harry dando-se conta disso. – Não se preocupe com a pergunta. Não é importante.

Ela relaxou, mas só um pouco.

-Eu... adoro crianças – ela vacilou. - Também gosto de trabalhar, mas preferiria que fosse um trabalho mais interessante. Mas não adiaria a formação de uma família se me casasse. Minha mãe trabalhava enquanto eu crescia, mas sempre estava lá quando eu precisava dela, e nunca pôs o emprego em detrimento da família. - acrescentou olhando-o, pensando como era bonito o tom de verde deles, e imaginando que seus filhos teriam aqueles mesmos olhos. - Eu adoraria ser uma boa profissional, mas acima de tudo prefiro ter uma família que me ame e me queira. – ela deu de ombros. – Imagino que soa um pouco piegas.

-Na verdade, soa muito maduro. Eu tenho a mesma opinião - disse

Harry beijando-a com delicadeza.

-Sente-se? – ela estava inconscientemente se esticando até ele, tentando prolongar o contado. Era preocupante que o mais leve toque dele a deixasse tonta assim. Ela queria mais, queria ser abraçada e beijada até desfalecer.

Ele mordiscou seu lábio superior lentamente.

-Não é o suficiente, não é?

-Bem... não...

Seus braços a levantaram colocando-a em contato com a parte dura de seu corpo, abriu com a boca os lábios dela para dar um beijo que se consumia com o próprio calor. Ela gemeu indefesa, agarrando-se a ele.

Ele afastou sua boca um pouco. Sua voz estava tensa ao falar.

-Tem idéia do que estes pequenos ruídos fazem comigo? – ele murmurou.

-Ruídos? – ela perguntou, esquecida, ao olhar fixamente para sua boca.

-Esqueça. – ele a beijou mais uma vez, devorando seus lábios macios. Seus gemidos o drogavam. Ele já estava calculando a distância que tinha entre a cozinha e o quarto quando se deu conta estavam indo muito depressa.

Harry se afastou, e a manteve longe dele, com o maxilar tenso por tentar se controlar.

-Harry – ela sussurrou, com a voz implorando ao olhar para ele com os olhos meigos e enevoados.

-Eu nunca engravido uma mulher na segunda-feira, mas esta poderia ser uma exceção – disse ele em tom engasgado.

Hermione arregalou os olhos ao perceber o que ele dizia.

Ele riu, afastando-se mais ainda.

-Só carrego minha identificação e vinte dólares quando corro – confessou ele. – A outra coisa guardo na carteira.

Ela entendeu e corou. Ela tentou se recompor.

-É claro que muitas mulheres modernas têm o seu próprio suprimento – disse ele de forma arrastada. – Espero que você tenha uma caixa cheia no armário de remédios.

Ela corou mais ainda, e olhava furiosa para ele.

Ele soltou um risinho, se divertindo.

-Seus pais eram muito severos – ele recordou-se – E profundamente religiosos. Você ainda tem aquelas velhas atitudes sobre sexo antes do casamento, não tem?

Ela confirmou e fez uma careta.

-Não peça desculpas – disse ele melancólico. – Em dez minutos mais ou menos, o desejo diminuirá e posso levantar direito... Meu Deus, Hermione! – ele desatou a rir da expressão de horror dela. – Estou brincando!

-Você é terrível! – ela resmungou.

-Não, sou apenas normal – ele replicou. – Não haveria nada melhor que algumas horas na cama com você, mas não sou patife o bastante para te seduzir. Além do mais – ele suspirou. –, sua consciência mataria nós dois.

-Machuca!

Ela não sabia como lidar com aquilo, e não teve como esconder.

-Não sou um noviço – confessou ele. – Mas também não sou um libertino. Só considero você desejável – ele deu ombros. – Cuidado. Pode ser contagioso.

Ela riu. Todo o seu rosto se iluminou. Ela era bonita.

Ele a puxou para si e a beijou muito brevemente antes de se afastar novamente.

-Deveríamos ir agora – disse ele. - Tenho uma reunião no escritório às dez, mas poderíamos almoçar juntos.

-Tudo bem - respondeu Hermione muito contente. Sentia-se flutuar, aquilo era como um sonho. Caminhou em direção à porta e parou. - Posso fazer uma pergunta?

-Diga - respondeu Harry.

-Está vigiando minha empresa porque acredita que Brody pode estar comprometido neste caso de narcotráfico?

Ele lançou-lhe um velho e sábio olhar.

-É inteligente, Hermione. Tomarei cuidado com o que falo.

-Isso quer dizer que não vai responder. Certo?

Ele soltou um risinho.

-Certamente – ele saiu na frente e esperou que Hermione fechasse a porta.

Ela colocou a chave no bolso.

-Sem identidade? – ele refletiu ao descerem e começarem a correr pela cascada com pouca gente.

-Apenas a chave e cinco dólares – confessou.
Ele suspirou, correndo sem esforço.

-Uma de nossas especialistas em reconstrução facial sempre nos lembra para carregar identificação, é mais fácil, evita fazer um modelo em argila do seu crânio para fazer a reconstrução do rosto. Ela resolve muitos casos de vítimas de assassinato.

-Assisti a um programa sobre reconstrução facial na televisão educativa duas semanas atrás.

-Sei de qual programa você está falando. Eu o vi também. Aquela era nossa especialista – disse ele com traços de orgulho em sua voz profunda. – Ela é maravilhosa.


-Talvez devesse levar minha carteira de motorista comigo – ela murmurou.

Ela não disse mais nada, mas sorriu para si.

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Durante a reunião que Harry manteve com um agente do FBI de Houston, um detetive da polícia da mesma cidade especializado em quadrilhas locais, um policial de Texas e um agente de alfândegas, ficou claro que as suspeitas se centravam em alguém da Ritter Oil Corporation que estava introduzindo droga nos Estados Unidos através do armazém onde guardavam os reguladores de petróleo e as equipes de perfuração antes de ser enviados à zona sudoeste.

Contavam com a inestimável colaboração de um jovem técnico de manutenção que tinha ido ao serviço de alfândegas para avisar que esperava a chegada de um grande contrabando de cocaína procedente da Colômbia.

Harry informou que tinha uma pessoa na empresa em questão que estava ajudando a vigiar um suspeito e tinha feito correr o boato de que estavam investigando a outra companhia petroleira chamada Thorn Oil e pediu encarecidamente que não falassem daquele caso com nenhum outro agente do Departamento Antidrogas pois tinha suspeitas de que havia uma toupeira em seu departamento.

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Harry apareceu no trabalho de Hermione mais otimista que de costume.

Não faltava muito para levar a cabo uma prisão, mas os dias que estavam por chegar seriam críticos.

O contrabando de cocaína ia chegar em Houston na semana seguinte, assim devia passar todo o tempo que pudesse na empresa de Hermione para não perder nenhum detalhe.

Convidou-a para almoçar, mas estava preocupado.

-Você está preocupado com alguma coisa, verdade? – ela adivinhou.

Ele assentiu sorrindo.

-Algo grande. Você gostaria de vir comigo a uma missão de vigilância?

-Eu? Adoraria! - respondeu Hermione. – Posso usar uma arma?

Ele olhou furioso para ela.

-Não.

Ela deu de ombros.

-Muito bem, mas não espere que eu possa salvar sua vida sem ter uma - disse Hermione.

-Não te dar uma arma talvez salve minha vida. – disse ele sutilmente.

Ela ignorou a zombaria.

-A quem teremos que vigiar?

-Saberá em seu devido momento e, por favor, nenhuma palavra a ninguém.

-Tudo bem – ela concordou. - E como se vigia um suspeito?

-Ficamos dentro do carro, tomamos café feito loucos e desejamos a todo o momento estar em casa vendo televisão - respondeu Harry sinceramente. - É muito aborrecido, mas fica melhor acompanhado. Por isso peço que me acompanhe. – acrescentou sorridente. - Podemos ficar de agarramento no carro e ninguém suspeitará de nós.

-Claro, tem um jaguar e pretende que ninguém perceba nossa presença -murmurou Hermione.

-Não, não iremos em meu carro, e sim com um da polícia.

-Certo. Num carro com placa do governo, quatro antenas e aquelas calotinhas redondas...

-Querer parar? – ele resmungou.

-Desculpe-me! – ela sorriu para ele por cima do café. – Mas gosto da parte do agarramento.

Ele franziu os lábios e lançou-lhe um sorriso travesso.

-Eu também.

Ela riu um pouco inibida e acabou o almoço.

Estavam voltando para o Jaguar, quando apareceu seu companheiro do Departamento Antidrogas, Kennedy, de carro. Ele saiu do carro e se aproximou deles com um grande sorriso.

-Olá, Potter! Como vão as coisas? – perguntou ele.

-Não poderia ir melhor - respondeu Harry cheio de convicção. - E você tudo bem?

-Sigo trabalhando nesse caso de narcotráfico – ele olhou curioso para Harry. - Ouviu algo sobre uma equipe especial?

-Alguns rumores - respondeu Harry. - Mas não tenho feito muito caso. Se me inteirar de algo, comunico a você.

-Obrigado - disse Kennedy. – Há sempre rumores.

-Você por acaso tem alguém no Thorn Oil? – perguntou Harry sutilmente.

Kennedy pigarreou e riu.

-Absolutamente ninguém. Por quê?

-Por nada. Absolutamente nada. Aproveite o almoço.

-Obrigado - respondeu Kennedy. - Já não nos vemos nas reuniões de pessoal. Está em alguma missão secreta?

-Muito secreta - sorriu Harry agarrando Hermione na cintura. - Até mais tarde.

-Até mais tarde! - disse Kennedy avançando para o restaurante.

Hermione esperou estar no interior do carro para falar.

-Tudo o que contou é mentira. – ela observou.

-Kennedy tem a língua muito grande - respondeu Harry pondo o carro em movimento. - É melhor não dizer nada porque solta tudo. Com toda honestidade, ele é pior que Luna!

-Então tudo bem – disse ela, rindo. – Só estava pensando. Não é estranho que ele sempre aparece nos lugares onde sempre comemos?

-Muitos dos rapazes comem no mesmo lugar que nós – respondeu ele de forma preguiçosa. – Sabemos onde fica a boa comida.


-Realmente sabem – ela teve que admitir. – Aquele bife estava maravilhoso.

-Que bom que você gostou.

-Poderia fazer para você uma hora dessas – ela se ofereceu, e depois corou com o seu próprio atrevimento.

-Quando eu concluir este caso, você pode – disse ele de maneira afetuosa. – Enquanto isso, tenho muito trabalho a fazer.

Harry a deixou no escritório e Hermione estava tão feliz pensando em suas coisas que ao sair do elevador não se deu conta de que Brody estava diante e se chocou contra ele.

-Ai, perdão! - exclamou dando-se conta de que Cara estava a seu lado. - Olá - saudou-a ao parar para bater o cartão do ponto antes de entrar na área das baias.

Cara não era muito educada e se limitou a dedicar-lhe um frio olhar. Virou-se para Brody.

-Não entendo porque você não pode me fazer este favorzinho – ela murmurou. – Não estou freqüentemente te pedindo para fazer alguma coisa.

-É verdade, mas, querida, é um lugar estranho para deixar o carro. Há estacionamentos... - respondeu Brody.

-Meu carro é muito caro. A única coisa que peço é que me deixe entrar, só isso. – disse ela com uma certa raiva nos olhos escuros.

Hermione pôs os ouvidos em alerta enquanto fingia ter problemas para fichar. Cantarolou deliberadamente para si, embora não tão alto que não pudesse ouvir o que os outros estavam dizendo.

-As normas da companhia... - começou Brody.

-As normas, as normas! Você vai ser um executivo, não vai? Tem que pedir permissão para uma coisa tão insignificante? Ou será que não é homem o suficientemente para tomar uma decisão assim? – ela acrescentou com astúcia.

-Até mais tarde - despediu-se Hermione afastando-se lentamente. Estava curiosa para saber o que Cara queria.

-Suponho que por uma vez poderia fazê-lo - aceitou Brody. - Mas advirto que deixar o carro em um armazém é menos seguro que deixá-lo em um estacionamento privado.
Hermione sentiu que o coração pulava depressa.

-O seu seguramente é. Você tem um guarda armado, não tem? Além do mais, trabalho para uma subsidiária da Ritter Oil. Teria o direito de deixar meu carro quando viajo pela companhia.

-Tudo bem, tudo bem – disse Brody. - Amanhã de noite, a que hora?

-Às seis e meia - respondeu Cara. - Já será de noite então, assim dá duas piscadas de luzes para que saiba que é você.

Eles conversavam ainda, mas Hermione não teve mais remédio que afastar-se, porém já tinha escutado o suficiente. Tomou cuidado de não chamar Harry do escritório.

Precisaria esperar ansiosa até o fim do dia.

Brody passou em seu cubículo no final daquela tarde, enquanto ela ainda trabalhava.

-Posso ajudá-lo? – ela perguntou automaticamente, e sorriu.

Ele retribuiu o sorriso e parecia desconfortável.

-Na verdade, não. Só queria saber o que você achou do pedido que Cara me fez?

Ela lançou-lhe um olhar sem demonstrar interesse.

-Do pedido dela a você? – ela disse. – Sinto muito. Tinha acabado de voltar do almoço com Harry. – ela sorriu, suspirou e abaixou os olhos recatadamente. – Para falar a verdade, não estava prestando atenção em nada a não ser o relógio de ponto. O que ela pediu? – ela abriu bem os olhos e tinha uma expressão sem interesse.

-Não tem importância. Ela me telefonou e fez um comentário sobre você estar lá. Não é nada. Absolutamente nada.

Ela sorriu para ele.

-Gostou do concerto daquela noite?

-Gostei muito, apesar do fato de Cara ter ido ao banheiro feminino e não apareceu por uma hora. – ele balançou a cabeça. – Honestamente, aquela mulher é tão misteriosa! Nunca sei o que ela está pensando.

-Ela é muito decidida, não é?

-Muito – ele suspirou. – Pelo menos imagino que sim. Uma vez pensou-se em dispensá-la um ou dois meses atrás, porque ela perdeu um contrato. Engraçado que ela estava supostamente fora da cidade negociando, mas o cliente disse que nunca a tinha visto. O sr. Ritter convenceu-o a ficar, mas conversou com Cara sobre isso.

-Pode ter sido quando sua mãe estava doente? – ela perguntou.

-Sua mãe jamais esteve doente, pelo menos que eu sei – ele murmurou. – Ela se mudou do Peru para o México, mas você sabe disso. – ele pôs as mãos nos bolsos. – Cara quer que eu faça algo que não é muito aceitável, e estou nervoso com isso.

-Por quê, Brody? O que ela quer que você faça? – Hermione perguntou inocentemente.

Ele olhou rapidamente para ela, começou a falar, e então sorriu, envergonhado.

-Bem, não é nada, na verdade. Só um favor. – disse ele. – Você nunca me disse que seu namorado trabalhava no Departamento Antidrogas.

-Ele não faz alarde disso – ela gaguejou. – Faz muito trabalho secreto à noite.

Brody suspirou.

-Entendo. Bem, deixarei você terminar. Você e Potter agora parecem se dar muito bem – ele acrescentou. – Parecem passar muito tempo juntos.

-Não tanto quanto gostaríamos – disse ela. – E tenho um primo que vai passar alguns dias comigo, então passaremos muito tempo dentro do carro da companhia dando uns amassos.
Brody corou de verdade.

-Ah, sim. – ele olhou para o relógio. – Tenho um encontro com o vice-presidente encarregado do RH. É melhor ir andando. Te vejo mais tarde.

-Até mais tarde, Brody.

Ela ficou muito contente porque aprendeu a guardar o que sabia para si. O que a namorada de Brody deixara vazar era uma informação potencialmente explosiva, mesmo que fosse apenas circunstancial. Ela teria muito a contar a Harry quando o visse. Ainda por cima, encobrira Harry contando a Brody sobre o carro da empresa, e o fato de que passam um tempo à noite se agarrando em um deles. Ele ia se orgulhar dela. Ela sabia disso!



Obs: Ai está o capitulo 7 pessoal!!!Espero que tenham gostado. Quem sabe o capitulo 8 não vem ate sexta?hehehe....Bjux!!!!

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