Capitulo 3



Capitulo 3

-Hermione Granger, gostaria de lhe apresentar Harry Potter, o novo editor-chefe da revista Metropolitan.

Hermione por pouco não caiu. Editor? Editor-chefe?

Havia poucos minutos atrás estava certa de que não o encontraria novamente. E naquele momento, ansiosa como estava, nem bem entrava no tão esperado escritório e se deparava com... ele!

-Você?

Esme olhou de um para o outro.

-Devo supor que já se conhecem?

-Sim... Isto é, não. Não, formalmente. Encontramo-nos de manhã em um bar, eu estava com amigos e ele chegou e...

Hermione respirou profundamente.

Como olhar para ele? Ainda podia sentir suas costas formigando. Temia ficar novamente sem ação sob o olhar dele. Sentiu um frio na boca do estômago.

-Sente-se, por favor – Harry falou com naturalidade, apontando para uma cadeira em frente à mesa.

Hermione moveu-se rapidamente para a cadeira e sentou-se. Não queria de forma alguma olhar para aqueles olhos verdes.

Esme pigarreou.

-Você quer que eu informe a srta. Granger sobre o problema que estávamos discutindo?

-Não, pode deixar que eu mesmo digo a ela – Harry afirmou. – A senhorita pode nos deixar a sós?

Um tanto desconcertada, Esme respondeu prontamente:

-Claro, espero lá fora.

Nenhum dos dois disse nada. A palavra problema começou a martelar na mente de Hermione, como um tambor.

Por que Harry parecia ter um ar de censura, desaprovação?

-O que foi? – ela perguntou num impulso.

-Sei que assinou um contrato com a srta. Sinclair para mais três artigos.

-E há algo errado nisso? Algo com o contrato?

-A srta. Sinclair não sabia, quando lhe deu o contrato, que logo depois eu assumiria o cargo de editor-chefe da revista. Também não estava ciente de que eu faria mudanças radicais no conteúdo da revista. Eu gostaria de propor a você que...

O interfone da mesa de Harry tocou, e ele se inclinou para apertar o botão.

-Sra. Parker, eu gostaria que entendesse que estou...

Sua última palavra já fora abafada pela voz alta de um homem, que gritava com a secretária enfurecido:

-... que eu quero vê-lo nesse instante, e que estou me lixando para quem está em seu escritório! Deixa para lá, eu mesmo digo a ele.

A porta se abriu abruptamente, e um homem alto, de cabelos acinzentados e uma cintura um tanto protuberante, entrou no escritório e lançou sobre a mesa de Harry uma carta. Ela foi arremessada com tanta força que por pouco não caiu do outro lado.

-Está é minha carta de demissão – avisou o homem, com o rosto ruborizado. – Sei que é isso que quer.

-Sinto que pense dessa forma – Harry contemporizou.

-Ah, você sente? Pois vai ficar mais sentido ainda quando os outros pedidos de demissões chegarem. Mas antes disso vou fazer mais do que lhe entregar um pedido, vou lhe explicar algumas coisas.

-Continue – disse Harry, sem alterar por um segundo sequer seu tom de voz. – Preciso saber por que quer sair da revista.

-Como se não soubesse do motivo... Não tente negar... Venho cobrindo os acontecimentos esportivos dessa cidade há vinte anos, e você deixou bem claro naquela reunião que tudo que eu aprendi em todo esse tempo será inútil no novo formato da revista.

-Eu não disse isso.

-Não em tantas palavras. Mas qual será minha função agora que você quer cobrir o cenário esportivo de outras cidades? Passar o dia sentado brincando com meu dedão? – o homem pareceu refletir por um instante antes de apontar um dedo para Harry: - Quer saber por que vou sair?

-Lógico! – Harry foi enfático.

-Porque você só entrou aqui para jogar. Quando os seus planos forem por água abaixo, vai fechar a revista e procurar uma outra carreira para a sua coleção. Eu disse isso a Miranda, mas ela não me deu ouvidos.

A menção do nome de sua tia, pareceu deixar Harry irritado. Tanto que interrompeu o funcionário, dizendo:

-Pois de agora em diante dirija suas reclamações diretamente a mim. Deixe minha tia fora disso.

As bochechas do homem pareciam perto de estourar.

-Se seu pai quisesse você na Metropolitan, ele a teria deixado para você. Eu disse a ela que era uma tola por entregar a revista assim, sem mais nem menos.

Sem se conter, Harry começou a dar a volta pela mesa.

-Não costumo ser muito gentil com quem ofende minha tia.

Levantando-se rapidamente da cadeira, Hermione bloqueou o caminho do homem antes que Harry chegasse perto dele.

-Não quero que você faça isso.

-Como se eu não... Quem é você? – o homem de repente pareceu surpreso.

-Hermione Granger. – ela estendeu a mão.

O homem franziu a testa e a examinou por alguns segundos, correndo os olhos da cabeça aos pés dela. Finalmente apertou-lhe a mão.

-E você é? – ela perguntou.

-Bill Anderson. Editor de esportes. – ele estreitou os olhos. – Granger. Você escreveu sobre o que o homem deve fazer para ficar... o quê, mesmo?

-Gostoso – Hermione, tentava soltar a mão, sem sucesso.

-Isso mesmo. Gostoso. Minha esposa e filha leram seu artigo. – pela primeira vez desde que havia adentrado a sala, sua expressão não era de raiva. – Depois tentaram me explicar o que era um homem gostoso.

-E elas gostaram do artigo? – perguntou Hermione, parecendo sinceramente curiosa.

Bill abaixou a cabeça, envergonhado.

-Disseram que eu deveria ler e aproveitar algumas das dicas. – repentinamente, pareceu lembrar-se do que fazia ali.- Está perdendo seu tempo aqui. Ele vai afundar essa revista num piscar de olhos. Tenho bons contatos, se quiser referências...

Hermione abriu um sorriso encantador.

-Oh! Obrigada, mas acabei de assinar um contrato com a Metropolitan para mais três artigos... Você conhece o ditado, mais vale um pássaro na mão... – e naquele momento ela aproveitou para puxar a mão com mais força, esperando se libertar, mas isso não aconteceu. Resolveu ser mais clara. – Por falar em mãos...

-Ouça, estou indo ao Flannery’s me encontrar com o resto do pessoal para ver o que decidimos. Você gostaria de ir também?

-Claro, eu adoraria.

Mesmo de costas, ela conseguia sentir a intensidade dos olhos de Harry. Mas, com a mão ainda presa, pôde sentir que pelo menos a temperatura de Bill voltava ao normal.

-Sr. Anderson, eu ficarei muito contente em me juntar ao senhor e ao resto do pessoal assim que puder. – Usando a mão livre ela apanhou o envelope que ele havia atirado para Harry. – Enquanto isso, que tal o senhor segurar um pouquinho mais seu pedido de demissão? Converse com sua esposa e sua filha. Sabe como é, não se deve decidir o rumo de uma carreira num momento de raiva. O senhor investiu nela tantos anos de sua vida...

Quando Bill finalmente soltou a mão de Hermione, ela deixou transparecer um claro alívio. Então, olhou para o envelope, e olhou para ela de volta.

-Acha mesmo que eu devo reconsiderar?

-Tenho certeza disso.

-Acredita que os planos dele para essa revista têm alguma chance?

-Sr. Anderson, tenho um confiança incondicional nesse homem. – Hermione não sabia como as palavras lhe saíam sem nenhuma hesitação.

-Está bem – concordou o homem, ainda mal-humorado. – Vou pensar sobre isso.

-Não se esqueça de conversar também com sua esposa – ela completou.

Resmungando, Bill se dirigiu para a porta. Antes de sair, voltou-se novamente para Hermione:

-Você vai descer ao Flannery’s?

-Claro – ela afirmou com um sorriso.

O suor escorria pelo rosto de Harry. Ele precisou de todo o seu autocontrole, e mais um pouco, para não brigar com o homem que segurava com tanta insistência a mão de Hermione. A raiva lhe brotava de todos os poros. Se a cena no bar foi feia, essa nem se compararia. Com certeza nem sequer ela poderia apartar se a briga começasse.

Ciúme? Mas já estava praticamente convencido, antes da moça aparecer novamente, de que ela não fazia seu tipo...

Estava longe de ter a sofisticação e a imponência que sempre o atraíram numa mulher. Os cabelos castanhos e curtos pareciam ter sido arrumados com os dedos em alguns segundos, e com certeza não conheciam o significado da palavra escova.

O rosto de Hermione era mais pálido do que ele se recordava, e o brilho das sardas lhe davam a certeza de que maquiagem também não fazia parte de sua rotina diária.

E as roupas que ela usava então? Harry deu uma rápida espiada, sem que ela percebesse. As roupas não tinham nenhum estilo. O máximo que se podia dizer era que o suéter marrom realçava, e muito, seus olhos castanhos. E a saia...

Harry foi percorrendo com os olhos a cintura dela, até alcançar as pernas bem feitas. Olhando de lado, notou que a saia se ajustava perfeitamente aos quadris, coxas, a ponto de fazê-lo perguntar a si mesmo se havia algo por baixo dela.

Hermione pigarreou, procurando despertá-lo.

-Você falava de um problema. Qual é?

-Você. – a palavra saiu de sua boca antes que ele pudesse perceber.

-Eu? O que foi que eu fiz?

Se contasse a ela do ciúme que o dominava... Ou da vontade imperiosa que sentia de tocá-la... Mas tocar de verdade...

Devia era prestar atenção, porque senão essas palavras também sairiam de sua boca sem censura. Ou pior, poderia passar à ação.

Colocando as mãos nos bolsos, voltou a se sentar. Era hora de resolver o problema de Hermione Granger de uma vez por todas.

-Por que não se senta?

Ela se sentou, mas colocou as mãos no colo, bem na parte em que a saia deixava transparecer a pele macia e branca de suas coxas.

-Essa saia lhe chama a atenção? – Hermione resolveu perguntar-lhe diretamente.

Harry olhou novamente para a saia, que pareceu subir ainda mais alguns centímetros na medida em que Hermione movia-se para frente na cadeira.

-Pode-se dizer que sim.

-Acredite, eu também tinha minhas dúvidas quanto a ela. Afinal, uma saia que atrai os homens? Mesmo assim, achei que seria um excelente tema para um artigo. Poderia uma “saia mágica” realmente ajudar uma moça solteira a atrair seu companheiro ideal? Foi então que a srta. Sinclair me ofereceu esse contrato para três artigos.

Hermione sorriu e continuou:

-Mas concordo que foi muita pressão. Um pouco antes de você nos interromper no bar àquela hora, eu estava pensando: e se a saia não funcionar? Mas então, Pierre me ofereceu uma mesa, e você pediu meu telefone. Que outras provas eu poderia pedir?

Franzindo as sobrancelhas, Harry levantou o olhar para o rosto de Hermione. Olhar suas pernas não o ajudaria a se concentrar.

-Provas do quê?

-De que a saia realmente funciona – disse Hermione, forçando um sorriso para ele. – Ou você sempre pede o telefone de garotas que acaba de conhecer em um bar?

Os olhos de Harry se estreitaram.

-Já fui conhecido por fazer isso.

Hermione fez um gesto como se se rendesse.

-Está bem, eu usei um péssimo exemplo, deixe-me refazer a frase: Você já quase arrumou uma briga em um bar por uma mulher que não está com você, e que nem conhece?

-Não, nunca.

-Está vendo? Caso encerrado. – voltando a se recostar na cadeira, ela apoiou os braços no descanso, deixando suas coxas ainda mais à mostra, já que no movimento de voltar para trás a saia subiu mais um centímetro. – Sim, essa saia com certeza funciona. E agora que eu sei disso, eu poderei contar nos artigos três das aventuras que venham a acontecer comigo no momento em que estiver usando a saia, aqui em Manhattan, além de contar sobre as dificuldades de ser solteira em uma cidade como essa.

-Como é que é? Você quer escrever um artigo sobre uma saia “magnética”?

-Exatamente.

-Essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi! Por que as pessoas iriam querer ler sobre isso?

-Porque as pessoas se sentem sozinhas, principalmente as que estão solteiras, e estão querendo muito acertar em um relacionamento.

-Pois eu sou solteiro e não estou em busca de nenhum relacionamento.

Hermione quase suspirou aliviada com a declaração. Ele era mesmo solteiro. Apressou-se em afastar aquele tipo de pensamento.

-Eu também não. Mas não somos como a maioria. A maioria das pessoas em Manhattan está procurando um amor, e não há como negar que aqui é muito difícil de se achar alguém.

-E você acha que escrever sobre uma saia vai mudar alguma coisa?

-Eu posso aumentar a esperança das pessoas.

-Mas isso não poderia ser mais ridículo. Essa saia é absolutamente comum.

-E é por isso que você não consegue tirar os olhos dela?

Ela tinha razão. Tentando disfarçar sua atração pela saia, Harry rapidamente desviou o olhar, para fixar diretamente nos olhos de Hermione.

-Essa é uma prova muito pouco objetiva. Posso muito bem estar olhando para você e não para sua saia. E a briga que eu ia começar não era por causa da saia, e sim por causa do seu estilista, que não tirava a cabeça de dentro dela.

Hermione levantou a barra da saia e a apertou entre seus dedos.

-Daryl estava fascinado pelo material da saia. Ele cria roupas e nunca havia se deparado com um tecido como esse. Venha até aqui, sinta.

Hermione levantou a barra da saia e esperou que Harry a tocasse.

Sem saber por quê, ele obedeceu, mas ao fazê-lo foi tomado pela imagem da areia branca e fina de uma praia, iluminada pelo luar. Pareceu penetrar na essência daquele tecido delicado.

-Não me surpreende que Daryl nunca tenha sentido algo como esse tecido antes. Minha amiga Laura a comprou em uma pequena ilha, durante um cruzeiro.

Enquanto Hermione continuava falando, Harry segurava a saia entre os dedos. Seu pensamento se afastou completamente dali. A imagem que o dominava era da areia branca, onde estava deitado com Hermione. As ondas batiam contra seus corpos...

Ele se esforçava por voltar à realidade, mas não conseguia. Sua mão estava tão perto daquela pele macia e branca... Talvez ela o fizesse lembrar-se de uma flor exótica que vira em Maui, ou em uma floresta tropical de Porto Rico. Não conseguia se concentrar, desejava tanto tocá-la...

“Você jamais permitirá que ela vá embora”

Ao ouvir aquelas palavras ecoando em sua mente, Harry sacudiu a cabeça, pensando estar ouvindo coisas.

Por que começara a ouvir a voz de sua tia naquele instante? Balançou novamente a cabeça, mas aquela essência parecia envolvê-lo.

-Este tecido é feito de fibras de uma planta especial. Esta saia teria sido beijada pela luz da lua, e daí viria seu poder sobre os homens.

Foi naquele momento que Harry conseguiu soltar a saia. Quando balançou novamente a cabeça, sentiu que voltava ao normal. Olhou então para Hermione Granger.

-Você quer me convencer de que a saia tem poderes mágicos?

-Não diria “mágicos”, isso seria um exagero. – Hermione começou a brincar com o anel que estava em seu dedo. – Mas você tem de admitir que ela causa um efeito especial nos homens. Eu pareço o tipo de mulher para a qual Pierre ofereceria uma mesa, estando com a casa cheia? E também não sou o tipo de mulher para a qual você pediria o telefone...

Ela balançou a mão e seu anel caiu no chão. Harry se abaixou ao mesmo tempo que ela, e suas mãos se tocaram ao encontrar o anel.

Ela estava muito perto, os lábios levemente entreabertos... e úmidos. Ele só precisava se mover um pouco para senti-los.

Só uma vez. Uma só... Harry pensou, enquanto acabava com a distância que separava suas bocas.

Como ela era doce... e delicada. O beijo foi suave, tocaram-se de leve. Uma sensação eletrizante percorreu todo o seu corpo. Queria continuar o toque, mas interrompeu-o, cauteloso, esperando que os olhos de Hermione lentamente se abrissem. Eles eram incrivelmente lindos, brilhantes com pedras preciosas. O desejo o inundava.

Nunca deveria ter beijado aqueles lábios. Mas sabia que ia beijá-los novamente...

Ela não se afastou. Firmemente, Harry colocou as mãos por trás de seu pescoço e atraiu-a para mais perto, beijando-a vorazmente.

Podia sentir o sangue ferver, seu corpo todo reagia a ela. Não demorou nada para perceber que um único beijo de Hermione Granger jamais seria suficiente.

As sensações inundavam seu corpo, e ela teve certeza de que iria se afogar nelas. Conseguia sentir a pressão de cada um dos dedos dele contra seu pescoço. O calor incrível daqueles lábios, o encantamento que o movimento de sua língua lhe causava, era demais para ela. Teria de resistir, mas como?

Enquanto as mãos dele deslizavam por seus cabelos, suas próprias mãos subiam vagarosamente pelos ombros largos, de músculos bem definidos. Não fazia isso para empurrá-lo, como deveria, mas para se enroscar cada vez mais ao corpo dele.

Harry começou a mordiscar levemente seu lábio inferior, passando a língua sobre ele, deixando-o umedecido e macio. Hermione pôde sentir seu corpo inteiro tremer diante das sensações que ele lhe despertava.

A batida na porta foi muito forte para ser a primeira. Alguém pigarreou.

Retirando a mão da nuca de Hermione, ele se levantou, e ajudou-a a colocar-se em pé. Só então virou-se para Esme Sinclair, parada à porta.

-Sinto interromper. Só passei para saber se aquele problema sobre o qual conversávamos antes já tinha sido resolvido.

Harry sentia-se como o menino de cinco anos que fora apanhado no escritório do pai fazendo coisas erradas.

Colocando os seus sentimentos de lado, abaixou as mãos e se afastou de Hermione.

-Ainda não – admitiu.

Não tinha resolvido o problema e o tornara muito maior.

Quando Esme fez menção de sair novamente, ele a chamou:

-Entre. Acho que será melhor se você estiver aqui enquanto tento explicar a nossa posição à srta. Granger.

Tentando ganhar tempo, Harry abriu a pasta com o contrato. Teria que se concentrar nos fatos.

-Os artigos... sobre a saia não se ajustam ao novo formato da revista.

-Por que não?

Ele olhou surpreso para a expressão aborrecida de Hermione. Não por ver que os olhos dela estava claros e não tinham nenhum vestígio da paixão que os envolvera segundos antes, mas sim por notar que se importava com isso.

-Como coloquei aos membros da equipe, de agora em diante, a Metropolitan investirá, como estratégia para ampliar seu mercado, em artigos culturais, de um nível mais alto.

Harry voltou a olhar para o artigo, então prosseguiu:

-Os temas sobre homens gostosos e saias “mágicas” fogem dos meus planos.

-Mas deve saber que não deveriam fugir. Meus dois artigos aumentaram em muito a vendagem da revista.

-Gosto de fazer planos a longo prazo.

-Como?

-Análises bem fundadas.

Como Hermione não retrucou, ele continuou falando:

-Certo, seus artigos atraíram novos leitores. Mas não são esses os leitores que devem ser atraídos. A verdade é que, se os artigos continuarem a ser publicados por essa revista, meu público-alvo vai ficar cada vez mais distanciado dela.

-E a ênfase que você quer dar em assuntos intelectuais vai espantar o meu público. E é ele que realmente compra a sua revista. A srta. Sinclair me disse que as vendas nas bancas aumentaram em trinta por cento depois que meu primeiro artigo foi publicado.

Harry pareceu incomodado. Não esperava dela um modo tão bem articulado de colocar seus argumentos.

-Estou disposto a pagar uma boa quantia para rescindir o contrato.

Hermione respondeu prontamente:

-Não!

Harry ergueu as sobrancelhas e argumentou:

-Mas você sequer ouviu a minha proposta.

-Não quero o dinheiro. O que eu quero, o que eu preciso, é me expor à mídia, mostrar meu trabalho. Quero o meu nome publicado para que as pessoas venham a saber quem eu sou. O reconhecimento que eu desejo seu dinheiro não poderá me dar.

-Que tal pegar o dinheiro e vender seus artigos para outra revista? Mostre-se em outro lugar.

Hermione fez um gesto negativo com a cabeça.

-Preciso de garantias. A srta. Sinclair gostou do meu estilo, estava disposta a se arriscar para publicar um artigo meu. E se eu não encontrar outro editor disposto a se arriscar por mim? – Hermione perguntou, apontando para ele. – Como você por exemplo?

Harry relaxou em sua cadeira. Começava a se divertir com a pequena discussão. Agüentara três anos na faculdade de Direito porque gostava de argumentar. Hermione Granger era uma oponente surpreendente.

-Você parece não ter ouvido. Não vou publicar seus artigos. Podemos fazer isso de um jeito mais fácil ou mais difícil.

Inclinando-se para a frente, Hermione colocou as mãos sobre a mesa e o encarou desafiadoramente.

-Vou dificultar tanto que vai se tornar impossível para você não publicá-los. Eu assinei esse contrato de boa fé.

-A única saída é compensá-la financeiramente.

Ela não ergueu a cabeça, mas sua raiva era perceptível.

-Acho que nenhum de nós dois gostaria de discutir isso na Justiça.

-Você tem razão, levar esse caso à Justiça só iria nos atrasar, e tudo iria acabar em um acordo. Façamos assim: você me diz um valor e eu faço o cheque.

-Você diz que meus artigos são superficiais e acredita que a saia não tem efeito algum sobre os homens. Usando suas próprias palavras, a idéias toda é ridícula. São estes assuntos que fazem com que o público mais intelectualizado deixe de ler a revista, estou certa?

Harry a observou por alguns segundos e acabou convencido:

-Essa é uma maneira de dizer isso.

Hermione pôs as mãos sobre a mesa, e novamente se inclinou na direção de Harry. Por segundos ele pôde sentir o perfume que ela exalava.

-Já jogou, sr. Potter?

-Claro.

-Que tal fazermos uma aposta? Se eu convencê-lo dos efeitos da saia, publicará os meus artigos. Seu eu não conseguir, pode rasgar o contrato e não me dará um centavo.

Quando Esme limpou a garganta ambos se viraram surpresos. Haviam esquecido que havia mais alguém na sala.

-Só quero avisá-la que seu primeiro artigo deve estar sobre a minha mesa amanha mesmo. Você terá que convencê-lo rapidamente.

Voltando-se para Harry, Hermione estendeu-lhe a mão.

-Sem problemas. Você pode me seguir até o Flannery’s e ver o que acontece. Apostado?

-Apostado.


Obs: Aí está o capitulo 3!!!!Como postei na "Flertando...", por ser meu aniversário hoje (6/6), eu atualizei as duas fic no mesmo dia, ou seja, próximos capitulos só quando estiverem prontos!!!!Espero que gostem do meu presente para voces!!!!Bjux e boa semana....

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