Mudanças

CAPÍTULO 13 – MUDANÇAS...






- Olá!!! Gostando da minha casinha? – perguntou serena ao entrar na sua cabana.

- Lugar interessante – Respondeu a voz sem emoção de Snape – Como você descobriu?

- Eu não descobri. Era da família de minha mãe. Quando ela e papai casaram, acabaram esquecendo esse lugar. Aos olhos dos trouxas é só uma encosta montanhosa, sem atrativos, com um filete de água correndo entre as pedras e uma velha cabana abandonada, mas aos nossos olhos é um paraíso tropical. Meu paraíso de férias, como costumo chamar... o que mais gosto é que só há duas maneiras de chegar aqui: aparatando ou usando pó-de-flu... se um bruxo vier voando, ou tentar encontrar esse lugar andando pela montanha, não encontrará nada diferente do que os trouxas vêem...



A cabana de Serena era no estilo das cabanas de caça americanas. Tinha uma sala grande, com duas poltronas simples, um mesa rústica de madeira com quatro lugares, um balcão com pia, um pequeno fogão, uma rede pendurada entre duas colunas e uma coisa que parecia não combinar com o local: uma lareira. Tinha um quarto, com uma cama e um armário, e um banheiro. Não havia energia elétrica... tudo era iluminado por castiçais e lampiões.



Serena sentou-se numa das cadeiras da mesa. Snape havia acendido a lareira e agora cuidava de algo que borbulhava dentro de um caldeirão. Por algum tempo nenhum dos dois falou nada, foi Serena que rompeu o silêncio.

- O que você está fazendo?

- Mais poção fortificante. – disse simplesmente ele, deixando mais uma vez o silêncio bater-se sobre eles.

- Er... então... o que você tem feito além de dar aulas em Hogwarts?- perguntou Serena puxando assunto novamente.

- Salvando teimosas que se metem em enrascadas. – disse Snape num tom repreensivo.

- Hum... quer dizer que você faz o estilo herói, bonitão? – comentou Serena rindo, mas Snape olhou-a censurando-a – OK, OK, não brinco mais... e entendi o recado! Sabe você não precisa ficar aqui se não quiser.

Snape não disse nada apenas pegou uma caneca e encheu ela com o liquido arroxeado, então estendeu a Serena.

- Anda! Beba! – disse por fim.

Serena pegou a caneca e colocou-a sobre a mesa, então olhou bem fundo nos olhos de Snape que estava em pé do outro lado.

- Eu fui um dos motivos de você Ter se tornado um Comensal da Morte?

Snape ficou um pouco surpreso com a pergunta, mas conseguiu disfarçar bem. O que realmente o desconcertava era o olhar dela. Aquele olhar penetrante, aquele olhar onde parecia que ela podia ler seus pensamentos, pensamentos que ele não queria que ela tomasse conhecimento. Era difícil sustentar seus olhos nos dela, mas fazendo um grande esforço ele conseguiu e finalmente respondeu.

- Isso já não tem mais importância...

- Tem importância pra mim...

- Porque? Desde quando você se importa comigo?

- Eu sempre me importei com você. Eu e Lilian sempre tentamos ser suas amigas, sempre defendemos você dos marotos.

- Engraçado... não é disso que eu me lembro. – disse Snape e agora havia ódio em sua voz.

- Você nunca esqueceu não é? Nunca me perdoou...

- Com poderia... você... você de certa forma me usou. – ele disse aproximando-se dela, ela por sua vez voltou a ficar de pé, seus olhos marejaram... ela não disse nem que sim, nem que não apenas olhou pra ele em seus olhos haviam culpa e arrependimento. – Você me usou Serena Bauer –repetiu Snape- pra fazer ciúmes... gostaria de saber pra quem... foi pro Lobisomem? Pro Black? Ou será que foi pro Potter?

Nesse instante os olhos de Serena encheram-se de raiva. Ela levantou sua mão, os dedos esticados e antes que Snape pudesse fazer qualquer coisa, ela havia acertado um tapa no seu rosto. Ele não se mexeu e continuou a encará-la.

- Tiago era o namorado da minha melhor amiga! – disse Serena.

- De repente era por isso que você estava interessada. Ele era o único grifinório que nunca havia mostrado interesse em você.

- Como você ousa me ofender dessa maneira... – disse ela levantando a mão para um novo tapa, mas Snape segurou seu braço no ar.

- Como VOCÊ ousou me tratar daquele jeito... não sei porque você me escolheu... você poderia ter praticamente qualquer homem aos seus pés... mas agora diga, olhando pra mim, que você não namorou comigo pra fazer ciúmes em alguém...

- Severo... eu tinha 17 anos... eu ainda era uma criança...

- DIGA! - ele repetiu levantando a voz

- Eu não posso... desculpe-me...

Os dois estavam parados um na frente do outro. Ela ouvia a respiração forte dele. Ele sentia o perfume que emanava dela. Quando Serena terminou de falar, Snape deu um passo pra trás e finalmente desviou o olhar.

- Me desculpe – ela disse novamente- Foi por isso que você se aliou a Voldemort, não é?

- Você não faz idéia das minhas razões... você não faz idéia do que eu passei... do que eu passo...

- Faria se você me contasse...

- Eu não tenho nada pra falar com você. Vá procurar seus amiguinhos, talvez ainda haja tempo pra vocês se entenderem...

Ao terminar de falar, Snape virou-se e ia pegando sua capa e suas coisas pra sair quando um barulho lhe chamou a atenção. Ao voltar o olhar na direção de Serena ele a viu caído no chão.



Snape largou novamente suas coisas e rapidamente foi até ela. Colocou a mão no seu rosto, ela ardia em febre. Ele procurou sua varinha nas suas veste, mas não encontrou-a, olhou a volta e não a viu. Então, sem querer perder mais tempo, ele passou um dos seus braços sob o pescoço dela e a levantou colocando o outro braço sob suas pernas (na altura dos joelhos) e carregou-a até o quarto.

Ele a pôs delicadamente na cama afastando os cabelos dela do rosto. Saiu por um momento e em seguida voltou com uma bacia de água fria e um pano. Molhou o pano na água e colocou-o sobre a testa dela. Ela abriu os olhos por uns instantes... olhou para ele e sorriu, ele estava sentado ao seu lado na cama. Então ela levantou sua mão e posou-a no rosto dele, ele estremeceu levemente aquele toque, mas não fez nada. Serena passou sua mão para a nuca de Snape e puxou-o para si, dando-lhe um beijo. Snape ainda lembrava a sensação que aquele beijo lhe causava, mesmo sabendo que ela não gostava dele, pelo menos não do jeito que ele gostava dela. Mas como ele podia gostar dela? Ela o traíra e o machucara mais que qualquer um.

De repente Snape afastou-se dela. Serena o olhou ainda sorrindo e antes de desmaiar novamente, disse um nome... o último nome que Snape esperava ouvir... ela havia-o chamado de Sirius...





Serena acordou com o sol já alto na rua, sua cabeça ainda estava doendo. Ela lembrou-se da discussão com o Snape, mas fora isso não lembrava de nada. Ela levantou-se ainda um pouco tonta e foi até a sala. Snape estava servindo uma xícara com poção fortificante, e ela lembrou-se que não havia tomado da última vez que ele lhe oferecera. Ele aparentava não ter dormido a noite inteira, tinha olheiras e cara de abatimento.

- Achei que você tivesse ido embora... – disse Serena se aproximando e sentando-se à mesa.

- Acho que seria melhor você voltar ao St. Mungus. Você ainda não está completamente recuperada... Beba isso – falou ele estendendo-lhe a xícara.
Ela bebeu sem questionar ou contrariar nada.

- Não sei porque você me ajuda ainda... – disse ela.

- Porque eu não sou um monstro... ao contrário do que pensam... – ele respondeu.

- Realmente, você não é mais monstro do que eu... – disse Serena abaixando o rosto.

- Eu preciso ir! Acho melhor você voltar ao hospital ou chamar alguém pra ficar aqui... – disse Snape.

- Er... OK... obrigada pela ajuda, e pelo conselho, mas eu tenho que voltar pra França...

- Adeus! – disse Snape pegando suas coisas e desaparatando.

- Adeus!- ela respondeu enquanto uma lágrima corria pelo seu rosto.



*



Já havia passado uma semana desde o aniversário de Harry e Juliah, tempo mais que suficiente para grandes mudanças. A audiência de Harry com o departamento de uso impróprio da magia já havia acontecido, e com o apoio de Sirius, Dumbledore e Moody, ele havia, mais uma vez, sido inocentado de todas as acusações. Juliah no entanto, não tivera tanta sorte. Ela não foi acusada de nada, mas teria de fazer muitos testes e registrar todos os seus poderes.

Quem deu a grande notícia foi Sirius. Ele havia passado uma semana turbulenta conversando com muitos Aurores. Olho-tonto tinha ficado muito zangado com Serena, mas evitou que ela tivesse de responder a um processo, Sirius o ajudou e por sua participação nisso e na captura de Gustave Black recebeu um pedido dos Aurores para retornar a ativa. Quando Sirius foi preso injustamente e mandado a Askaban, faziam apenas alguns meses que ele tinha acabado seu treinamento de Auror. Ele gostava muito de dar aulas em Hogwarts, mas seu sonho não era esse... ele queria uma vida mais “agitada”. Dumbledore sabia disso e quando Sirius foi lhe procurar, sem saber o que fazer e dizendo que não queria desapontá-lo ou deixá-lo na mão, o velho homem de longa barba prateada e óculos de meia-lua, lhe lançou um olhar severo e lhe disse para não perder mais tempo, não se preocupar com nada e voltar a ser Auror. Foi o que ele fez.

Lupin também fora recompensado por seus serviços. Ele não poderia ser um Auror, pois além de não Ter o treinamento necessário ele era um lobisomem e ainda haviam pessoas que temiam e não aceitavam Ter um lobisomem como Auror. Porém Olho-tonto conseguira provar junto com um depoimento de Dumbledore, que Lupin era um excelente bruxo e que sua ajuda seria muito importante pois ele era um grande conhecedor de magia antiga. Então ele fora aceito como uma espécie de colaborador das investigações e missões dos Aurores. Talvez todos estivessem pressentindo que muito em breve, precisariam de toda a ajuda possível.



Duas coisas ainda estavam em negociação: o caso dementadores e o caso Gustave Black.

Se Gustave falou a verdade os dementadores haviam traído o ministério e era muito provável que se unissem a Voldemort, então eles não eram mais confiáveis e Askaban não era mais um lugar seguro. Os Aurores iniciaram diversas investigações, mas não havia nada que tornasse verdadeira as palavras do Sr. Black, não haviam nenhum indicio contra os dementadores, no entanto alguns Aurores ficaram responsáveis por controlar a prisão dos bruxos de perto.

Já Gustave estava bastante encrencado, logicamente não poderia voltar a Askaban, porém os Aurores levaram-no para o lugar mais seguro da Inglaterra (depois de Hogwarts) sua própria sede. A maioria das pessoas queriam que ele fosse beijado por um dementador, porém Sirius intercedeu pelo pai, não que ele se importasse, mas tinha outra idéia, algo que achava pior para ele, no entanto mais humano e mais útil. Sirius pediu que lhe fosse apagada a memória e que ele fosse levado para morar e ajudar numa instituição de caridade trouxa. Sirius garantiu que se responsabilizaria e cuidaria para que tudo ocorresse bem. Muito a contragosto o ministério aceitou a proposta.



*



Serena havia ficado fora todos esses dias sem dar notícias e também sem aviso nenhum apareceu na rua Fort Place num belo fim de tarde.

- Sr. Sirius Black! – disse Dobby que havia ido abrir a porta – A Srta. Serena Bauer deseja vê-lo.

Sirius virou-se na direção do elfo doméstico e a viu, ali, parada, sorrindo... “Como ela pode ser tão linda” – ele se viu pensando e logo censurou-se por aquele pensamento.

- Nossa você está viva! Achei que tivesse morrido... você simplesmente sumiu sem dar mais notícias.

- Lamento desapontá-lo Sirius... – ela disse ainda sorrindo fazendo ele sorrir também. Então inesperadamente ela foi na direção dele e lhe deu um abraço. Ficaram assim por algum tempo apenas sentindo o toque e a respiração um do outro, até que com muita relutância começaram a se separar... Sirius mantinha as mão na cintura de Serena e ela por sua vez tinha as mãos nos ombros dele. Seus olhares se encontraram... os corações batendo descompassados... seus rostos de aproximando... seus lábios prestes a se encontrar... De repente dois adolescentes vieram correndo pelas escadas. Imediatamente Serena e Sirius se separaram e viraram na direção de Harry e Rony.

- Serena! – disse Harry um segundo antes de perceber que estava atrapalhando algo.

- Olá Harry! Olá Rony! – ela respondeu.

- Er... Sirius... Serena... querem que a gente volte mais tarde... – falou Harry.

- Ou dê uma volta por aí... – sugeriu Rony.

- Que é isso seus moleques! – disse Sirius depois de notar a cara que os garotos faziam...

Harry e Rony abafaram os risinhos.

- Esqueci de perguntar... – disse Sirius a Serena- O que você faz aqui?

- Ah! – respondeu Serena- Dumbledore queria falar comigo e também... trouxe seu presente Harry!

- Er... não precisava – Disse o Garoto encabulando.

- Você terá de chamar a Juliah... o presente é para os dois... – disse Serena.

Harry olhou para Sirius e esse assentiu com a cabeça, então ele e Rony subiram novamente para enviar uma coruja a Juliah.

- Serena... O que Dumbledore queria com você? – perguntou Sirius.

- Ele me disse que você foi chamado novamente para trabalhar como Auror... a propósito parabéns – Sirius sorriu- e Disse que portanto você não poderia dar mais aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas... então ele me ofereceu a vaga...

- E você aceitou?

Serena fez um sinal afirmativo com a cabeça.

- Que ótimo! – exclamou Sirius... ela o olhou surpresa- Er... é que é menos uma preocupação pra mim...

Serena fez uma cara de desentendida...

- É que – continuou Sirius- não queria prejudicar Dumbledore nem os alunos com a minha saída.

- Relaxa... Dumbledore achou uma excelente professora para substituí-lo...
- E muito modesta também... – falou Sirius.

Os dois riram, nesse momento Harry e Rony voltaram.

- E então Serena... alguma novidade? – perguntou Harry.

- Só uma... sou a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas de vocês! – respondeu ela.

- Sério? – perguntaram Harry e Rony juntos...

- Sério! – ela respondeu.

- Legal! – disseram os dois.

- É... estávamos preocupados em saber quem substituiria Sirius... – disse Harry.

- Imagina um novo Lockhart – falou Rony.

- Ou um novo Quirrell – comentou Harry.

- Pelo visto você estiveram mal de professores... – disse Serena- Claro... se até o Sirius aqui já deu aula...

- Ei! Eu fui um ótimo professor, não fui meninos? – Perguntou Sirius.

Harry e Rony se entreolharam e deram risadas.

- Meninos???? – perguntou Sirius de novo começando a se preocupar com a resposta.

- Sim, você foi um ótimo professor...- disse Rony e Sirius lançou um olhar triunfante a Serena.

- Mas o Lupin era melhor... – falou Harry...

- HARRY POTTER!!!! - berrou Sirius um pouco antes de todos caírem na gargalhada.





Harry recebeu a resposta de Juliah dizendo que ela iria o mais rápido possível de pó-de-flu. Foi o que ela fez... em menos de uma hora da chegada de Serena, Juliah já estava lá!

- Bom... agora que já estamos todos aqui – começou a dizer Serena depois dos cumprimentos de Juliah- Eu posso entregar o presente de vocês.

Serena pegou uma caixinha e entregou a Harry. Ele olhou para ela e depois para Juliah e abriu a caixa. Ali dentro havia uma fita de videocassete.

- O que é isso? – perguntou Juliah.

Rony espichou o pescoço para ver e notou que também não sabia o que era.

- Isso é uma coisa que os trouxas gravam imagens. É uma fita de videocassete. Na verdade eles usam uma câmara filmadora que capta essas imagens e fica tudo gravado aí. Vocês sabem que as fotos de trouxas não se mexem – disse Serena ao ver que Rony ainda não havia entendido, ele assentiu- Pois isso é como uma foto bruxa, porque aparece as imagens de pessoas e coisas se mexendo... é melhor mostrar... – ela disse por fim.

- Er... tem um videocassete no meu quarto – disse Harry.

- Ótimo, vamos para lá! Na verdade o presente são as imagens...



Serena colocou a fita no aparelho e ligou a televisão. Todos se acomodaram para assistir, assim que estava tudo pronto ela deu o play.

Apareceu na televisão três garotas brincando e rindo. Uma indiscutivelmente era Serena, os mesmos traços (era engraçado como ela parecia não Ter envelhecido quase nada) e as outras duas Harry e Juliah não tiveram dificuldades para identificar. A ruiva de olhos verdes era Lilian e a loira de olhos azuis era Angelita a mãe de Juliah.



(Observação: Quando estava escrevendo essa parte notei que sem me dar conta acabei criando uma cópia das meninas superpoderosas... explico... é que temos uma ruiva (Lilian), uma morena (Serena) e uma loira (Angelita), também pode ser considerada um cópia das Panteras (Charlie’s Angels) hehehe... juro que não foi intencional e que só agora percebi isso)



A fita não tinha muito tempo de duração, as três estavam apenas brincando, rindo e conversando na frente da câmara. Harry viu sua mãe ficar vermelha como um pimentão quando Angelita perguntou a ela sobre Tiago. E ela não conseguiu dizer nada. Enquanto isso Serena e Angelita riam muito. Elas estavam num belíssimo lugar, com um longo gramado e alguns animais ao longe, também havia ali perto uma casinha que Juliah identificou como sendo a casa de seus avós. De repente as três cochicharam algo e então correram ao mesmo tempo em direção a câmara, começando a disputá-la entre puxões e risinhos... até que as imagens acabam.



- Seu avô – disse Serena a Juliah – Brigou muito conosco por causa disso, mas acabou consertando a câmara... Ah! Ela era dos seu avós Harry, os pais de Lilian, que eram trouxas. Lilian a trouxe escondida quando fomos passar o dia na fazenda Gowdak... Era as nossas últimas féria de Hogwarts, já que estávamos indo para o sétimo ano... Er... o que você acharam? – perguntou ela por fim.

- Nossa... – disse Juliah com um grande sorriso – Acho que foi o melhor presente da minha vida!

- É... obrigado Serena!- disse Harry.

Serena sorriu e abraçou os dois.



*



- Tem certeza que ficará tudo bem?

- Pode deixar Sirius- respondeu Serena- Eu sei cuidar de uma casa e tenho certeza que o Harry não dará trabalho nenhum... até porque Juliah me ajudará a cuidá-lo, pelo menos até a hora dela ir... não é?- perguntou ela a menina que riu e assentiu.

Faltavam três dias para o inicio das aulas em Hogwarts. Harry, Juliah e Sirius haviam acabado de voltar do Beco Diagonal, onde haviam comprado todos os materiais que precisavam. Ao chegarem encontraram Serena já a espera deles. Sirius recebera uma missão e precisava sair o mais breve possível e não tinha previsão para voltar, então ele pediu que Serena ficassem com Harry e o acompanhasse até a plataforma 9 e ½. Serena ficou muito contente com o convite pois assim também teria a oportunidade de ir com o Expresso de Hogwarts, junto com os alunos até a escola.



- Harry... – disse Sirius – Comporte-se (Harry fez uma cara de eu-não-acredito-que-você-não-confia-em-mim) E... – continuou seu padrinho – Se eu não voltar até dia primeiro de setembro... Bom início de ano letivo!!! Pra você também Juliah.

Os dois sorriram e agradeceram, então Juliah puxou Harry dali e os dois subiram as escadas deixando Serena e Sirius sozinhos.

- Serena... – começou a falar Sirius- Qualquer coisa procure-me!!

- Pode deixar, mas eu ainda sei me virar sozinha. E cuide-se! Você tem um belo afilhado para tomar conta...

Ele sorriu e os dois encararam-se durante algum tempo em silêncio.

- Adeus- disse Sirius por fim.

- Adeus – respondeu Serena estendendo-lhe a mão.

Sirius segurou a mão dela, então sem aviso, puxou-a para si envolvendo-a com seus braços. Serena estava ofegante e olhou fundo nos olhos dele, seu coração parecia querer sair pela boca. Ele sem querer perder mais tempo, sem querer perder mais uma oportunidade aproximou-se e selou os lábios dela com os seus.

Ela fechou seus olhos. Um turbilhão de pensamentos passou-lhe pela cabeça, mas só um importava: finalmente ele havia a beijado. Ela sonhara com esse momento milhares de vezes, desde a época de Hogwarts, mas nunca poderia descrever como realmente foi. Foi algo extraordinário, muito, muito melhor que qualquer sonho...

Sirius não queria largá-la, não queria deixá-la... finalmente ele a tinha em seus braços e não cogitava a idéia de perdê-la. A lembrança da noite em que ela quase morreu voltou a sua mente e ele apertou-a com força, como se com isso ele pudesse protegê-la, como se com isso ela não pudesse fugir. Ele queria Ter sempre aquele toque, aquele perfume, aqueles lábios pra si... Mas ele tinha uma missão (da qual ele vagamente sabia do que se tratava) e tinha que ir.

Quando os dois conseguiram afastar-se, Sirius se aproximou do ouvido de Serena e sussurrou fazendo-a arrepiar-se : “Você ainda me deve Serena Bauer”. E imediatamente desaparatou dali.



*



- Harry! – chamou Serena um pouco antes do garoto subir para seu quarto. – Já está tudo pronto para amanhã?

O garoto fez um sinal afirmativo com a cabeça. Harry não via a hora de começar as aulas novamente, embora fosse seu último ano e ele tivesse grandes decisões a tomar sobre seu futuro. Ele sentiria muita falta daquele lugar, afinal ele guardava muitas lembranças dos últimos seis anos de sua vida, mesmo assim não via a hora que as aulas começassem.

- Boa noite Serena!

- Boa noite Harry!



Nesse dois últimos dias Serena e Harry aproveitaram para conversar... era engraçado, porque Sirius havia contado a Harry muitas histórias sobre Tiago e agora Serena contava a ele muitas história sobre Lilian. Era tão bom poder ouvir sobre seus pais. Harry as vezes podia até sentir como se os houvesse conhecido melhor, como se tivesse convivido com eles por mais tempo. Ele foi para a cama com essas lembranças na cabeça e dormiu. Foi um sono tranqüilo e leve, daqueles que realmente fazem a gente descansar...



Serena ainda ficou mais um tempo lendo um livro no sofá, mas não estava conseguindo se concentrar na leitura. A cena do beijo entre ela e Sirius volta e meia retornava a sua memória e o fato de que nesses dois dias Sirius não havia dado notícias estava preocupando- a. Ela já ia subir para deitar-se quando uma coruja bateu delicadamente com o bico na janela. Serena foi até ela e abriu a janela reconhecendo a coruja como sendo uma das usadas pelos Aurores. Uma alegria e um medo repentino percorreu seu corpo. Tinha quase certeza que o bilhete era de Sirius, mas o que poderia conter era o que ela temia.

Ela pegou o bilhete e ofereceu comida e água a coruja que recusou e saiu voando novamente. Serena abriu o pedaço de papel e leu duas vezes para verificar se realmente lera certo. Nele dizia: “ Serena, estou bem... ainda não sei quando volto. Avise o Harry para não preocupar-se e lhe deseje boa sorte! Sirius”

Ela estava feliz com a notícia de que ele estava bem, mas não podia deixar de se sentir chateada pelo fato dele não ter mencionado nada, absolutamente nada do que aconteceu, ou pelo menos ter escrito algo um pouco mais pessoal, afinal aquele bilhete foi muito “frio”. Sentindo-se muito estranha ela resolveu ir deitar mas demorou muito para que o sono viesse.



*



Na fazenda Gowdak, Juliah preparava-se para ir dormir. Quando ela saiu da casa de Harry no dia da viagem de Sirius, ela recebeu uma carta de seus avós pedindo para que ela passasse os últimos dias de férias com eles e ela fora. Amanhã eles iriam levá-la na estação King’s Cross. Juliah deitou-se feliz por estar, em breve, retornando a Hogwarts e instantaneamente adormeceu.



Uma risada fria invadiu seu sono um pouco antes dela acordar. Ela estava ofegante e suava frio, e por mais que tentasse a risada não saía de seus pensamentos. Ela levou a mão no pescoço e não encontrou o colar que sua verdadeira mãe lhe dera. Imediatamente começou a procurá-lo entre as roupas de cama. Quando o desespero já estava tomando conta dela e a gargalhada tornava-se cada vez mais alta, ela encontrou seu talismã. A corrente dele havia partido. Juliah passou a mão sobre ele desejando que aquilo não tivesse acontecido. Quando ela voltou a olhar a jóia, esta estava perfeita... sua corrente não estava mais arrebentada. Sem tentar entender, Juliah colocou rapidamente o colar no pescoço e no mesmo instante a risada passou, mas a angústia de Juliah, não.



Ela sabia que quem estava rindo era o Lord das Trevas, seu “pai”. Ela sabia que ele estava planejando algo. Ela sabia que suas forças já estavam quase que completamente recuperadas. Ela sabia que ele conseguira muitos seguidores novos durante esses últimos anos. E ela sabia que ele a queria acima de tudo!

Ela sonhara com tudo isso essa noite e embora não soubesse que planos ele tramava, nem porque ele a queria, ela temia muito pelo que estava por vir e sabia que talvez pessoa muito queridas, pessoas inocentes, acabassem sofrendo, de certa forma, por sua causa. Então um pensamento lhe surgiu: será que não seria mais fácil entregar-se... imediatamente um voz soou em alerta dentro de si. “ Não seja boba, menina. Você acha que depois de conseguir o que quer ele deixará tudo e todos em paz? Lute... talvez só você possa dar fim em tudo isso...”

Juliah enxugou uma lágrima que teimava em escorrer e decidiu que se precisasse lutar ela lutaria. Lutaria pelas pessoas que amava, lutaria contra seu próprio pai, contra aquele maldito sangue que corria em suas veias. A única coisa que ela não deixaria era que mais alguém sofresse.

Ela deitou-se novamente, afinal o sol nem havia saído, mas não conseguiu mais dormir.



*



- Faltam 15 minutos para o embarque! Onde estão Harry e Serena? – perguntou uma Hermione aflita à Juliah.

- Eu não faço idéia! – respondeu a garota, que parecia não estar para muita conversa hoje.

- Não esquenta, Mione! Ele está com a Serena... – disse Rony despreocupadamente.

- Ah, Rony! Cala a boca! – Hermione respondeu, mas Rony não retrucou, preferiu ir falar com seus irmãos que haviam o chamado, provavelmente para entregar-lhe algum “artigo” de sua loja, para que Rony fizesse “propaganda” em Hogwarts.



Quando faltava 10 minutos, Harry apareceu na plataforma 9 e ½. Parecia que havia corrido muito. Ele deu um “oi” rápido a todos e entrou no trem acompanhado de Rony que foi mostrar-lhe a cabine que eles haviam escolhido e ajudar-lhe com o malão.

- Harry, onde está Serena? – perguntou Rony enquanto eles saíam novamente.

- Ela já vem... eu acho... – disse Harry dando de ombros- Eu nunca vi alguém demorar tanto tempo pra se arrumar! – ele disse por fim.

Rony deu uma risadinha e pôs a mão no ombro do amigo. Depois de se despedirem de todos que estavam na plataforma o grupo dos cinco (Harry, Rony, Hermione, Juliah e Gina) resolveu entrar no trem, afinal faltavam menos de cinco minutos para que ele partisse. E não havia sinal de Serena.

- Acho que ela resolveu aparatar em Hogsmeade e chegar mais cedo. – disse Harry pensativo.

- Eu acho que ela te avisaria se fosse fazer isso. – Disse Juliah, Mione e Rony concordaram.

- Ei! Eu não conheço ela, mas pela descrição do Rony acho que ela vem vindo... – falou Gina que estava olhando pela janela.- pelo menos eu nunca vi o Fred e o Jorge babarem tanto... e nem a mamãe dar um cutucão daqueles no papai...

Todos correram para ver. Com uma belíssima calça social preta, uma blusa (digamos que... um pouco ousada...) azul, uma jaqueta de couro também preta e sapatos de saltos finíssimos, acompanhada por uma bolsa de viajem que flutuava atrás de si, vinha Serena.

Usava seus longos cabelos soltos, lindos brincos de pedra negra, um colar (aquele que ganhara de Lilian), muitas pulseiras prateadas, além de um relógio no pulso. Muitos olhares masculinos viraram na sua direção, enquanto muitas mulheres cutucavam seus maridos e lhe lançavam olhares raivosos. Serena era e estava realmente lindíssima. Ela acenou para a Sra. Settlers que demorou para reconhecê-la, mas então acenou de volta, e cumprimentou rapidamente o Sr. e a Sra. Gowdak. Quando ia entrar no trem uma figura lhe chamou atenção... Serena teve a impressão de ver um enorme cão preto parado próximo ao trem, e se era possível... ele parecia ter um sorriso os lábios. Serena sacudiu a cabeça e voltou a olhar na direção do cachorro, mas foi em vão... ele já havia saído. “Será... será que era o Sirius?” ela se viu pensando então sorrindo entrou no Expresso de Hogwarts.

O Trem apitou e lentamente as rodas começaram a girar ganhando mais velocidade em seguida, finalmente eles estavam se dirigindo para Hogwarts. Era mais um ano que se iniciava... o último para Harry, Rony e Hermione... e com certeza o mais emocionante...



FIM









NOTA FINAL: Sim... acabou por aqui... sei que ainda tem muita coisa a ser explicada, como a relação Serena/Snape e Serena/Sirius... além de explicar o que está tramando Voldemort... Muita coisa está por vir... realmente o último ano será o mais emocionante e tudo isso ficará para a próxima e última fic que se chama DESTINOS... e os primeiros capítulos já estão aqui no site! bjus

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