A Casa do Ogre
A Casa do Ogre
- Draco! Levanta-te! – ordenou Hermione, dando-lhe um valente pontapé no rabo.
O loiro deu um salto, quase com um ataque cardíaco do repente da situação. Estava a dormir uma sossegada sesta à sombra de um bonito e fresco carvalho, habitado por pardais e outras aves muito mais melodiosas, quando aquela avalanche de mau humor chegara e fizera questão de o acordar brutalmente.
- Também ainda não percebi como chegaste a fada! Devias era ser uma bruxa velha com uma verruga pustulenta no nariz. Darias uma óptima noiva para o Senhor das Trevas – murmurou Draco, sempre rezingão, depois de se ter recomposto do pontapé.
- Deixa-te de infantilidades e recriminações, que sou a única que tem o direito de as fazer, após esta incomensurável falta de consciência pela tua parte – cortou a fada mal disposta com um olhar fulminante.
- Falta de consciência?! Posso saber a que nível é que a tão prezada e idiota fadinha vê a “falta de incons…”
- Onde está o Harry? – interrompeu Hermione friamente.
- Sei lá! Pergunta à outra fadinha – respondeu o rapaz, sem o mais pequeno interesse, desdenhando do ruivo.
- O Ron não sabe dele, e tu eras o responsável! O inconsciente! Ora aí tens!
- O fedelho já não tem 4 anos, tem 16 – resmungou Draco, revirando os olhos.
- Pior ainda! Faltam duas semanas para o seu aniversário! O... “tu sabes quem” pode andar em busca dele... temos que o proteger.
A fada Mione andava de um lado para o outro, tentando amenizar os nervos de preocupação que faziam com que a relva que pisava ganhasse tons amarelados de secura, enquanto os pássaros paravam de cantar, instalando-se um silêncio incómodo.
- Porque não perguntas à natureza onde ele está? – quis saber Draco sarcasticamente, indicando o topo da árvore. – Não é a tua grande confidente e informadora?
- É... mas...
Um esbelto rapaz de olhos verdes espreitou detrás de um tronco de uma árvore nodosa. Aquela pequena casa era deveras suspeita. Tirou uma seta da aljava que trazia presa às costas e, com uma perícia suava, colocou-a no arco, preparado para qualquer problema que pudesse surgir. Avançou mais alguns passos e escondeu-se atrás de outro tronco. Sentia o coração quase a saltar do peito de ansiedade e excitação. Tinha a certeza de que naquele sítio vivia alguma coisa muito estranha.
- Hei! Remus!
Remus Shrek Lupin (N/A: não me matem, por favor...), um homem alto e belo, apesar de ostentar pequenas madeixas cinzentas no cabelo, olhou para trás com uns olhos castanhos-mel, para o amigo que o fitou com uns confusos olhos azuis.
- Fala baixo Sirius... aquele rapaz pode ouvir-nos e não é nada conveniente – ordenou num sussurro.
- Não é?! Aquela casa é nossa, não é de nenhum ogre ascoroso...
- É “asqueroso”. E depois, quanto a isso do ogre, depende muito dos pontos de vista, ou dos dias do mês... – murmurou Lupin, que se encontrava escondido atrás de um arbusto, observando um indivíduo alto, de cabelo preto numa coloração de asas de corvo. – O que vamos fazer?
- Podiamos assá-lo no forno, ainda deve ser tenrinho – opinou Sirius, um homem alto, de olhos azuis e cabelo negro, belo e de um humor terrivelmente animado.
- Sirius, por favor! Não digas besteiras. Isto é um problema grave, era suposto ninguém saber onde moramos – reclamou Remus, dando mais um passo em frente.
Ao colocar o pé no chão, um ramo estalou ruidosamente e logo os dois susteram a respiração, fechando os olhos durante uns segundos de exasperação.
Harry voltou-se para trás como se tivesse recebido um choque electrostático. Estava ali alguém ou algo. Poderia ser um inocente coelho, uma raposa procurando o seu almoço, um lobo que poderia tentar atacá-lo… Avançou cuidadosamente, pé ante pé, palmilhando todos os pedaços de solo, até ao local donde tinha surgido o estalido ruidoso. Mais um movimento aparatoso repercutiu-se no ar estável, e, subitamente, algo enorme lhe saltou no caminho, fazendo-o recuar.
Remus continuava encolhido atrás do arbusto, enquanto Sirius tentava resolver o assunto com a sua forma animagus, que, apesar de não ser assustadora, impressionava. Os seus cascos eram duros, as suas orelhas compridas e de um grande poder auditivo eram extremamente úteis, o seu pelo cinzento protegia-o do sol e a sua cauda afastava as incómodas moscas. Além de tudo, era um animal esperto.
Por detrás do seu arco, Harry era assolado por numerosas perguntas, mas a principal era: - O que faz um burro no meio da floresta?!
O pobre animal zurrava e levantava poeira com os cascos, tentando assustar o jovem Harry, sem mais nenhuma ideia magnífica.
- Calma – pediu Harry, que desde pequeno crescera entre os animais da floresta e sabia sempre acalmá-los quando necessário, ou assim se passava com os outros seres da floresta, este burro estava a ser uma excepção.
Pousou o arco no chão e estendeu a mão para o burro, mantendo o controlo da situação.
«Vá lá, Sirius… livra-te dele! Assusta-o!» implorou Remus para si, mas estava com sérias dúvidas de que isso acontecesse. Um guerreiro nunca fugiria de um burro! No máximo capturava-o, matava-o… o que fazer?!
- Hey, burrinho! Estás perdido? Não te quero fazer mal, por isso vai-te embora – olhou de lado para a casa que vigiava e que o animal interrompera tão inoportunamente. – Sai daqui, xô!!
O burro raspou o chão e investiu contra Harry audazmente. Harry desviou-se e, num ágil golpe de pé, fez saltar o arco de novo para a sua mão, apontando-lhe uma flecha.
- Não te quero magoar, mas estás-me a obrigar – avisou o jovem corajoso, olhando o burro nos olhos, como se estivesse a falar com um igual.
Atrás de si, Remus avançou lentamente com uma pedra na mão e, quando ninguém esperava, desferiu-lhe uma pancada muito bem dada na cabeça. Harry desmaiou de imediato, deixando-se cair no chão amolecido de cascalho, ervas e carumas de pinheiro.
Sirius voltou à sua forma normal e observou Harry atentamente.
- Ainda está vivo…
- Graças a Merlin! Eu não…
- Ai! Não me fales nesse velho maluco! – pediu Sirius, revirando os olhos. – Nem dele, nem do irmão e muito menos do primo!
Remus Shrek Lupin ignorou o amigo que por vezes conseguia ser insuportável. Nesse momento estava a falar de Dumbledore, o irmão de Merlin, e de Gandalf, o primo. Nunca lhes perdoara o facto de não ter podido ser fada, sendo-lhe confiado apenas o dom de animagus… e uma forma que não lhe agradara muito.
- Ajuda-me a levá-lo para casa, temos que cuidar dele – pediu, tentando erguer Harry do chão. – Podias levá-lo às costas.
- Mas eu tenho cara de burro de carga? – inquiriu Sirius ultrajado.
- Ah… - murmurou Lupin, tentando não lhe responder à letra. – Tens razão, és muito débil. Eu levo-o.
Pegou-lhe nos pés e Sirius, não querendo dar o braço a torcer, sendo considerado débil, pegou nas mãos do rapaz. Transportaram-no o mais depressa possível para a casinha que, pelo que parecia, era a habitação destes enigmáticos seres.
Ficava numa bonita clareira iluminada pelo sol brilhante, rejuvenescido e imaculado, dando ao local um aspecto de santuário campestre, de maravilha perdida. Abriram a porta de madeira macia e levaram o rapaz para uma cama junto de uma lareira apagada, repleta de felugem, onde o deitaram.
- Não deve sobreviver – comentou Sirius, virando-lhes as costas negligentemente com um interesse desmedido de comprador desdenhoso.
- Sirius, por favor! Deixa de ter esse comportamento e traz-me Erva Lidrá para acordar o rapaz e saber quem é – pediu Remus, sentando-se à beira da cama e analisando a cabeça de Harry. – Não sangrou… isso não é muito bom… traz-me também folhas de perdineira!!
Do outro lado da casa, numa pequena dispensa apertada, Sirius vasculhava cada recanto, procurando as ervinhas milagrosas que ajudariam a curar o rapaz intrometido e coscuvilheiro, violador de propriedade privada… quem o teria educado?! Folhas de Figueira-do-diabo, de Nogueira Brava, de Salgueiro Zurzidor, folhas e folhinhas para poções e unguentos que não lhe diziam o mínimo respeito e… ali estava! Folhas de perdineira, acomodadas dentro de uma caixa de madeira etiquetada com um papel adoentado; faltava a tal de Dráli ou Ládri, ou fosse lá o que fosse… Onde estaria?
- Vais demorar muito? – inquiriu Lupin.
- Não encontro a Ládri! – respondeu Sirius, continuando a vasculhar intensivamente na dispensa atafulhada.
- É Lidrá!
“Pois, é a Lidrá… que vida esta… Vida de burro!”, magicou Sirius para si. E não podia ter mais razão.
Hermione estava a ficar azul de fúria. Reunira Draco e Rony, assim como muitos animais da floresta.
- E dizem que nenhum de vocês viu o Harry! Como é possível?! Estão a esconder alguma coisa, quero saber o quê.
- Bem, eu não sei de nada, mas o rapaz tem o direito de viver a sua vida, passear por aí, encontrar os Anões e a Branca de neve, casar e ser feliz – murmurou Draco, admirando o céu azul e as folhas das árvores, com um riso escarninho.
- Já estou farta de ti! Cala-te sua coisa insuportável – ordenou Hermione, explodindo de vez.
- Mione, acalma-te – pediu Ron, tentando acalmá-la.
- Não tenho calma! Nós tínhamos de o proteger, é vital!
- Ele não vai morrer, não agora, não hoje. Por isso para com os histerismos e deixa-lo viver enquanto o pode fazer. Apesar de não parecer, eu sei o que digo, ainda tenho consciência suficiente para fazer julgamentos.
Desta vez Draco já não se mostrava arrogante, e era incrível a presença de espírito que parecia ter, tal como acontecera no dia em que o Senhor das Trevas amaldiçoara Harry. Os olhos brilhavam num cinzento de tempestade que se ameniza. Tão depressa como surgiu, esse olhar tão sensato fugiu, sendo substituído pelo irónico e irresponsável que tantas vezes perscrutava o horizonte numa eterna critica maliciosa.
- Espero que tenhas razão, rezo para que tenhas razão – murmurou Hermione cansada.
N/A: Espero que tenho gostado xD Deixem os vossos comentários por favor, pa fazer uma escritora feliz =D bjs***
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