Obstáculos



Capítulo 13 – Obstáculos


- Acho que é lá, vamos? – Mas ninguém entendeu o que ele tinha dito, graças ao Feitiço Cabeça de Bolha que eles utilizaram para entrar no lago. Ao perceber isso, Harry começou a sacudir as mãos, apontando para o brilho e pra si mesmo. Logo, todos entenderam que deveriam ir até o estranho brilho. Quando estavam quase chegando perto de sua origem, todos sentem um solavanco e, de repente, perdem a consciência.


(continua)

*****

Harry foi o primeiro a acordar, mas ele já não estava mais com seus amigos e nem estava no lago. Estava em um lugar que nunca tinha visto, onde tudo parecia ser feito de gases, mas ao mesmo tempo parecia muito sólido. Não era possível ouvir nada além de sua própria respiração, o silêncio era tanto que chegava a ser aterrorizante e uma simples agulha caindo no chão pareceria um estrondo enorme. Harry se levantou lentamente do chão onde estivera deitado, observando tudo ao seu redor.

- RONY! HERMIONE! GINA! NICK! FRED! JORGE! TEM ALGUÉM AÍ? - berrava a plenos pulmões, mas o que ouviu em resposta foi um som que veio de um lugar as suas costas, um som que lembrava estranhamente uma gota caindo no chão. Porém, o que viu não foi uma gota. Bem na sua frente, estava seu padrinho, Sirius Black, exatamente como ele se lembrava. Porém, este não sorria como normalmente. Parecia estar furioso.

- Ora, ora, ora, quem temos aqui! Harry Potter! Há quanto tempo não nos vemos meu querido sobrinho...? - cumprimentou o padrinho, ironicamente - E, então? Andou tirando a vida de mais alguém recentemente? Ou você só queria se ver livre de mim mesmo? – falou Sirius, com um sorriso sarcástico e, ao mesmo tempo, furioso.

- Acho que posso responder a essa pergunta... – disse Cho Chang, aparecendo atrás de Sirius. Harry apenas arregalou os olhos a chegada da garota – Se não me engano, fui a última “vítima” do Harry – o moreno não entendia nada do que estava acontecendo, afinal seu padrinho nunca falaria com ele assim e também não fazia idéia do porque de estarem os três naquele lugar totalmente desconhecido.

- E qual foi o motivo que causou sua morte? – perguntou Sirius - A minha foi puro capricho desse garoto – falou apontando para trás, na direção de Harry – Ele não soube ouvir àqueles que sabem das coisas e quem pagou fui eu.

- Comigo foi por que ele não soube controlar as próprias emoções... – a garota respondeu, lançando um olhar extremamente irritado a Harry.

- Pelo jeito, todos nós morremos por irresponsabilidade desse garoto, mas eu só não entendo porque nós morremos e ele continua aí, vivo e se beneficiando da morte dos outros... – falou Tiago Potter, que apareceu do nada, juntamente com Lílian e Dumbledore. Todos pareciam furiosos e acabados e, a cada novo “personagem”, Harry ficava mais confuso e mais perguntas eram formuladas em sua cabeça: “Por que estavam ali? Onde estavam? Por que estavam agindo assim com ele?”. Mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Tudo o que tinha consciência era de que aquelas pessoas, que lhe eram tão queridas, o estavam tratando como a um assassino frio e cruel. Não quem os matara (exceto por Cho), mas o responsável por suas mortes.

- Eu morri tentando proteger esse garoto. O tempo que me custou fazer um feitiço para mantê-lo preso, sabendo que ele não conseguiria controlar-se, me fez não ter tempo de me proteger... - falou Dumbledore, com a costumeira calma, mas com um brilho diferente no olhar, um brilho de puro ódio, coisa que o antigo professor nunca demonstrara, ao menos para Harry.

- Bem, o nosso caso foi porque ele “resolveu” se meter no meio de uma profecia. Como se algum dia ele fosse derrotar Voldemort... Fraco desse jeito... – falou Lílian, olhando com desdém para Harry. A cada nova “acusação”, Harry se sentia, de fato, mais e mais fraco.

- D...Do que vocês estão falando? Por que estão botando a culpa por suas mortes em mim? POR QUE ESTÃO FAZENDO ISSO COMIGO? – perguntou Harry, aos berros, enquanto grossas lágrimas rolavam pelo seu rosto, sem que este percebesse – Por que...?

- Hahaha!!! - A risada de sua mãe não era feliz, mas sim fria e sem qualquer emoção - Agora quer se ausentar da culpa, não é? Não tem mais jeito, querido – falou Lílian, indiferente ao sofrimento do garoto – Sabe o que mais me preocupa? – perguntou ela, virando-se rapidamente para os outros.

- Os amigos dele? – arriscou Dumbledore, recebendo um aceno afirmativo de Lilian – É, sempre me preocupei com eles também... Desde o primeiro momento, quando vi o garoto Weasley e a Granger se metendo na primeira confusão com esse garoto, percebi que eles correriam perigo pelo resto de suas vidas, as quais acho que não duraram muito, sendo os dois tão próximos ao garoto. – Dumbledore parecia realmente arrasado. Harry via, naquela resposta, todos os seus medos se confirmarem. Então, era verdade, ele seria mesmo responsável pela morte de seus amigos. Não podia ser...

- E agora? A garota e os gêmeos Weasley também estão nessa história... E Nicole Diggle, igualmente. Sinto muito pelos Weasley. Por que foram se relacionar com esse garoto? E tudo por causa de uma pequena informação dada na estação King’s Cross – Tiago completou, com uma expressão de enorme pesar. Harry não agüentava mais aquilo. Não conseguia imaginar um futuro pra si no qual não houvesse sua Gina. Não conseguia ver o mundo sem os gêmeos Weasley e sua espontaneidade. E Nick, a quem acabara de conhecer e de quem já gostava muito. Não podia fazer aquilo com todos eles.

- Por que estão fazendo isso comigo? – repetiu ele, arrasado - Vocês que nunca me deixaram fraquejar, sempre me apoiaram e nunca me culparam de nada... Por que isso agora? – perguntou Harry, obviamente desesperado, caindo de joelhos no chão.

- A vida não é assim não, garoto. – falou Sirius – Você queria o que? Que nós estivéssemos sempre com você para te encobrir? Para te ajudar a levantar quando caísse? A vida não é fácil, garoto. E, de tanto encobrirmos você, olha só o que nos aconteceu? E quando acontecer o mesmo com seus amigos, o que você vai fazer? Vai dizer que a culpa não foi sua também?? Que a escolha foi deles e que Voldemort é o “titio-malvado-que-não-deixa-ninguém-que-se-mete-na-sua-frente-sair-vivo”, quando na verdade a única culpa dessas pessoas foi ter te conhecido???

- EU NÃO FIZ ISSO!!! EU NÃO FUI O CULPADO DA MORTE DE VOCÊS!! E NADA VAI ACONTECER COM MEUS AMIGOS!! – o garoto já não suportava mais toda aquela pressão em cima dele. Tudo que tentara represar dentro de si por tanto tempo, de repente, era exposto na sua frente, de uma maneira indiferente e pelas pessoas que ele sempre considerara como fontes de apoio e amor e que nunca duvidara que estariam lá para ajudá-lo.

- Tem certeza disso? – perguntou Tiago.

- É claro que tenho! Eu não matei vocês! Meus amigos vão ficar bem! TODOS vão ficar bem! A CULPA NÃO É MINHA!! – Harry respondeu, sentindo suas forças se esvaírem, mas precisava deixar aquilo claro. Não apenas para os presentes, mas para si mesmo, acima de tudo.

Tiago abriu um sorriso enorme – Esse é o meu garoto!!! Não deixe te derrubarem, filho!

- Nós estaremos com você... Sempre! – falou Lílian, para logo depois tudo a volta desaparecer e Harry cair desacordado, novamente, no chão.

*****

Praticamente ao mesmo tempo em que Harry acordou, outra pessoa também o fez. Rony estava em um lugar igual ao de Harry, mas logo após ouvir o barulho da gota caindo, o lugar se transformou no Baile de Inverno do quarto ano do garoto. E lá estava Hermione, tão perfeitamente vestida, dançando com Vítor Krum. Rony já não agüentava mais aquela cena, vê-la uma vez já tinha sido extremamente desagradável, mas vê-la pela segunda vez estava sendo insuportável. Tudo estava acontecendo terrivelmente igual até o momento em que, repentinamente, a garota veio falar com ele...

- Ronald, - chamou ela, no que Rony registrou o uso do seu nome, e não de seu apelido, como um péssimo sinal do que estaria por vir – eu só queria te dizer que, depois do fim desse ano, vou me transferir para Durmstrang!! – a garota contou-lhe, claramente excitada com a idéia.

- P-por que, Mione? – ele perguntou, sentindo um bolo formar-se em sua garganta.

- Oras, Ronald, não é óbvio?? Assim posso estar mais perto do Vitinho, mesmo que ele já não vá mais estudar naquela escola – explicou ela, com um sorriso enorme a estampar-lhe a face.

- Co... Como assim? Você não pode fazer isso com a gente Mione! Você não pode me deixar aqui! – berrava Rony, indignado, com o bolo na garganta aumentando cada vez mais e impedindo-lhe de sequer articular uma frase corretamente.

- Por que eu não poderia te deixar aqui, Ronald? Nós não somos nada um para o outro, somos? Afinal, eu sou só a garota inteligente que faz seus deveres e de quem você tira sarro o tempo todo, não? – falou Hermione, esbravejando – Eu não devo nada a você... – Disse ela, enquanto se retirava. Porém, a garota deu meia volta e entregou ao ruivo um convite dourado aonde iam aparecendo magicamente o nome do destinatário e de quem enviou como se estivessem sendo escritos na hora.

- O que é isso? – Rony ainda arranjou forças pra perguntar, mesmo temendo a resposta.

- Como sou educada, quero deixar para você e para o Harry esse convite do meu casamento com o Krum. Mas, sinceramente, vocês não precisam aparecer. Na verdade, será até melhor se não forem, por favor. – ela respondeu, de uma forma tão sincera que Rony achou que chegava a machucar. Porém, quando se virou para ir embora, o garoto segurou seu braço.

- Você não pode ir, Mione! Eu não vou deixar que você se vá! EU TE AMO, HERMIONE!!!

- E você acha que eu realmente me importo com o que você sente? Como se você se importasse comigo. Você só está me dizendo isso porque quer que eu continue fazendo os seus deveres. Pois fique sabendo que não vou ficar! Eu vou me casar com o Vitor e serei mais feliz do que eu jamais fui nessa escola! – berrou Hermione, claramente decidida, para logo depois sair andando de mãos dadas com seu noivo, como se realmente nada estivesse acontecendo, como se Rony não tivesse revelado tudo o que sentia por ela, tudo o que estava entalado em sua garganta por tanto tempo, sufocado em seu peito, claro em seu coração. Rony não agüentou aquele choque. A garota da sua vida não o queria e o estava deixando para trás, definitivamente. O garoto achou que não poderia existir dor maior que aquela. Sentiu seus joelhos fraquejarem e deixou-se cair ao chão, chorando como uma criança de quem tiraram o brinquedo predileto. Mas Hermione não era um brinquedo. Era a razão pela qual ele lutava, ele vivia. Não podia deixá-la simplesmente ir embora com o “búlgaro imbecil”.

- Eu não vou desistir, Hermione, eu vou ter você comigo e te farei a mulher mais feliz do mundo, pode ter certeza disso!! – falou Rony, sussurrando, para logo depois se levantar do chão e sair correndo atrás de sua amiga, sua companheira, seu amor. Podia vê-la ao longe, caminhando calmamente ao lado de seu noivo em direção ao navio da Durmstrang, mas aquilo não o impediria. Ele podia alcançá-la. Sabia que sim. Precisava alcança-la. Sentia que daquilo dependeria sua vida. Não havia futuro sem aquela garota metida a sabe tudo que ele tanto amava ao seu lado.

- MIONE!!! – berrou Rony para a garota e, quando esta se virou para ver quem havia gritado seu nome, foi beijada apaixonadamente. Assim que a soltou, Rony esperava ouvir berros e receber um tapa bem dado no rosto. Um não, vários, pelo que conhecia dela. Porém, o que recebeu foi o mais belo sorriso que já imaginara receber daquela garota doce, mas extremamente geniosa e, na opinião dele, complicada também.

- Parabéns, Rony! Você conseguiu vencer sua provação. Infelizmente, ainda terão muitas mais. Então, mesmo que não consiga na primeira vez, continue tentando até conseguir o que quer. Nunca desista! Você sabe que consegue, não é? Provou isso agora – falou Hermione, beijando-o, no que o garoto sentiu suas forças se esvaírem rapidamente, mas não antes de ouvir um abafado “Boa sorte” que julgou ser de Vitor Krum. “Humpf! Búlgaro imbecil mesmo, mas obrigado!”, foi seu último pensamento, antes de cair desacordado ao chão.

*****

Enquanto isso, mais alguém acordava. Gina se encontrava em um local semelhante ao de Harry ou de seu irmão. Ao acordar, olhou ao seu redor, sem nada reconhecer. Porém, após o barulho de uma gota caindo, o local transformou-se instantaneamente no Salão Comunal da Grifinória. Uma barulheira enorme invadiu seus ouvidos e, quando acompanhou o olhar de todos os seus colegas, a cena que viu causou um embrulho em seu estômago. Harry beijava Romilda Vane, no mesmo local e situação os quais Gina lembrava serem os de seu primeiro beijo com o garoto. Ao mesmo tempo em que não conseguia acreditar na cena, sentia grossas lágrimas saltarem de seus olhos, sem que pudesse controlar. Via Rony, seu próprio irmão, aplaudindo a cena, juntamente com Hermione, sua amiga, ambos extremamente felizes. Não conseguia entender. Não queria acreditar. A única coisa que lhe vinha à mente era “Harry? Não pode ser... Por quê?” Mas as respostas para essas perguntas ninguém podia lhe dar, pois pareciam todos extremamente ocupados em ovacionar o lindo casalzinho Harry & Romilda, concluiu a garota, irritada. Depois de um tempo observando aquela cena e já não agüentando mais, Gina deixou a sala. Ela, então, chorava copiosamente, mas ainda pôde ver a coruja de sua família entregando uma carta para Rony. Ao atravessar o buraco do retrato da Mulher Gorda, Gina parou, sem saber para onde ir. Acabou decidindo-se pela Torre de Astronomia. Correu depressa, sem olhar para trás. Não queria ver ninguém. Não queria que a imagem daquela cena voltasse a sua mente. Chegando a Torre, a única coisa que conseguiu fazer foi escorar-se a uma parede e depois escorregar lentamente, sentando-se ao chão. Ali, ela chorou, de verdade, como a muito não chorava. Só parou ao ouvir um barulho perto de si. Era Rony, lívido de raiva.

- SUA CULPA! TUDO-SUA-CULPA! – o garoto berrava, apontando para ela e chorando também. Gina não entendia nada – EU TE ODEIO!!

- O-o que aconteceu? – perguntou, assustada com a atitude do irmão.

- O QUE ACONTECEU? QUER SABER O QUE ACONTECEU? LEIA, ENTÃO! – Rony estava ofegante de tanto gritar e, provavelmente, de ter corrido atrás dela. Apenas estendeu-lhe uma carta, totalmente amarrotada e molhada do que Gina imaginou serem lágrimas. Gina a pegou e começou a ler, ainda assustada com seu irmão. À medida que avançava na leitura da carta, seus olhos arregalavam-se cada vez mais. “Não, mais isso não!”, ela pensava. Quando terminou de ler, chorou mais e mais. Primeiro, Harry. Agora, sua família.

- E ENTÃO?? NÃO TEM NADA A DIZER?? VAMOS LÁ, VOCÊ LEU! A CULPA FOI SUA! – Gina não queria responder àquilo, mas era verdade.

Na carta, Fred Weasley comunicava que todos os Weasleys haviam morrido, no dia anterior. O Sr. e a Sra. Weasley, Gui, Carlinhos, Percy, Jorge e Fred estavam na Toca quando Voldemort em pessoa e mais vários Comensais da Morte simplesmente apareceram e assassinaram a todos. Ele deixou apenas um vivo, Fred, para que este contasse aos outros o real motivo de sua “visita”. Voldemort não queria atingir a Harry. Na verdade, ele queria se vingar de outra pessoa. Gina Weasley. Exatamente, este era o nome que estava na carta. Fred escrevera que este foi o motivo do assassinato de toda a família. Voldemort não se conformara por Gina ter escapado dele em seu primeiro ano em Hogwarts. “Como uma garotinha primeiranista sem qualquer talento evidente conseguiu perceber o que acontecia e tentou se livrar de mim?”, ele falara para toda a família Weasley ouvir, antes de morrer.

- E-eu não sei! Desculpa, eu acho! Nunca pensei que isso fosse acontecer... Tantos anos já se passaram! – Gina estava chocada. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer. A única coisa que sentia eram as lágrimas, nada mais. “Como isso pôde acontecer? Por que eles?”, ela pensava. Porém, logo depois, além do enorme pesar, um sentimento gigantesco de culpa a acometeu. Era tudo culpa dela. Sua família estava morta e era tudo culpa dela. Não havia mais nada dentro de si. Vazia. Era como se sentia. Todos que ela amava ou estavam mortos ou estavam com raiva dela ou a ignoravam completamente. Não queria acreditar. Não queria viver. – NÃO É POSSÍVEL!! ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO! – ela soluçava e berrava, numa tentativa de convencer a si mesma do que dizia. Rony apenas olhava para ela como se a irmã tivesse enlouquecido de vez. Mas ao invés de preocupação com isso, seus olhos demonstravam total indiferença, como se talvez enlouquecer fosse quase bem feito para ela. Gina já não suportava mais aquilo. Tudo parecia tão real, mas ao mesmo tempo tão irreal. Será que era isso? Uma ilusão? Ela tinha que ter certeza.

- ISSO NÃO É REAL! MINHA FAMÍLIA NÃO MORREU E NEM VAI MORRER! MEUS IRMÃOS NÃO ME ODEIAM! HARRY ME AMA! – A garota gritava tudo que lhe vinha à cabeça, mas já sentia suas forças se esvaírem de tamanho desgaste emocional. Nada mudava naquela cena, Rony ainda a olhava furiosamente. Ainda se encontrava na Torre de Astronomia. Mas não desistiria. Aquilo não estava acontecendo. – Eu sei disso... Quero sair daqui! – murmurou, mas não teve mais forças para continuar falando. Porém, um Rony finalmente mudado sentou do seu lado e fez um carinho no seu rosto.

- Essa é minha irmã. Obrigada por não desistir, Gi. Continue assim! Nunca desista! Por favor! Haverá momentos difíceis, mas você é forte. É uma Weasley! Todos te amamos, ok? Boa sorte – falou ele, docilmente. Depois disso, Gina permitiu-se sorrir por um instante, antes de tudo escurecer e ela perder a consciência novamente.

*****

Hermione se encontrava em um lugar exatamente igual ao de Harry e Rony. O mesmo som de uma gota caindo foi ouvido pela garota antes de tudo ao redor se transformar na sala de Transfiguração durante uma aula da sábia Professora McGonagall. Esta estava entregando os trabalhos feitos pela turma e fazendo alguns comentários sobre estes, enquanto os entregava. Ao chegar na mesa de Hermione, porém, ela não entregou o trabalho na hora, mas ficou o segurando, sem permitir a Hermione ver sua nota.

- Senhorita Granger, a senhorita poderia me dizer sobre o que se tratava o trabalho? – falou a professora na sua habitual pose severa, porém, sem o conhecido olhar de satisfação que Hermione tanto prezava.

- O trabalho era sobre o que era a Transfiguração, ou seja, a transformação mágica de uma pessoa, animal ou objeto em outro. A senhora nos disse para pesquisar sobre isso porque nós estamos chegando a uma parte da Transfiguração que, se não soubermos o básico, não conseguiremos fazer nada.

- Bela explicação, senhorita Granger, mas me explique mais uma coisa. Se a senhorita sabe tanto sobre as bases da Transfiguração, como conseguiu tirar a menor nota desta sala, logo você? – perguntou a Professora McGonagall, enquanto finalmente colocava em cima da mesa da garota um rolo de pergaminho com um perfeito T desenhado nele. Hermione ficou em estado de choque. As únicas coisas que ouvia eram os cochichos e risadas abafadas de todos na sala. Não apenas o lado sonserino, que chegava a vaiá-la, mas também o lado grifinório, do qual Hermione esperaria apoio ou uma reprimenda aos sonserinos.

- Ora, ora, ora, não é que a sangue-ruim da Granger finalmente mostrou quem é de verdade? Uma burra! Também, o que se deve esperar de alguém tão... medíocre? O que foi? Os livros não conseguiram te ajudar a disfarçar a burrice dessa vez? – Draco Malfoy exibia um sorriso extremamente satisfeito e sua voz continha o mesmo tom de desdém e superioridade muito irritantes que ele sempre reservava para a garota, que, no momento, estava mais preocupada com seu trabalho do que com o Malfoy e suas provocações. No entanto, ela notou que seus amigos, sempre prontos a defendê-la e calar a boca da doninha falante, não se manifestaram de maneira alguma. Logo depois, porém, ela pôde ouvir alguns cochichos mais próximos a si. E esses cochichos foram mais que capazes de a abalarem, pois vinham dos seus amigos, Harry e Rony.

- Além de ser um pesadelo, também é burra que nem um trasgo. Nem pra fazer os nossos deveres ela serve mais – Rony murmurava, relativamente baixo, mas não o suficiente para impedi-la de ouvir. Ao ver que Mione os ouvia, Rony não se importou e apenas aumentou o tom de sua voz, fazendo com que, agora, toda turma ouvisse – Enfim, não precisamos mais fingir que gostamos dela e nem precisamos andar mais com ela e aturar o jeito mandão dela. Graças a Merlim, finalmente!! – ele falou, lançando continuamente um sorriso no mínimo irritante para a garota, ainda chocada com o que ouvia - Mas vamos ter que achar outra pessoa pra fazer nossos deveres, Harry... – completou ele, baixinho, pra que só Harry e Mione ouvissem, levemente aborrecido, mas ao mesmo tempo aliviado. Hermione não podia acreditar no que estava ouvindo. Sem dúvidas, eles estavam brincando com ela. Sim, eles estavam sendo bem convincentes, mas quem disse que eles não eram?

- Tem razão, cara. Você deu sorte, não vai mais precisar fingir que gostava dela nem namorá-la pra ela nos ajudar mais ainda. – respondeu Harry, divertido. Agora, a garota já estava ficando incomodada com a brincadeira dos seus amigos. Era melhor eles pararem logo.

- Esse plano que você inventou podia me colocar na maior furada. Imagina se a Lilá se convence de que era verdade? Eu te esganava se eu ficasse sem a minha fofinhucha. – disse Rony, ligeiramente preocupado. Hermione queria rir com o apelido carinhoso que o amigo inventara para Lilá, mas não conseguia.

- Liga não, cara. Ela não ficaria sem o Uon Uon dela. – falou Harry, zuando o amigo. Agora, aquilo estava ficando verídico demais. Será que não era uma brincadeira?

- É. Ela não vive sem mim e nem eu sem ela... – falou Rony, meio abobalhado, olhando para o nada, apaixonadamente. Hermione, que até esse momento não se decidia entre “brincadeira ou não”, se levantou bruscamente da cadeira, com lágrimas nos olhos, e deu um tapa bem dado na cara de cada um de seus amigos. É, aquilo não era brincadeira.

- COMO TIVERAM CORAGEM!!!! EU QUE SEMPRE FIZ TUDO POR VOCÊS!!!! Você, Harry, que sempre considerei como um irmão e sempre fiz de tudo quando você se metia em enrascadas!!! – ela berrou, apontando para o moreno de olhos verdes, que limitou-se a fingir que não era com ele - E você, Ronald, - ela virou-se para o ruivo - o garoto que eu sempre amei... – nessa hora, sua expressão se suavizou um pouquinho para depois mudar bruscamente para pura decepção – Nunca imaginei que você ainda me visse da mesma maneira... – lágrimas grossas já escorriam pela face da garota, mesmo que esta tentasse evitar - Achei que você também me amasse, Rony!

- Amar você?! Que maluco teria a coragem de fazer isso? – o garoto parecia genuinamente chocado com a ingenuidade dela - É impossível amar alguém tão metida a sabe tudo, arrogante e insuportável! Se você fosse mesmo tão esperta como pensa que é, já saberia disso! Você acabará solteirona e sem amigos em uma cabana caindo aos pedaços enquanto olha uma foto sua mais nova e se pergunta onde errou. Mas não gaste os seus raros neurônios à toa, vou responder essa pergunta para você: VOCÊ ERROU DESDE O MOMENTO EM QUE NAS...!!!! - mas foi impedido de continuar por um tapa ainda mais forte que recebeu da garota, vermelha de raiva e vergonha, ao mesmo tempo.

- SEU MENTIROSO!!! Eu não sou nada disso!!! Eu sou uma garota maravilhosa!! Amável, amiga e inteligente, que tem amigos verdadeiros e uma família maravilhosa que me ama!!! Sei que nunca vou terminar sozinha!!! Sei que tenho pessoas sempre comigo dispostas a tudo por mim!! – ela parou, sem fôlego, mas o que recebeu de seus amigos não foi um sorriso sarcástico ou algo do tipo e sim, um dos mais satisfeitos sorrisos que já os vira dar, sem dúvidas.

- Muito bem, Mione!!! Sabia que essa provação ia ser moleza pra você! – falou Harry, rindo pra garota, enquanto o lugar começava a sumir e sair de foco devagar.

- Essa é a minha garota! – Rony estava radiante e Mione não pode se impedir de sorrir de volta - Continue confiando em si mesma, isso vai ser muito importante. Mantenha-se firme diante dos problemas da vida e confie sempre!!! - foram as últimas frases que Hermione escutou, antes de cair em sono profundo novamente.

*****

Ao mesmo tempo, Nick também acordava. O lugar era exatamente igual ao que Harry e os outros se encontravam, mas Nick, olhando a sua volta, é claro, não o reconheceu. No entanto, ao ouvir o barulho da gota caindo, todo o cenário mudou. A garota, agora o reconhecendo, ficou surpresa, mas não agradavelmente. Aquela era uma lembrança bem antiga e que ela tentava apagar de sua mente desde que conhecera Gina e os outros.

- E aí, esquisita? Sumiu alguma coisa hoje? – perguntou uma garota com cerca de 10 anos, mas já com pose de quem mandava na escola inteira, passando por ela e apontando, enquanto suas colegas riam escandalosamente. Nick sentiu o rosto esquentar, mas apenas ignorou a garota e continuou andando pelo longo corredor de sua antiga escola trouxa.

- Ah, acho que não! – falou um garoto, no que Nick olhou, achando que fosse alguém pra defender-lhe. Doce engano - Provavelmente, dessa vez, ela vai querer apenas trancar a Danna na salinha do zelador, não é? – completou o garoto, também apontando pra ela e rindo junto com os outros. Decepcionada e envergonhada, Nick apenas abaixou a cabeça e tentou por tudo pensar apenas num jeito de sair dali o mais rápido possível.

- Putz! É verdade! Cuidado, Danna querida – falou um garoto loiro, com jeito de galanteador, enquanto fazia um gesto de atenção para a garota chamada Danna, que mandou-lhe um beijinho “de agradecimento” e lançou a Nick um olhar de puro desdém. Nick tentava ignorar tudo isso, mas a cada momento ficava mais difícil e ela já sentia os olhos embaçando, mas segurava as lágrimas com braveza. Não sabia apenas por quanto tempo. Por um bom tempo, ela achara que tinha superado tudo aquilo, que tudo fazia parte apenas de um passado bem distante. Mas lá estava ela, novamente. Nada mudara.

- Como você consegue, hein? – perguntou ele, voltando-se pra Nick. A garota limitou-se a ignorar a pergunta, assim como tentava ignorar todos os risos e cochichos a sua volta, em vão – A Mel ainda não saiu do hospital, sabia? O que você fez com ela? COMO o fez? Enfim, o diretor tá pensando em te expulsar e isso, sem dúvidas, seria ótimo pra todos nós. Aberração! – Nick não agüentava mais aquilo. Sabia o que tinha acontecido com a Mel, mas fora sem querer. Não podia ser expulsa! Ela saiu correndo e só parou quando viu que não estava mais no mesmo lugar. O que antes eram os corredores da sua antiga escola agora lembravam os corredores de Hogwarts. Sim, ela estava em Hogwarts. Suspirou com alívio. Um alívio que não durou muito.

- Olha! Lá está ela! – era uma voz conhecida. Nick virou-se e reconheceu, na sua frente, Gina Weasley. E junto com a ruiva estavam também seus amigos, Harry, Rony, Mione, Jorge e, é claro, seu namorado, Fred Weasley. A garota sorriu para eles, finalmente estava entre pessoas que gostavam dela. O terror de reviver seu passado tão vividamente foi logo substituído pela alegria de ver seus novos bons amigos.

- Oi, Nickzinha! Como você está hoje? – falou Fred, sorrindo. Porém, Nick não gostou desse sorriso. Não era o mesmo sorriso que ela recebia sempre do garoto. Era maldoso, sarcástico e, até certo ponto, perverso. Sentiu seu próprio sorriso congelar – E aí? Qual vai ser a coisa estranha que você vai nos apresentar hoje? Vai virar um hipopótamo? Já sei! Vai nos transformar em formigas gigantes vestidas com roupas cor de rosa de baianas?! – o corredor explodiu em risadas, o que fez Nick se sentir tão humilhada quanto nos tempos de sua escola trouxa. O que estava acontecendo?

- Do que você está falando? O que aconteceu com você, Fred? Você nunca agiu assim comigo antes! Sempre foi tão doce... – murmurou Nicole Diggle, estupefata, seus olhos ameaçando transbordar lágrimas.

- EU?! Gentil com você? Agora que a nossa Bonequinha enlouqueceu de vez! Não perderia meu tempo com você nem se Merlim viesse aqui e implorasse para mim! - Fred deu uma pausa para apreciar o efeito da sua fala sobre a garota. Nick nunca o tinha visto falando daquele jeito. O garoto sempre fora irônico, mas não de uma maneira que machucasse e muito menos com ela. Aquele apelido lhe tinha sido dado com tanto carinho e vê-lo ser usado daquela forma machucara tanto quanto qualquer apelido obviamente ofensivo poderia fazê-lo.

- Esperem um pouco, gente! – falou Gina, saindo da retaguarda do grupo, onde estivera o tempo todo. Nick deu um leve sorriso, tinha certeza que Gina viria em sua defesa – Sem dúvidas, ela tem algum problema mental! Então, vamos ser gentis com ela e ignorar completamente o que ela diz! – novamente, Nick se enganara. Mais uma explosão de risadas se fez no longo corredor, que agora já estava praticamente lotado com vários alunos se acotovelando pra conseguir chegar mais perto de onde a garota Diggle estava.

- Gina... Até você está contra mim? Você que eu sempre considerei como a minha melhor amiga... – falou um pouco mais alto, mas ainda assim mal passava de um murmúrio. Lágrimas já rolavam livremente pelo rosto da garota. O choro já estava se tornando tão intenso que era possível perceber que ela começava a ter pequenos soluços.

- Melhor amiga?! Cruzes! Não fale isso nem brincando! Minha melhor amiga será sempre a Mione – falou, lançando um sorriso para Hermione, que retribui e, logo após, lançou um olhar de superioridade para Nick - Acho que vou até sair de perto, vai que isso pega? – completou Gina, afastando-se logo do local e olhando com asco pra garota que agora já se encontrava ao chão, arrasada.

Harry, então, se ajoelhou perto dela, o que fez várias pessoas olharem desconfiadas para ele, achando que iria ajudá-la. No entanto, o garoto se limitou a levantar o rosto dela pelo queixo com uma mão e fazer uma expressão de desapontamento.

- Fraca... – murmurou ele - E eu realmente pensei em ajudá-la, mas me recuso a fazer qualquer coisa para alguém tão fraca como você – e se afastou dali andando de um jeito elegante e esnobe, nada característico do Harry Potter que Nick conhecia, ou achava que conhecia, até ali.

Essa foi a gota d’água para a garota. A única coisa que ela se recusava a ser era fraca. E quando o garoto falou isso tão seriamente para ela, Nick se sentiu a pior pessoa do mundo, a pessoa mais insignificante, alguém que nem merecesse o ar que respirava. Não agüentou e saiu desembalada daquele corredor empurrando as pessoas que estavam no caminho sem nem ao menos prestar atenção pra onde estava indo, novamente. Ela continuaria daquele jeito até estar bem longe de todos, já decidira. Entretanto, seus planos não foram muito longe. Após um bom tempo de corrida, acabou por esbarrar em alguém. “Tava demorando...”, pensou ela, antes de levantar a cabeça e constatar quem estava a sua frente. Deixou o queixo cair por um instante e só com a surpresa ela conseguiu conter as lágrimas.

- O que tens, querida? – ninguém mais ninguém menos que Alvo Dumbledore estava ali, olhando para a garota, com um brilho levemente decepcionado, mas não acusador ou de desdém. Nick, porém, não reparou em nada disso. Apenas achou que estava ficando completamente louca.

- Pronto, era só o que me faltava. Conversar com os mortos. E você ainda se pergunta por que te chamam de esquisita? – ela falava, mais pra si mesma do que para o bruxo parado a sua frente e que a encarava claramente divertido com a garota. Deixou que ela falasse sozinha. Por um tempo.

- Nicole? – a garota novamente olhou para o velho senhor e pareceu realmente se dar conta de que ele “existia” – Ainda não me respondeste o porquê de estares assim, sabia? – ele perguntou, atencioso.

- Ah, claro! Já que não tenho amigos, vou conversar com fantasmas mesmo – sim, ela agora concluíra que ele era mais um dos fantasmas de Hogwarts – enfim, o que aconteceu é que todos aqueles que eu achava que eram meus amigos simplesmente não os são de verdade – ela terminou, sentindo o bolo se formar novamente na sua garganta, mas segurando as lágrimas com toda sua força. Não ia chorar na frente de um fantasma, ia? De qualquer jeito, aquele fantasma lhe passava uma sensação de segurança, confiança. Talvez por ser o único ali que a tratara bem.

- Você tem certeza? Por que não confia nos seus amigos? Aqueles que, mesmo sendo novos, já são muito preciosos pra você e você sabe disso. Se você não confia neles, como pode confiar em qualquer outro, até em mim, uma ilusão? – ele perguntou, com os olhos faiscando e um sorriso que Nick classificou como encorajador. Depois do que a recém-descoberta ilusão lhe disse, a garota percebeu o que estava acontecendo.

- É claro! Meus amigos nunca fariam isso comigo. Afinal, eles são meus amigos! Como sou tapada! – ela concluiu, novamente mais pra si do que para o bruxo a sua frente, que só exibiu um sorriso ainda mais satisfeito, enquanto a garota ria e se virava correndo pra onde vira seus amigos pela última vez, esquecendo totalmente do senhor ali parado. Porém, ela os encontrou rindo alto e sorrindo pra ela, daquela forma calorosa e gentil que ela conhecia tão bem e tanto amava. Correu ainda mais em direção a Fred e abraçou o namorado muito forte, no que foi retribuída ao típico “estilo Weasley”. Quando ela finalmente afrouxou o abraço, sentindo suas forças começarem a se esvair, foi a vez dos outros a congratularem.

- Demorou, hein? Achou mesmo que faríamos isso com você? – seu “cunhadinho”, Rony, falava com ela, dando-lhe um beijo estalado na bochecha e sorrindo.

- É, você pode ser nova, mas é nossa super-amiga, Nick! Pode acreditar nisso! Sempre – completou Gina, abraçando a garota também ao “estilo Weasley”, sorrindo ainda mais. Nick também sorria muito enquanto recebia beijos e abraços de todos os amigos. Entretanto, ela não conseguia captar mais nada. Rapidamente, perdeu a consciência e caiu novamente ao chão.


*****




N/A: Gente, mil desculpas!! Capítulo super hiper mega atrasado E... incompleto =X
É, vocês devem ter visto que tá faltando Fred e o Jorge = /
O que aconteceu foi o seguinte: a gente tinha digitado as cenas deles depois de muitoooooo tempo sem saber o que fazer pra eles. Mas aí teve uns probleminhas no meu PC (e eu tava com as cenas do Fred e do Jorge). Resultado: não tenho mais as cenas e não lembro direito (ou melhor, não tava muito satisfeita, então, prefiro nem tentar refazer).
Tô com muitaaa raiva do meu PC XD
Enfim, a gente decidiu que seria melhor postar logo esses aí e botar Fred e Jorge no próximo, ok? (que, pra variar, deve demorar ‘um pouco’ pelo fato dessa época do ano escolar ser a mais ‘agitada’, então, é melhor nem dar uma data XP)

Bem, acho que é só isso... Espero que gostem desse capítulo! ^^

Bye =**

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