Aula extra



Severo Snape, depois que todos saíram da sala, juntou seus materiais e se sentou à mesa para analisar as poções dos alunos. Mas sua mente era povoada por uma certa aluna ruiva. Não entendia porque a tratara tão mal. E pior: por que ficara bravo ao ver Draco humilhá-la? Por que quis defendê-la? Mantinha relações um tanto amigáveis com os Weasley por causa de seu trabalho na Ordem da Fênix, mas daí a querer ser defensor da caçula da família era demais para Snape, um homem que todos conheciam por sua rigidez e rabugice.


Quando pensava em Gina, via como eles estavam de lados opostos. Era uma garota que estava sempre com um sorriso nos lábios, era a brincalhona da turma. Enquanto ele… Às vezes Severo ficava observando os alunos pelas janelas do castelo, enquanto os mesmos divertiam-se nos jardins. E seus olhos sempre ficavam mais tempo na ruiva. Nunca vira isso como algo ruim, mas agora, analisando friamente seu comportamento, percebeu que estava sentindo algo por ela. Sentia-se enojado por sua atitude, mas era algo que não conseguia controlar. Sabia que era errado. Ela era sua aluna e, pior, era apenas uma garota de quinze anos!


Lembrou-se de uma aula em que ela fora entregar o dever que ele passara sobre os ingredientes utilizados pela Poção Revigorante e suas mãos tocaram-se. Parecia que levara um tremendo choque. Viu que ela também se sentiu mal com o contato. Disfarçou, chamando atenção de um aluno que derrubara uma pena de águia no chão. Não podia demonstrar o quanto ficara abalado com aquele contato.


O professor de Poções passara quase a tarde inteira perdido em seus pensamentos. Só voltara à realidade quando as luzes acenderam-se, anunciando que a noite chegara. Ele foi para o Salão Principal, jantar. Estava na mesa dos professores conversando com Dumbledore sobre a Ordem, quando ele a viu chegando.


“Céus! Ela está linda!” pensou.


Gina estava com seu uniforme da Grifinória, esse se ajustando bem ao seu corpo, deixando perceptíveis suas curvas bem feitas. Seus cabelos soltos pareciam brilhar mais que o próprio Sol, sua face branca e delicada, com algumas sardas charmosamente espalhadas por seu nariz e bochechas. Não conseguia parar de olhar a ruiva, quando alguém o chamou.


- Severo?


- Sim?


- Ouviu o que eu disse? Parece-me tão longe daqui, mais precisamente na mesa de Grifinória. O que há? – perguntou Dumbledore com um olhar um tanto desconfiado demais, na opinião de Snape.


Severo empalideceu totalmente. Arrumou logo um desculpa: Harry Potter o havia deixado muito irritado mais cedo.


- Ouvi, sim, estava olhando para Potter, para ver se não está aprontando mais uma! – disse secamente – Vou descer, pois tenho aula extra com um aluno.


Dizendo isso, o bruxo saiu da mesa dos professores, fazendo questão de passar na mesa em que estava Gina e seus amigos, dizendo rispidamente.


- Seja pontual, Srta. Weasley, senão terei de tirar mais ponto da Grifinória! – ameaçou.


- É o que mais gosta de fazer, não é, professor? – disse Harry Potter, que este ano parecia estar mais atrevido que o normal, aos olhos do professor. – Seu hobby é tirar pontos de nossa casa.


- Como se atreve a falar assim comigo Potter? Menos 50 pontos para Grifinória! Só não faço você ir junto para aula extra porque já é difícil agüentar um Weasley, com você junto seria ainda pior do que estar perto de um Dementador! – e saiu com uma flecha, mandando olhares de ódio para todos os que o encaravam.


- Gina, se prepare! Sua aula vai ser daquelas! Você viu a cara que ele saiu? Espero que sobreviva! – disse Rony com um tom de tragédia em sua voz.


- Cara feia, para mim, é fome! Vou indo pegar minhas coisas e ir para aula, porque vocês sabem que não posso me atrasar, senão o “Morcegão” arranca minhas orelhas! – disse Gina rindo e saiu para a aula.


Enquanto isso, na sala de Poções, Snape andava de um lado para outro, feito uma fera enjaulada, pronto para descarregar sua ira em quem passasse na sua frente.


“Por que as malditas horas não passam? Não vejo a hora de terminar a aula e ir descansar. Por que estou tão ansioso por causa de uma simples aula? Ou não era por causa da aula? Era por causa da Weasley? Não, isso não, Ela era apenas mais uma garota normal com um lindo sorriso! Snape, controle-se! Você não pode se relacionar com uma aluna!”


Mas seus pensamentos foram interrompidos por batidas à porta. Foi logo atender, pois já sabia de quem se tratava.


- Entre, Srta. Weasley! – disse secamente, olhando-a de cima a baixo.


- Com licença, professor Snape! Acho que cheguei um pouco antes da hora. – disse a garota olhando em seu relógio no pulso, constatando estar dez minutos adiantada. – Quer que eu espere lá fora?


- Pode ficar, já que entrou mesmo. Vamos logo, assim terminaremos logo, isso se você fizer tudo o que eu lhe passar corretamente!


- Estarei atenta aos mínimos detalhes – respondeu a ruiva em um tom zombeteiro, arqueando a sobrancelha.


- Está me ironizando, Srta. Weasley?


- De modo algum, professor Snape – respondeu com um belo sorriso nos lábios.


Severo ficara encantado e sem palavras ao sorriso dela, ficou olhando-a, observando seus traços delicados, sua boca carnuda. Ah, como desejava essa menina!


- Vamos começar? – perguntou Gina num tom um tanto infantil.


- O quê? – Severo foi tirado de seus pensamentos.


- A aula, professor. Aonde está com a cabeça?


- Não admito que fale assim comigo, Weasley! E é claro, que vamos começar, é para isso que estamos aqui. Pegue seu caldeirão e siga a receita escrita no quadro. Siga passo a passo, se quiser voltar cedo para sua torre.


Snape, para disfarçar, pegou um livro qualquer sobre Poções e começou a folheá-lo, mas seus olhos não saíam de Gina. Olhava seu jeitinho delicado, seus cabelos que iam até a cintura, agora amarrados em um alto rabo-de-cavalo, suas pernas bem definidas devido ao Quadribol, seu decote generoso, o jeito com que delicadamente arregaçou as mangas, o jeito com que preparava atentamente a poção. Estava encantado! Resmungou baixinho, para si mesmo.


- Não é à toa que o Weasley fica com ciúmes dela! Tem uma irmã realmente muito bonita.



- Acho que terminei, professor – disse Gina, finalmente, depois de quase uma hora, colocando sua poção na mesa do professor.


- Acha ou já acabou? Deixe-me ver… hum… não está faltando alguma coisa, Srta. Weasley?


- Não… acho que não…


- Como não, Virgínia? Cadê as faíscas da poção? Esqueceu do rabo de lagarto escamoso! Mas como você é inútil! Será que não sabe fazer nada direito? Ou precisa da ajuda de Harry Potter?


- Saberia fazer, sim senhor, se tivesse um professor que me desse uma aula direito e não que ficasse fingindo que está lendo um livro para ficar olhando maliciosamente para a sua aluna, pois, não sei se reparou, ele está de cabeça para baixo!


- Ah… – disse Snape visivelmente constrangido. Mas logo se recompôs e continuou. – Está colocando as manguinhas para fora? Está pensando que pode fazer e falar o que vier na sua cabeça oca e sair impune, como seu amiguinho? Pois ficará um mês de detenção! Ficará catalogando minhas poções e arrumando meus livros no período da noite! Sua…Weasley!


- Não pode fazer isso! Tenho treinos de Quadribol! Temos Campeonato esse ano!


- Pois seu time jogará desfalcado. E se continuar reclamando, serão mais 200 pontos a menos!


- Não pode fazer isso comigo, seu Morcegão! – gritou Gina tão vermelha quanto podia ficar, batendo duas mãos na mesa de Snape.


Severo, descontrolado, segurou os dois braços de Gina. Suas mãos pareciam garras. A ruiva reclamou de dor. Ele perdeu a noção do tempo. Podia sentir a maciez deu sua pele, seu o suave perfume de seus cabelos, o calor de seu corpo. Ela, por outro lado, também ficou imóvel, tamanha a força que ele colocou para segurá-la. Olhou fixamente nos olhos dele e se assustou ao ver neles não o ódio costumeiro, mas algo como… desejo!


Gina passou os olhos por todo o rosto do professor, seus olhos intensamente negros, seus nariz pontudo, sua boca fina. Uma sensação estranha de desejo passou por todo o seu corpo. Os cabelos de sua nuca se arrepiaram. E, por um momento, sentiu uma forte vontade de beijá-lo e permanecer em seus braços. Quis, por um momento, ter o poder de parar o tempo. Nem percebeu quando uma lágrima caiu de seus olhos.


A expressão no rosto da garota confundiu Severo um pouco. Ele não conseguia decifrar aquele rosto… era algo como medo e fúria, pudor e desejo, tudo ao mesmo tempo. E aquela lágrima… Havia uma forte tensão entre os dois.


- Você passou dos limites! – gritou, tentando ignorar o que se passava dentro dele. – Falarei com Dumbledore sobre seu comportamento!


- Por favor, não faça isso, eu te peço! – Gina pediu um tanto desesperada, o rosto banhado em lágrimas.


- Você se acha melhor do que eu? – perguntou Snape desafiador, sacudindo Gina.


- Não! Me desculpe, por favor, é que… eu não posso ficar sem jogar… jogar é o que mais gosto de fazer. É o único momento em que as pessoas parecem me notar… é quando não sou mais a pobretona Weasley, e sim uma jogadora que está ali para trazer vitória ao time, entende?


Gina ainda chorava muito. Snape, vendo-a tão frágil, sentiu-se arrependido de ter sido tão cruel e grosseiro. Num ato impensado, ele se aproximou dela, quase a abraçando, e passou as costas das mãos pelo rosto de Gina, na tentativa de enxugar suas lágrimas.


Ao tocá-la dessa forma tão… sentimental, sentiu algo estranho. Seu coração acelerou, começou a bater de forma descompassada. Gina fechou os olhos. Era reconfortante sentir as mãos dele em seu rosto. Estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. A dele, rápida e ritmada. A dela, forçada, soluçada. Ele olhou a boca dela, que estava entreaberta. Tentou, por muito tempo, resistir, mas não havia como. Era uma boca convidativa. Roçou levemente seus lábios aos dela. Ela se assustou com a atitude do professor, mas não o repeliu. Correspondeu. Ele, sentindo a reciprocidade daquele beijo, começar a beijá-la feroz, mas respeitosamente. Apaixonadamente. Como se os beijos fossem mais necessários que o próprio ar. Beijá-la era mais prazeroso do que qualquer coisa que ele podia imaginar.


A ruiva nunca fora beijada daquele modo tão agressivo. Tão sôfrego. Como se seus lábios e língua fossem vitais. Mas estava gostando. Sentiu quando as mãos do professor percorreram o corpo dela, sem pudor algum. Não devia deixá-lo fazer isso. Nunca deixou que seus namorados a tocassem desse modo. Mas não pôde fazer nada. Ao contrário. Suas mãos também começaram a acariciar o corpo de Severo. Acariciava sua nuca, puxava-o para mais perto. Quem os visse desse modo não poderia jamais supor que há tão poucas horas tiveram um briga feia.


Snape, sem parar nem por um momento de beijá-la, usou seu braço para jogar tudo que havia em cima de sua mesa longe e colocou Gina ali em cima, arrancando suas roupas, ávido por possuí-la. E o fez. Conseguiu naquele instante extravasar todo seu desejo pela ruiva.


Para Gina, tudo aquilo era novo. Era, até então, virgem. Mas seu desejo era tanto que nem parecia se dar conta de que agora se tornara uma mulher. E quem fizera isso era alguém que ela sempre odiou e continuaria odiando pelo resto de sua vida!


Confessava que havia imaginado algo mais romântico para sua primeira vez, algo que tivesse sido planejado antes, que tivesse acontecido com alguém por quem fosse verdadeiramente apaixonada. Mas tudo havia sido completamente diferente. E, para falar a verdade, achou aquele modo muito mais interessante.


Depois do ocorrido, eles estavam abraçados, ela ainda sentada na mesa e ele em pé, a sua frente, os dois suados pelo esforço físico. Num momento de lucidez, Severo percebeu a burrada que fez e se afastou.


- Não! Eu não podia ter feito isso! Nunca!


- Não adianta se lamentar, Snape, agora já fez. Mas eu não vou contar a ninguém se você não quiser. E saiba que eu gostei muito. – Gina estendeu a mão para acariciar o rosto de Snape, mas ele se afastou antes que ela o tocasse.


- Você não compreende, não é, Weasley? Eu não podia ter feito isso com você! Você é minha aluna! Por favor, saia daqui! – disse secamente.


- Como? Você não pode simplesmente me mandar depois do que fez! Snape, não tenha medo de mostrar seus sentimentos. Eu nunca havia me sentido tão amada e desejada como neste momento – disse ela, sorrindo levemente.


- Eu não amo você! Foi apenas um instinto! Eu precisava dominar você! Eu precisava te ver vulnerável. Mas eu fui além, muito além dos limites. Agora, por favor, retire-se!


Gina não acreditou que estava ouvindo aquilo. Não podia ser verdade! Ele a fez pensar que a desejasse, que a amasse. E agora a humilhava novamente, arrancou dela o que tinha de mais puro!


Ela colocou suas peças de roupas, olhou-o novamente, na esperança de ver arrependimento em seus olhos, mas viu apenas ódio. Saiu correndo, chorando desesperada, tendo ainda no corpo o cheiro do homem que nunca mais queria ver em sua vida.

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Comentários (1)

  • Tassia Samara

    uauuuu bom vc escreve bem , nunca imaginei os dois juntos ,bom sei q a fic esta pronta eu tbm escreve naum muito bem mais leio muito ,vc esta indo muito bem parabens 

    2014-01-11
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