~~capítulo único.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
- Bella! Bella, vamos. Solte-o, Bella, ande! – Narcissa murmurava em pânico.
A confusão de vozes, gritos, fumaça, chamas, destroços e corpos parecia não afetar Bellatrix Lestrange. Ela estava deitada, com a cabeça apoiada no peito do que um dia fora o poderoso e indestrutível Lord Voldemort. A mulher respirava com calma, como se ela e Voldemort tivessem saído de uma aventura noturna sob os lençóis e nada mais quisessem fazer além de dormir tranqüilos nos braços um do outro.
- Bellatrix! – falou Rodolphus.
- Me deixem em paz, seus... seus traidores imundos e nojentos! – retrucou com raiva, deixando bem claro que achava a vida uma perda de tempo sem sentido se Lord Voldemort não fizesse parte dela.
- Bella, os aurores estão cercando o local! Aparate enquanto ainda pode! – replicou Narcissa. – Leve-o com você, mas VÁ, Bella!
- Para onde, Cissy? – perguntou Bellatrix, sem pestanejar.
- A casa de Servolo! – sibilou Rodolphus.
Bellatrix assentiu e se levantou, segurando o braço do seu Lorde. Mas não aparatou na casa de Servolo. Aparatara na biblioteca. Cambaleou até uma mesinha e apanhou uma taça de vinho. O movimento provocou a queda de um vaso de rosas negras, que se espatifou no chão. A mulher chorava convulsivamente.
Voldemort era frio, cruel, impiedoso. Sempre fora. E, ainda assim, Bellatrix o amara com todas as suas forças. Sabia que o que ele sentia por ela era um mero desejo carnal. Mas, de qualquer jeito, Voldemort dera sentido à sua vida.
-- Flashback--
Bellatrix andava pela mansão, sem rumo certo. Voldemort escolhera a mansão Lestrange para fazer de esconderijo e lançara sobre ela inúmeros feitiços de proteção. Bella estava parada de frente para a porta da biblioteca, onde Voldemort gostava de ficar. Estava se perguntando se devia ou não entrar, quando sentiu um arrepio percorrer seu corpo e ouviu uma voz gélida vinda de dentro do aposento:
- Entre, Bella.
A mulher adentrou a sala, fechando a porta ao passar. Localizou seu Mestre sentado defronte a lareira, e se aproximou devagar.
- Milorde... –sussurrou calorosamente.
- Bella... Sente-se. –repondeu o homem com frieza.
Bellatrix se sentou em uma poltrona mais próxima da lareira, recebeu a taça de vinho que Voldemort lhe oferecia e ficou admirando o fogo. Sentia que o Lorde a observava correr os dedos pela borda da taça de cristal.
- Tenho observado você, Bellatrix. –disse ele. Talvez não soubesse mais falar sem aquele tom frio.- Confesso que você me atrai.
- Milorde, eu... O que posso fazer para servi-lo?
- Não seja tola, Bella.
A mulher tornou a levar a taça aos lábios, bebericando o vinho. Em seguida, se levantou e se aproximou da lareira, contemplando o fogo crepitante de costas para Voldemort. Ele estava dando a ela uma chance. Não, Bellatrix. O Lord das Trevas não tem sentimentos, ela se forçou a pensar.
Ela se virou, olhando vagamente pelo aposento. Era grande e estava mal-iluminado. As estantes projetavam sombras fantasmagóricas no chão. Um archote pendia do teto, as chamas fracas e bruxuleantes. A luz vinda da lareira projetava um círculo de luz fraco sobre o tapete e as poltronas. Ao canto esquerdo da sala, várias janelas grandes e amplas filtravam a quase inexistente luz do luar, emolduradas pelas cortinas de veludo negro, que pendiam molemente até o chão.
Bellatrix olhou para as janelas, ainda correndo os dedos pela borda da taça. Usava um vestido longo e decotado de cetim negro; os cabelos cacheados até a metade das costas; os olhos fortemente delineados; as unhas pintadas com um vermelho-sangue; os lábios vermelhos e convidativos.
Ela se aproximou da poltrona do Lorde, pousando a taça delicadamente sobre uma mesinha. Ela se inclinou sobre o homem, sussurrando entre doce e sedutoramente:
- A sua mais leal serva está ao seu dispor esta noite, Milorde.
Em seguida, sentiu as mãos geladas de Voldemort em seus braços. Por um instante delirante, teve medo de que ele se enfurecesse. Mas ele a empurrou contra a parede, com as mãos em sua cintura. Tinha no rosto uma expressão de satisfação.
- Sirva ao seu Lorde, Bella. –ordenou.
-- Fim do Flashback--
A mulher abriu as cortinas negras com um aceno da varinha. O corpo de Voldemort estava acomodado na mesmíssima poltrona.
Bellatrix sentia-se angustiada. Voldemort fora seu mapa, sua doutrina, sua verdade imutável.
A saudade explodia em seu peito. Ela, uma mulher treinada para não sentir saudade, se entregava completamente a esse sentimento dos fracos. Apanhou as rosas sobre os estilhaços do vaso, e apertou-as contra si, ferindo as próprias mãos. Fechou os olhos ao ouvir passos na escada. Eram os aurores. A mulher quase sorriu ao pensar que reencontraria seu Lorde. As portas se abriram e um feixe de luz verde cortou o ar.
Bellatrix Lestrange caiu, imóvel, no chão. Um sorriso brincava em seus lábios, as rosas contra o peito, respingadas de sangue. Reencontrara seu Lorde.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
**N/A
Super pequena, desculpem. Mas é que eu precisava fazer essa fic. Ela já tava prontinha na minha cabeça. Espero que gostem. :**
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!