Revelações
Capítulo oito – Revelações
Gina estava pálida. Muito pálida. Desde a conversa com Dumbledore há dez minutos atrás que ela vinha agindo estranhamente. Sabia muito bem o que ela tinha. Preocupação. Tinham mais ou menos oito meses para resolver tudo... Desmascarar Pedro e acabar com Voldemort. Tudo bem. Eles iam conseguir fazer isso. Sempre conseguiam.Claro que ele, Harry também estava ansioso. Era uma sensação estranha. Um nó na garganta, culpa pela inconseqüência, impotência, e mesmo assim um sentimento forte... Um amor incondicional por um ser que nem se quer havia tomado forma ainda. Não se arrependia de nada. Amava Gina e sabia que aquele fora o momento certo. Agora só precisava se esforçar mais. Lutar para ter um futuro alegre. Não só o dele e dos amigos, mas também o de todo o mundo bruxo, que sofria constantemente com os ataques monstruosos de Voldemort. Tinha visto muita coisa que queria esquecer. Havia visto mortes e queria que a vida não fosse assim. Merlim sabia que tudo que ele mais queria era ser um garoto normal. Ter com quem brincar, falar palavrão, ouvir sua mãe ralhar com ele, ver o sorriso orgulhoso de seu pai por ter jogado uma bomba de bosta na aula do Snape, amar Gina sem preocupações, se unir com Rony pra fazer Hermione matar uma aula e dançar Macarena, deitar em baixo de uma árvore e observar as estrelas... Somente ser ele mesmo.
Passou os braços envolta da cintura de Gina e deu um sorriso reconfortante à ela. Por um momento se perdeu em seus olhos castanhos, sentindo as já tão conhecidas borboletas no estômago. Saiu de seu transe quando a ouviu dizer:
- Acho que temos que falar já com os Marotos. Já adiamos de mais essa conversa.
- Tem razão. As garotas já sabem?
- Já. Foram elas que me falaram que eu estava grávida.
Harry sorriu e deu um beijo estalado na bochecha dela.
Andaram mais alguns minutos até chagarem ao salão comunal.
Sirius estava fazendo cócegas em Beatrice que estava se contorcendo de tanto rir, Tiago e Lílian liam um livro, juntos em frente à lareira meio que abraçados e Clarisse estava com a cabeça ‘deitada no colo de Remo, com o olhar vago enquanto ele acariciava docemente seus cabelos loiros. Pedro estava ausente novamente, o que pela primeira vez, de certa forma foi um alívio. Não queriam que ele participasse da conversa. E sabiam que essa conversa seria difícil. Plantar uma sementinha de desconfiança entre os Marotos apesar de ser o certo a fazer era doloroso. Era como dizer que Hermione ou Rony iriam entregar Harry a Voldemort. Mas nesse caso Pedro realmente era culpado. E era muito importante que acreditassem neles. Mesmo sabendo que isso seria difícil tinham que fazer isso.
Harry e Gina se entreolharam e ele percebeu o quanto ela estava sendo forte agüentando aquilo tudo. Sabia que ela sofria em não poder contar toda a verdade e acabar com isso de uma vez. Sabia que ela tinha saudade da família, e mesmo assim em nenhum momento ela o havia abandonado... Nunca sequer hesitara em seguir com ele... E isso era como uma prova de amor... Uma prova que era um estímulo para ele...
Desviou seu olhar para seus pais e sorriu ao ver que eles de um certo modo estavam se acertando... Via claramente nos olhos deles o amor... Só que eram muito cabeças duras... Talvez sua mãe mais... Mas isso não vinha ao caso. Segurou a mão de Gina enquanto pigarreava chamando a atenção de todos.
- Será que podemos conversar? –Harry perguntou olhando em volta do salão comunal. Já eram umas seis horas da tarde e o salão comunal estava vazio, com exceção deles mesmos... Todos deviam estar a se divertir nos jardins, ou simplesmente mandando cartas aos pais já que faltava pouco menos de um mês pro natal.
- Claro – Responderam eles, as meninas estavam particularmente alegres, pois já sabiam do que se tratava a conversa... Só estranharam a feição séria deles... Sabiam que se Harry houvesse rejeitado Gina ele não estaria de mãos dadas com ela.
- Ahn... Temos dois assuntos que nos trazem aqui... – Começou Gina enquanto Harry passava as mãos por seus cabelos. – Um assunto é ótimo e outro terrível.
- Assim vocês nos deixam curiosos - Sirius falou.
- Ah... É que... Bem... Sabem como é... Pois então... Aí... Eh... Bem como todos sabem...
- É que eu estou grávida! – Gina falou rápido cortando a embolação que Harry estava fazendo.
A meninas apenas deram um sorriso feliz, pois já tinham gritado tudo que tinham pra gritar e os garotos apenas olhavam estupefatos. Depois a expressão deles mudou para uma tipo “Vocês estão falando sério ou é só zoação?”.
- Vocês não vão falar nada? – Gina perguntou decepcionada e logo após isso todos foram cumprimenta-los felizes, até as garotas que já sabiam.
- Sinceramente eu não entendo vocês... Chegam sempre com uma bomba na nossa cara... – Tiago falou rindo enquanto dava um beijo nas mãos de Gina.
- E tem mais! – Harry falou ficando sério subitamente. – Onde está Pedro?
- No dormitório... Dormindo provavelmente... Ele chagou cansado da cozinha... Deve ter comido muito... – Remo disse-Você não quer a gente chame ele?
- NÃO! – Gina gritou e depois se recompôs - Quero dizer não é necessário... E...
- É sobre ele que queremos falar! – Harry foi direto ao ponto.
- Por que o Pedrinho seria motivo de conversa? – Sirius perguntou num tom de zombaria.
- Por que nós temos algumas revelações a fazer à vocês. Contaremos algumas coisas, mas não podemos contar TUDO.
- Então falem logo!
- Bem... Nós não viemos a Hogwarts simplesmente em intercâmbio... Temos uma missão... – Harry se prontificou a contar tudo posto que Gina tinha empalidecido drasticamente, ela devia estar muito nervosa. – Vocês sabem Voldemort? O assassino que anda matando um monte de gente só por diversão e mérito próprio? – todos assentiram e ele continuou – Nossa missão é acabar com ele e seus seguidores! Não conseguiremos acabar com todos os comensais, mas se Voldemort se for, o maior passo já terá sido dado então tudo voltará a paz novamente. – Todos olhavam estupefatos... Afinal de contas, como aquele casalzinho de desordeiros poderia acabar com um bruxo das trevas feito Voldemort? Saíram desse estado quando Remo perguntou:
- E o que o Pedro tem haver com isso?
- Ele é um dos seguidores. – Quando Harry disse isso todos gargalharam menos Sirius.
- Você está louco não é?- Tiago perguntou – O Rabicho não teria coragem de fazer isso. Ele tem medo da própria sombra. Ele não teria coragem de ficar ao lado de Voldemort. Vocês estão delirando. Só pode.
- Nós estamos falando sério.- Dessa vez Gina falou, ignorando o pequeno mal estar que sentia – Sabemos de muitas coisas, e temos certeza que Pedro é um dos seguidores de Voldemort. Vocês não perceberam que ele anda mais distante? Que ele tem acordado CEDO? Por Merlim!
- Um Maroto não trairia outro! – Remo protestou. – Pedro não fez isso! Ele só deve estar com mais fome do que o habitual! Eu não acredito em vocês! Simplesmente não acredito. Pedro não seria capaz me matar nem uma mosca!
- Mas ele se aliou a Voldemort! Será que vocês não percebem! – Gina falou desesperada ficando mais pálida e sentindo uma pontada no estômago. – Voldemort, manipula as pessoas! Oferece coisas que ninguém que for ambicioso recusa!
- Você fala como se soubesse! Você mal viveu garota! Não sabe nada de nós e muito menos de Pedro! – Tiago gritou.
- Eu já fui possuída, merda! Ele já me manipulou e eu sei muito bem como é! Não fale como se me conhecesse, por que eu sei muito mais de vocês do que vocês imaginam! Voldemort me ofereceu carinho falso! Um conforto que eu não tinha por que era sozinha! E quando eu já estava envolvida com ele, ele me usou! Se não fosse o “Henry” pra me salvar eu não sei o que teria sido de mim e de outras pessoas! Eu era um perigo a elas!
- Se acalme Gina... – Harry falou vendo que ela estava ficando cada vez mais pálida.
- Como se acalmar se eles não entendem!?
Nem as garotas nem Sirius falavam nada, o que era estranho por que ele tinha uma expressão compenetrada. Quando finalmente Sirius ia falar alguma coisa Gina se levantou nervosa e gritou:
- Só vou avisar que o pior cego é aquele que não quer enxergar! Agora tchau pra vocês! – E saiu batendo os pés.
Harry olhou desesperado pra ela que tinha ficado mais pálida ainda. Saiu correndo atrás dela antes que ela fizesse alguma besteira, mas não foi preciso correr muito. Antes que Gina alcançasse o quadro da mulher gorda ela já tinha desmaiado e se não fosse Harry pra ampara-la ela teria caído.Ele ficou em estado de choque olhando pra ela e só acordou quando ouviu os gritos das garotas. Elas estavam apontando para a calça jeans dela e quando viu o que tinha ali quase desmaiou também. A calça estava repleta de sangue. Ela estava perdendo o bebê! Não esperou nem mais dois segundos e já corria desesperado para a ala hospitalar com ela no colo. Eles não podiam perder o bebê. Não fazia nem um dia que tinham descoberto sobre o filho, e já iam perde-lo! Isso não podia acontecer! Não agora que estavam tão felizes! Correu o mais rápido que pode, sem se importar com os protestos de seu corpo e chegou batendo a porta na enfermaria.
- Que zona é essa aqu...! – Madame Pomfrey repreendeu, mas parou rapidamente ao ver Harry entrando com Gina em seus braços.
- Por favor! Salva o nosso filho! Rápido ela está perdendo o nosso bebê! Faça alguma coisa! – Harry já chorava copiosamente.
- Ela está grávida? – Perguntou Madame Pomfrey idiotamente.
- É claro que ela está! Que pergunta besta! AGORA SALVE NOSSO FILHO! VAMOS!
Sem demora, Madame Pomfrey colocou Gina numa das camas e deu um remédio pra ela acordar que quando acordou, acordou gritando.
Ela gritava alto enquanto se contorcia em cima da cama. Tinha uma expressão de pânico, e dor. Chorava ruidosamente e quando olhou pra Harry chorou mais ainda. Madame Pomfrey pediu que ele se retirasse para que ela se acalmasse, e assim o trabalho ficar mais fácil. E ele com muita relutância, se retirou. Parados a porta da ala hospitalar estavam todos aqueles com quem eles tinham conversado. Até Remo e Tiago que apesar de nervosos estavam com uma feição preocupada. Sirius continuava calado, mas tinha uma expressão de dúvida. Quando eles viram o estado de Harry não ousaram se intrometer. Ele chorava muito e estava com uma aparência deplorável. Encostou-se na parede e escorregou até o chão ignorando o choro das meninas. Não podia perder seu filho. E não sabia por que isso tinha acontecido. Ela estava bem até um momento e no outro estava perdendo parte de si. Olhou para a janela, o dia já tinha caído e uma noite escura, sem lua, sem estrelas tomava conta da paisagem. Suspirou tentando se acalmar. Tinha que ser forte. Tinha que ser forte por Gina. Ela ia conseguir salvar o bebê. Lembrou de quando ela contou que estava grávida, nesse dia mesmo, de manhã. Lembrou de como ela estava encantadoramente linda, de como havia mostrado mais uma casa perto da cabana do Godric pra ela. De como ela o havia abraçado. De como ela o provocara. Suspirou tentando conter as lágrimas. Não gostava de chorar na frente dos outros. Mas simplesmente não conseguia parar. Era como uma maldição. Olhou para os outros que o fitavam, e se sobressaltou quando ouviu um grito mais alto de Gina. Lílian se sentou ao seu lado e o abraçou, tomada por um impulso desconhecido. Harry chorou mais ainda nos braços da mãe e teve que se segurar pra não a chamar assim.
- E... Eu... Eu p-pre p-preciso v-ver a Gina! – Harry murmurou notando que os gritos haviam parado.
- Entra lá. Acho que Madame Pomfrey não vai se importar. – Lílian falou dando um beijo na bochecha dele enquanto o ajudava a se levantar.
- É o que eu vou fazer.- Ele respondeu enxugando as lágrimas. Tiago se aproximou dele e deu uma batidinha reconfortante em suas costas.
Harry entrou vagarosamente na enfermaria. Em um dos leitos estava Gina. Adormecida. Como um anjo. Não tinha percebido o quanto tempo havia passado, perdido em pensamentos, mas já devia ter passado da hora do jantar. Olhou ao redor. Os lençóis estavam limpos e ela estava usando uma camisola. Os cabelos vermelhos caiam como uma cascata de fogo sobre o travesseiro contrastando com sua pele profundamente pálida e ela tinha uma expressão de profunda paz. Aproximou-se lentamente dela e tocou seus cabelos. Sua boca que costumava ser vermelha com uma saborosa cereja agora estava pálida, mas ela não deixava de parecer um anjo. Um anjo que havia mudado sua vida. Que havia mostrado o verdadeiro significado do amor. Que havia dado uma das maiores felicidades que poderia ter. Tocou sua face procurando qualquer vestígio que pudesse ser uma reposta. Ela teria ou não perdido o bebê? Ouviu passos e Madame Pomfrey apareceu com uma expressão cansada, mas satisfeita.
- Ela está bem. – Falou ela calmamente. – Está muito cansada. Lutou com todas as forças pra salvar o bebê de vocês. Devo dizer que se ela não tivesse se esforçado tanto o bebê não teria resistido.
- Quer dizer que ele está...?
- Sim, Gina e o bebê estão bem.Mas...
- Mas o que? – Ele perguntou ansioso.
- Gina está tendo uma gravidez de risco. Acontece com algumas mulheres, principalmente aquelas que engravidam com menos de 17 anos. Ela não pode ficar muito nervosa ou estressada. Tirando isso, ela pode ter uma gravidez ‘normal’.
Harry suspirou aliviado. Agora estava tudo bem. Teriam que tomar cuidado. Mas pelo menos agora estava tudo bem.
- Eu sugiro que ela passe a noite aqui. Ainda está muito fraca. Ela perdeu muito sangue. Ainda bem que a trouxe tão rápido.
- Claro. Mas eu vou ficar aqui com ela.
- Se você insiste. Mas avise aos seus amigos que está tudo bem. Não quero um bando de gente entulhada aqui, na frente da minha enfermaria.
- Claro. Vou agora mesmo.
Olhou para Gina novamente, e saiu apressado. Ansioso e orgulhoso. Sua família estava bem. Gina tinha novamente se mostrado uma mulher de garra. Abriu a porta e todos o olhavam apreensivos. Sorriu verdadeiramente e disse:
- Está tudo bem. Gina e o bebê estão a salvo.
Um suspiro aliviado foi ouvido.
- Mas ela está tendo uma gravidez de risco. Não pode ficar nervosa nem estressada. Agora se não se importam eu vou entrar de novo. Quero estar ao lado dela quando ela acordar.
Não deu chance de respostas. Apenas entrou na enfermaria.
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Será mesmo que Pedro era culpado? Ele, Sirius Black, não devia desconfiar do amigo. Mas e aquela profecia? Por que ela se encaixava tão perfeitamente nos fatos? E agora Gina quase perdera o bebê! Iria esperar ela e Henry saírem da enfermaria e falaria com eles. Suspirou decidido. Sim. Era isso que iria fazer.
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Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Gina. A cor já estava voltando para a face e os lábios dela. Ela respirava calmamente. Devia estar muito cansada. Pensou no dia que tiveram. E que dia! Aproximou-se delicadamente de seu rosto e roçou seus lábios de uma forma carinhosa nos dela. Teve tanto medo por ela. Sabia que se perdessem esse bebê ela se culparia eternamente. Lentamente ela foi abrindo os olhos e Harry beijou-lhe a face, encantado com ela. Ela tentou sentar-se e como não conseguiu Harry a ajudou.
- Você está melhor? – Ele perguntou preocupado.
- Estou um pouco enjoada. – Ela murmurou num fio de voz. – O nosso bebê... Ele...?
- Ele está bem. Graças a sua força de vontade ele se salvou.
- Ainda bem. Não sei o que eu faria se o perdesse.
- Mas... Você está tendo uma gravidez de risco... Não pode ficar nervosa ou se estressar...
- Ah não! Me tornei uma pedra no seu caminho! – Ela falou fracamente.
- Não diga isso! – Ele a repreendeu – Nunca mais! Você nunca foi nem vai ser uma pedra no meu caminho! Você é o ar que eu respiro entende? Não fale mais isso... Por favor!
- Tudo bem. Me desculpe.
- Está desculpada. Agora deite. Volte a dormir. Você não deve se cansar. Ainda está muito pálida.
- Ta. Você vai ficar aqui comigo?
- Eu nunca te abandonaria, querida.
- Te amo.
- Também.
Depois disso ela caiu num sono pesado.
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N/A: Capitulo trágico né? Mas tudo bem.
Vim aqui tagarelar pra falar da promoção. Tivemos DOIS GANHADORES!
Vocês devem estar se perguntando: Como assim? Não era só uma pessoa?
Bem, uma pessoa me respondeu pelo meu e-mail e outra pelos coments. De qualquer maneira vou acrescentar dois personagens, relativamente importantes. Agora chega de dar voltas os vencedores foram:
NATY L. POTTER E IGOR PONTAS DUMBLEDORE
Parabéns! Vocês têm um raciocínio bem lógico. Vou colocar vocês já no próximo capitulo! PS: Não sei como vocês são, nem psicologicamente nem fisicamente, então terei que inventar. Espero, que não se importem!
Mudando de assunto esse capítulo vai dedicado à minha Professora de Português Alessandra Peixoto (Peixotão). Recentemente descobri que ela está com um tumor na cabeça e isso me vez ver o quanto a vida pode ser curta e que temos que aproveitar cada momento como se fosse o último. Claro que não sei ainda o que vai acontecer à ela, mas de qualquer maneira eu rezo pra que tudo fique bem.
Beijos a todos e até a próxima atualização.
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