Capítulo único



---Verão de 1990---


- Olha, um urso!

- Urso? Não... parece um leão.

- Leão? E onde exatamente está a juba? E o rabo?

- Ali, ó! Se você entortar um pouco a cabeça, parece um pouco.

- Eu hein! Você tem cada idéia! – ele comentou antes de começar a rir, no que ela o acompanhou.

- E aquela lá parece um guarda-chuva.

- É mesmo... igualzinho!

Ficaram, então, um bom tempo em silêncio, buscando por mais formas nas nuvens. Ambos estavam deitados na grama de uma pequena orla que havia nos arredores da cidade. Moravam em uma cidade pequena, muito pouco conhecida e bem longe da capital, mas adoram aquela vida.

- Sabe Gina, eu preciso te contar uma coisa, não dá para esperar mais.

- O que foi? – ela perguntou, assustada com o tom subtamente sério do amigo.

- Eu... eu vou embora.

- O QUÊ? – Gina estava tão incrédula, que chegou a sentar-se.

- Eu vou ter que me mudar. Estou indo embora amanhã. Meu pai foi chamado para trabalhar em Londres.

- Mas Harry... você não pode ir.

- Eu não tenho escolha, Gi. Por mim, eu ficava, mas não posso.

- Mas...

Gina não sabia mais o que falar. Lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.

- Você promete que vai me ligar?

- Claro!

- Todo dia?

Harry mais uma vez concordou. Então Gina o abraçou. E assim ficaram por um bom tempo.

Harry e Gina se conheciam há muitos anos. Na verdade, desde que nasceram. Sempre foram muito amigos e saíam todas as tardes, depois da escola, para andar pelas redondezas, tomar banho de lago, correr sem rumo e brincar de todas as coisas possíveis e imagináveis. Eram vizinhos. E amigos inseparáveis.
Gina Weasley era uma menina muito meiga, tinha nove anos, cabelos cor-de- fogo, marca registrada dos Weasley e olhos de umcastanho muito brilhante. Era uma criança muito bonita.
Já Harry Potter tinha dez anos e era muito magro, com olhos verde-esmeralda, cabelos negros rebeldes. Ao contrário de Gina, não podia ser considerado uma criança tão bonita.

- Vamos para casa? Já está ficando escuro. – disse Harry.

- Vamos. Mas que horas você sai amanhã? Quero me despedir.

- Depois do almoço, você pode ir almoçar lá em casa.




--- 2005---


Aqueles dias foram, sem dúvidas, os piores da vida de Gina e ela se lembrava muito bem deles. Não tinha mais notícias de Harry, não sabia nem se ele ainda estava vivo. Conforme o prometido, se ligavam todos os dias. Mas isso só no início, conforme os anos foram passando, a fraqüencia das ligações foi ficando menor, já não tinham muitos assuntos em comum, afinal, estavam vivendo vidas completamente diferentes. Até que chegou uma época que já não se falavam e Gina nem sabe dizer exatamente quando isso aconteceu, nem porquê ou como. Apenas aconteceu.
E lá estava ela de novo, observando o lago onde passaram tantos momentos bons juntos. Se perguntava se um dia ele iria voltar, se iriam se ver novamente. E ao mesmo tempo que queria muito que isso acontecesse, tinha medo. Medo de não saber o que fazer, medo de perceber o quanto estavam afastados, o quão diferente estavam suas vidas. Quando percebeu, já estava chorando. Sempre acontecia isso quando se lembrava se Harry. Tinha tantas saudades dele, mesmo depois de quinze anos.
Saiu de seus desvaneios, limpou as lágrimas e começou a caminhar de volta para a casa.


--------------------------- // ----------------------------


- Tem certeza, filho?

- Absoluta, pai. Apesar de ter vivido mais tempo aqui do que lá, sinto que lá é o meu lugar. Já estou mais do que decidido.

- Mas como você vai se sustentar?

- Tenho certeza que não será difícil achar um emprego por lá, ou em alguma cidade próxima.

- Tem certeza mesmo que é isso que você quer?

- Já disse que sim. E só não fui antes por que queria completar todos os meus estudos.

- Se é essa mesma a sua vontade, não vou me opor. Pode ir.

- Então vou partir amanhã mesmo. A casa que nós morávamos ainda tá lá?

- Sim. Só precisa de uma boa faxina.


--------------------------- // ------------------------------


- Chegou atrasada, Weasley.

- Desculpe, Sr. Robins. Prometo que não vai acontecer de novo.

- Acho bom mesmo.

Gina tinha um emprego simples, era garçonete em uma lanchonete. Mas seu sonho era ser médica e já estava quase conseguindo, faltava muito pouco para se livrar desse emprego chato, desse patrão pior ainda e ir trabalhar no que realmente gosta.
Pôs seu uniforme rapidamente e foi atender. Perto da mesa onde estava, duas mulheres conversavam:

- É o que tão dizendo. Já limparam e tudo. Das duas uma: ou eles vão voltar ou finalmente venderam a casa.

- Devem ter vendido. Já faz tantos anos que se foram, acho difícil voltarem.

- Também to achando. Mas sabe-se lá, né? Tudo é possível...

Será que era dos Potter que elas estavam falando? Será que eles iriam voltar? Não tinha muitas esperanças quanto a isso...

- ... mas sem gelo, por favor.

- Oi? – perguntou confusa, só então se dando conta, que não havia ouvido um pingo do pedido do homem.

- Sem gelo.

- Não, desculpe, o que o Sr. disse antes?


--------------------------------- // -------------------------------


- Com licença, a Sra. sabe me informar à que horas passa o ônibus para Dayse Town ?

- Não sei não, moço.

- Obrigado.

Passou os olhos pelo lugar e viu uma pequena loja, um pouco mais ao longe. Foi andando até lá e perguntou para a mulher que estava no balcão.

- Bom dia, a Sra. sabe quando passa o ônibus para Dayse Town ?

- Ih... passou à quinze minutos atrás, agora só o próximo. – respondeu a mulher que devia ter em torno de quarenta anos, depois de lançar um olhar bem sugestivo para Harry.

- E quando ele vai passar de novo?

- Às nove.

Harry consultou seu relógio.

- Ah, então tá bom. Daqui a meia hora, pensei que demorasse mais. Muito obrigado – E, dizendo isso, começou a se encaminhar para a saída.

- Mas moço!

Harry se virou novamente.

- É nove da noite.– respondeu ela naturalmente, como se tivesse dizendo que o ônibus passaria em dez minutos.

- O quê??? E tem alguma coisa interessante para se fazer por aqui nesse tempo?

- Olha... ter não tem não. Mas se você quiser, a gente pode arranjar. – disse antes de piscar um olho para ele.

- Não... é... quer dizer...muito obrigado. Tchau.

E saiu de lá à passos largos.


-------------------------- // --------------------------


- E aí, já foi todo mundo embora?

- Só falta um último casal.

- O que esse povo pensa da vida? Já são quase meia noite. Vai arrumando o balcão, que eu vou lá ver se eles saem.

- Sim senhor. – respondeu antes de abaixar-se e começar a arrumar a parte de baixo.

- Bom dia – de repente, Gina ouviu uma voz que lhe soou ligeiramente familiar – O Sr. já está fechando?

- Na verdade... sim.

- Me desculpe, mas é que eu estou morrendo de fome, estou há horas sem ver comida. Prometo não demorar mais do que dez minutos.

- Okay... Pode sentar-se que eu vou chamar a garçonete para te atender.

- Muito obrigado.

- Weasley! Tem cliente!

Gina levantou-se rapidamente e seguiu para onde seu patrão estava.

- Antende aquele homem lá, mas seja breve.

Gina olhou para onde seu patrão havia indicado e viu o homem de costas. Tinha cabelos compridos e rebeldes e um porte atlético. Encaminhou-se para a mesa.

- Boa noite, o que o senh... – Mas interrompeu sua frase ao olhar para o homem, agora de frente. Céus! Não podia ser... mas... aqueles olhos... eram inconfundíveis! Mas ele estava tão diferente... tão... lindo! Definitivamente ele não era o mesmo... isso se realmente fosse ele.

- Gina?! – exclamou ele, levantando-se da cadeira.

- Harry!

- Meu Deus! Não pode ser! Como você está linda!

- Você que mudou bastante! Nem parece o mesmo Harry magricela, se não fossem esses olhos, juro que não reconhecia.

Harry riu e perguntou divertido:

- Não vai me abraçar?

Gina praticamente corre até o amigo e se joga nos braços dele. Imediatamente, se lembra do último abraço deles e de toda a tristeza que o momento envolvia. Mas dessa vez era completamente diferente, além da atmosfera de alegria, Gina sentiu algo a mais ao abraçar Harry, mas não soube explicar o que era exatamente.

- Pensei que nunca mais fosse te ver.


----------------------------- // --------------------------------


Ele não podia acreditar no que estava acontecendo. Nunca imaginou encontrar Gina assim... E ela estava tão mudada, estava linda! Mas de rosto, continuava a mesma. Já o corpo...

- Não quer ir jantar lá em casa? – ofereceu Gina, soltando-se do abraço.

- É uma excelente idéia. Você ainda mora lá?

- Não. Estou em uma casinha um pouco mais aqui no centro, fica melhor para trabalhar e estudar.

- E essa cidade tem centro?

- Ah Harry...

Harry sorriu.

- Mas então, vamos?

- Dexa só eu avisar para o meu patrão.

- Okay...


---------------------------- // -----------------------------


- ...aí ela me disse que o ônibus saia às nove – narrava Harry enquanto comia um prato de macarrão que Gina fizera – e eu fiquei todo animado, né, crente que ia sair em meia hora. Mas a mulher chega e me fala que só nove horas da noite.

Gina soltou uma gargalhada.

- Coitado! Aí você ficou lá esperando?

- Pois é né! Acho que nunca fiquei tanto tempo sem fazer nada.

Gina sorriu e comeu mais uma garfada de seu macarrão.

- Então, por que decidiu voltar?

- Aqui é o meu lugar, sempre foi.

- Por que não voltou antes, então?

- Tinha vontade. Mas queria terminar de estudar.

- E em que você se formou?

- Direito.

- Direito? Nunca imaginei você fazendo direito!

Harry sorriu.

- Não é exatamente o que eu queria, mas não é ruim.

Eles terminaram de comer em silêncio, apenas trocando uns olhares de vez em quando e sorrindo.

- Bom... eu acho que vou lá. Já está tarde e amanhã meu dia vai ser cheio. Ainda tenho que arrumar tudo em casa. Que pena que você não é mais minha vizinha.

Gina sorriu e completou - Eu te levo até a porta então.

Eles levantaram-se e seguiram até a saída. Gina abriu a porta.

- Tchau – disse Gina.

- Até amanhã – Harry puxou-a para um abraço.

Mais uma vez um mar de sensações e lembranças invadiu Gina. Mas dentre isso, uma sensação se destacava e era aquela inesplicável. Foram se soltando aos pocos, cada vez os movimentos ficavam mais lentos. O coração de Gina pulsava desordenadamente e aquela sensação inesplicável crescia cada vez mais. Os movimentos ficaram praticamente estáticos quando seus rostos estavam próximos e, subtamente, Harry mudou a direção de sua cabeça e tomou os lábios de Gina. Gina nunca pensou que pudesse sentir uma sensação tão maravilhosa na vida. Já beijara outros caras, mas sem dúvidas nada se comparava a isso. Entrabriu os lábios levemente, deixando a língua de Harry invadir a sua boca, tornando o momento ainda melhor. Só se separaram quando faltou o ar aos pulmões.
Gina não sabia como agir diante daquilo e Harry parecia igualmente confuso.

- Hum... é... te vejo amanhã? – perguntou Harry, tentando parecer natural.

Gina sacudiu a cabeça em afirmação e Harry se foi. Ela fechou a porta e encostou-se na mesma, levando os dedos levemente aos lábios.

---------------------------- // ---------------------------------


Não sabia se certo o que havia feito, mas simplesmente não pôde resistir. Bom... mas uma coisa tinha que adimitir: ele adorara. E, afinal, porque não seria certo? Tudo bem que haviam sido criados como irmãos... mas não eram! E quinze anos faziam muita diferença. Quando ele fora embora, eram apenas crianças. Haviam crescido, mudado muito. E a Gina, por Deus, como estava linda!
Nunca tinha experimendo tão boas sensações como ocorrera quando beijara Gina. Queria provar aquela boca de novo, sentir de novo aquele gostinho de morango. E de novo. E de novo. E de novo. E de novo...



---------------------------- // ---------------------------------


- ... e uma porção de batatas com bacon.

- Gostaria de queijo na batata também?

- Pode ser...

- Okay.

E saiu para o balcão.

- Mike, são dois x-burgueres de frango e uma porção de fritas com bacon e queijo! – gritou pela janela que dava para a cozinha.

- Trabalhando muito? – ouviu uma voz que nem precisava virar para ver quem era.

- Harry! – exclamou antes se abraça-lo. – Você nem imagina o quanto. E você, já acabou com a sua arrumação?

- Nada... falta muito ainda.

- Se você quiser, posso te ajudar hoje à noite, não tenho nada para fazer.

- Combinado então. Aí, você janta lá em casa e eu aproveito para te recompensar pelo jantar de ontem.

- E você sabe cozinhar? – brincou Gina.

- Está duvidando, é?

- Na verdade, sim.

- Então veremos...

---------------------------- // ---------------------------------

- Harry! Você precisa ver isso! Vem cá!

Harry saiu da cozinha, onde limpava o que iria precisar para fazer o jantar, e foi ao seu antigo quarto, que Gina limpava.

-O que foi?

- Olha isso!

Ao dizer isso, estendeu a ele uma velha caixa de sapato que Harry reconhecia muito bem.

- Não acredito que isso ainda existe!

Harry abriu a caixa e viu várias e várias fotos, algumas bem antigas, e começou a revirar, prestando atenção em cada uma delas.

- Lembra dessa?

Mostrou a ela uma em que ele estava vestido e super-homem e ela de fadinha, quando estavam indo para a festa à fantasia da cidade há quase vinte anos atrás.

- Inesquecível! – ela exclamou antes de soltar uma gargalhada – Essa maldita roupa de fada ficou me pinicando a festa inteira e asa não queria ficar prese de jeito nenhum.

- Eu lembro disso... mas apesar disso, até que foi bem legal, né?

- É, tirando o fato de que depois eu fiquei com trauma de fada, foi bom.

Harry riu e eles continuaram vendo as fotos.

- E essa, você lembra? – Gina perguntou estendendo a ele uma foto que exalava um ar melancólico. Era a última foto que eles haviam tirado juntos, minutos antes da partida de Harry. – Foi, sem dúvidas, o momento mais triste da minha vida.

- Da minha também Gi, pode acreditar. Você não pode imaginar o quanto eu senti a sua falta.

Ambos sorriram e ficaram alguns instantes em silêncio.

- Ainda nem acredito que você está aqui, de volta.

- Pois pode ir se acostumando com a idéia, - Harry fez graça para em seguida, então, adotar um tom sério - porque eu não pretendo ir embora de novo. Pelo menos não sem você.

Novamente aquela desconhecida sensação tomou conta dos dois e eles, lentamente, começaram a se aproximar até que, pela segunda vez, tivessem seus lábios colados. Foi um beijo longo e doce, cheio de amor.
Foi quando Harry percebeu que todos aqueles anos longe de Gina não haviam deixado o amor que eles sentiam morrer. Muito pelo contrário. Ao reeencontrar-se com Gina ele pode perceber que ainda nutria o mesmo amor por ela, e não era somente um amor fraternal, era mais que isso, um amor que, Harry teve certeza, sentiam mesmo antes de poder compreender o significado daquile sentimento e que nem o tempo podia apagar...

------------------------ // -------------------------

N/A: Oi!
Nossa... finalmente essa short saiu, já estou a meses para termina-la. =D
Mas a verdade é que eu ainda não tinha definido como e nem quando finaliza-la... e,bom, eu sei que o final ficou completamente horrível, mas saiu...
=D

Comentem, por favooooooooooooooor, nem que seja xingando!!! Eu apenas preciso saber o que vocês acharam. ;D

Beijos***

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.