Juntos Para Sempre



Abri as grandes portas da entrada do castelo e fixei os olhos na cabana do Hagrid. Estava tão perto. Era só atravessar os campos que me separavam dele. Não se vê ninguém, a não ser umas corujas que cruzam o céu em direcção ao Celeiro das Corujas. Agora, o que hei-de fazer? Voltar para trás e perder, de uma vez por todas, a oportunidade de ser feliz. Ou encará-lo e aceitar o seu perdão. Estou confusa, não sei o que fazer. Uma lágrima desce-me pelo rosto. Dentro do castelo começo a ouvir um murmurinho. Os alunos começaram a descer para tomarem o pequeno almoço. Não posso ficar ali, vou ser vista por todos.

Começo a descer as escadas. Sinto as pernas tremulas. A cada passo que dou o coração acelera e a respiração fica ofegante. Passo a passo vou-me aproximando da cabana. Com as costas da mão limpo uma lágrima, enquanto mantenho os olhos fixos na porta. A minha mente já não controla as pernas, estão a ser comandadas pelo coração. Subo os degraus da cabana e permaneço ali parada sem fazer nada. Levanto o braço e bato na porta. Fang começa a ladrar.

— Sth! Fang. Ainda acordas o Lupin. Vai para o teu cesto — era Hagrid que falava. — Coitado, teve uma noite terrível... — calou-se. Olhou-me da cabeça aos pés, admirado por me ver ali.

— Olá, Hagrid — falei para quebrar o gelo.
— Que faz aqui, professora Anderson? E nesses trajes? Onde passou a noite? — perguntava meio assustado.

— Para, Hagrid, chega de perguntas.

— Mas...

— Deixa-me explicar o que venho aqui fazer — disse-lhe. Fiz uma pausa e perguntei: — Posso entrar? Não é aconselhável que os alunos me vejam assim vestida.

Hagrid afastou-se da entrada e deixou-me entrar. Fang, levantou as orelhas e olhou para mim mas continuou deitado no seu cesto. A um canto da cabana, em cima da enorme cama do Hagrid, estava Remus a dormir. Estava pálido mas, ao mesmo tempo, sereno. Hagrid aproximou-se e disse:

— É o Lupin. A professora deve lembrar-se dele?

— Sim... — respondi sem desviar os olhos de Remus.

— Não quer tomar um chã? Ia agora tomar um — disse-me enquanto se dirigia para a mesa e pegava na chaleira com a água a ferver. — Ainda não deve ter tomado o pequeno almoço.

— Ainda não teve tempo. E aceito uma chávena de chã, estou gelada. — disse enquanto me sentava à mesa.

— Se me permite a pergunta: Por onde andou, para ainda estar assim vestida?

— Foi até à torre de astronomia, durante a noite. Gosto de apreciar a lua quando esta cheia — acrescentei quando reparei na admiração de Hagrid. — E acabei por adormecer.

— Então o que veio aqui fazer?

Não lhe respondi. Não lhe podia dizer o verdadeiro motivo da minha deslocação à sua cabana. De olhos baixos, bebia o chá. Hagrid olhava para mim à espera de uma resposta. Ouvi Remus a mexer-se na cama, deu um pequeno ronco e voltou a ficar quieto. Como eu queria estar perto dele. Olhei para trás só para ver como estava. Hagrid também olhou.

— Coitado. Está muito cansado, uma noite muito agitada. Não queria o azar dele. Nem o desejo a ninguém. Ele não merecia uma coisa destas. É muito bom homem, o Lupin. Muito bom homem.

Hagrid olhava novamente para mim. Ainda esperava a resposta à sua pergunta. Tinha que lhe responder qualquer coisa. — Precisava de sossego. Queria ficar sozinha. No castelo não consigo isso. São os alunos, a correrem de um lado para o outro; os fantasmas, que surgirem do nada; Peeves, que ultimamente deu para implicar comigo... Só não sabia que estavas ocupado...

— Oh! O Lupin não acorda tão cedo. Pode ficar o tempo que quiser. Tenho que sair e só pretendo voltar ao cair da noite. Só lhe peço que não o acorde — disse acenando com a cabeça na direcção de Remus. — Levo o Fang comigo para que não faça barulho.

— Obrigado, Hagrid. Só te peço um favor, diz ao director onde estou, mas só a ele.

— Pode ficar descansada, professora — disse enquanto se dirigia para a porta. Pegou no arco, nas flechas e abriu a porta. — Anda Fang. Até logo professora.

— Até logo — respondi-lhe quando fechou a porta.

Ainda tinha a chávena do chá na mão. Finalmente. estava sozinha com ele. Mas, por incrível que pareça, não tinha coragem de me aproximar. Depois de estar tão perto, só queria estar longe. Meti a mão no bolso do robe, peguei na carta que ele me escreveu e voltei-a a ler. Duas lágrimas corriam-me pelo rosto. O que poderia fazer agora. Voltei a ouvir movimento na cama mas desta vez não olhei.

— Mary... Mary... — murmurou o meu nome. Estará a sonhar comigo? — Perdoa-me Mary... Amar-te-ei para sempre...

Era comigo que ele sonhava. Com a carta que ele me escreveu. Fixei os olhos no final da carta e reli a última frase: "Amar-te-ei para sempre." Levantei-me e aproximei-me da cama. Ele dormia profundamente. Coloquei-me de joelhos aos sei lado e fiquei a vigiar o seu sono. Com a mão acariciava-lhe a cabeça, enquanto lhe alisava os cabelos. Deixei-me sentar sobre as pernas, deitei a cabeça sobre o braço e deixei-me adormecer.

Acordei com um agradável cheiro a ovos e salsichas fritas. Não sei quanto tempo esteve a dormir. Ainda estava no chão mas estava coberta com um manto. Olhei para a cama e não o vi. Ergui a cabeça de repente. Para onde terá ido?

— Bom dia, dorminhoca — disse com um sorriso. — Espero que tenhas dormido bem. A noite foi longa para nós os dois.

Não lhe respondi. Continuava sentada no chão de olhos fixos nele. Ele não ligou e continuou de volta da lareira. Em cima da mesa estavam dois pratos e duas chávenas. Remus aproximou-se com uma frigideira da mesa e colocou salsichas e ovos nos pratos e eles ficaram a fumegar. O delicioso perfume da comida entrou-me pelas narinas e a minha barriga roncou. Estava com fome. Depois, de colocar tudo sobre a mesa, aproximou-se de mim. Estendeu-me a mão para ajudar-me a levantar.

— Espero que tenhas fome. Eu estou esganado com ela — disse enquanto nos dirigia-nos para a mesa.

Esbocei um sorriso. Remus sempre conseguiu por toda a gente a sorrir com a sua maneira de falar. Sentei-me à mesa e ele serviu-me um chá. Sentou-se à minha frente, serviu-se de chá e cheirou a comida.

— Bom apetite. — disse enquanto atacava a comida, por assim dizer.

Não mexi no meu prato, não por não ter fome mas por estar de olhos fixos nele. Comia com vontade. A transformação em lobisomem era dolorosa, exigia muito esforço. Uma refeição, depois de uma longa noite, deve saber bem. Peguei no garfo e comecei a mexer na comida sem levar nada à boca. Na minha mente tornava a aparecer a noite em que nos separamos e uma pergunta estava presa na garganta.

— Porque me abandonas-te naquela noite? — deixei escapar. Não olhava para ele mas pressentia que me olhava fixamente. — Porque não acreditas-te em mim? Eu estava inocente, sabias.

Remus permanecia calado. Aquele silêncio começava a incomodar-me. Queria uma resposta. Queria saber o motivo que o levou a afastar-se à vinte anos atrás. Queria sobretudo saber se ele merecia todo o meu sofrimento... Continuava a olhar para o prato, perdi por completo a fome. Tinha-me arrependido de ter ido à procura dele. Levantei-me da cadeira e dirigi-me para a saída.

— Não lês-te a carta que te deixei esta manhã? — disse de repente.

— E o que tem a carta a haver com a pergunta que te fiz? — disse-lhe, virando-me para ele com a voz alterada.

"Amar-te é proteger-te", não era o que eu te dizia na carta. "Perdoa-me Mary, é tudo o que te posso pedir. O teu perdão e mais nada... mas quero que fiques a saber de uma coisa: Amar-te é proteger-te..." — enunciava o que estava escrito na carta. — Não queria que viesses a sofrer por minha causa...

— Mais do que eu sofri?! — interrompi-o. — Tu não entende o que passei por tua causa. E agora chegas passado vinte anos, deixa-me uma carta. E queres que com-preenda que fizes-te isso tudo só para me proteger!

Remus aproximou-se de mim. Tentou colocar a mão no meu ombro mas eu afastei-o. Estava revoltada com ele. Precisava de dizer tudo o que guardei dentro de mim durante todo este tempo.

— Mary eu só te queria proteger. Podia ser perigoso para ti continuares comigo. Naquele momento só pensei no teu futuro. Irias ser desprezada por estares a viver com um lobisomem. Ainda há quem despreze os lobisomens e quem os rodeia.

— Estava pronta a enfrentar tudo e todos — disse com voz emocionada. Duas lágrimas desciam-me pelo rosto. — Eu aceitei-te mesmo a saber que eras diferente...

Os lábios de Remus abafaram-me delicadamente as palavras, ao pousarem nos meus. Os braços de Remus prendiam-me, formando uma prisão deliciosa, enquanto as minhas mãos começavam a acariciar-lhe o rosto para, depois, deslizarem para o pescoço. Eu oferecia-lhe o meu aos seus beijos.

Há quanto tempo não sentia a doçura de uma pele contra a minha? Há quantos anos não sentia a respiração de um homem no pescoço? Os nossos corpos deixaram-se cair sobre a cama de Hagrid, entregando-se um ao outro numa febre intensa de carícias. As nossas mãos exploravam febrilmente os corpos, debaixo das roupas.

De súbito, senti um ar fresco percorrer-me os seios, segundos antes de Remus mos beijar e mordiscar com uma ternura e delicadeza avassaladoras. O beijo que me tinha dado, deixou-me tão atordoada, que nem sequer dei conta que Remus me tinha tirado o robe e baixado as alças da camisa de noite. As nossas mãos juntaram-se num gesto crispado... até se agarrarem. Os dois explorávamos os corpos numa febre frenética. Na penumbra daquele canto da cabana, ofereci-me a Remus sem receios, perdida de desejo e paixão.

Voltei a ser uma jovem cheia de desejo, cheia de um desejo que queria ser liberto. Remus beijava-me o corpo sem pudor. Sem receio de vir a sofrer outra vez, entreguei-me aos seus beijos. Sentia que ele também ardia de desejo, o seu membro crescia duro e com vigor, podia-o sentir contra a mima coxa. Com uma mão arrancou-me as cuecas, e acariciava-me a as partes intimas. Com os joelhos abriu-me as pernas e colocou-se entre elas. Deu-me um beijo selvagem e arrebatador na boca e, sem pedir licença, penetrou-me com força. Senti dor, contorci o rosto mas Remus deu importância e continuou a entrar e a sair de dentro de mim com vigor.

Estava a ser possuída com brutalidade e estava a gostar. O meu corpo queria ser dominado de uma forma selvagem e sem regras. Só queria sentir aquele prazer oferecido pela pessoa amada. E, como tudo começou, de repente acabou, quando atingimos o auge ao mesmo tempo e gritamos cheios de prazer.

Permanecemos deitados, de frente um para outro. Remus envolvia-me com os braços e dava-me pequenos beijos nos lábios. Encostei a minha cabeça à sua, sentia os olhos húmidos, estava prestes a chorar de alegria. Finalmente, tinha o homem que amava, de novo, nos meus braços. Agarrados um ao outro, com medo que um de nos se afastasse novamente, acabamos por adormecer. Permanecemos na cabana do Hagrid todo o dia sem a preocupação de sermos apanhados.

A partir daquele momento começamos uma nova vida. Decidimos enfrentar tudo e todos sempre unidos. Decidi aprender, junto de Snape, a poção Wolfsbane para o ajudar nas noites de lua cheia. E, por mais complicada que ela fosse, consegui realiza-la com sucesso. Mas eu agora não estava sozinha, desde daquele dia na cabana do Hagrid, que um novo ser crescia dentro de mim...



Fim

N.A.: A fic está terminada, espero que tenham gostado de a ler, tanto como eu amei escrevê-la. Espero os vosso comentários. Eles serão uma ajuda para escrever, talvés, uma continuação. Comentem, por favor!!!

Querem saber como Mary e Remus se conheceram? Como começaram o namoro e como se reencontraram passadps os vinte anos? Tudo explicado ao pormenor na ficA Pedra Negra, já publicada aqui no Floreiros e Borrões. Não percam!!!

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