Capítulo 1



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‘- Raindrops. Lots of raindrops. It rains all day, all night. I haven’t seen the sun yet, can you believe it?’

~x~


ERA COMO SE
o céu fosse cair a qualquer minuto. Chovia tanto que eu não conseguia ver mais nada através da janela do Arden X-Type de meus pais, que não parecia ir a mais de oitenta quilômetros por hora. Aquilo estava ficando extremamente tedioso. Quando eu perguntei a distância de Plymouth a Londres, ninguém me disse que era de mais de cem quilômetros. Eu pensei que, pelos céus, a viagem duraria uma hora! De modo que aqui estou eu, Lily Evans, dezesseis anos, ruiva, cheia de sardas e corpo de uma girafa gordinha (depois eu explico), jogada no banco de trás do carro, ouvindo meu amado iPod enquanto meus pais conversam sobre como foi difícil deixar Pétunia em Plymouth e se mudar para Londres.

(Eu discordo das duas coisas. Foi um prazer deixar Petunia em Plymouth, que, se você quer saber, é a cidadezinha litorânea mais parada do mundo, e, quero dizer, LONDRES! A grande cidade! Que adolescente nunca sonhou em morar em Londres?).

Deixei o som de Paramore encher meus ouvidos, rolando a cabeça para o banco e dobrando ainda mais as pernas. Droga de som da água batendo no carro. Droga de distância. Droga de dia cinzento e sem graça. Droga, droga, droga!

E, tudo bem – quem olha assim pensa que eu sou uma inconformada revoltada com a vida, mas a verdade é que eu não sou. Eu sou uma garota normal andando por aí, com os fones de ouvido tão freqüentemente encaixados nas orelhas que as mesmas já têm a forma do fone – isso mesmo, você não leu errado. Minhas orelhas têm o formato do fone. Isso te diz algo? Sim, uma louca, mas não revoltada. Sou perfeitamente conformada e dou muito valor ao que tenho. Fora de brincadeira.

Se você quer saber, eu nunca estive tão animada, acho. Antes de entrar no carro. Eu sempre, sempre sonhei em conhecer a grande Londres, da qual todos falavam. Eu devia ser a única inglesa que nunca sequer PISOU numa das cidades mais famosas do mundo. Mas, bom, mesmo estando completamente animada pra morar na cidade dos meus sonhos, uma viagem de carro como essa desanima qualquer um. Certo?

Errado. O Ben, meu esquilo da Mongólia, que está numa gaiola pequena entre o banco do motorista e o do passageiro – aquele vão onde você coloca as pernas, ou não – nunca esteve tão animado. Ele fica rodando a rodinha (eu preciso parar com a mania de falar coisas estúpidas) e olhando pra mim como se perguntasse “puxa, Lily, ainda falta muito pra gente chegar?”. Provavelmente vai adorar a nossa nova casa, porque eu mandei colocar uma gaiola enorme – tipo um mega playground pra pequenos esquilos, ou hamsters, como você quiser – no meu quarto, então ele tem o paraíso confirmado. Só falta chegar nele.

Nem falo sobre o fato de que estamos a quase duas horas no carro, porque, bem, eu já falei isso.

Ben é meu melhor amigo. Quando estou triste, geralmente o pego e coloco no meu colo, onde começo a acariciá-lo e desabafar tudo que está me incomodando. Acho que ele adora particularmente quando eu choro, porque ele é tão pequenino que fica todo encharcado com as lágrimas, depois de um tempo. E, quero dizer, não é como se ele pudesse me ajudar, mas às vezes gosto mais dos hamsters do que das pessoas.

Um esquilo da Mongólia pode te fazer um bem danado.

E, opa! Acabei de ver uma placa! Ela indica um retorno – ‘para Exeter, East Devon, Mid Devon, North Devon, Torridge, West Devon, South Hams, Teignbridge, Plymouth e Torbay’ – para as cidades do condado de Devon, Cornualha, no sudoeste da Inglaterra. E adivinha o que mais? Cinco minutos para Londres! Yay!

Fiquei tão feliz que comecei a cantarolar alto demais. Bom, um pouco de felicidade não mata, certo?



When It Rains
Capítulo 1




- Whoa, it was never my intention to brag… To steal it all away from you now… But, God, it feels so good, ‘cause I got him where I want him now, and if you could then you know you would… ‘Cause, God, it just feels so… It just feels so good.
– Me controlei e cantarolei baixinho, tomando cuidado para meus pais não ouvirem.

Não que eu cante horrivelmente mal ou algo assim. Na verdade, sem querer me gabar (eu ia fazer um trocadilho com a parte da música que fala de se gabar, mas enfim) nem nada, eu tenho a voz realmente ótima pra cantar. Talvez não a afinação da Hayley Williams, do Paramore, que canta Misery Business (essa música que eu estou ouvindo) como se estivesse comentando o dia, mas ainda assim uma voz boa.

E não faz parte dos meus planos deixar meus pais saberem disso. Porque, do jeito que eles são, vão me colocar num coral.

A cena já até se formou em minha cabeça; eu cantando música gospel com uma daquelas togas estranhas que usavam no coral da minha antiga escola de Plymouth. Ficaria realmente maravilhoso.

- Lily, chegamos.

HÁ! Num dia normal, eu brigaria com minha mãe por interromper meus pensamentos, mas... Essa notícia é certamente uma das melhores notícias de todos os tempos.

- Jura? – Precipitei-me para o meio dos bancos de passageiro e motorista, ignorando os protestos de papai. – Oh meu Deus! Nossa casa está longe?

- Na verdade... – Mas ela não terminou sua frase, pois, naquele momento, papai estacionou o carro e tudo aconteceu muito rapidamente (?).

Eu saltei do carro feito uma rã louca, pronta pra admirar calmamente nossa nova e perfeita casa Londrina, mas, bom, como eu disse, tudo aconteceu bem rápido, e eu nem me toquei de que... Bem...

Chovia. E muito. De modo que, num instante, no qual minha mãe começou a gritar que eu pegaria um belo resfriado, eu fiquei toda molhada. Encharcada. Senti meu cabelo se grudar ao meu pescoço, e minha roupa ficar tão fina do modo como a chuva DEVERIA cair.

Porque a chuva estava grossa, demasiadamente grossa, e eu ainda fiquei parada lá, imaginando que diabo de entrada triunfal na melhor cidade do mundo era aquela.

- Corra pra parte coberta! Aqui no carro você não entra molhada desse jeito! – O amor maternal, às vezes, pode ser tão grande que até chega a ser pequeno. MENTIRA. Qual é o problema da minha mãe? Que tipo de mãe faz isso com uma filha? Quando eu for mãe, certamente vou preferir que minha filha molhe o banco do carro, ao invés de ficar congelada na sua primeira chuva em Londres.

Chuva em Londres. Ah, fala sério. Acho que posso até dançar nessa chuva.

Mas minha mente é algo extremamente psicótico – não é como se ela fizesse o que eu realmente quero; ela obedece bem mais ao meu inconsciente – e me forçou a seguir para a parte coberta perto da porta, como uma menina bem comportada e que obedece aos pais faria.

Eu estou em Londres. Eu daria cambalhotas, se me pedissem.

Não que isso seja um sacrifício.




O negócio é que, quando você coloca uma coisa na sua cabeça, você acha que é isso que vai acontecer. Mas, quer saber de uma coisa?

Geralmente, o que acontece é exatamente o contrário do que você esperava.

O que é bem o meu caso.

Porque eu abri a porta da casa, empolgada, imaginando uma autêntica casa Londrina, chique, aquecida e com janelas que permitem olhar a neve cair numa noite de natal. Mas tudo que eu ouvi, senti e vi quando entrei foi escuridão, silêncio e um cheiro insuportável de mofo.

- MÃE! – Berrei, começando a tossir por causa do cheiro forte. – MÃE, VEM AQUI!

Procurei um interruptor para poder pelo menos VER a primeira parte do meu sonho destruída. Mas não achei nada na parede. Só o que deveria ser uma teia de aranha.

E, mesmo estando ensopada como eu estava, entrei na sala, com muita coragem. Fui tateando todos os lados da parede até que achei um botão. Era muito pequeno pra ser um interruptor, mas ainda assim um botão. Então, o apertei.

PLAN! Magnífico! As janelas estão cobertas com tábuas de madeira, não há nenhum móvel, a luz é extremamente fraca e o mofo parece dominar tudo!

Era exatamente disso que eu precisava para me sentir em casa.





- Ah, não é tão ruim assim. Podemos dar um jeito nisso. – Mamãe disse, quando finalmente entrou na casa, GRAÇAS A DEUS não notando que o assoalho estava completamente molhado (e eu também).

Papai entrou e fez uma careta. Acho que só não falou nada porque, bem, teríamos de ficar ali – a não ser que arrumássemos um lugar provisório. Mas não dava mais tempo. Teríamos que ficar na nossa velha e mofada casa em Londres.

De modo que subi as escadas – com MUITO medo de elas caírem no meio do caminho – e caminhei até os quartos. Era tudo meio macabro, escuro, não sei. Mas fui tateando as paredes até achar a maçaneta de alguma porta. E a abrir.

Tirei meu Virgin Mobile (o melhor celular do mundo; Americano, ok?) do bolso e direcionei a luz pra janela. Fui até ela e, com muito esforço, comecei a arrancar as tábuas podres que estavam bloqueando a luz. Não descansei até tirar todas. E ver que estava num quarto completamente vazio, que era pequeno demais pra ser o meu. Porque, convenhamos; o quarto de uma adolescente precisa ser espaçoso, grande, bonito, charmoso, confortável, sorridente, chique e moderno, com um computador, um guarda-roupa fabuloso, uma cama de dossel e um telefone rosa pink com pompons.

Qual é. Que adolescente nunca quis ter um quarto assim?

O fato é que fui fazendo isso em todos os quartos – eram quatro – até chegar no último, com uma porta dupla exatamente no meio do corredor. Devia ser o maior quarto. Então, com esforço, entrei. E qual não foi a minha surpresa ao ver um quarto limpo, cheiroso, com as paredes em um azul turquesa e o assoalho contrastando, em uma cor escura?

- MÃE, vem ver isso! – Gritei, jogando-me no chão. O quarto estava praticamente vazio, se não contássemos um baú velho e enorme encostado na parede.

Eu já falei que a janela é REALMENTE enorme?

- Esse quarto é meu! – Exclamei, quando ela surgiu na porta. – E não adianta fazer chantagem!

Ela fez uma careta.

- Só porque eu ia te chamar pra ir até a loja de decoração pra escolher a mobília da casa? – Mamãe respondeu, arqueando as sobrancelhas.

Levantei rapidinho.

- Mobília?! Mãe, você já viu as janelas? E a parede? E aquela escada? A casa está caindo aos pedaços! – E era verdade. Como colocar móveis novos e legais numa casa que parecia ser de, hum, vamos ver, 1700?

- Já cuidamos disso, apressadinha. Amanhã começa a reforma, e os móveis só chegam na quarta.

Quase comecei a comemorar, mas, aí, me lembrei.

- Mãe. Você sabe que dia é hoje? – Indaguei, coçando a cabeça.

- Domingo, dia sete de agosto de dois mil e sete. – Ela respondeu, confusa.

- Exatamente. Hoje é domingo. Os móveis chegam quarta. Como você acha que vamos ficar até termos móveis e eletrodomésticos nessa casa?

Mamãe deu aquele sorrisinho que eu não gosto nada, nada.

- Ah. Damos um jeito...

De todas as coisas que me dão medo, minha mãe fazendo mistério é a que mais me amedronta.




Segunda-feira. Hora do almoço. Ben passeando pela caixa de papelão que eu coloquei ao lado da mesa. Quer uma novidade? Está chovendo.

Meus pais saíram de casa, e eu estou aqui, presa, sem poder fazer nada. Porque, venhamos e convenhamos, o que há pra se fazer numa segunda-feira chuvosa, tediosa e extremamente cinzenta? Nada. Ainda mais quando a sala é velha demais pra poder jogar videogame ou alguma coisa assim. Tudo que eu tenho aqui é meu iPod e meu celular. Meu computador, meus CDs, meus livros, minhas cartas, minha câmera, TUDO está numa caixa no porta-malas. E o carro não está aqui.

Ah, e, não sei se já mencionei, tem vários caras reformando a casa. Vários MESMO. E nenhum é bonito, acredite em mim. De modo que estou forçada a ficar na cozinha até terminarem o banheiro e a sala.

O que vai demorar bastante tempo.

- Ai, Ben. Se continuar assim, acho que vou pedir pra voltar pra Plymouth... – Exclamei, embora Ben não pudesse me responder. Sentei no chão, ao lado da caixa, e peguei meu pequeno esquilo da Mongólia. – Você acha que vai ficar mais legal?

Em resposta, Ben cheirou meus dedos e passeou pela minha mão.

- Tudo bem, entendo isso como um sim.




Você deve estar se perguntando o que eu fiz, certo? Bom, eu vou te falar o que eu fiz: eu coloquei uma capa de chuva e saí correndo na rua. Porque eu não agüentava mais ficar naquela (velha) casa, ouvindo o barulho do martelo, e da serra, e do resto das ferramentas.

Deixei Ben na gaiola de sempre, e, sorrateiramente, saí de casa. Provavelmente meus pais demorariam a voltar... O que quer dizer que eu estou livre.

E um pouco perdida.

Tudo bem, tudo bem; sair correndo por uma cidade que você nem conhece é meio louco. Mas não dava pra ficar dentro daquela casa. Só se eu fosse perturbada.

Pode acreditar: eu não sou.

Pra provar que eu sou completamente saudável da cabeça, entrei num lugar bem cheio de pessoas e, hum, animais. Um parque que ficava numa avenida que eu não tenho a mínima idéia de onde é...

Argh. Me dei mal. Começou a chover mais forte ainda, e o parque começou a esvaziar. Sem contar que estava começando a ficar bem friozinho. E eu estava completamente encharcada, perdida... E sozinha. Quer dizer, se você excetuar os patos, alguns pássaros e uns animaizinhos pequenos escondidos nas árvores.

Minha sorte me surpreende. Só falta acontecer de eu virar para ir embora e encontrar um maníaco que vai me degolar com madeira...

Ops. Acabei de virar.

E tem um menino todo encharcado vindo na minha direção.




N/Retardada que betou e postou (Ou, Morgana Lupin): Eeeei. Eu nem sei se tenho permissão pra colocar isso aqui, mas ok. A Luh me pediu pra postar, porque ela tá limpando a casa. Limpando a casa. E ela tem doze anos. Isso é exploração e... Tá, me calei. Ai, geeeeeeeeeente. Tá tão fofo esse capítulo! Eu vou morrer com tamanha fofidão. Este capítulo foi betado ao som de Decoy (eu acho que foi Decoy) e isso me lembra que ela me mostrou uma parte! UHUUUUUUUUUUU. Aqui em Fortaleza (No Ceará, seu desaculturado) tá o maior sol. E vento. A Vista da janela do aposento que eu estou é o céu e algumas árvores. *-*, vou parar de encher o saco de vocês! Beijos e comentem!

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