O PROTETOR
Draco Malfoy franziu o cenho para a xícara de porcelana finíssima na bandeja a sua frente. Como não conseguisse enfiar um dos dedos grossos pela asa da pega delicada, tentou segurar a xícara com a mão inteira. Teria desistido da idéia, não fosse por sua idosa anfitriã. Minerva McGonagall declarara à hora do chá e, pelo que Draco já pudera perceber, não arrancaria nenhuma informação dela, enquanto não houvesse partilhado do ritual diário.
A mulher sentada a sua frente era uma cliente em potencial. Fora indicada por uma amiga, também da sociedade, a quem Draco prestara serviços no ano anterior. Ate então, Minerva McGonagall fora simpática, agradável e persistente.
Enquanto outros clientes tentavam diminuir ao mínimo as despesas de Draco, assim com seus honorários, embora pudessem pagar ate mais, Minerva fizera questão de pagar sua passagem de avião, de Nova York ate Londres, apenas para conversar sobre os motivos que tinha para contratá-lo. E, ainda oferecera uma quantia polpuda, que Draco nunca recebera por um único caso, e lhe prometera total liberdade nas despesas, sem perguntas. Tudo isso, antes de explicar por que precisava dele.
Draco não estava só intrigado, mas também inclinado a aceitar. O dinheiro que ela oferecera permitiria providenciar os cuidados de uma enfermeira para sua mãe. Com a visão se deteriorando rapidamente, ela não poderia continuar vivendo sozinha por muito tempo. E se, para isso tivesse que tomar chá numa xícara minúscula, Draco se forçaria a fazer-lo. Ao erguer os olhos, descobriu que ela o fitava atenta. Era como se dissesse: “Estou esperando”. Não havia nada que Draco pudesse fazer, senão erguer a xícara e beber um gole. Assim que o liquido quente atravessou os lábios de Draco, ela falou:
_Minha afilhada precisa de uma babá. Está interessado no trabalho?
Draco engoliu o chá depressa demais, queimando a língua e quase derrubando a xícara. Não podia ter ouvido direito. Ela estava lhe oferecendo todo aquele dinheiro para que ele bancasse a babá? Sacudiu a cabeça.
_O que disse?
_Talvez eu tenha me expressado mal. Acho que a palavra mais indicada seria “protetor”. Minha afilhada está no processo de se encontrar e precisa de um protetor. – Draco colocou a xícara de volta no pires, antes que provocasse danos mais sérios.
_Acho que esta mal informada Sra. McGonagall – murmurou. Não importava quando fosse o pagamento, não aceitaria o papel de babá.
_Ah, chame-me de Minerva, sim! – ela corrigiu com um sorriso
_Minerva, sou um investigador particular. Não cuido de crianças geniosas. A propósito, que idade tem a sua afilhada?
Minerva apanhou um porta-retrato da mesa lateral e exibiu-o. A mulher da fotografia não estava nem perto da infância. Tinha os cabelos castanhos, olhos cor de mel e um rosto tão delicado quanto à xícara em suas mãos. Draco foi imediatamente varrido por uma onde de desejo que fez seu coração disparar.
_Ela tem quase trinta e é linda, não acha? – Minerva declarou sem esconder o orgulho.
_Sim, ela é... Bonita – ele concordou sem jeito, pensando que a moça mais parecia uma princesa dourada.
Em sua profissão, Draco estava habilitado a observar pessoas e fotografias. Costumava formar opiniões e seguir seus instintos. Raramente se enganava e nunca se deixava levar por um rosto bonito. E sempre fora capaz de manter a distancia necessária. Ate aquele momento.
Aquela mulher era bonita o bastante para afetar os seus sentidos, e sensual o bastante para despertar seu desejo. Os olhos refletiam riqueza de emoções e segredos bem guardados. Segredos que ele ansiava por desvendar. A missão que Draco estivera prestes a recusar se tornara, de súbito, um trabalho que ele não poderia resistir.
_Hermione mudou-se para Nova York há alguns anos – Minerva o informou – Sempre viveu da pensão que os pais deixaram para ela depois que se separaram e não quiseram ficar com ela. Eu sou madrinha e cuido dela desde que era muito pequena. Ela é instável desde a infância com trabalho e com homens.
As últimas palavras foram pronunciadas com ênfase, enquanto os olhos azuis examinavam Draco desde os cabelos revoltos ate as botas de trabalho. Ele sacudiu a cabeça, como se assim pudesse se livrar daquele olhar.
_E o que esta acontecendo com Hermione que a fez entrar em contato comigo?
_Ela parou de retirar dinheiro da pensão e decidiu que está na hora de viver por conta própria.
_Em minha opinião, trata-se de uma atitude admirável – Draco declarou sentindo respeito maior pela nova Hermione, do que por aquela que vivera a custa da família durante anos.
_Ah sim, claro! Foi para isso que a eduquei, para ser independente. E funcionou ate certo ponto. Ela deixou Londres.
_Então quer que Hermione volte para casa? – Minerva sacudiu a cabeça.
_Não se ela estiver em segurança e feliz em Nova York. Isso é tudo o que me importa. No entanto, não consigo tirar informações dela, pois Hermione decidiu manter sua vida em segredo. Tudo o que de dispõe a dizer é que esta bem e que eu não deveria me preocupar. Como posso não me preocupar, sabendo que ela anda por ai, com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço, prestando mais atenção em suas fotografias, do que nos seus arredores.
_Ela é uma mulher adulta – Draco se sentiu obrigado a lembrá-la.
_Mulheres como ela são atacadas todos os dias, em Nova York. Ela jura que teve aulas de auto defesa, como se isso fosse o bastante. Tenho certeza de que minha afilhada esta escondendo a verdade. Desde que tive um infarto, ela pensa que esta me protegendo. Não sabe que é mais estressante para o coração ser mantida no escuro.
Draco concordou em compreensão. Seu próprio pão morrerá de um ataque cardíaco, quando Draco tinha oito anos.
_Tomei algumas liberdades, calculando que aceitaria o caso.
_Que liberdades foram essas, Senhora.. Minerva? – Draco indagou apreensivo.
_Hermione mora em um apartamento de um dormitório, no bairro de Murray Hill. Depois de uma longa conversa com o proprietário consegui alugar o apartamento em frente ao dela, para você. Ao que parece, é o irmão do proprietário que mora lá, mas esta fora do país, por algum tempo – o sorriso de Minerva tornou-se mais largo – Não é muita gentileza do amigo dele, Draco Malfoy, cuidar do apartamento nesse período?
Estendeu o braço para a mesa e apanhou um molho de chaves, para então balança-lo diante dos olhos de Draco. Ele sacudiu a cabeça.
_Muito conveniente – acreditara estar preparado para qualquer coisa, mas havia se enganado – Deve saber que já tenho onde morar, Minerva. – ela revirou os olhos, como se ele tivesse alguma dificuldade de raciocínio.
_É claro que sei! – então lhe agarrou o braço com olhar de suplica – Preciso saber que Hermione esta segura, satisfeita e realizada, antes que eu possa morrer em paz. E você só poderá descobrir se estiver bem perto, para ver com seus próprios olhos. Fui informada de que você é o melhor Draco.
Embora soubesse estar sendo vergonhosamente manipulado, Draco não conseguiu desviar o olhar. Pior, os motivos dela pareciam tão honestos e puros que ele se descobriu incapaz de recusar o pedido. Ora, que mal faria conhecer a afilhada para assegurar a madrinha de que estava tudo bem? Daria paz de espírito à velha senhora e, ao mesmo tempo, uma boa enfermeira a sua mãe. Tratava-se de uma situação em que todos sairiam ganhando
_E então? – Minerva pressionou
Draco voltou a olhar para a fotografia, se perguntando qual seria a sua reação quando se visse frente a frente com Hermione Granger, em carne e osso. Minerva deu-lhe um tapinha amigável no joelho.
_Tudo bem. Todos os homens reagem assim, quando a vêem pela primeira vez. – o comentário deveria fazê-lo se sentir melhor?
_Imagino que, agora, saiba por que ela precisa de alguém para protegê-la, especialmente agora, que esta sozinha e mais vulnerável do que antes.
Draco duvidava que Hermione fosse tão ingênua quanto Minerva imaginava. Afinal, vivia na cidade algum tempo, e mesmo tendo muito dinheiro teria aprendido a ser cuidadosa. Mesmo assim compreendia a preocupação da madrinha dela. Draco conteve um gemido. Se não fosse cauteloso, acabaria se envolvendo com Minerva e com a afilhada dela, mas do que deveria se envolver com qualquer cliente. Olhando para a fotografia, Draco concluiu que não poderia confiar em si esmo no que dizia respeito à Hermione. Mas nada o faria permitir que outro encarregasse da tarefa.
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1° fic é assim mesmo uma droga, mas eu peço que tenha paciencia comigo vou arrumar uma beta legal e postar rápido. Abração!
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