O Pior Aniversário

CAPÍTULO I. O PIOR ANIVERSÁRIO.

Pela terceira vez naquela noite, Rachel dava uma espiada no espelho, e olhava, com satisfação, que as horas gastas em frente àquele tinham valido a pena. Severo gostaria.

Naquele dia faria cinco anos... Uma eternidade.

Faria cinco anos que ela tinha deixado a sua vidinha ordinária, ao lado de um homem que a amava e que daria uma vida fácil e feliz a ela, para se jogar numa antiga fantasia incerta, louca e que, com certeza, acabaria com um rompimento brusco... e ela ficaria chorando pelos cantos, arrependida pela sua troca infeliz.

E isso, é claro, porque ela deu sorte daquela relação não acabar com a morte de um deles dois...

Quase instintivamente, a mão dela pousou sobre o seu antebraço esquerdo.

Ainda assim, ela sabia que jamais faria diferente.

A verdade é que o amava. O amava desde a primeira vez que o viu... Quer dizer, falar que ela se apaixonara por ele à primeira vista, talvez, fosse uma visão muito romântica e pouco realista do que realmente aconteceu.

Na primeira vez que ela colocou os seus olhos sobre Severo Snape, viu apenas um professor amargo e mal-amado, um Comensal falido, e que, provavelmente, não colocara uma mulher na sua cama há muito tempo... considerando que ele fosse heterossexual, é claro.

Mas ela teve tempo para ver que estava errada, admirá-lo.

E, finalmente, anos depois, se apaixonar por ele, num congresso, bem no coração da romântica Paris.

Ela jamais esperava que essa paixão evoluísse para um amor quase obsessivo.

Eles tiveram que se separar um ano depois. Ela fez a tatuagem de rosa no seu seio... E nunca mais se viram, até cinco anos atrás, quando ela estava noiva e apaixonada... Por um colega dele, diga-se de passagem.

Dizem que não é possível estar apaixonada por duas pessoas ao mesmo tempo. De fato, não é. Foi só colocar mais uma vez os olhos em Severo, que Rachel pareceu esquecer que havia conhecido o seu antigo noivo, Remo Lupin...

Ela tentou, mas não conseguiu conter o sentimento. Ficou com Severo. Escolheu Severo...

E agora, cinco anos depois, e apesar dos pesares, ela, talvez, ainda acreditasse ter feito a escolha certa. Pelo menos sabia que ele era o homem da sua vida.

Mas bem que ela poderia ter arrumado um homenzinho melhor!

O fato era que Severo já estava atrasado! Horas!

Seria possível que ele tivesse esquecido o aniversário deles? Talvez... Afinal, ele esquecera o primeiro aniversário... E o segundo... E o terceiro... E o quarto, também!

‘Ele vai aparecer... Aí eu brigo com ele, agente janta em silêncio e depois fazemos as pazes na cama!’

Rachel riu, divertida, com o pensamento.

Severo, certamente, tinha encontrado um dever extra... Um aluno para castigar... Ou um problema para resolver – o cargo de diretor de Hogwarts não era muito fácil.

Ele nem devia estar desconfiando que a diversão estivesse toda em casa.

Suspirou.

Olhou o relógio.

Meia noite.

‘Espero que paguem as horas extras!’

Sentou-se no confortável sofá e serviu-se de uma taça de vinho. Abriu o livro que estivera lendo, um romance sobre um bruxo que enfrentava exércitos das trevas só para ficar com a sua amada...

‘Isso sim, que é homem! Aposto que ele não se atrasa e nem esquece a data do aniversário de namoro!’

Deitou-se, para descansar os ossos só um pouquinho...

XxXxXxX

Os olhos dele fitavam apenas a luminosidade do fogo.

A sua nova sala, em Hogwarts, estava quente e confortável demais para que ele sentisse a mínima vontade de deixá-la. Não queria brigar com Rachel hoje, então não iria pra casa. Talvez.

Suspirou.

Levou o copo de whisky para a boca, absorvendo o sabor forte, sentindo-o queimar a sua garganta.

Na sua outra mão, um pedaço de pergaminho era apertado.

Tratava-se de uma carta da Universidade de Genebra. Lá dizia que Rachel tinha conseguido a bolsa para a qual havia se inscrito, para participar de um projeto de pesquisa acerca de uma novíssima poção que retardaria a morte em até cinqüenta anos.

Uma pesquisa inovadora, que deixaria rico e famoso todos os envolvidos, caso desse certo... Seria um salto na carreira de Rachel, que ela jamais poderia deixar passar. E ocorreria na Suíça. E ela sequer tinha contado a ele que se inscrevera.

A história estava se repetido... Como da primeira vez que estavam juntos, ela ameaçava ir para a Suíça, deixar tudo... Mas uma sutil diferença mudava radicalmente a situação: Agora, talvez ele estivesse dependente demais para querer que ela fosse, como ocorreu da primeira vez.

E dependência não era um sentimento que ele gostaria de ter novamente... Precisar de uma mulher e perdê-la... Era doloroso demais.

‘Eu ainda não sinto por ela o que eu sentia por Anna. Se tudo acabar... talvez seja melhor. Talvez eu consiga não chegar a sentir novamente.’

Já estava perigoso demais. Ele já tinha arriscado muito para manter Rachel ao seu lado: arriscado o seu posto como espião, arriscado a sua vida e, o mais grave de todos, arriscado a vida dela.

‘Quando se trata de você, Severo, sentimentos são sempre destrutivos.’

Ele sorriu da sua própria desgraça, enquanto sentia a bebida penetrar mais e mais profundamente no seu ser.

Se ela quisesse ir embora, problema dela. Ele não faria absolutamente nada para impedir. Não imploraria que ela não fosse.

Mas também não voltaria para casa hoje.

Não queria brigar.

XxXxXxX

A porta da casa foi aberta repentinamente, e uma forte rajada de vento adentrou.

Rachel despertou imediatamente, vendo que, parado à sua porta, estava um Severo Snape ligeiramente bêbado, olhando para ela.

Ele a olhava atônito. Realmente não pensava que ela estaria na sala, o esperando, com vinho tinto derramado em seu vestido prateado e a taça caída no chão... Sem mencionar a elegante marca de baba escorrendo pela sua boca.

Como era graciosa quando dormia...

Ela pulou do sofá, passando a mão pelo rosto e olhando para o relógio... Quatro da manhã!

- Severo Snape, posso saber onde você esteve esse tempo todo?

O homem apenas rolou os olhos e fechou a porta. Sem dizer uma só palavra, começou a se encaminhar para o quarto.

Rachel o olhava, chocada. Ele chegava tarde em casa e ainda se dava ao luxo de ignorá-la?

Correu ao encontro dele, colocando-se à sua frente, impedindo que ele passasse.

- Ei! Eu estou falando com você, dá pra perceber? Onde estava?

Ele a olhou, um tanto débil.

- Você está bêbada.

E foi para o quarto, fechando a porta atrás de si.

Ela estava bêbada? Ela? Ela só tinha bebida uma taça... ou talvez uma garrafa de vinho, que seja! Mas, mesmo assim, tinha dormido, estava mais do que sóbria: estava sóbria e com raiva.

Irrompeu no quarto.

- Severo Snape, se levante agora! Você sabe que dia é esse?

O homem se sentou na cama. O efeito do álcool parecia ter sumido imediatamente. Ele a olhava com uma fúria contida nos olhos.

- Quinta-feira!

- Você sabe muito bem do que eu estou falando!

Ele ficou a olhando, debochado.

Não, ele não sabia, ao que parecia.

Rachel sorriu, amargurada.

- Ótimo! Você não sabe. Muito bem. Sério, o que está acontecendo aqui?

Ele rolou os olhos... Ela realmente queria discutir relação?

- Eu estou cansado, Rachel. Tenho que dormir.

- Cansado? E o que o herói de guerra fez hoje que está tão cansado? Espiou o trabalho de Filch? Torturou os relatórios das Casas? Salvou mais jornalistas desesperadas por matérias?

- Rac...

- O que está acontecendo? Sabe qual foi a última notícia que eu tive? Que Hermione Granger se casou! Hermione! Uma menina! E sabe o que mais? Está grávida! Ela me mandou um foto, um baita barrigão!

- E...

- E por que não eu? Daqui a pouco eu passo da idade! E você? O que você quer?

- Ótimo! Agora você quer um pedido de casamento!

- Que não vai acontecer, não é, Severo! Sinceramente, me diz, por que eu perco meu tempo com você?

Ele apenas ficou calado.

E talvez aquele fora o estopim de uma relação arruinada: Rachel, lentamente fechou os olhos e suspirou. Abriu e o olhou por um momento. As mãos escorregaram lentamente para a varinha, e um feitiço fez as malas, há tempos guardadas, surgirem.

Furiosamente, ela começou a jogar todo o conteúdo do seu guarda-roupa nas malas e fechá-las com mágica.

- O que você está fazendo?

Ela pegou com dificuldade as bagagens e começou a ser seguida por Severo.

- Indo embora!

A porta da casa se aproximando tão rapidamente quanto o fim daquela relação.

Ele se colocou na frente da porta. Segurou os braços dela.

- Você não vai a lugar algum!

- Tente me impedir!

E, numa tentativa desesperada de mantê-la em casa, tomou-lhe as malas. Tentativa que, se ele não estivesse sob efeito do álcool, não teria sido executada.

Ela apenas sorriu, sarcástica.

O empurrou para o lado e saiu da casa. Olhou-o, agora do lado de fora, abraçada apenas pelo frio da noite.

- Péssima maneira de me manter em casa!

- Rachel...

- Esse foi, sem dúvidas, o pior aniversário que já tivemos.

Deu meia-volta e saiu pela noite.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Bjus para a Karlinha Malfoy, q betou esse cap.

Para quem leu HPB...

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Eh sério! Quem não leu o livro, fique longe! Vc vai poder ler a fic, mas não essa nota!

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Agora eh por sua conta e risco!

Depois do fim de HBP, Sevvie se encontrou com os comensais e voltou para casa. Ele tava meio aflito, Rachel ficou preocupada. Ele contou o que tinha acontecido a ela, e disse que eles tinham que se separar por um tempo. Ela não aceitou, e acabou indo com ele ao encontro de Voldemort, se tornando uma Comensal da Morte.

Naturalmente, ela tb ficou sendo procurada pela justiça. Apenas quando a guerra acabou e td se esclareceu, ela teve a sua ficha “limpa” e voltou ao seu antigo cargo de Auror. Mas, é claro, nada ficou como era antes... ela já não era vista como confiável pelos seus colegas.

Lembrem-se que eu estou considerando as teorias q dizem q o Snape eh inocente, de que ele combinou o assassinato junto com Dumbledore.