Só uma Memória (único)
N/A: Antes que vocês começarem a ler vou dar um aviso pra vocês entenderem melhor, ok?!
O que tiver escrito normal é o passado e em itálico é o presente. Beleza?!
Então agora eu vo pará de fala, coisa que eu faço pouco, *cara de santa*, e vou deixar vocês lerem! Espero que Gostem! Beeijos :*
Ok Ok, já calei! * tapa a boca com as duas mãos* :X
Não conseguia acreditar em tudo o que se tinha passado naqueles últimos dois anos. Como era possível que apenas dois anos mudassem tanto a vida de uma pessoa? Como é que o que começara em sonho se tornara em pesadelo? Como?
Sentiu as lágrimas quererem começar a escorrer pela sua face, mas não iria chorar. Apenas não iria, não mais, não pelo que acontecera, mas eles não mereciam. Ele não merecia.
Deitou-se na enorme cama de casal em posição fetal e olhou em volta.
Verde! Como ele gostava, a cor verde, a sua cor predileta. Sorriu tristemente, lembrando-se de como tudo começara.
O vento batia forte no seu rosto, e a água da chuva regelava o seu corpo, mas ela não se importava, não queria pensar nisso. Tinha coisas piores na vida, como a morte de seu pai.
Maldita guerra, malditos comensais da morte, maldito Voldemort. Teve ímpetos de berrar de ódio, de raiva por tudo aquilo, mas não o fez, apenas se deixou cair no chão, soluçando.
Seu pai fora morto por um comensal naquela tarde, e ela não fizera nada, ninguém fizera nada. Como podia algo assim acontecer? Seu pai era tão bom, como poderia ter morrido? Porque que a vida é tão injusta?
Sentiu um casaco pesado sobre os seus ombros e olhou para o lado, vendo dois olhos cinza fitarem-na.
“-Já soube sobre o teu pai Weasley!”
“-Já todos sabem não é Malfoy? Todos sabem, muitos viram e ninguém fez nada. Eu não fiz nada.”
“-O que queria fazer? Ou melhor, o que poderia ter feito?”
“-Não sei.” – Respondeu ela fitando-o tristemente. – “Eu não sei.” – Murmurou antes de se atirar para os braços dele.
Sentiu ele abraçá-la calmamente, e em seguida ouviu a voz dele no seu ouvido, dizendo baixinho:
“-Shii Virgínia, você não poderia ter feito, não tiveste culpa. Eu estou aqui, vai tudo ficar bem.”
Engoliu em seco, sentindo o coração dele bater no peito, e em seguida sentiu-se ser levantada e no instante seguinte ele aparatava com ela colada a ele.
Não fez nada, apenas deixou que ele a guiasse. Lembrava-se vagamente de ter sido deitada numa cama fofinha e em ser coberta em seguida.
“-Dorme Virgínia, amanhã é um novo dia.”
“-Fica comigo.” – Pediu ela fechando os olhos.
Ouviu o homem suspirar e em seguida sentiu-o sentar-se ao seu lado ,e pousar a mão nos seus cabelos vermelhos fazendo carícias. Instantes depois ela dormia tranqüilamente.
Acordou meia sonolenta e a primeira coisa que viu foi Draco Malfoy deitado ao seu lado na cama. Ele dormia calmamente, com o cabelo loiro disciplinadamente a cair-lhe no rosto, dando-lhe um ar angelical.
Quem diria que um dia Ginevra Weasley de 24 anos se encontraria ali, na cama de Draco Malfoy, vendo-o dormir?
E foi então que se lembrou do que acontecera. A dor da morte, a raiva de si, e o carinho dele, o apoio que ele lhe dera.
Voltou a olhar para ele e fitou-o durante alguns segundos. Sim, Draco Malfoy tinha mudado muito depois da morte de Narcisa Malfoy. Não sabia muito bem o porquê, na verdade, ninguém sabia, apenas sabia que ele gostava da sua mãe e que depois da morte dela ele tomara a decisão de nunca se tornar comensal da morte, e sim auror. Dizia-se que ele queria vingança, que queria matar a pessoa que matara sua mãe. Talvez fosse a verdade, ela não sabia, apenas sabia que ele a ajudara, que fora carinhoso com ela.
Nunca havia imaginado isso, mas na verdade não parecia tão estranho ou ridículo como pensou que acharia.
Piscou os olhos, afastando os pensamentos e quando olhou para ele deparou-se com o olhar cinza dele sobre si.
“-Bom dia Weasley.”
“-Bom dia…e obrigada.”
Ele sentou-se na cama e em seguida passou a mão no rosto dela, afastando uma madeixa ruiva.
“-De nada. Eu sei como se sente, conheço a sensação, e naquela altura eu queria alguém para me apoiar, mas não tinha ninguém.” – Disse ele dando os ombros conformado.
“-Lamento.”
“-Esquece, já passaram 8 anos, eu tinha 17, já foi há muito tempo.. Mas e você, como está?”
“-Um pouco melhor.”
“-Ótimo. Quer tomar o café da manhã? É só chamar um elfo e pedir!” – disse ele olhando para ela.
Ela sorriu por meros segundos, antes de passar os braços pelo pescoço dele e de beijá-lo.
Primeiro um toque suave de lábios, como se fosse algo proibido e desejado, mas depois o simples toque sublime transformou-se num beijo profundo, envolvente, que fez com que o coração de ambos pulasse como nunca havia pulado. Gina sentiu as mãos geladas dele nas suas costas, fazendo com que ela ficasse mais perto dele.
Parou o beijo e afastou os lábios dos dele, encostando as testas e sorrindo, antes de fazer pressão e o deitar na cama. Olhou dentro daqueles olhos cinzas tão enigmáticos, tão frios, mas que no momento brilhavam de uma maneira diferente.
Sorriu, antes de pousar os lábios nos dele, e começar a abrir os botões da camisa cinzenta dele. As mãos dele puxavam a camisa azul dela, para cima, acabando por a atirar para um canto do quarto.
Os lábios dela começaram a beijar a face dele, e depois o pescoço, e depois o peito despido, fazendo com que ele engolisse em seco e suspirasse de quanto em quanto.
Parou com os lábios na zona das calças, fazendo com que ele sorrisse, antes de ele trocar de posição e ficar por cima dela.
“-Minha vez.” – Murmurou ele com uma voz incrivelmente rouca e sexy ao ouvido dela, fazendo-a arrepiar-se toda.
Sentia os lábios dele no seu colo, nos seus seios, fazendo-a suspirar profundamente, enquanto sentia as mãos dele a desapertar o botão das calças.
Quando deu por si, encontrava-se totalmente despida, tentando tirar as calças dele, enquanto era beijada calmamente por ele.
Queria acabar com aquilo? Não, nunca. Era a melhor sensação da vida dela, e fazia-a sentir-se viva como não se sentia há muito tempo.
As mãos dele apareceram sobre as suas, ajudando-a a livrar-se da peça de roupa interior que ele tinha. Os olhares deles voltaram a cruzar-se, demoradamente, enquanto ele se encaixava nela.
Beijou os lábios dela lentamente, assim como o ritmo dos corpos era. Lento, ritmado, prazeroso. As mãos dela passeavam pelas suas costas, arranhando-as delicadamente, fazendo-o tremer.
Beijava o pescoço dela, quando começou ouvi-la gemer, e foi então que sentiu necessidade de aumentar o ritmo. Momentos depois o ritmo que antes era lento, encontrava-se alucinante, fazendo com que ele a beijasse avassaladoramente.
Sentiu as pernas dela enroladas na sua cintura, encaixando-o o máximo possível, e sentiu o corpo dela tremer, por instantes, enquanto ela gemia ao seu ouvido. Gina sentia o corpo dele a impor um ritmo cada vez mais rápido, e foi então que gemeu mais alto, sendo calada por um beijo sedento de desejo dele, enquanto ele se movia rapidamente sobre ela. E ela soube, que o prazer máximo tinha sido alcançado por ambos quando ele parou de a beijar, e gemeu ao ouvido dela, enquanto ela gemia ao seu.
Draco deixou-se cair ao lado dela na cama, e em seguida puxou-a para si, deitando a cabeça dela em cima do seu peito.
Ouvia a respiração acelerada dela, enquanto acariciava os cabelos ruivos dela.
“- Futuro plano?” – perguntou ela minutos depois rindo suavemente.
“- Banho?” – respondeu ele como proposta.
“- Parece-me bem.” – Disse ela sorrindo, vendo-o levantar-se em seguida e puxá-la de encontro em si, beijando-a, enquanto caminhava até o banheiro.
Sim lembrava bem daquele dia, nem parecia que tinha sido há dois anos, a memória era tão viva, parecia que tinha sido no dia anterior. Mas sabia que não, pois depois desse dia, eles viveram muita coisa juntos.
“-Boa tarde.” – Cumprimentou ele passando com os braços pela cintura dela e beijando a nuca dela.
“- Olá.”
“-Queres vir jantar comigo Virgínia?”
“-Claro que sim. Porquê?”
“-Bem, faz hoje três meses que estamos juntos.”
“-Eu sei. Faz hoje três meses que meu pai morreu.”
“-Hei ruivinha, não fique assim, teu pai não iria gostar de te ver triste.”
“-Eu sei disso. E tem razão, não vou ficar triste. Então diz-me lá onde vamos jantar?”
“-Na minha casa.” – Respondeu ele.
“-Mas que criativo.”
Ele riu, antes de capturar os lábios dela e dizer:
“-Será bem mais criativo do que pensas. Venho buscar-te as 19 está bem?”
“-Sim.”
Ela sorriu antes de o beijar e o ver aparatar.
“-Mãe!” – chamou ela enquanto descia as escadas da Toca.
“-Sim?”
“-Eu não vou jantar hoje. Vou jantar com uma pessoa.”
“-Com o Malfoy?”
Virgínia sorriu acenando afirmativamente com a cabeça. Lembrava-se perfeitamente do dia em que dissera à sua família que namorava com o Draco. Na verdade eles riram, pensando que era uma brincadeira da ruiva, mas os risos acabaram no momento em que Draco Malfoy apareceu atrás da ruiva e a abraçou pela cintura dizendo: “-Eu namoro com a Virgínia mesmo.”
Quem disse que só os Gryffindors são corajosos? Pelo visto Draco Malfoy, o Slytherin também é corajoso.
“-Espero que se divirtam os dois. São necessários momentos de alegria nesta altura.” – Disse Molly, e Gina apenas sorriu para a mãe antes de voltar para o seu quarto, para se arrumar.
(...)
“-Atrasada Virgínia, como sempre.” – Disse ele vendo a ruiva aparecer na sala da Toca.
Ela sorriu, vendo ele a olhar de alto abaixo e abrir em boca em espanto.
“-Eu sei, mas parece que consegui deixar-te sem fala desta vez.” – Murmurou ela ao pé do ouvido dele, rindo, enquanto lhe fechava a boca.
“-Está linda.”
“-Obrigada.”
Ele olhou mais uma vez para ela. O vestido vermelho chegava-lhe até meio da perna, o corpete era mais justo, evidenciado as curvas dela. O cabelo ruivo encontrava-se liso, chegando-lhe assim até meio das costas. O sorriso era um dos mais belos que ele já vira.
“-Vamos?” – perguntou ela reparando no olhar cinza dele sobre o seu colo.
“-Claro.” – Respondeu entrelaçando os dedos nos dela, e aparatando em seguida.
Já tinha estado várias vezes na sala da mansão Malfoy, mas daquela vez estava tudo diferente. O ambiente estava a meia-luz, e era iluminado por inúmeras velas. A mesa era redonda, com lugar para dois, e com duas velas brancas no centro, já acessas.
Draco ofereceu-lhe o braço e caminhou com ela até à mesa, puxando a cadeira em seguida e fazendo sinal para que ela se sentasse.
“-Para quê isto tudo?” – perguntou quando a comida apareceu.
Sentiu as pernas dele enrolarem-se às suas.
“-Apenas quero que esta noite seja especial. Nada de mais.”
“-Só isso?” – perguntou ela olhando nos olhos dele.
“-Não, mas o resto fica para depois da sobremesa.”
“-Oh! Porquê para depois? Não pode dizer agora?”
“-Não, vai ter que esperar.”
Ela fez beicinho mas mesmo assim ele não disse nada, apenas continuou a comer como se não se passasse nada.
“-Agora diz.” – Murmurou ela sentando-se no colo dele, assim que ele acabou de comer o gelado.
“-Não.”
“-Mas disse que depois da sobremesa me contaria. Já terminou a sobremesa, eu já terminei a sobremesa, agora diz.”
Ele riu, beijando os lábios dela rapidamente, e dizendo em seguida com os lábios colados aos dela:
“-Esta foi só a primeira parte da sobremesa, a segunda parte vai acontecer no quarto.”
Gina não teve tempo de dizer nada, pois ele beijou-a calmamente, enquanto passava com os braços pela cintura dela e se levantava da cadeira, caminhando até o quarto.
(...)
“-E agora, vai me dizer?” – perguntou ela com os lábios juntos aos dele, enquanto passava a mão pelo abdómen bem definido dele.
“-Sim. Agora já tive direito ás duas partes da sobremesa, já posso dizer.”
Ela riu, vendo-o sorrir e sentar-se na cama.
“-Sim?” – perguntou ela vendo o olhar cinza dele sobre si de uma maneira diferente de todas as outras, como se fosse uma maneira calorosa.
“-Aceita casar comigo?”
A ruiva não disse, apenas piscou os olhos algumas vezes e então ele engoliu em seco e disse em seguida:
“-Eu sei que nós apenas namoramos há 3 meses, mas eu não quero esperar mais, eu …. Amo-te….e sei que o certo é nós ficarmos juntos…para sempre…”
“-Sempre?”
“-Sim….mas eu entendo se não quiser.” – Completou ele desviando os olhos dos dela.
“-Não quiser?”
“-Sim…tu podes não queres…tu…”
“-Cala-te. Eu quero, eu quero Draco, eu quero casar contigo, não há nada que eu mais queira.” – Disse ela, fazendo-o sorrir, antes de ele a beijar.
Sim, ela já tinha sido feliz, foi feliz durante dois anos. E por isso é que não entendia como tudo tinha acabado assim, daquela maneira.
Se era para terminar assim, valia mais a pena nunca ter começado. Nunca o ter amado, afinal o amor não valeu de nada. As promessas, os momentos passados, nada valeu a pena.
Sentiu uma lágrima escorrer pela sua, e limpou-a em seguida, olhando em volta. Aquela casa era apenas deles, tinham-na comprado depois que decidiram casar. Era o lugar deles, o refúgio, o local onde se sentiam felizes.
“-Eu gosto desta casa.” – Disse ela entrando num dos vários cómodos.
“-Sim, eu também, não é má. É grande, e tem uma ótima iluminação.”
“-Iluminação?” – perguntou ela estupefata fazendo-o sorrir.
“-Sim Virgínia. Eu gosto das coisas bem iluminadas de dia e bem escuras de noite. Nunca se perguntou porque é que o nosso quarto na Mansão é o que recebe mais luz o dia todo? Nem porque é que de noite eu fecho as janelas e corro as cortinas escuras?”
“-Certo, você é louco.”
“-E a minha loucura tem um nome.” – Murmurou ela ao ouvido dele. – “Virgínia Weasley, a futura Sra. Malfoy.”
“-Acho que depois disto, temos mesmo que ficar com esta casa, sempre que entrar aqui vou me lembrar desta tua declaração.” – Disse ela rindo.
“-Certo. Pintamos as paredes de verde e fica aqui o nosso quarto.”
“-Nosso quarto. Soa bem.”
Ele ouviu-a rir, e antes que ela risse mais, ele calou-a com um beijo.
Sorriu sozinha. Lembranças são coisas boas, mantêm-nos vivos. E foi naquela altura que ela entendeu, que mesmo se soubesse que a história deles iria acabar assim ela teria feito tudo, só pelas memórias, pelos sorrisos, pela felicidade que sentiu durante dois anos, dois anos com ele.
Levantou-se e caminhou até a escrivaninha, onde se encontrava uma das fotos mais belas que ela tinha, de um dos dias mais belos da sua vida. O seu casamento.
O vento fresco batia na face dela, enquanto sorria. Era tudo perfeito. Um casamento simples, no alto do penhasco, podendo cheirar a maresia, ouvindo as ondas baterem nas rochas, vendo o sorriso de felicidade que sua mãe tinha, mais seus irmãos. Ver o sorriso dele, o modo como ele a olhava naquele dia.
Seria inesquecível. Ela nunca iria esquecer aquele olhar, tinha a certeza.
“-Eu te amo.” – Murmurou ela, acabando por o beijar.
“-E eu a ti….Sra. Malfoy.”
“-Uma foto?” – perguntou o homenzinho pequeno com uma máquina fotográfica á tira colo.
“-Claro.” – Respondeu o loiro passando com os braços pela cintura dela, abraçando-a.
A vida dela com ele fora melhor do que ela alguma vez imaginara, alguma vez sonhara. Suspirou fundo e levou a mão ao pescoço agarrando a corrente e o pingente. Fechou os olhos sentindo as lembranças invadirem sua mente novamente.
“-Draco!” – chamou ela entrando no escritório.
Não, ele não estava ali. Era estranho, já tinha ido á biblioteca, à sala, ao quarto e ele não estava. Olhou para o relógio, eram quase oito da noite, ele já devia de ter chegado a casa.
“-Onde está?” – perguntou-se sozinha.
“-Aqui.” – Respondeu ele abraçando a cintura dela, e beijando-a assim que a virou para ele.
“-Porque demorou? Sabe que não suporto muito tempo a tua ausência, e…”
Ele pousou o indicador suavemente sobre os lábios dela, fazendo-a calar, e em seguida sorriu, levando a mão livre ao bolso das calças.
Ela olhou curiosa para ele e viu-o mostrar uma caixinha de veludo azul.
“-Um agradecimento, pelo melhor ano e meio da minha vida.”
Ela pegou na caixinha e assim que a abriu viu uma corrente de ouro com um pingente de dois corações.
“-É lindo. Mas não era necessário.”
“-Claro que era.” – Murmurou ele pegando na corrente e pondo-a no pescoço dela. – “Você fez-me feliz Virgínia, muito feliz.”
“-Você também me fez feliz.” – Murmurou ela beijando-o. – “E também adorei este ano de casados. Te amo há quase um ano e meio.”
Ele sorriu, dando um beijo suave nos lábios dela e em seguida murmurou:
“-Eu também te amo.”
“-Draco?”
“-Sim?”
“-Eu tenho uma pergunta para te fazer desde que te conheci. Eu nunca, bem nunca soube porque é que quis ser auror.”
“-Ah isso.” – Disse ele pegando na mão e caminhando até ao sofá. – “Bem é o que se diz por ai. Quero matar o homem que matou minha mãe.”
“-Você…sabe quem foi?”
“-Sim…o mesmo que matou teu pai.”
A ruiva engoliu em seco quando olhou para ele. Nunca ninguém lhe dissera quem tinha matado Arthur, ela nunca desejou saber, até aquele momento.
“-Quem?”
“-Meu pai.”
Gina abriu a boca por segundos, fechando-a logo em seguida. Lucius Malfoy matara seu pai, pior matara a própria mulher.
“-Eu...não sei o que dizer…”
-Não diga nada Virgínia.” – Murmurou ele sorrindo, e encostando a testa á dela. – “Um dia eu hei-de apanhá-lo, e ele irá pagar por tudo o que nos sofrer, a nós os dois. Prometo. Mas até esse dia chegar eu vou curtir a minha mulher.”
Ela riu, antes de sentir os lábios dele nos seus, e de sentir o marido fazer pressão no seu corpo de modo a deitá-la.
Sim, ele sempre desejara apanhar seu próprio pai, ela sabia disso.
Fechou os olhos sentindo raiva, muita raiva de Lucius, mais do que alguma vez sentira por alguém, ele era o culpado de tudo, de tudo. Por causa dele ela encontrava-se ali, assim.
Suspirou, olhando em volta. Fixou o teto durante alguns segundos, até que levou a mão ao ventre, e mais uma vez sorriu, de tristeza.
"-Olá Virgínia.” – Murmurou a voz dele ao seu ouvido.
A ruiva abriu os olhos vendo o marido abaixado ao seu ladoi, com um sorriso que era só para ela, sempre fora, nunca iria deixar de ser.
“-Olá Draco.”
“-Estava a ter um bom sonho? Sorria enquanto dormia.” – Disse ele acariciando a face dela.
“-Estava sim, a ter um belo sonho.” – Respondeu ela sorrindo para o marido e levantando-se, ficando sentada no sofá.
“-E sobre o que era?”
"-Sobre o quê? Como vou explicar?...Oh sim, já sei.” – ela em vez de dizer algo pegou na mão do loiro e pousou-a no seu ventre.
“-Não entendi.”
“-Nós vamos ter um bebê Draco. Eu estou grávida.”
Por momentos o loiro não reagiu, apenas piscou os olhos encarando a ruiva, mas segundos depois ela viu aparecer na face dele o sorriso mais belo que alguma vez tinha visto.
“-Grávida! Isso é fantástico.”
Ela ia dizer algo, mas ele colou seus lábios aos dela, não a deixando dizer uma única palavra.
Abriu a porta que se encontrava mesmo em frente ao quarto onde ela e Draco dormiam. Acendeu a luz e viu o quarto do bebê mais lindo que alguma vez tinha visto. Draco que havia planejado aquele quarto. Desde que ela lhe contara sobre a gravidez que ele começara a trabalhar menos, passava muito mais tempo em casa, e estava sempre preocupado com ela. Durante a noite ele passava horas com o ouvido sobre o ventre dela ouvindo o bebé mexer-se, e falando com ele.
Iam ter um menino. Ethan Weasley Malfoy, fora Draco que escolhera o nome.
Olhou em volta. Aquele quarto ocupara dias ao seu marido, ele é que tratara de tudo. E ficara perfeito.
As paredes azuis claras, com pequenos ursos desenhados que acenavam e sorriam. O berço no centro do quarto com colcha azul, os cortinados brancos azulados, uma enorme estante cheia de brinquedos. Tudo perfeito, mas para quê? Não valera de nada. Nada!
As lágrimas escorriam livremente pela face dela naquela altura, e ela não fazia nada para as parar. Tinha sido há pouco mais de duas semanas, e ela nunca esqueceria a dor.
Acordou a meio da noite não sentindo sono, apenas calor. Olhou para o marido que dormia serenamente ao seu lado e sorriu, afastando uma madeixa loira da face dele.
Logo em seguida levou a mão ao ventre proeminente de 6 meses e levantou-se da cama. Caminhou vagarosamente até à cozinha.
Acendeu a luz e em seguida caminhou até à geladeira, tirando o pacote do leite.
Encheu um copo com leite fresquinho e em seguida encostou as costas á bancada da cozinha bebendo o leite devagar.
E foi então que tudo aconteceu. Primeiro uma pequena dor no baixo-ventre, apenas uma impressão, mas logo em seguida uma pontada forte que fez com que ela deixasse cair o copo e se agarrasse á barriga.
Fechou os olhos e inspirou fundo, mas não acalmou, na realidade a dor aumentou, o que a fez soltar um grito de dor.
“-Draco!” – chamou.
Segundos depois o marido encontrava-se ao lado dela, e assim que ela o viu sentiu uma pontada mais forte que as duas anteriores, e depois tudo ficou escuro.
Draco amparou o corpo dela, e tentou em vão acordá-la.
“-Acorda. Virgínia acorda!” – pediu ele.
Como viu que não iria conseguir, aparatou com ela agarrada a si no hospital.
Esperou durante longos minutos, esperou por alguma notícia, estava desejoso de saber o que se tinha passado, mas receoso. Ela estava com uma expressão de dor quando a vira, o que fez com que o coração dele naquela altura falhasse uma batida.
Abanou a cabeça, não iria acontecer nada, não podia.
“-Sr. Malfoy, eu tenho más notícias.” – Disse uma voz serena atrás dele.
Virou-se apenas para ver o médico que acompanhava a gravidez da sua mulher.
“-Eu lamento, mas sua esposa sofreu um aborto natural, ela perdeu o bebé.”
Por segundos Draco sentiu-se dentro de um pesadelo, sentiu que a vida lhe fugia por entre os dedos. As lágrimas quiseram embaciar seus olhos, mas ele fechou-os com força, com muita força.
Seu filho! Não podia ser verdade, não podia. Perdera seu filho, o filho que ia ter com ela. Perdera-o.
“-Onde….onde a Virgínia está?”
“-Naquela sala, pode ir vê-la.”
Entrou na sala com o coração aos pulos e encontrou a ruiva sentada na cama chorando silenciosamente.
Ele sentou-se ao lado dela, e puxou-a para o seu corpo abraçando-a com força. Ao menos ela estava ali, nos seus braços.
“-Perdoa-me Draco.”
“-Shii amor, não teve culpa, não teve.” – Murmurou ele ao ouvido dela, balançando-a, como se ela fosse uma criança.
Fechou os olhos, sentindo os soluços da mulher contra a sua camisa, e foi então que uma simples lágrima solitária escorreu pela sua face, morrendo no canto do lábio. Não iria chorar, Virgínia precisava que ele fosse forte, e ele seria forte, pelos dois.
E fora assim que o sonho começara a terminar, a partir daquele dia tudo começara a correr mal. Tudo.
Engoliu em seco sentando-se cama, e pegando na almofada que era dele. Abraçou-se com força, como se quisesse senti-lo ali com ela. Cheirou a almofada, o perfume dele ainda ali se encontrava.
Mas ele não…não mais….nunca mais.
Entrou em casa e procurou pelo marido, mas ele não se encontrava. O que não era de estranhar. Há três dias ela tinha abortado o filho deles, e desde então Draco encontrava-se estranho, distante.
E chegava sempre tarde a casa, sempre.
Suspirou. Não o culpava, ela própria queria desaparecer, sentia-se culpada, muito culpada. O relógio da sala deu as 6 da tarde. Ele já devia de estar em casa, ele já tinha saído, já devia de ali estar, mas não estava.
A ruiva suspirou fundo e caminhou até ao quarto. Assim que chegou ao corredor viu que a porta do quarto do bebê estava aberta.
Seu coração apertou-se e a respiração falhou. Caminhou até ao quarto e encontrou Draco sentando no meio do chão.
“-Draco!” – chamou ela baixinho.
“-Sim?”
“-O que…o que faz aqui?”
“-Tenho vindo aqui todos os dias desde que aconteceu. Eu não me tenho demorado no trabalho Virgínia, como pensa, apenas aparato aqui e fico aqui durante bastante tempo.” Ela engoliu em seco e em seguida disse:
“-Eu compreenderei se você quiser….quiser acabar tudo….eu fui a culpada.” – A voz dela encontrava-se baixa mas ele ouvia bem. Tão bem que se virara para ela chocado e surpreso. – “Eu sei que não te mereço. Eu perdi nosso filho, não te censuro se me odiar.” – E dizendo isto ela saiu do quarto, entrando no quarto de casal e fechando a porta com força.
Draco abanou a cabeça antes de se levantar e correr até ao quarto. A mulher estava deitada na cama, chorando silenciosamente.
Ele caminhou até ela e sentou-se ao seu lado, acariciando os cabelos vermelhos dela, fazendo com que ela o olhasse.
“-Eu seria incapaz de te odiar, e muito menos de te deixar. Você é minha vida Virgínia. E….eu não te culpo, você não teve culpa nenhuma, nenhuma.” – Ele deitou-se ao lado dela, e limpou as lágrimas que escorriam na face branca da mulher e em seguida murmurou: “- Eu te amo, e apesar de estar abalado com tudo o que aconteceu eu não te culpo, eu não culpo ninguém, apenas aconteceu. Era o destino. Mas não volte a se culpar, eu não suporto te ver assim, não quero que fique assim. Eu quero te ver sorrir, só para mim. Quero fazer amor contigo, quero te amar para sempre.”
Ele colou os lábios aos dela em seguida, e aconchegou a mulher nos seus braços.
“-Também quero fazer amor contigo…agora.” – murmurou ela ao ouvido dele.
Ele sorriu contra os lábios dela, e em seguida suas mãos passearam livremente pelo corpo da ruiva, que tremia, que queria mais, que necessitava de mais.
Fora uma das melhores noites de amor deles, tão calma, romântica, cheia de promessas, de juras. Ela nunca a esqueceria, e muito menos tendo sido a última. Tinha sido inesquecível, e ela ainda não sabia bem o quanto.
Fechou os olhos e deixou-se cair em cima da cama, com as memórias mais recentes na sua mente. A noite que mudara a vida dela para sempre fora apenas há pouco mais de uma semana. O sonho acabara, para sempre.
A mão dele acariciava os cabelos dela, enquanto que o dedo dela passeava pelo peito dele. Como desejava tanto aquilo, sentir-se nos braços dele, saber que ele a amava.
Um barulho fez com que Draco desse um pulo, e se sentasse na cama, olhando para a ruiva aflito.
“-Fica aqui.” – Disse ele levantando-se em seguida vestindo o roupão negro e pegando na varinha.
Cinco minutos depois ele entrava novamente no quarto e olhou para a mulher de uma maneira estranha, como nunca tinha olhado.
“-O que foi?” – perguntou ela, vendo-o tirar o roupão e escolher uma roupa negra. – “-Quem é?”
“-O Potter.” – Respondeu ele.
A ruiva levantou-se e pegou no roupão que ele atirara minutos para sempre da cama, vestindo-o.
“- O Harry? Porquê? Para quê?” – questionou aflita aproximando-se dele.
“-Sabe para quê. Ambos sabemos Virgínia, ambos sabíamos que este dia chegaria.”
“-Não!”
“-Tem que ser, é meu dever.” – Murmurou ele olhando para ela.
“-Não, não é. Teu dever é ficar comigo, para sempre.” – Disse ela abraçando o loiro.
As mãos dele passaram pela cintura dela, apertando-a. Durante minutos ficaram naquela posição, até que ele a afastou do seu corpo e em seguida olhou fundo nos olhos dela.
“-Vai correr tudo bem, vai ver, nem vai dar pela minha falta.”
“-Não, não vá. Eu não quero que vá. Fica comigo, eu necessito de você, eles não.”
“-Eu tenho que ir. Eu preciso, está na hora. É a guerra final Virgínia, esta guerra vai mudar as vidas de todos.”
“-Eu gosto da nossa vida Draco. Você não pode ir.”
“-Eu tenho. Meu pai…ele vai lá estar, e ele vai pagar por tudo, por tudo o que me fez sofrer, por tudo o que te fez sofrer. E depois tudo correrá bem meu amor, tudo.” As lágrimas escorriam pela face dela, o fez Draco passar com os polegares na face dela secando-a.
“-Promete! Promete que volta vivo…para mim.”
“-Eu prometo Virgínia, eu prometo. Nós seremos muito felizes, verá.”
Ela concordou com a cabeça, antes de sentir os lábios nele nos seus para um beijo suave, longo, mas suave.
Em seguida um simples “plop”, e logo depois Draco não estava mais á sua frente. Mas ela sabia, que depois daquela noite nada seria como antes.
(...)
Três dias, três dias de angústia de medo. Três dias de guerra. Mas agora tudo acabara. Tudo.
Voldemort tinha sido derrotado, e naquele momento Virgínia encontrava-se em St. Mungus, procurando pelo marido, juntamente com sua mãe.
“-Onde ele estará mãe?”
“-Olha o Ron.”
A ruiva viu sua mãe abraçar seu irmão com força durante longos minutos e logo depois Ron abraçava-a com força também.
“-Gina.”
“-Oh Ron, ainda bem que está bem. Estou tão feliz. Onde está Draco?”
Ronald olhou para ela de uma maneira triste o que fez com que o coração dela batesse mais forte e em seguida perguntasse:
“-Ele está bem? Está ferido?”
“-Não, ele não está ferido. Mas…durante a guerra ele encontrou o pai. Ele e Lucius duelaram fortemente, mas…oh Gina eu lamento…”
“-O quê? O que é que lamenta? O que é que se passa com o meu marido?”
“-O Malfoy proferiu a maldição fatal e acertou seu pai, mas antes de a maldição o acertar Lucius Malfoy proferiu um outro feitiço.”
“-Qual?”
“-Amore Finite.”
Virgínia sentiu tudo rodar, e teria caído se não tivesse sido amparada pelo irmão.
“-Como ele está?” – perguntou num fio de voz.
“-Bem, ótimo na verdade. Mas…ele não se lembra de você. O feitiço não tem volta maninha, foram feitos exames mas não há volta. Ele não se lembra que te ama, que são casados, não se lembra de nada do que passou nestes dois anos. Nada.”
“-Não!” – murmurou ela abanando a cabeça desconsolada. – “Não!”
“-O que foi Weasley fêmea? O teu herói Potter não morreu, está bem vivo ali naquela sala.” – Disse uma voz por trás de Ron.
Gina elevou os olhos e encarou o olhar cinza de Draco. Ela abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Tentou caminhar até ele, mas Ron agarrara no seu braço.
“-Não vale a pena.” – Murmurou o ruivo ao ouvido da irmã.
“-Bem, agora que a guerra terminou, eu vou embora deste pais medíocre. Vou para França, e nunca mais terei que ter o desprazer de cruzar com um Weasley na rua.” – Disse ele antes de acenar com a mão esquerda de uma maneira cínica e aparatar.
Gina reparou que a mão não tinha a aliança, e que o olhar dele não tinha o brilho que ela conhecia.
“-A aliança está comigo. Era melhor tirar-lha, do que ele fazer perguntas.” – Disse o Ron entregando á irmã a aliança de ouro branco. – “Eu lamento maninha.”
Gina agarrou-se ao irmão chorando descontroladamente.
Sabia que aquele feitiço não tinha cura, não havia nada que o quebrasse. Ele não se iria lembrar dela, nunca. Não se lembraria de nada. Do amor deles, das promessas, das alegrias, das tristezas. Não se lembraria de nada.
Encolheu-se na cama tentando afastar da sua mente todas aquelas lembranças. Lembranças era tudo o que ela tinha dele, e ele dela não tinha nada, nenhuma memória, nada. Era como se aqueles dois anos tivessem sido apenas um sonho, um sonho vivido por ela.
Mas agora ela tinha acordado, e nunca mais iria adormecer e viver o mesmo sonho, nunca mais. Lucius vingara-se dele, mesmo antes de morrer, e vingara-se dela, vingara-se dela por Draco a amar.
Lucius vencera. Terminara com a vida dela, de uma maneira dolorosa e lenta. Ele ganhara daquela vez.
Afinal nem sempre o amor vence.
Mas ela sabia, sabia que lá no fundo ele sentia algo estranho, sabia que ele sentia falta de algo. Mas também sabia que ele nunca mais iria voltar. Nunca mais.
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