Capítulo X



As árvores altas protegiam a grande casa da fazenda High Ridges, agora habitada pela família de Sam Muller. Ele logo apareceu, quando ouviu Hermione estacionando o carro embaixo de uma sombra. Era um homem forte, a pele curtida pelo sol do campo, e usava um chapéu de abas largas. Enquanto caminhava ao encontro dele, por alguma razão inexplicável, Hermione desejou que ele não criasse problemas.

Sam fitou-a com certa insolência, olhando por baixo da aba do chapéu, quando foi informado de que ela desejava a chave da pequena casa que Harry tinha construído para si.

- O dr. Potter vai chegar hoje à tarde.

- Eu sei — Hermione replicou, tentando não deixar transparecer a impaciência.

- Ele está esperando a senhora?

- Não — Hermione confessou — e na verdade gostaria de pedir-lhe que, caso Harry passe por aqui antes, não lhe diga nada sobre minha presença na casa.

- Não sei se devo lhe dar a chave.

- E por que não?

- Bem, todos sabem que a senhora e o dr. Potter não vivem juntos há alguns meses e...

- Você é um ótimo capataz, Sam — ela o interrompeu, falando com voz fria e decidida — mas parece gostar de fofocas e escândalos, já que dá ouvido a elas. Agora, vai me dar esta chave ou serei obrigada a quebrar a janela para entrar na casa de meu marido?

Sam Muller hesitou um momento antes de responder.

- Ele não vai gostar nem um pouco de encontrar a janela quebrada.

- E vai gostar muito menos se eu lhe contar que você não quis me entregar a chave — ela falou em tom ameaçador e, desta vez, ele pareceu ter sido atingido num ponto fraco.

- Está bem, sra. Potter, não há motivo para ficar ofendida. Vou pegar a chave.

Esse não é um bom começo ela pensou enquanto ia até a casa ao lado do rio, já com a chave na bolsa. Oh, como esperava que aquele dia terminasse bem. Era uma aposta tão alta a que estava fazendo... O que, afinal, tornava uma pessoa capaz de se arriscar a uma dor terrível como a que sentiria se suas esperanças fossem infundadas?

Estacionou um pouco distante da casa, por trás de um caramanchão, evitando assim que o carro fosse visto da estrada. Pegou o pacote e veio caminhando na direção da casa. Não pôde evitar que lembraças de tempos mais felizes lhe viessem à mente.

Abriu a porta e entrou. Uma camada de poeira recobria as coisas, porém tudo estava exatamente da maneira como tinham deixado. Fora somente há alguns meses, mas parecia que muitos anos tinham se passado desde que ela e Harry haviam decidido casar, exatamente ali.

Depois de ligar o congelador, guardou nele toda a comida que podia estragar. Deixou que as horas passassem, enquanto se ocupava em tirar a poeira dos móveis e varrer os aposentos. Parou por volta de meio-dia para comer um sanduíche e tomar um pouco de suco. Depois disso continuou com os afazeres, roçando os lençóis da cama, arrumando a cozinha e começando a organizar o jantar. Quando deu por si já eram três horas da tarde e seus receios voltaram a ocupar-lhe a mente. Durante todo o tempo, estivera ocupada, sem tempo para pensar, mas agora, qualquer som que ouvia lá fora a deixava tensa e apreensiva.

O sol da tarde entrava pela janela da cozinha, as árvores lá fora faziam compridas sombras no chão e tudo dava à casa um clima de tranquilidade muito diferente do que ia na alma de Hermione. O relógio avançava lentamente. Quatro... cinco... cinco e meia!

Quando é que terminaria aquela tortura?

Afinal, ouviu um carro aproximar-se e estacionar. A porta se abriu e ela ouviu os passos se dirigirem para a casa. Uma chave foi enfiada na porta da frente, e Hermione sentiu um raio frio percorrer-lhe, Harry estava ali.

Passou as mãos nos cabelos e só então lembrou-se de que estava despenteada. Era tarde para fazer alguma coisa. Arrumou-se como pôde e tentou se concentrar na salada que estava fazendo, em que cada nervo de seu corpo vibrava aos passos de Harry. Ele deteve-se na porta da cozinha, e Hermione sentiu seus olhos sobre ela. Só então virou-se para fitá-lo.

Ele estava abatido e tinha profundas olheiras. Seu aspecto, geral, era desolador. Harry a olhava como se estivesse vendo fantasma e a tensão no ar parecia crescer a cada instante. Ele finalmente colocou a mala no chão e deu alguns passos, entrando cozinha.

- O que está fazendo aqui? — ele perguntou, com voz ríspida porém sem esconder uma nota de surpresa.

Vá com calma Hermione pensou consigo mesma, decidindo se armar com toda a cautela e não permitir que Harry percebesse como estava nervosa e assustada.

- Achei que a casa precisava ser um pouco arejada, então resolvi vir para cá, passar a noite.

- Acha que vou acreditar que é uma coincidência você aqui justamente quando sou convencido a passar uns dias no campo? — ele perguntou com cinismo, seus olhos jamais a abandonar.

- Você não precisa acreditar em nada, mas, se o incomoda eu estar aqui posso muito bem partir.

- Fala sério, não é?

- Sim, Harry. — O coração de Hermione parecia querer explodir dentro do peito, principalmente quando ele aproximou-se, alto e musculoso. De repente, a cozinha parecia pequena demais para os dois, Hermione ergueu o olhar, decidida a enfrentá-lo. — Como disse, se minha presença incomoda, irei embora imediatamente. Como a casa só tem um quarto terei que partir à noite, de qualquer maneira.

- Eu posso dormir no sofá da sala e, considerando ainda que estamos casados, ninguém poderá dizer nada — Ele a fitou com uma expressão repentinamente zombeteira nos olhos. Hermione olhou num relance, para o grande relógio na parede da cozinha.

- Ainda há tempo para você tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável para o jantar.

Ela apanhou um tomate e começou a picá-lo, pedindo a Deus que Harry não notasse como suas mãos tremiam. Podia senti-lo às suas costas, observando seus movimentos até que, afinal, ele foi para o interior da casa. Hermione deu um suspiro de alívio e recostou-se no armário por alguns segundos, para tentar acalmar o vulcão que tinha dentro de si.

Estava assustada com a aparência de Harry, que era bem ruim. Seu rosto mostrava um ar sofrido e acabado. Seria possível que ela fosse a causa daquilo? Ou seria Cho?

Ouviu o chuveiro ser ligado enquanto terminava de preparar a bisteca com molho de cogumelos. Tudo já estava pronto, faltando somente arrumar a mesa. O vinho seria aberto na última hora, ela decidiu, lembrando-se de que precisava também colocar duas taças na mesa.

Quando voltou à cozinha. Harry usava calça jeans e uma camisa clara, com as mangas enroladas. Tinha uma expressão menos cansada, mas o ar desolado ainda continuava.

- Quer tomar um pouco de vinho antes do jantar? — Hermione perguntou, tentando parecer o mais natural possível.

- Não me importaria de beber algo mais forte, mas, de qualquer maneira, aceito o vinho, obrigado. — Harry a seguia com os olhos enquanto ela servia as taças. Hermione aproximou-se para entregar-lhe o vinho, sentindo no ar o aroma tão familiar da colônia que ele costumava usar. Seus dedos se tocaram por um breve segundo, suficiente, no entanto, para fazer com que Hermione desejasse mais. — Você estava planejando jantar e beber vinho sozinha?

- Se estivesse esperando alguém, provavelmente esta pessoa já teria chegado, não? — Hermione falou depois de provar um gole do suave vinho branco.

- Ou talvez tivesse mudado de idéia ao ver meu carro estacionado lá fora.

- É possível.

- A menos, é claro, que você estivesse esperando por mim.

- Isso também é possível. — Ele estava se aproximando demais da verdade, mais do que desejaria, e Hermione procurou desviar o assunto apontando a mesa. — Se você sentar-se poderei servir o jantar.

Jantaram silenciosamente, e tanto Hermione, quanto Harry mal tocaram na comida. Talvez ambos estivessem sem apetite, mas o fato era que aquela proximidade tornava qualquer outra coisa sem importância. Hermione teria preferido ficar sentada e não fazer nada senão fitá-lo, mas não ousaria.

Mais tarde, quando lavava os pratos. Harry tomou um pano e começou a secá-los. Era como nos velhos tempos, os dois trabalhando juntos, lado a lado. Porém, desta vez o silêncio escondia um rol de emoção confusas e conflitantes.

- Você tem vindo aqui nos últimos meses? — Harry perguntou, quando tudo na cozinha já estava limpo e arrumado.

- Esta é a primeira vez — Hermione respondeu, nervosa. — E você?

- É a minha primeira vez, também. Eu não sentia coragem de rever este lugar.

- Eu também não — Hermione confessou e seus olhos se encontraram.

- Essa casa me traz muitas recordações. - Hermione engoliu em seco.

- Para mim também.

- Você nunca retirou nenhum dos cheques que eu lhe mandei. — Harry tinha um ar acusativo.

- Eu os rasguei e joguei fora.

- Por quê?

- Também tenho meu orgulho, Harry — ela replicou, com calma e dignidade.

- Vendi aquela casa e voltei para o apartamento — ele falou, depois de pegar um copo e servir-se do restante do vinho.

- Compreendo.

- Estou pensando em comprar uma outra coisa, algo que realmente pareça um lar.

- Seria bom — Hermione comentou, com falsa displicência. Dentro dela havia uma enorme alegria por saber que a casa dos espelhos fora vendida.

Harry ficou em silêncio um longo tempo. Hermione sabia que era observada enquanto preparava o café, mas seu coração recusava-se a admitir que aqueles olhos pudessem vê-la como uma pessoa amada. Quando ficaram frente a frente, Hermione sentiu que chegara o momento de alguma coisa acontecer.

- Eu fiz uma enorme confusão e acho que acabei estragando tudo, não é? — Harry disse pausadamente e serenamente.

- Toda tempestade sempre estraga as coisas em sua passagem, mas, depois que termina, há muito pouco que não possa ser reparado.

- Você diria que ainda há algo a ser salvo?

- Isso depende inteiramente, de você, Harry.

Inesperadamente, Harry levantou-se e foi até a janela. Ficou observando a escuridão lá fora, como se estivesse tomando coragem para dizer o que tinha em mente.

- O maior erro de minha vida foi atirar fora uma gema preciosa, trocando-a por um falso diamante, com um falso brilho. — Hermione sentia que havia uma luta dentro de Harry, que para ele não era fácil dizer aquelas coisas. — Agora, eu daria qualquer coisa para possuir novamente aquela jóia que descuidadamente joguei fora, mas não sei se pode voltar atrás e corrigir os meus próprios enganos.

- Nós já voltamos ao passado, Harry. — Ela chegou perto dele. O desejo de tocá-lo era tão intenso que teve de conter-se para não se atirar naqueles braços. O pequeno fio de esperança em seu coração transformava-se agora numa chama intensa, que ela não conseguia mais ignorar. — Nós estamos aqui como antes, como no passado. Só os dois. Se você quiser, podemos tentar recomeçar.

- Não sei se é isso que desejo, Hermione. — Ele virou-se para olhá-la com uma expressão tão torturada e aflita que ela sentiu vontade de confortá-lo de alguma forma. — Pela primeira vez em minha vida, meu egoísmo permite que eu considere os desejos de outra pessoa antes dos meus. Esta é a única razão pela qual eu não vim antes para Pietersburg, eu sabia que você não queria me encontrar.

Uma sensação de agradável calor tomou conta de Hermione. À maneira dele. Harry dizia que gostava dela, mas a barreira invisível continuava existindo entre os dois.

- Fale-me a respeito de Cho. — Ela foi direto ao centro do problema.

- Eu devia estar louco, mas o fato é que durante seis anos Cho teve um poder total sobre mim. Depois do acidente eu me sentia amargurado e revoltado contra toda a raça humana até que você apareceu e me fez recuperar o gosto pela vida. Pensei que tivesse superado minha submissão a Cho, porém, quando a vi naquele restaurante, soube que não era verdade. Eu estava preso mais uma vez e não parecia haver nada que pudesse fazer. Mas isso só durou até Cho vir ter comigo um dia, depois que você partiu. Naquele dia eu a olhei e a vi como Cho realmente era: muita beleza física, mas não possui mais nada que eu admire. Descobri que já não sentia nada por ela. Hermione, fiquei quase louco! Era como acordar de um pesadelo para cair em outro! Foi só ai que percebi a verdadeira dimensão do que eu tinha feito. Eu queria você, desejava você, seu calor, sua suavidade, sua alma tão doce. Mas era eu justamente quem a tinha mandado embora da maneira mais brutal possível!

- Você podia ter me procurado, Harry.

- Não depois da conversa que tive com Gina pelo telefone. — Seus olhos brilhavam, emitindo uma grande culpa. — Nunca me perdoarei por ser o responsável pela perda do nosso filho, Hermione, Gina me contou o que aconteceu, e disse que você nunca mais queria me ver, que tinha proibido que dissessem meu nome.

- Eu estava machucada e imaginava que o odiava, mas - hesitou um momento, lembrando-se daqueles dias horríveis — não durou muito.

- Falei com Gina há um mês atrás e ela mais uma vez me disse que você não queria me ver. — Harry passou a mão nos cabelos, num gesto aflito, como se uma grande dor o destruísse internamente. — Acho que depois disso eu acabei perdendo completamente a noção das coisas, fiquei inteiramente louco.

- Harry... — Hermione não podia mais ver a tortura no rosto dele e, tomando-lhe as mãos, murmurou — Eu nunca deixei de amá-lo.

Harry beijou-lhe as mãos com enorme suavidade e, quando a encarou, para grande surpresa dela tinha os olhos marejados de lágrimas.

- Será que você poderá me perdoar? — ele perguntou com suavidade, quase num sussurro.

- Eu já o perdoei há muito tempo.

- Nunca me atrevi a esperar mais que o seu perdão, Hermione.

- Se você também me quer, Harry, tudo que tem a fazer é dizer de uma vez.

- Sim, eu quero você, Hermione, eu quero muito. — Eles se abraçaram com um calor e com uma urgência que só os torturantes meses de separação podiam explicar. Beijaram-se intensamente até que Harry afastou um pouco a cabeça — Eu nunca soube como a queria até você partir. Olhava naqueles espelhos e me sentia infeliz porque eles não refletiam mais sua imagem. Eu me via refletido e sentia raiva de mim mesmo e...

- Harry — Hermione interrompeu-o — não diga mais nada.

Eles se beijaram novamente com enorme paixão, agora sem que nenhum fantasma os assustasse. Harry apertou-a mais, como se quisesse transformar seus corpos num só e ela o abraçou pelo ombros, jamais querendo se separar dele. Hermione só conseguia pensar que o longo pesadelo havia terminado.

- Eu a amo, Hermione — Harry disse, quando suas bocas afinal se separaram. — Eu a amo mais do que a própria vida, e isto é algo que jamais pensei que fosse dizer para uma mulher.

Aquelas palavras esperadas por tantos anos tinham o poder de apagar as sombras dos sofrimentos, de curar todas as feridas que porventura ainda existissem na alma de Hermione.

- Oh, Harry, eu pensei que nunca fosse ouvir isso.

- Prometo que passarei o resto da vida provando o quanto eu a amo. Preciso de você. Hermione, demais. – Harry afastou levemente quando percebeu as lágrimas descendo pelo rosto dela. – Por favor, não chore, não era isso que esperava.

- Desculpe-me por chorar, mas é que estou tão feliz.

Mais tarde, naquela noite, quando descansavam nos braços um do outro, deitados na cama, Harry interrompeu o silêncio.

- Quando Rony e Alan sugeriram que eu viesse para cá, rejeitei a idéia. Depois achei que poderia ser bom e, no fundo, tinha uma vaga esperança de que o destino me faria encontrá-la aqui.

- E acabou me encontrando e não pareceu muito satisfeito.

- Fiquei completamente assustado, sem saber o que fazer. Tinha medo de acabar dizendo algo que a fizesse me abandonar mais uma vez. — Harry puxou-a mais para perto, fazendo com que sentisse o calor do corpo dele, que a aquecia sob o lençol. — De quem foi a idéia?

- Minha — Hermione respondeu rapidamente — Rony veio falar comigo, porque estava preocupado, e quando disse que você nunca tinha pedido o divórcio então... então eu achei que ainda havia alguma esperança.

- Eu fui tão tolo e idiota! Não sei como você pode me desculpar depois de...

- Eu te amo, Harry. Sempre o amei e vou amá-lo. Só isso.

Começaram a se beijar e acariciar mais uma vez, Hermione se perdeu na magia daquele mundo fantástico para o qual somente Harry podia transportá-la. Ela estava viva novamente, Harry a desejava como esposa e mulher.


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Hermione estava no terraço, olhando o jardim, que floria com energia no fim daquela tarde de verão. Tinham comprado aquela casa logo depois que voltaram para Johannesburg e, após alguns meses de reformas e animações, ela estava transformada num lindo lar, tranquilo e aconchegante.

Hermione estava um pouco melancólica, pois desejava que Harry voltasse logo para casa, embora soubesse que era dia dele ficar até mais tarde no hospital. Pouco depois das nove horas, estava tomando uma ducha quando ouviu o barulho ao carro de Harry estacionando na garagem. Logo ele se encontrava no quarto, já com a camisa desabotoada.

- Você parece ter tido um dia duro — ela comentou, depois de beijá-lo com carinho e sentar na grande cama de casal, ao lado dele.

- É, trabalhei muito. E seu dia como foi? — Harry fazia-lhe suaves carícias na nuca.

- Foi tranquilo — Hermione começou a dizer com ar normal. - Sai para fazer umas compras, à tarde cuidei da casa e fui me consultar com aquele médico.

- E? — Ele abraçou-se a ela e, com um gesto carinhoso, fez com que Hermione se deitasse ao lado dele. Todo o cansaço parecia haver sumido e agora seus olhos brilhavam. — Você está grávida?

- Para um homem que é médico, você tem sido meio apressado, não é, Harry? — ela zombou. — Como é que se sente ante a idéia de ser papai?

- Acho maravilhoso, Hermione!

- Harry... — Havia algo tão sensual na maneira como ele lhe beijava os dedos que Hermione sabia que, se quisesse falar alguma coisa, teria que fazê-lo antes que fosse tarde demais. — Eu me encontrei com Alan Bishop quando voltava do centro médico esta tarde, e ele me disse que Cho está de volta a Johannesburg.

- Eu sei — Harry replicou, enquanto se debruçava sobre ela. — Nós nos encontramos rapidamente hoje à tarde.

- E então? — Hermione prendeu a respiração, involuntariamente.

- E nada! — Harry sorriu. — Ela tentou me convencer de que o que existia entre nós era algo muito especial, que tinha de ser recuperado mas, pela primeira vez, não deu certo. Ela é uma mulher linda, mas tenho tudo que desejo exatamente aqui em meus braços. Você é mais preciosa para mim do que qualquer outra pessoa no mundo, Hermione — Ele enxugou com o dedo uma pequena lágrima que descia pelo rosto de Hermione. — Por que você tem essa mania de chorar quando me declaro?

- Porque você tem a mania de me fazer imensamente feliz.

- Garota tola — ele brincou. — Será que agora acredita que eu a amo?

- Sim, eu acredito que você me ama, mas quando soube que Cho tinha voltado, não pude deixar de sentir um pouco de medo.

- Você nunca mais sentirá-isso, não é? — Harry perguntou, com a boca quase colada à dela.

- Não, nunca mais terei medo de perdê-lo, querido. — Hermione sussurrou, seus lábios pedindo e aceitando os de Harry.

Agora não era mais preciso temer Cho. Não que ainda tivesse dúvidas a respeito do amor de Harry, mas aquele sentimento até então a perseguira, por mais que achasse que não fazia sentido. A partir daquele momento, porém, o passado estava definitivamente afastado de suas vidas, e o futuro prometia compensar todos os sofrimentos que envolvem o nascimento de um grande amor.


The End




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