A Solução do Enigma



Remo Lupin, que estava ao lado de Quim, apontou a varinha para Snape que fez o corpo do bruxo levitar alguns centímetros do chão. Ainda apontando a varinha para ele, Lupin conduziu o corpo para dentro da Toca, sob o olhar de todos os presentes. Quando entrou na casa, todos queriam entrar para ver, mas a sra. Weasley impediu que entrassem.

- Molly, acho que o Harry tem o direito de entrar. Afinal, foi ele quem viu Snape matando Dumbledore... – argumentou Lupin, quando a sra. Weasley recusou o pedido de entrada de Harry. Ela olhou em dúvida para Lupin, mordeu os lábios, e fez um gesto para que Harry entrasse. – Hagrid, por favor, fique aí fora e não deixe que ninguém entre: acho que não há muito espaço para todos nós aqui dentro, certo? – pediu Lupin, com o que Hagrid concordou. Depois, fechou a porta e lacrou com um feitiço.

Eles tinham esvaziado a sala e amarraram o corpo de Snape numa cadeira de espaldar reto feita de ferro. Harry percebeu que Quim segurava tanto a própria quanto a varinha de Snape.

- Arthur, você tem Veritaserum? – perguntou Moody, agressivamente, mancando com sua perna de madeira.

- Não, suponho que não. – lamentou o sr. Weasley.

- Eu posso trazer lá de Hogwarts, se é o que precisa, Alastor – falou uma voz conhecida de Harry: Horácio Slughorn estava na Toca e Harry nem tinha reparado (o que era um grande feito, pois o professor ocupava um grande espaço).

- Sim, Horácio, por favor.

Slughorn murmurou um encantamento com a varinha, apontando para a própria mão, e um frasco de um líquido transparente se materializou em sua mão. Ele o entregou a Moody, que desarrolhou e cheirou.

- Podemos começar? – perguntou.

- Claro, claro... – murmurou Minerva McGonagall, outra que Harry não tinha notado.

Moody apontou a varinha para a garganta de Snape e murmurou um feitiço que Harry ainda não conhecia.

- Para desobstruir a garganta. Ele pode ter lacrado para que não bebesse a poção. – informou.

Ele abriu a boca de Snape e derramou três gotas da poção. Após tê-lo feito, McGonagall se aproximou e apontou sua própria varinha para ele. Todos a imitaram e Moody murmurou:

- Enevarte!

A cabeça de Snape se levantou, confusa e lentamente, e ele olhou para todos os presentes.

- Como você se atreve a aparecer aqui depois de tudo o que fez, Snape? – exasperou-se a sra. Weasley.

- Calma, Molly. – acalmou-a Lupin.

- Vim provar que sou inocente. – afirmou Snape.

- Inocente? Inocente? - agora foi a vez de McGonagall exaltar-se. – Você matou Alvo Dumbledore! Você traiu a confiança ilimitada de Alvo por você!

- Matei, sim. – confirmou ele. – Mas não, não traí!

- Não! É assim que provamos ser dignos de confiança: matando aquele que sempre nos defendeu, certo? – irritou-se Harry.

- Potter, não fale sobre o que você não sabe. Eu matei Dumbledore, sim. Usei a Avada Kedavra nele. Mas ele quem pediu!

- Mentiroso! Eu estava lá, Dumbledore suplicou que você não...

- Perdesse o meu papel de Comensal!

- Não, ele suplicou que você não o matasse! Eu vi, Snape!

- Há mais coisas além do mundo visual em que você se prende, Potter.

- O que você está querendo dizer? – exigiu saber Moody.

- Que, caso vocês não lembrem, Dumbledore e eu somos excelentes Legilimens.

- Moody, você tem certeza de que a Veritaserum entrou? – perguntou Tonks.

- Sim... Claro...

- E ela estava em perfeito estado, eu garanto. – disse Slughorn.

- Conte sua história, Snape. – falou McGonagall.

- No ano passado, Dumbledore me contou sobre seus planos. Falou sobre os assuntos das aulas particulares de Potter, e insinuou que ele estava correndo um perigo muito maior do que era possível imaginar. E disse para mim que, de maneira alguma, eu deixasse de cumprir meu papel de espião.

“Eu contei para ele sobre o meu Voto Perpétuo com Narcisa Malfoy, no qual eu deveria ajudar Draco na missão dele e realizá-la se ele não fosse capaz disso. Então, ele disse que de maneira alguma eu deixasse de cumprir o voto, pois ele não queria de jeito algum que eu perdesse o disfarce, porque era muito importante ter alguém para informar os planos do Lord das Trevas.

“Foi quando tivemos nossa discussão. Eu não queria ter de ser o provável assassino de Dumbledore, e não queria de jeito nenhum perder a pessoa que mais defendeu sua confiança em mim. Mas ele insistiu que eu deveria fazer o que ele mandava, ou estaria tudo perdido. Eu não respondi e fui pra minha sala.

“Então, chegou a noite. Flitwick apareceu em minha sala totalmente desesperado, e me contou tudo o que estava acontecendo. Eu logo entendi tudo, e percebi que Draco tinha conseguido trazer os Comensais para dentro do castelo, mesmo eu tentando impedi-lo durante todo o ano. Tive de estuporar Flitwick, porque ele não iria entender nada da história quando eu matasse Dumbledore, tal como as srtas. Granger e Weasley, então, para distraí-las e impedir Flitwick de estragar tudo, estuporei-o e comuniquei às duas garotas que ele estava desmaiado.

“Corri para o sétimo andar e vi que havia alguns aurores tentando subir na Torre de Astronomia, mas não conseguiam. Entendi que apenas quem possuísse a Marca Negra poderia subir as escadas. Atravessei e subi na torre. Encontrei vários Comensais lá. Percebi então o que eu teria de fazer assim que Amico me falou que tínhamos um problema: eu teria de cumprir o Voto Perpétuo, porque Draco não parecia capaz de matar Dumbledore e eu jurei ajudá-lo. Mas eu não queria de jeito algum, minha mente se confundiu absolutamente, e acho que Dumbledore percebeu, usou a Legilimência e entrou em minha mente. Foi então que ele me chamou pela primeira vez, suplicando.

“Não agüentei ouvir aquela voz pedindo que eu fizesse o que eu menos queria fazer na vida. Então, eu usei a legilimência e entendi tudo: Dumbledore havia bebido uma poção que, de qualquer maneira, iria matá-lo. Ele colocou a imagem em sua mente e me chamou a atenção para que percebesse isso. Então, novamente ele suplicou a mim que eu o matasse, que eu não perdesse o disfarce, que eu acabasse com tudo aquilo, pois se eu não o fizesse, não só Dumbledore morreria, mas eu também. Nunca senti tanto ódio de estar ali, de ter que fazer o que eu ia fazer, de Voldemort por me colocar naquela situação repugnante. Apontei a varinha e usei a Avada Kedavra.”

Todos olharam perplexos para Snape. A sra. Weasley e a Profª. McGonagall tinham lágrimas no rosto. Snape parecia tê-las também.

- Então é por isso... – sussurrou Harry, mais para si mesmo que para os outros.

- Como, Harry? – perguntou Lupin.

- Dumbledore... Quando voltamos da caverna... Dumbledore só queria que alertassem Snape... Eu falei que ia chamar Madame Pomfrey, mas ele disse que não, que eu chamasse Snape... Foi por isso, ele já tinha falado com Snape, e se Snape não cumprisse o Voto, ele e Dumbledore morreriam...

- Finalmente sua mente preguiçosa se pôs para trabalhar, não, Potter? Vejo que a morte de Dumbledore foi um progresso para seu cérebro.

- E como você prova que não está mentindo, Snape? – questionou Tonks.

- Bem, vocês me deram a Veritaserum, não? E quem mais além de Potter pode confirmar?

- Eu? – assustou-se Harry.

- Quem além de você pode dizer que eu realmente cumpri a vontade de Dumbledore? Vocês foram para a caverna e lá Dumbledore bebeu uma poção que o estava matando e torturando, não?

- Sim, mas...

- Ele, como você viu, não podia ter me dito isso se não pela mente, não? Ele não sabia que iria encontrar isso lá, sabia? E o Lord das Trevas também não poderia ter me dito, pois não sabe ainda que Dumbledore foi até lá.

- Mas... Você pode ter lido a mente dele e só! Ele não pediu para morrer! – retrucou Harry.

- Dumbledore é um excelente Oclumente, Potter... Acho que ele não iria deixar alguém que estava prestes a matar ele e, supostamente, a trair sua confiança lê-la para contar ao seu adversário.

Todos continuaram perplexos. Não conseguiam acreditar naquilo. Apesar de ser muito coerente, não podiam se deixar enganar mais uma vez pelo mesmo homem.

- Por que Dumbledore confiava em você? – disparou McGonagall.

Os olhares, que voaram para McGonagall, saltaram em acusação para encarar Snape. Este olhou diretamente nos olhos de Harry, sua expressão indecifrável, as linhas duas de seu rosto muito definidas.

- Porque, se eu não fosse fiel a ele, já teria morrido.

- Morrido? – exclamou Tonks.

- Na noite em que eu retornei para Dumbledore, o máximo arrependido que eu poderia estar em toda a minha vida pelo que eu tinha feito, eu quase obriguei Dumbledore a travar um Voto Perpétuo comigo, que eu sempre seria fiel a ele, que eu não trairia a confiança dele e que eu estava realmente arrependido pelo que fiz. Ele, depois de relutar muito, aceitou, e nós o fizemos. Foi mais um motivo para a discussão que tivemos ano passado. Dumbledore disse que, se eu não fizesse o que ele dizia, acabaria morrendo também, o que seria uma enorme perda para a Ordem.

- Você e Dumbledore... Fizeram um Voto Perpétuo? – gaguejou Lupin.

- Dumbledore não queria, confiava em mim plenamente, disse que podia ler o meu arrependimento nas linhas do meu rosto. Mas eu insisti, para provar que sou leal. Tive muito receio de matá-lo naquela noite, também porque o feitiço poderia interpretar que eu estava traindo ele. Tive receio, também, quando travei o Voto com Narcisa.

- Eu acredito em Severo. – confirmou Lupin, contornando a sala e indo pro centro, ficando ao lado de Snape.

- Remo... – alertou Moody.

- Eu acredito nele, Alastor. Não acho que Dumbledore se deixaria enganar tão facilmente. E mais, ele viu o local onde Dumbledore e Harry estiveram, e tenho certeza que Dumbledore não o deixaria se visse que estava sendo traído.

- Eu também acredito. – aderiu Tonks, postando-se ao lado de Lupin.

- Eu também. – disseram Slughorn e Quim.

Harry olhou para os lados. McGonagall tinha lágrimas nos olhos e parecia conflitar internamente sobre acreditar ou não em Snape. A sra. Weasley estava de boca ainda aberta, e Harry podia ouvir sua mente trabalhando com força para decidir-se.

- Eu acredito nele. – disse Arthur Weasley, e largou o ombro da esposa, postando-se ao lado de Snape. Este continuava amarrado na cadeira de ferro, sério.

- Arthur... – choramingou a sra. Weasley. Levou as mãos ao rosto, tapando a boca e o nariz, as lágrimas agora escorrendo pelo seu rosto enrugado, borrando sua maquiagem.

- Eu concordo com Lupin, querida. Dumbledore não se deixaria enganar tão fácil!

- Mas... Mas... Dumbledore já errou, Dumbledore era humano!

- Creio que nisso ele não errou, Molly. – argumentou Lupin.

- Eu acredito nele. – decidiu-se Harry.

Fez-se silêncio absoluto na sala, os soluços da sra. Weasley pararam instantaneamente, e todos se voltaram para ele. Snape fechou os olhos.

- Ele não poderia estar mentindo. Ele tomou a Veritaserum. Ele viu onde eu e Dumbledore estivemos, e eu vi que Dumbledore não falou nada para ele. Não tinha como ele saber sobre a Poção. Eu acredito em você, Snape.

- Potter... – murmurou McGonagall. O olho mágico de Moody deu voltas de trezentos e sessenta graus. McGonagall chorou.

- Professora, ele não está mentindo. Dumbledore confiava nele! Você acha que o professor Dumbledore iria se deixar enganar assim? Deixar alguém matá-lo, assim? Eu sou uma prova de que Dumbledore já errou, sim. Mas acho que, nesse caso, ele estava correto.

McGonagall soltou um soluço particularmente alto. Depois abraçou Harry, e este sentiu as lágrimas derramarem pelo seu ombro.

- Todos aqui estão com o Harry e os outros? – perguntou Lupin.

- Estamos. Se o Potter acredita... – respondeu Moody e todos concordaram.

- Finite Incantatem! - Lupin apontou a varinha para as cordas de Snape e elas desapareceram. Este abriu os olhos, que estavam cheios de lágrimas. Era a primeira vez que Harry presenciava Snape chorando. Ele se levantou e McGonagall o abraçou, aos soluços.

- Obrigado por confiar em mim, Potter. Apesar de ser tolo como é, finalmente reconheceu uma causa verdadeira. Mostra que está crescendo.

- Severo! – Lupin abriu os braços para abraçar Snape. Snape pareceu refletir por um instante. Harry sabia o porquê: Snape sempre odiara Lupin. Mas pareceu esquecer o ódio antigo e abraçou-o.

Todos admiraram o avanço na relação dos dois ex-inimigos. A sra. Weasley desabava no choro, apoiando-se no busto do marido. McGonagall chorava silenciosamente, em pé, atrás de Lupin. Quando este saiu do abraço, foi a vez de McGonagall abraçar Snape.

- Severo... Tanto ódio nos consumiu durante esse tempo que você esteve fora... Só pensávamos em como nos vingar... E durante todo esse tempo você só estava fazendo o que Dumbledore desejava... Severo... – ela derramava suas inúmeras lágrimas nas vestes negras de Snape. Snape, por sua vez, ainda tinha lágrimas nos olhos. Algumas desciam correndo pelas linhas de seu rosto e desabavam no chão.

Depois de abraçar grande parte dos bruxos presentes, Snape pegou a própria varinha com Quim, que a estendeu, e abraçou o bruxo também.

- AGORA EU VOU MATAR VOCÊS TODOS! Brincadeira! Calma! – riu-se ele e todos caíram na gargalhada junto com ele. Moody foi o único que não riu: continuava receoso em acreditar fielmente em Snape.

- Agora, deixem-me explicar como cheguei aqui, para que não haja confusão. Quando cheguei no esconderijo do Lord das Trevas, ele primeiramente castigou Draco. Depois de castigá-lo, me chamou e me passou a missão de voltar para vocês e convencê-los de que eu sou fiel a Dumbledore. Vejam bem: se eu estivesse mentindo sobre minha fidelidade, eu não estaria dizendo isso, estaria? – lembrou, pois todos fizeram uma expressão de incredulidade no rosto.

“Bom, ele quer que eu volte a Hogwarts e passe informações da Ordem para ele. Claro que não passarei as verdadeiras, continuarei com aquele papel antigo. Mas uma das partes eu vou ter que cumprir: Em no máximo sete meses, terei de levar Potter vivo para que o Lord das Trevas o destrua. Fiz um Voto Perpétuo com ele sobre isso, então terei de cumpri-lo. Claro que eu corro riscos: primeiro, porque eu levarei Potter para destruir o Lord, não o contrário. Segundo, porque talvez Potter e seus amigos talvez não consigam realizar a missão passada por Dumbledore em sete meses.

- Para onde ele quer que você me leve? – perguntou Harry.

- Ele ainda não informou. Mas garanto que assim que ele me informar, avisarei toda a Ordem, como fiz há um ano, para que possamos armar estratégias no lugar.

- Precisa nos dizer alguma coisa mais, Severo? – perguntou Arthur. – Os convidados estão lá fora até agora, sem entender bulhufas.

- Não, acho que não. Agora, Potter, terei novamente de ensiná-lo Oclumência.

- Quê?! - assombrou-se Harry. A lembrança de Snape invadindo sua mente constantemente ainda ardia em sua cabeça.

- Potter, são as duas coisas mais importantes que você precisa aprender: Feitiços Não-Verbais e Oclumência. Dumbledore, antes de morrer, implorou que, quando acontecesse, eu superasse as nossas diferenças e o ensinasse Oclumência. Se você não aprendê-la, não terá nem chance de enfrentar o Lord das Trevas!

- E para quê preciso dessa Oclumência? Ele mesmo não está bloqueando a mente dele contra mim?

- Mas, sem a Oclumência, ele saberá todos os feitiços que você lançar no duelo final. Quando você tentou me enfeitiçar enquanto eu fugia, lembra-se que eu rebati todos os seus feitiços? Previsíveis!

Harry olhou para os próprios pés, incrédulo. Mas pensou: se ia ter que lutar contra Voldemort, em sete meses, teria que usar o máximo possível de sua capacidade para derrotá-lo.

- Quando começamos?

- Assim é que se fala, Harry! – alegrou-se Tonks.

- Se você quiser, hoje mesmo.

- Hoje? - exclamou. – Certo. Hoje, depois do casamento. Mas... E quando eu partir?

- Irei com você, por um tempo. Até que você aprenda os feitiços não-verbais e a Oclumência. Agora, creio que já sabe aparatar, não?

- Sim, mas o Ministério...

- Não importa o que o Ministério faça. Por falar nisso, nem sei como vou me justificar para o Ministério, duvido que aquele Scrimgeour vá acreditar numa só palavra minha, doido que está para apanhar qualquer Comensal que seja.

- É verdade, como faremos para inocentar Snape? – perguntou Slughorn.

- No momento, isso não é tão importante. Eu viajarei com Potter, de qualquer maneira, então...

- Certo. Durante sua ausência, nós decidimos o que contar. – falou McGonagall. – Agora, vamos todos sair. Aos presentes, diremos que era uma pegadinha do Lord das Trevas, e que era melhor que todos fossem embora, pois ele sabia que estavam todos ali.

- Ok. – concordaram Tonks e Moody, abrindo a porta da frente da casa. Harry ouviu a voz de Moody contando a todos sobre a mentira de McGonagall. Podia distinguir o choro contínuo de Fleur: o casamento da moça fora estragado com esse aparecimento repentino de Snape.

Quando Harry saiu de dentro da casa, viu os convidados se preparando para irem embora. Fleur estava sentada ao lado do bolo de glacê branco(que tinha três andares e um casal em cima de uma vassoura no topo). Gui foi até a esposa, apanhou-a no braço, e disse:

- Vamos, flor! Nosso casamento não se estragou, nós dissemos o “Sim” e agora teremos nossa noite de núpcias! Vamos! Accio Vassouras!

Fleur sorriu para Gui, que retribuiu, segurando sua vassoura, que chegou voando ao seu lado.

- Vamos, então? – pediu ele.

- Sim, meu amor-r, sim! – aceitou ela.

Os dois subiram, cada um em uma vassoura, e acenaram para os que estavam no jardim. Três segundos depois, os dois saíram do chão e voaram para longe, dois pontos voadores no céu azul. A sra. Weasley, que ainda tinha lágrimas nos olhos, desabou a chorar novamente.

- Adeus, querido! – choramingou ela.

À medida que os convidados iam embora, até que só sobraram os Weasley, Hermione e o pessoal da Ordem no jardim, a sra. Weasley secou as lágrimas e começou a chamar os presentes para arrumar a bagunça no jardim.

- Oh, não, você não, Harry. Precisará de força esta noite. Vamos, entre e vá descansar. Sua mente tem que estar vazia, meu querido.

Harry concordou e entrou na Toca. Lá dentro, avistou Snape discutindo planos na mesa da cozinha com os outros membros da Ordem. Quando passou, todos voltaram seus olhares para ele. Harry andou rápido para tirar esses olhares de cima dele e subiu para o quarto de Rony, onde estava sua cama.

Quando entrou no quarto, estava tudo escuro. Apontou a varinha para uma vela ao lado de sua cama e murmurou “Incendio” e, do pavio da vela, uma chama brotou. Sentou-se na cama e apoiou a própria cabeça nas mãos. E se Snape estiver mentindo?, uma voz falou dentro de sua cabeça. Foi você que fez todos eles acreditarem nele. Será culpa sua se todos forem enganados!

Ele é fiel a Dumbledore., murmurou outra voz dentro de sua cabeça, uma voz mais firme, mais encorajadora. Agora, esvazie sua mente.

Harry tentou esvaziar sua própria mente, tentou esquecer de todos os acontecimentos do dia, de como iria se despedir, do aparecimento de Snape na casa. Era tão difícil!

- Potter! – uma voz grave chamou por seu nome lá debaixo. Harry abriu a porta e viu Moody ao pé da escada. – Severo está esperando.

- Estou indo. – respondeu Harry e seu estômago deu uma cambalhota: não estava pronto para ter sua mente invadida. Desceu a escada torta e deparou com a mesma sala vazia que foi usada para o interrogatório de Snape. Mas, no lugar de uma cadeira de ferro cheia de cordas, uma pequena cadeira de madeira da mesa da cosinha.

- Sente-se, Potter. – instruiu Snape. Quando Harry o fez, ele virou-se para o garoto e olhou-o nos olhos. – Potter, quero que fique ciente de nossa situação. Você só terá sete meses para poder aprender Oclumência, isso enquanto tenta concluir a passar a missão que Dumbledore lhe solicitou. E, que fique claro, sem a Oclumência, você jamais poderá vencer o Lord das Trevas, pois você será absolutamente previsível.

- Estou ciente.

- Enquanto eu lhe estiver ensinando, quero que permaneça me chamando de senhor.

- Estou ciente, senhor.

- Então, quero que se esforce ao máximo, ao extremo, para me repelir de sua mente. O mínimo de tempo possível, está bem?

- Certo.

- Está pronto? – perguntou Snape e se posicionou.

- Estou. – respondeu Harry.

Snape curvou a varinha, apontou-a para Harry e exclamou:

- Legilimens!

Os pés de Harry largaram o chão e uma escuridão encobriu sua visão. De repente, feixes de imagens apareceram diante dele. Uma caverna num penhasco, um bruxo de cabelos negros enfeitiçando-o, um gigante abrindo uma porta muito molhada de um casebre.

- Vamos, Potter! – a voz de Snape trouxe Harry de volta à realidade.

Estava de joelhos no chão de madeira e parecia muito suado. Ele não respondeu.

- Pronto?

- Sim.

- Legilimens!

Novamente seus pés saíram do chão, mas de repente sentiu a força da gravidade voltar e ele caiu com toda a força de pé no chão. Abriu os olhos e viu que Snape estava deitado no chão, se levantando de um baque. Ajeitava as próprias vestes.

- Você quis lançar a Azaração de Impedimento? – perguntou ele.

- Não... – murmurou Harry, com remorso. Era a segunda vez que lançava um feitiço sem intenção para repelir Snape de sua mente.

- Mas é um progresso. Vamos, continue assim. Pronto? Legilimens!

Mas agora, Harry estava pronto e seus pés nem sequer deixaram o chão. Snape pareceu um idiota ao ver de Harry, pois tentava inutilmente penetrar sua mente.

- Muito bem, Potter! - sorriu ele. Harry não conseguia acreditar: repelira Snape de sua mente! Finalmente, em anos, conseguira repelir Snape de mais um assalto a sua mente. – Realmente muito bom, Potter. Você não deixou nem que eu invadisse a escuridão dos pensamentos! Por hoje, chega. Descanse, pratique antes de dormir.

- Vou praticar. – falou Harry, com sinceridade. Estava se pregando a qualquer arma que o pudesse ajudar a derrotar Voldemort.

- Então, vou indo. Tenho que voltar para passar as falsas informações de que enganei vocês para o Lord. Até amanhã, voltarei bem cedo.

- Adeus, Snape. – despediu-se o sr. Weasley. Moody o imitou e Snape saiu pela porta.

- Então, Harry, vá descansar agora, querido. Tivemos acontecimentos demais por hoje, concorda? – disse a sra. Weasley e conduziu-o com a mão esquerda para a escada.

Harry aproveitou a deixa e subiu para o quarto. Lá, encontrou Rony, Hermione e Gina, conversando.

- Estavam ouvindo meus gritos? – brincou Harry.

- Não sabíamos que doía tanto, cara. Tivemos até medo. – respondeu Rony, levantando-se para abrir caminho.

- Agora entendo porque você odiava tanto essas aulas. É... repulsivo... – comentou Hermione.

- Ainda bem que entendem, sabem agora o que eu sofri. – comentou ele, amargurado.

- Mas só queríamos que você se defendesse dele, Harry. E tínhamos razão, não tínhamos? No final do ano...

- Escute, não me venha falar disso agora, ok? Já estou bastante cansado com essa Oclumência.

- Desculpe... – pediu ela.

- Tudo bem. – ele deu um selinho em Gina e sentou-se em sua cama.

- Harry... – murmurou Gina.

- Quê? – assustou-se ele.

- Bom... Você pode me dizer quando que vocês três vão partir? – perguntou ela, e Harry pareceu ouvir um princípio de choro.

- Gina... – foi sua vez de murmurar. – Meus planos é que partiríamos... Bem... Amanhã...

- Ahn... – soluçou ela. Harry viu lágrimas escorrendo e caindo na roupa da garota.

- Gina... Eu não tenho muito tempo, Gina! Snape só me deu sete meses, tenho que cumprir a missão em sete meses, além de aprender Oclumência, feitiços não-verbais e... e... – as palavras não queriam sair de sua boca. Ele pigarreou e continuou – destruir Voldemort...

Gina não agüentou ouvir aquilo e agarrou-o pelo pescoço. Harry sentia as lágrimas dela escorregando pelo seu cangote, e agora seus olhos também começavam a lacrimejar. Rony e Hermione se entreolharam e Harry viu que os dois deram-se as mãos.

- Por favor, deixem que eu vá com vocês! Por favor! – suplicava ela, largando o pescoço de Harry e voltando-se para os três ao mesmo tempo.

- Gina, nesse ponto acho que o Harry tem razão! Você precisa aprender o que vão lhe ensinar este ano.

- Mas você pode me ensinar, Hermione!

Hermione soltou uma risadinha e olhou triste para Gina.

- Pode, sim! – resmungou Gina. – Vocês não deram aquelas aulas à AD? Por que não podem me ensinar o que aprenderei este ano?

- Porque são matérias complicadas, eu não teria capacidade para ensinar isso. Ou você acha que, se pudesse, eu mesma não ensinaria o Harry? – argumentou Hermione.

- É tão... Tão... Tão injusto! – chorava Gina e abraçou Harry novamente.

- Sei que é injusto... – consolou Harry. – Mas desde quando Voldemort foi justo comigo?

Gina soltou um soluço particularmente alto e se afastou de Harry, saiu correndo do quarto e eles ouviram uma batida fortíssima do lado de fora do quarto.

- REPARO! – a voz de Gina foi ouvida pelos três e ouviram um barulho de madeira se restaurando. Harry fechou os olhos e lágrimas escorreram seu rosto. Ele deitou-se em sua cama e Hermione caminhou até ele e sentou-se na cama. Rony seguiu-a rápido.

- Queria tanto que ela pudesse ir conosco! – murmurou Harry. – Ou que ao menos entendesse que queremos o melhor para ela.

- Ela acabará entendendo, mais cedo ou mais tarde, Harry.

- Mas eu não queria partir com ela tendo raiva de mim!

- Ela não está com raiva, cara. – disse Rony. – Está apenas... Frustrada.

- E isso é algo que eu jamais pensei ouvir do Rony. – comentou Hermione, fazendo Harry rir um pouco, mas não mudar o seu humor.

- Eu também posso ser sentimental quando quero, está bem? – retrucou ele.

- Olhem, já está bastante difícil sem vocês dois discutindo, está bem? – disse Harry, interrompendo o que Hermione ia dizer.

Os dois viraram-se para ele. Ele olhou para o teto. Queria tanto que Gina pudesse ir com os três, que acompanha-se ele em todos os lugares que fosse. Imaginava se morresse na tentativa de destruir as Horcruxes... E ela nunca mais o veria, e a culpa teria sido dele, que não a deixara partir junto com ele.

- Vou dormir – anunciou Hermione, se levantando e indo para a porta. Rony se levantou também e, quando fechou a porta que Hermione acabara de sair, alisava a própria mão, olhando difusamente para o nada. Sentou-se na cama, com a boca ligeiramente aberta e passou as mãos pelos cabelos muito ruivos.

Os dois se despiram e colocaram os pijamas, deitando-se logo em seguida. Amanhã seria um dia longo e difícil, e eles precisavam descansar muito. Então, Harry se lembrou da Oclumência e logo se levantou da cama, sentando-se aprumado.

Tentou esvaziar sua mente, retirar todos os pensamentos de sua cabeça, não pensar em nada. Mas em vista ao dia que teria amanhã, era absurdamente difícil esquecer o sofrimento que seria partir sem Gina. Ele desistiu, pois, quando quase esquecia de tudo, longos cabelos ruivos invadiam seus pensamentos. Deitou-se, pôs os óculos na cabeceira e adormeceu.



Harry acordou cedo naquele dia. Na verdade, dormira muito mal, acordando durante toda a noite, com a perspectiva de voltar ao local onde presenciara a morte de Dumbledore e mais: sem Gina. Levantou-se e apanhou seus óculos na mesinha de cabeceira, pondo-os no rosto. Virou-se e viu que Rony ainda dormia. Tentando fazer o mínimo de barulho possível, trocou sua roupa e saiu do quarto.

Quando chegou à cozinha, não havia ninguém. Deveriam ser apenas as primeira horas da manhã. Ele abriu a porta da cozinha e foi para o jardim dos Weasley. Estava completamente diferente do que fora no dia anterior: havia agora um chiqueiro, gnomos, entre outras coisas e o altar, os bancos, as mesas e comidas tinham desaparecido.

Ele caminhou pela grama verde, admirando o nascer do Sol ao longe, nas montanhas. Fazia um frio confortável, o canto dos pássaros soava alto. Harry continuou andando até se apoiar na cerca de madeira que ficava ao lado do chiqueiro. Ali, ele sentou-se e admirou a paisagem. Enquanto admirava, pensava em tudo o que passaria, tudo o que teria de enfrentar, e em sua despedida de hoje.

Quando pensou nisso, lágrimas escorregaram pelo seu rosto. Ele as secou com a mão direita e sentiu um arranhão nas costas da mão. Olhou-a e viu a antiga cicatriz que Dolores Umbridge deixara marcada para sempre em sua mão. Isso deu fez um ódio surgir em Harry que ele se levantou para e caminhou até a Toca. Iria prosseguir em sua missão, custasse o que custasse, vingar-se de todo o sofrimento que Voldemort lhe causara mesmo que indiretamente.

Ele caminhou com o sangue pulsando de raiva e tristeza, seus passos fazendo marcas na estradinha de terra que levava à porta da Toca. Quando chegou à frente da porta, bateu os pés para limpar a terra que ficara em seus tênis e abriu a porta. Quando olhou para a cozinha, viu que Gina estava ali sentada, com o rosto apoiado nas mãos. Ela o levantou ao ouvir o barulho e, ao ver que era Harry, se levantou tão rápido que derrubou a cadeira em que estava sentada.

- Gina... – murmurou Harry. Sua voz estava estranha, meio rouca.

- Harry, escute... Hermione me convenceu de que... De que eu realmente preciso voltar pra Hogwarts. – os olhos dela se encheram de lágrimas. – Ela... Ela me mostrou como... – ela gaguejava – você está se sentindo...

Harry ficou calado. Gina se aproximou dele, as lágrimas já escorrendo pelo seu rosto, e ele a abraçou. Apertou ela contra seu corpo, com muita força, como se aquele abraço fosse livrar ele de todas as tristezas que ele teria dali em diante. Agora ele também chorava, e podia ouvir Gina soluçando ao seu ouvido. Largou o abraço e segurou os ombros dela.

- Escute agora a mim... Eu juro a você que assim que puder tirar você de lá, eu o farei, certo? Assim que precisar de você, vou lhe buscar em Hogwarts, certo?

Ela o beijou. As lágrimas dos dois se encontravam no rosto um do outro.

- ‘Dia. – Hermione apareceu ao pé da escada, quando os dois largaram-se.

- ‘Dia, Hermione. – soluçou Gina.

- Obrigado, Hermione. – disse Harry.

- Como? – confundiu-se Hermione.

- Por fazer Gina ver a razão.

- Ah... Isso. Não foi de nada – disse ela e piscou o olho. Andou tranqüilamente até uma cadeira na mesa da cozinha, sentou-se e tirou a varinha do bolso. Ergueu-a no ar e murmurou uma série de feitiços que fizeram uma faca, um garfo, um prato, um pão e um pote de manteiga voarem até a mesa. Depois ela apontou para o fogão e murmurou mais uma série de feitiços, que fizeram uma panela voar até o fogão e o fogo acender.

Ela fez a faca cortar o pão e passar manteiga nele e depois o pão se assar, para que depois ela comesse.

- Querem? – perguntou ela.

- Não, obrigado. – respondeu Harry.

- Eu aceito... – sussurrou Gina.

Gina sentou-se na cadeira ao lado de Hermione, e Harry a acompanhou, sentando-se ao lado dela. Enquanto Hermione preparava as torradas, a sra. Weasley também desceu as escadas e soltou uma exclamação ao ver os três ali sentados, tão cedo.

- Aceita, sra. Weasley? – ofereceu Hermione, comendo as torradas junto à Gina.

- Oh, não, querida, obrigado. – agradeceu a sra. Weasley, dirigindo-se à cozinha e murmurando a mesma quantidade de feitiços que Hermione pronunciara, fazendo toda a comida se arrumar na mesa.

- Por que acordaram tão cedo, queridos? Não estão cansados por causa da festa? E, Harry, você mais que todos por causa da aula de ontem?

- Hmm... Pesadelo. – falou Hermione. Harry compreendeu que ela ia deixar que ele contasse sobre a partida.

- Eu, Hermione e Rony vamos partir hoje, sra. Weasley. – corrigiu-a Harry, se levantando e virando-se para ela, mas sem conseguir olhar nos olhos dela. Certamente foi um grande choque para ela, pois os pratos que ela levitava para a mesa desabaram no chão e se espatifaram. Hermione sibilou “Reparo!” e os pratos voltaram ao seu estado normal. Harry ouviu um soluço de Gina ao seu lado.

- C-como assim p-partir h-hoj-je? – gaguejou a sra. Weasley.

- Vamos partir para terminar a missão que Dumbledore me passou. – falou ele com firmeza.

- Mas... Mas... O Rony...

- Ele se ofereceu a me acompanhar.

- Eu também. – lembrou Hermione.

- E eu também. – disse Gina. A sra. Weasley arregalou os olhos e virou para ela – Mas não vou porque... porque preciso aprender feitiços não-verbais e outras coisas do sexto ano. Mas, assim que puder, vou atrás deles! – avisou ela.

Os olhos da sra. Weasley se encheram de lágrimas, que começaram a correr por suas rugas faciais, que estavam bem mais aparentes ultimamente. Ela fungou e passou a mão esquerda, cheia de pulseiras, no nariz. Deu um passo vacilante e abraçou Harry com força. Harry, que não esperava por isso, abraçou-a também.

- Eu vou rezar todos os dias para que vocês consigam acabar com isso, querido. Confio em vocês. Sei que são capazes, já fizeram mais que isso. E vocês voltaram triunfantes da Batalha Final, ficaram famosos e todos vão venerar vocês.

Harry sentiu lágrimas escorrerem de seus olhos também. Quando os dois se soltaram, a sra. Weasley segurou o rosto de Harry e olhou com piedade.

- Saiba que, sempre que precisarem, podem vir procurar por nosso auxílio, querido. Daremos o máximo de ajuda possível. – e tirou as mãos do rosto dele, secando as próprias lágrimas com o avental que estava estendido sobre uma cadeira.

Rony apareceu na escada e a sra. Weasley correu para lhe dar um abraço. Ele ficou com cara de desentendido e ela falou:

- Estou tão orgulhosa de você, querido! – e debulhou-se em lágrimas. Rony olhou significativamente para Harry, que, por gestos, comunicou que já tinha falado a ela sobre a partida. Seu rosto mostrou que tinha entendido e olhou para baixo para abraçar a mãe.

O sr. Weasley agora descia as escadas, todo arrumado para ir trabalhar.

- A que horas vocês vão? – perguntou ele. – Quero estar aqui para ver o momento em que meu filho vai partir junto a Harry Potter e Hermione Granger para se tornar um dos maiores heróis de todos os tempos.

- Como o senhor sabe? – assustou-se Harry.

- Vamos, Harry, todos sabíamos que você estava só esperando o casamento passar para partir! E ainda mais depois do que Snape nos disse! E, quando ouvi Molly chorando, acabei adivinhando o motivo.

- Fui tão boba de não perceber isso... – ela se castigava e correu aos braços do marido.

- Não, você não foi, querida. Todos nós queríamos que nada disso estivesse acontecendo, não queríamos nunca que os garotos partissem. Mas nem tudo que queremos podemos realizar. – consolou ele. Suspirou e olhou para Gina – Você também vai, querida?

- Não... – choramingou ela.

- E por que não? – perguntou ele.

- Hermione me convenceu que... – ela tomou força - Tenho de ir a Hogwarts ainda.

- Entendo... Feitiços não-verbais, certo? – disse ele, voltando-se para Hermione.

- Exatamente. – concordou Hermione.

- Ela está certa, querida. – disse ele, consolando a filha. – E, Harry, quero que saiba que qualquer ajuda que precisar, pode contar com todos nós da Ordem, ok?

- Certo... Na verdade, eu preciso que o senhor me ajude.

- Quê? E como posso fazê-lo?

- Bem... Nós precisamos que o senhor ache uma pessoa.

- Uma pessoa?

- Sim – falou Hermione. – Com as inicias R.A.B.

- Mas como...?

- No Ministério deve haver alguma lista de bruxos, não? – perguntou Rony. – Você podia tentar ter acesso à ela. E ver as pessoas com R.A.B.!

- É, talvez. Irei tentar, garotos. Agora, vocês ainda não disseram que horas irão partir.

- Pretendemos ir depois do almoço, pai – respondeu Rony, coçando a nuca.

- Certo. Estarei aqui – suspirou ele. Deu um giro e desaparatou.

A sra. Weasley secou as lágrimas com as mãos e anunciou:

- Vamos todos tomar café, então?

Todos se sentaram, mesmo Hermione e Gina, que já tinham comido. Quando terminaram de comer, os quatro subiram para seus quartos, Harry, Rony e Hermione para arrumar as malas e Gina para ajudar Hermione.

Ao terminar de arrumar as malas, passaram o resto da manhã no jardim, Harry enroscado com Gina, enquanto Rony e Hermione andavam juntos, conversando. Quando o Sol já estava perpendicular à Toca, a sra. Weasley os chamou para almoçar. Foi aí que Gina começou a chorar.

Ela comia enquanto chorava, suas lágrimas casualmente pingando em seu almoço. Harry segurava o choro para demonstrar firmeza na namorada. Os quatro terminaram e foi a vez da sra. Weasley cair no choro.

- Tão jovens e vão ter de passar por isso... – sibilava ela. O sr. Weasley, de repente, aparatou dentro da casa, e ele veio ao encontro dos garotos. Abraçou-os e disse que já estava atrás da lista com os nomes.

- Obrigado, sr. Weasley. Realmente obrigado! – agradeceu Harry.

Os três levitaram seus malões até o jardim e caminharam, cabisbaixos, até ele. Quando chegaram lá, Harry nem se importou que o sr. e a sra. Weasley estivessem ali, beijou Gina com todo o amor que tinha. Eles se desgrudaram e Gina se afastou, lacrimosa, para os braços da mãe, que a acolheu. Esta também se debulhava em lágrimas.

- Adeus, então, Gina. Peço que me perdoe. – despediu-se Harry.

- Perdoar?

- Sim... Por estar partindo e fazer você sofrer desse jeito... Por ter agido feito idiota até aqui...

- Você não deve pedir perdão, Harry. – retrucou ela. – Você deve acabar com aquele que fez tudo isso acontecer. Voldemort.

Ao ouvir aquele nome, um assomo de ódio tomou conta de Harry. Ele suspirou com raiva e olhou significativamente para Gina, que sustentou seu olhar.

- Certo. Farei isso.

- Adeus, queridos! – chorou a sra. Weasley.

- Adeus, garotos. – acenou o sr. Weasley.

- Adeus, vocês três – disseram Harry, Rony e Hermione. Todos se abraçaram e eles três se afastaram do grupo. Caminharam para um pouco mais longe, seguraram o malão, acenaram e desaparataram. Harry ainda conseguiu ouvir um guincho de choro vindo de lá.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.