A REGENERAÇÃO DAS ALMAS



As três vassouras cortavam o ar, passavam acima das árvores aos bosques que se estendiam por todo o percurso que Hermione guiava à frente. Harry apertava fortemente sua vassoura, os dedos pareciam que iriam estourar, a mente se desligava completamente do que estava fazendo, pensava indignado em Letícia e mordia os lábios com raiva, obstinado em encontrar Snape e descarregar todo o ódio que estava sentindo.
Agora o trio passava exatamente sobre um lago muito parecido com o lago negro em Hogwarts. Logo estavam de volta acima de mais e mais árvores, o sol refletia no cabelo ruivo de Rony, que escoltava a vassoura de Hermione.
- Estamos flutuando o vale do Tronco torto, Harry! – Gritou a voz aguda da garota, espalhando-se com o vento e alcançando Harry.
- Uhm, parece ser uma casa de madeira muito velha... - Disse ele, voltando do transe e se colocando ao lado da vassoura de Hermione. Rony fez o mesmo do lado esquerdo.
Os três voavam em círculos por vários minutos, não viam nada que pudesse ser parecida com qualquer barraco ou cabana dentro da mata ou ao redor do rio. Harry já perdia um pouco da ansiedade quando Rony berrou:
- Ali! – O amigo apontava algo abaixo deles.
Hermione e Harry forçaram mais a visão e desceram um pouco mais baixo. Era um pedaço de um telhado de madeira velha escondido entre duas amoreiras, a poucos metros do rio e de um terreno seco sem vida, que Harry de perto, pôde identificar como sendo uma antiga horta.
- Cuidado, Harry! – Disse Hermione, tão baixo que o garoto que agora alcançava o chão de terra quase não escutara.
- Hermione, vá com o Rony lá por trás. – Harry indicou os fundos da cabana para o casal que acabara de pousar.
- Mas, Harry e você...
- Eu sei me virar sozinho. Tenham cuidado...
Hermione encarou Rony e os dois seguiram se desviando das árvores pouco antes da cabana. As copas das árvores eram altas e densas, semelhantes à floresta proibida. Harry colocou sua varinha diante dos olhos e caminhou vagarosamente.
- Arg! – Se espremeu na árvore e rapidamente apontou a varinha para uma simples lebre que saltou em seus pés.
O garoto continuou a caminhar, seus olhos fixos nas paredes cada vez mais próximas. Andou pouco até alcançar um velho trator de lavoura; estava sustentado por três pneus. Varias palhas secas que faziam a cobertura do automóvel, pelo o vento ou com o tempo, havia se deslocado por todo o chão, as pequenas ferramentas largadas estavam enferrujadas ou cobertas por teias de aranhas.
Harry passava rente à parede do barraco, agachou-se um pouco quando passou pela janela, tentou espiar alguma coisa, mas era impossível: estava toda coberta de madeira. Em passos lentos e milimetrados, chegou até a porta, colocou a mão na maçaneta, apertou a varinha nos dedos, suspirou e a abriu com força.
Não tinha ninguém no cômodo. Harry levou a varinha a sua frente a cada passo que dava, encarou o espelho de Ojesed preso na parede, mirando a porta, sentiu que fôra dali que tinha visto todo o seu pesadelo, caminhou mais um pouco olhando fixamente para o espelho, até que seu pé se ricocheteou com a espada que lhe ajudara tempos atrás com o basilisco.
- Arg! – Harry retirou os olhos do espelho e os deixou cair para a grande poça de sangue abaixo dos seus pés, a espada de Grinffyndor estava mergulhada nela.
Os olhos de Harry se arregalaram ainda mais ao ver o livro de capa preta, aberto, jogado ao canto. Ele correu até o livro e leu a primeira página que encontrou:

“A arte que nos ajuda a descobrir como a
Espada da vida nos protege
De grandes problemas mentais.
Leões, serpentes ou aranhas
Abri um medo em nossos corações
O medo é sempre curado com dignidade, levando-o a um
Portal de novas e renovadas
Da mas pura e castigada
Vida!”
Baungartem Artónio S. – 1562

-“Mais um enigma., Ótimo!” disse ironicamente a voz em sua mente. “Espera aê, é só ler as primeiras palavras!”
Harry escutou a voz dentro de si e leu as palavras miúdas no canto lateral da folha.
- A... espada... de leões abre o portal da vida! – Completou ele pensativo. Encarou a espada largada no sangue e sacou de que o poema dizia. Virou algumas páginas anteriores.

“É muito difícil a dor da perda, não podemos deixar que uma pessoa que realmente amamos se vá assim sem explicações. Para isso, juntamente os Baungartem e os Ojese, fizeram um experimento de anos e anos de pesquisa. Esperamos que esse experimento seja usado por mãos corretas e boas. Nossos familiares terão que tomar todo cuidado do mundo ao usar ou falar dessa experiência. Só os filhos mais velhos terão acesso aos objetos e ao conhecimento, esses conhecimentos só podem ser usados para alguém muito especial.”

Harry se entretinha com as palavras do livro, lia rapidamente todas as linhas, estava agachado ao chão e virou a próxima página, aflito.

“A seguir ensina todo um ritual de como trazer alguém que já passou para o estado de espírito de volta para um corpo material, a chamada REECARNAÇÃO. Esse método é cruel, a pessoa que usá-lo estará com o destino aberto para ser alguém das Trevas, alguém coberto por maldade e de infinitas maldições. Pense duas vezes antes de realizar algo tão incomum. Pense se a pessoa que você deseja trazer é realmente importante a ponto de você se crucificar para as Treva, por ela.”

Os olhos de Harry nem chegavam a piscar, sua varinha deslizou da mão ao passar para página seguinte. Viu que já tinha lido aquele poema e apressou-se em mudar a página.

“Usamos a espada como chave, pois se esses truques caíssem em mãos malignas saberíamos que não seriam concluídos, pois a chave estaria presa no castelo de Hogwarts, onde ninguém das Trevas ousaria em invadir.”
Mais uma vez a página foi virada.

“Essa espada deve sacrificar um mortal ainda vivo para que o sangue fresco do corpo penetre a lâmina, e só assim o nome do espírito (da pessoa que morreu há exatamente um ano atrás) possa ser escrito sob o vidro reluzente do espelho. O espírito passará por um portal entre o mundo carnal e o espiritual, fixando-se no corpo de onde fora tirado o sangue. Esse corpo passará a ter uma dívida com o realizador de seu regresso, sendo seu servo...
- AVADA KEDAVRA! – Guinchou a voz firme por detrás de Harry. A voz de Snape que saia de dento da porta esquerda no cômodo.
O garoto se sentiu completamente congelado, com os joelhos firmes ao chão, a mão largara o livro com o susto e, em vão, apertou os dedos para encontrar a varinha.
Por um segundo ele esperou estar morto, mas ainda sentia seu sangue fervendo dentro de si, ainda sentia os dedos percorrerem o carpete até fixar novamente a varinha na mão. Virou-se depressa e ainda conseguiu ver Hermione com a varinha apontada para ele, provavelmente a amiga realizara um protego mudo.
Harry ainda não se situara perfeitamente onde estava, o que estava fazendo e como estava fazendo. Tinha perdido a noção de tempo e espaço quando lia o livro. Tudo parecia surreal: ver Hermione e Rony na porta a direita de varinha em riste, e Snape na porta, à esquerda, também de varinha direcionada para ele, fazendo seu cérebro acelerar e seu coração bater como nunca.
- CORRE, HARRY! – Gritou a foz rouca de Rony.
Só assim o garoto voltou ao mundo real, percebeu que estava na linha de fogo, levantou-se ainda mais depressa e se jogou para fora da casa, de onde havia entrado.
Ainda dera tempo de escutar vários feitiços soltos pelas vozes que tanto conhecia, e escutara também vozes com que nunca havia tido contato. Uma mão magra e bastante branca agarrou seus ombros e o levantou bruscamente. O cabelo amarelo de Tonks se fundia com o sol.
- O que está acontecendo lá dentro?! – Perguntou ela, encarando o rosto assustado de Harry.
- O Snape... – Harry acabara de ver o padrinho, Lupin, Moody, Arthur, Perkins e Diggle correrem para dentro da cabana.
- Então Dumbledore estava certo... Agora pegamos aquele desgraçado...
Harry escutou as últimas palavras de Tonks quando já corria de volta para dentro da sala. Mas a única coisa que encontrou foi Rony caído no centro da sala, dentro da poça de sangue, com Hermione ajoelhada ao lado dele.
- Não me diga, Hermione, que... – As lágrimas de Harry saiam sem mesmo ele nem sentir.

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