Cartas e Amores
De novo, o verão na Rua dos Alfeneiros nº4 estava andando devagar para Harry Potter, que estava trancafiado em seu quarto em uma linda tarde de sol, pois não estava com a mínima vontade de sair, já que ainda estava triste com a morte de seu padrinho, Sirius. Mas a vida continua.
Apenas uma coisa importante havia acontecido: sua tia Petúnia havia lhe dado uma carta aparentemente escrita pela falecida mãe. Harry achou estranho e mandou pela Edwiges a carta para Hermione ver e dizer o que acha. Fora isso, nada.
Bem, a estadia na casa dos Dursley estava bem melhor este ano, porque Edwiges ficou liberada para levar e trazer cartas (se eles não deixassem, a Ordem em peso iria aparecer, procurando pelo Harry), ele podia fazer suas tarefas escolares a hora que ele quisesse e Duda estava morrendo de medo dele. Mas não podia deixar de pensar em Sirius. Ele tinha saudades. Se lembrava que ele está junto de seus pais agora. E se sentia culpado.
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Uma batida na janela e um miado assustaram Hermione, que estava lendo (pra variar) um livro chamado “ Transfiguração Avançada – a Animagia ”.
— Bichento ! – ela gritou.
O gato parou. Ele esteve tentando chamar a atenção dela para a coruja na janela, pois ela estava muito concentrada na leitura. A garota abriu a janela e Edwiges, normalmente branca como a neve, estava com as asas vermelhas. Ela falou assustada :
— O que aconteceu com você, Edwiges ?
— Ele tentou arrancar as minhas asas ! – calma, querido leitor, Edwiges não aprendeu a falar, é Hermione que, por estar treinando para ser animaga, consegue entender tudo o que a coruja fala, digo, pia.
— Ele quem, o Bichento ?
— Nããão, o Bichento é legal, foi o Lúcio Malfoy! Eu estava trazendo uma carta pra você quando ele me agarrou pela pata – e mostrou a pata esquerda, cheia de cortes fundos – e pegou a carta, acho que ele quis se livrar de mim, sei lá, só sei que ele tentou arrancar as minhas asas, daí eu fugi, mas acabei raspando elas no punhal dele ...
— Vem comigo – disse Hermione preocupada, oferecendo o ombro para Edwiges
Hermione a levou para o banheiro e tratou dos ferimentos da pobre coruja. Depois, voltou a ler.
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Harry,
Já estou aqui. Não vão demorar pra buscar você e a Mione.
Até
Rony.
Já tinha anoitecido e Errol, a coruja do Rony, tinha acabado de chegar no quarto de Harry com este pequeno bilhete. O garoto estava ansioso para Edwiges chegar com a resposta da Hermione.- E gostava muito dela (das duas). Ele tentou escrever uma resposta ao Rony, mas não conseguiu. Estava olhando o Errol beber água na gaiola de Edwiges, mas sequer estava o enxergando. Estava perdido em pensamentos. O que sentia pela Hermione ?
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— Bichento, Edwiges! – chamou Hermione.
Edwiges voou para o encosto da poltrona em que ela estava sentada e Bichento pulou no braço da mesma.
— Não sei em que animal eu quero me transformar. Vocês podiam me dar algumas dicas! Falem aí as vantagens e desvantagens de ser gato ou coruja!
— Eu sou um amasso! – miou Bichento.
— Amasso?? A é ...
Ela pegou o livro “ Animais Fantásticos & Onde Habitam ” e leu :
**“(...) Um pequeno felinóide com o pêlo pintado ou malhado, grandes orelhas e o rabo igual ao do leão, o amasso é inteligente, independente e, por vezes, agressivo, embora quando se afeiçoa a um bruxo ou bruxa ele se torne um excelente bichinho de estimação. O amasso tem uma capacidade excepcional de detectar pessoas suspeitas ou indesejáveis, e seu dono pode confiar que o animal o levará a salvo até em casa se ele se perder (...).”*
— Por que eu não percebi isso antes? Legal ... acho que vou ser um amasso!
— Mas ser coruja é muito melhor! Você pode voar!
— Não Edwiges, eu já decidi. Vou ser um amasso ... castanho claro!
E foi ler as ultimas instruções
— Engraçado... aqui diz que eu devo MIAR!
— Faz o seguinte: você me acompanha. – disse (ou melhor, miou) Bichento.
Bichento miou com vontade e Hermione acompanhou. No começo, a garota fazia apenas um “miau”, mas o miado dela foi ficando cada vez mais real, e ela ia se transformando devagarinho em gato. Ela acabou ficando parecida com o bichento, só que bege malhada de castanho clarinho. Então, os gatos e a coruja foram para a farra.
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Harry desceu para o café da manhã no dia seguinte e deu de cara com Duda (que parecia que tinha engolido um guarda-roupa), que saiu correndo para o outro lado. “É patético ver um cara tão grande morrendo de medo de mim” pensou Harry. Ele se sentou ao lado do prato ainda com comida que Duda tinha deixado. Tio Válter, no lugar do bom dia, chacoalhou um envelope roxo-berrante na cara (ou melhor, rosto. Quem tem cara é cavalo) dele e disse:
— O que significa isso?
Ele pegou o envelope (que estava endereçado à ele) da mão do tio e abriu. Havia uma carta igualmente roxa onde estava escrito:
Caros Sr. e Sra. Dursley,
Gostaríamos de pedir autorização para buscar seu sobrinho Harry amanhã às 5:30 da tarde para passar o resto do verão conosco.
Atenciosamente,
Remo J. Lupin e a Ordem da Fênix.
Harry olhou para o tio. Ele estava roxo de raiva.
— E aí? Posso ir?
— Quem é esse? E essa tal Ordem da Fênix?
— Você conheceu ele na estação, no fim do ano letivo. A Ordem trabalha contra o Voldemort.
— Hum... pode ir e some da minha frente!!!!!!
Harry subiu para o quarto todo feliz. Chegando lá, viu Edwiges com cara de cansada (só o dono pra distinguir a cara de cansada da coruja ...) e com uma carta no bico. Ela voou com dificuldade até ele e entregou a carta. Harry leu:
Querido Harry,
A carta que você me mandou foi interceptada e sua coruja quase foi morta pelo Lúcio
Malfoy. Eu já cuidei dela mas ela não está 100% boa, por isso não deixe-a voar. Também já mandei uma carta pra Ordem falando que seus tios deixaram você ir, porque se não deixaram, eles vão te buscar assim mesmo.
Até amanhã,
Mione.
Harry começou a acariciar a coruja, achando vários machucados.
— Como ela sabe disso tudo, Edwiges? Você contou pra ela?
Se corujas tivessem boca, Edwiges estaria morrendo de rir. Ela se contentou em piar feito uma louca
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No dia seguinte, os Dursley estavam muito tensos, o que fez Harry ficar no seu quarto o dia todo, conferindo material, lendo cartas e agradando Edwiges.
Ás cinco e quinze, desceu para a sala com o malão e a coruja. Fazia muito calor (nem tanto quanto no verão brasileiro, é lógico...), mas seus tios haviam acendido a lareira, provavelmente achando que iam vir por Pó de Flu, como no ano retrasado. Tio Válter fingia ler o jornal (seus olhos não se mexiam), tia Petúnia mordia a língua e Duda fugiu para o seu quarto assim que Harry entrou na sala.
Quando o relógio da sala (daqueles que ‘bate’ as horas) bateu cinco e meia, Tonks, Moody, Quim, Rony, Fred e Jorge literalmente ‘caíram’ no meio da sala, todos segurando um bule de chá. Tonks estava com os cabelos longos e acajus e os olhos bem verdes, quase um xerox da mãe de Harry. Ele demorou um pouquinho pra perceber quem ela era. Ele cumprimentou a todos, se virou para Rony (que via Moody reprogramar a chave de portal) e disse:
— Vamos direto para a...
— Não. Vamos buscar Mione.
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— Ô mãe, cadê as minhas vestes a rigor?
— Aqui filha!
— Valeu... bichento, sai do malão já! Lembra que você tá soltando pêlo?
— Eu só tava brincando... – lembrem-se: Mione é animaga...
— Pai, fica esperando na sala!
— Ok filha!
— Mãe, me ajuda a carregar isso aqui!
— Eles chegaram!
— Já vou!
Mione desceu, cumprimentou a todos e os apresentou aos seus pais:
— Tonks, Moody, Quim, Fred e Jorge, não sei qual é qual, Rony e Harry.
— Ouvimos falar muito bem de você dois – disse o sr. Granger à Harry e Rony.
— Bem... então tchau mãe, tchau pai!
Partiram.
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Harry se sentiu muito melhor em estar na Ordem, lugar dos mais seguro em que ele pode ficar com os amigos. Aliás, o garoto reparou que Hermione estava muito mais bonita, queimada de sol e mais ‘esbelta’, digamos assim (na verdade ele pensou em outra palavra...). Pela cara do Rony (olhando para a ‘saia’ dela), ele também reparou.
— Meninos, coruja! – chamou a sra. Weasley, entregando as cartas de Hogwarts. A de Harry tinha um embrulho, mas ele decidiu ver primeiro os seus N.O.M.S :
Defesa Contra as Artes das Trevas: Excelente
História de Magia: Deplorável
Transfiguração: Excelente
Feitiços: Excelente
Poções: Excelente (!)
Herbologia: Excede as Expectativas
Trato das Criaturas Mágicas: Excelente
Adivinhação: Ruim
Astronomia: Regular
— Uau, cinco ‘Excelentes’! Eu só tive três!
— Valeu Rony. Eu nem chego perto da Mione, mas quebra um galho. Deixa eu ver o seu, Mione?
A garota mostrou seu boletim. Tudo ‘Excelente’!
— Mione, você é brilhante! Pretende ser Ministra da Magia?
— Nããão, muita responsabilidade. Acho que quero ser Auror.
— Hermione, vem cá! – gritou alguém.
— Já vou!
Harry esperou ela estar bem longe para falar com Rony:
— Tenho que falar com você – disse em um tom de “estou-guardando-segedo” que deixa qualquer um morrendo de curiosidade.
— Fala ué! Não me mate de curiosidade assim não!
— Aqui não! Ninguém pode ouvir!
— Por quê?
— Não posso falar agora! 6:30 da tarde no quarto do Bicuço, ok? Ninguém pode saber, principalmente a Mione.
Mal sabiam eles que havia uma ‘certa’ animaga castanha atrás da porta ouvindo tudo, com disposição de os seguir no local e hora marcada, pensando: “O que será que é tão urgente assim e eu não posso saber? ”.
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— Harry, você abriu o embrulho?
— Bem lembrado!
Ele abriu. Havia uma veste de quadribol novinha em folha da Grifinória. Era igual à outra dele, exceto por um pequeno detalhe...
— Harry, – falou Hermione – olha aqui atras.
Lá estava escrito em dourado a palavra ‘capitão’.
— Capitão... eu sou o capitão!!!!!
E vestiu o “casacão” (não sei como se chama aquele troção vermelho) para mostrar a
todos. Tonks ficou com a cara da mãe dele para dar os parabéns (hihi), Fred e Jorge quase quebraram as costas dele de tanto ‘tapinha’, a sra. Weasley deu um abraço sufocante nele e Lupin disse que seu pai iria ficar orgulhoso, com os olhos brilhando.
Já estava na hora de falar com Rony. Ele disse que ia guardar suas coisas no quarto e Rony o seguiu. Hermione se transformou escondida e os seguiu também.
Se esgueirando pelas escadas, ela percebeu que como animaga ela era mais silenciosa e mais discreta (isso é muito útil, pode acreditar). Chegou junto com o Rony e passou por ele muito rápido, pois ele nem a viu. Fez uma reverência (um pouco desajeitada, mas fez) ao Bicuço ao mesmo tempo que os meninos. O hipogrifo retribuiu e Mione se escondeu atrás dele, miando um ‘com licença’.
Harry olhou desconfiado para os lados e falou aos sussurros:
— Rony, promete que não vai ficar bravo comigo?
— Por quê?
— Promete primeiro.
— Ok, eu prometo. Agora fala.
— Você gosta da Mione?
— Claro! – disse Rony sem pensar. Depois, se tocou do que tinha falado e ficou vermelho como os seus cabelos – Quer dizer... ela é minha amiga!
— Não nesse sentido! Você me entendeu.
— Tá bom, eu admito! – disse ele corando mais ainda, se é que é possível – Eu a amo! Satisfeito? – agora ele estava decididamente um pimentão.
Harry foi avermelhando também.
— Na verdade não. Eu também gosto dela. E queria dizer que a nossa amizade é mais importante que garotas e que eu não quero brigar por ela, ficando sem amigo e sem namorada. Seja rápido e boa sorte.
E saiu do quarto muito vermelho. Rony esperou um pouco e foi também. Hermione estava congelada. Ela voltou à forma original.
— Meus melhores amigos? Como?
— Você pode não ter se dado conta, mas é muito mais encantadora e atraente do que pensa. E melhorou muito desde que eu te conheci... – piou Bicuço com ar de sábio.
**Trecho retirado do livro “Animais Fantásticos & Onde Habitam” página 45*
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