O Presente de Aniversário

O Presente de Aniversário



Tinha combinado encontrar-me com Remus na sala dos trofeus naquela noite. Disse-me que tinha preparado uma surpresa; algo que jamais iria esquecer por toda a minha vida. Desde que tinha feito dezassete anos que só pensava numa coisa: entregar-me ao homem que amava. E, no início do sétimo ano, aconteceu o que eu mais desejava.

Estava distraída a observar os trofeus, que nem dei conta de que alguém se aproximava. Remus estava, de braços cruzados, encostado aos pilares da porta, a observar-me em silêncio. Eu continuava sem dar pela sua presença, entretida a observar os trofeus.

Atrás de mim, oiço um murmúrio: — Orchideous! — Viro-me e sou presenteada com um lindo ramo de flores silvestres. Remus sorria, oculto pela imensidão de flores. Peguei no ramo e cheirei-o. Agarrou-me pela cintura e beijou-me com fulgor, com desejo, que quase me deixou sem fôlego.

— Demorei? — sussurrou ao meu ouvido.

— Não — respondi-lhe ao seu. Com o braço, livre abracei-lhe o pescoço e de olhos postos nos dele, murmurei: — Obrigado pelas flores.

Sorriu e voltou a beijar-me intensamente. As línguas percorriam todos os recantos das nossas bocas. Deixei cair o ramo ao chão, pôs o outro braço sobre o seu pescoço apertei-o mais contra mim. Queria sentir o seu corpo, escondido por debaixo das roupas. Ele agarrou-me, mais firmemente pela cintura, e continuou a beijar-me. Éramos um só, nada existia à nossa volta.

Ainda a beijar-me, colocou uma das mãos na minha cara e deslizou-a pelos meus cabelos. Abandonou a minha boca e pôs-se a beijar-me o pescoço. Eu inclinava a cabeça e ele ia descendo. Estava prestes a explodir com o delírio que os seus beijos provocavam.

Ainda agarrado a mim, passou a mão sobre o vestido que trazia debaixo do manto da escola e no meu peito encontrou o fio que continha na extremidade a pedra que me oferecera. Colocou-a na palma da mão, fechou os dedos sobre ela e acariciou-a. Depois, olhou-me nos olhos e comentou:

— Ainda andas com ela?

— Nunca a tirarei de perto do meu coração...

Remus, silenciou-me com outro beijo. Comecei a percorrer com as mãos o seu corpo. Queria mais, muito mais do que simples beijos — mesmo que ardentes. Remus parecia compreender pelos meus gestos o que eu queria. E também ele, começou a percorrer com as mãos o meu corpo, enquanto me beijava. Acariciou-me um dos seios e eu estremeci. O beijo tornou-se mais intenso. Queria mais, muito mais...

Ao longe outro uivo. Foi acordada do meu transe. Tinha o robe aberto. Com uma mão acariciava o peito e com a outra fazia deslizar os dedos pelos cabelos. Outro uivo... Estava cheia de desejo. Debaixo da camisa de noite, encontrei a pedra que Remus me dera. Uma pedra que outrora fora transparente como pequenas lagrimas mas agora se encontrava negra com a noite. A olhar para ela, uma teimosa lágrima descia pelo rosto. Limpei-a com as costas da mão e fixei os olhos na lua. Fechei os olhos e voltei a sonhar com aquela noite.

— Anda comigo — disse-me.

— A onde? — perguntei.

— Quero dar-te o teu presente de aniversário, embora atrasado! — disse enquanto me puxava para fora da sala dos trofeus.

Não perguntei mais nada. De mãos dadas percorremos os corredores escuros do castelo sempre atentos a qualquer movimento, não fosse o Filch aparecer ao dobrar de uma esquina ou a sua irritante gata, Mrs. Norris. Remus puxava-me, parecia que tinha presa de chegar ao destino. Começava a reconhecer o percurso. Então, perguntei-lhe:

— Vamos para a torre de astronomia?

Ele nada disse. Continuamos a andar e eu interpretei o seu silencio como um sim. Passado alguns minutos, obtive a resposta à minha pergunta. Estávamos a entrar na sala de astronomia. Remus pegou-me nos braços, dei-me um leve beijo e levou-me para a pequena varanda onde estudávamos os astros com os telescópios. Fiquei surpresa com a sua atitude, ele apenas sorria. Colocou-me no chão, voltou a agarrar-me pela cintura e murmurou:

— Parabéns! — dirigiu-se à minha orelha e beijou o lóbulo. — Espero que gostes do que te preparei.

— O quê?! — perguntei com espanto. Não havia nada que podesse ver.
Remus, pegou na varinha e murmurou: — Orchideous! — a varanda ficou cheia de flores. Sentia-se no ar um agradável cheiro a jasmim. Beijou-me novamente os lábios, fez aparecer várias velas no ar e voltou a murmurar: — Incendio! — e as velas ficaram acesas.

— Remus, ainda vamos ser apanhados! — voltou a calar-me com um beijo. Adorava ser calada com beijos.

— Agora, o mais essencial — murmurou ao meu ouvido.

O que é que ainda faltava? Não entendia nada. Ainda com um braço à volta da minha cintura, apontou a varinha para o meio das flores e, logo de imediato, apareceu uma cama dossel, com lindas cortinas brancas transparentes que esvoaçavam sabor do vento. Sobre ela uma colcha, lençóis brancos e umas grandes almofada da mesma cor.

Com admiração, olhei para ele. O que pretendia com tudo aquilo? Remus continuava a trabalhar com a varinha. Noutra extremidade da varanda fez aparecer uma mesa redonda com uma garrafa de champanhe, dentro de um balde de gelo, e ao lado duas taças altas que brilhavam à ténue luz das velas.

— Um presente da Lily e do James — disse a sorrir.

— Para o que é tudo isto? — perguntei.

— Para aquilo que sempre desejas-te — disse maliciosamente.

Senti-me corar. Fiquei envergonhada com o seu comentário. Baixei a cabeça, encostei-a ao seu peito e sorri timidamente. Remus pegou no meu queixo com a mão beijou-me os lábios e a olhar-me nos olhos voltou a murmurar:

— Se não estiveres preparada, eu compreendo.

Remus sempre respeitou a minha vontade, nunca me forçou a nada e, perante aquilo tudo, não sabia como reagir.

— Não é isso... — deixei escapar. Pôs a mão sobre a minha cabeça e eu encostei-a, de novo, ao seu peito. — Tenho medo...

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