Capítulo VIII



Aquele encontro com Cho Chang no restaurante alterou drasticamente o curso da vida deles. Harry tornou-se retraído e atirou-se ao trabalho como se sua vida dependesse disso. Voltava para casa tarde todas as noites, às vezes chegava já de madrugada. Contudo, o que mais amargurou Hermione foi quando ele mudou-se para o quarto ao lado. Harry explicou que trabalhava demais e, como tinha que chegar tarde, não queria incomodá-la. Hermione, porém, não era tola para acreditar na explicação. Tentou discutir a situação com ele, mas Harry ficou tão furioso que agora ela sentia medo de tocar no assunto novamente. Não podia provar que ele estivesse vendo Cho, mas era provável.

O comportamento de Harry não era a única coisa que a preocupava. Começava a suspeitar de que estava grávida. Era algo que nenhum dos dois tinha levado em consideração e, apesar de tomarem alguns cuidados, várias vezes esqueciam-se de tudo.

Hermione não tinha a menor idéia de como Harry se sentiria em relação a ter um filho, mas ela esperava que - se sua suspeita se confirmasse - esta fosse afinal a maneira de estabilizar o casamento. Um filho talvez fosse o que precisassem para libertá-lo daquele poder que Cho ainda exercia.

Uma outra semana se passou, uma semana de dúvidas, incertezas. Hermione não podia imaginar o que estava ainda por vir quando, certa tarde, levantou os olhos da costura que fazia ao sentir que não estava mais sozinha na sala.

- Cho! — Ela não podia acreditar que aquela mulher estivesse ali.

- Você não se importa que eu tenha entrado sem me fazer anunciar, não é? — Cho percorreu os olhos pela sala e continuou, sem dar chance para Hermione dizer alguma coisa — Ainda sinto este lugar como meu.

- Tenho certeza que sim — Hermione replicou, recuperando-se, enquanto Cho sentava e cruzava as pernas com altivez.

- Fico feliz em ver que tudo está da forma como deixei — Cho deu um sorriso frio, no qual não havia humor algum.

- Nada mudou, a não ser a pequena sala do corredor, que uso como meu estúdio. — Os dois pares de olhos se cruzaram em confronto. — Por que veio até aqui, Cho?

- Eu devia ter me lembrado de que não é de ficar dando voltas para dizer as coisas. — Cho sorriu com doçura venenosa. — Gina sempre dizia que você era impossível quando se tratava de dizer o que achava.

- Vá direto ao assunto.

- Eu quero Harry.

Hermione sentiu o choque como uma bofetada no rosto. Suas forças pareciam querer se esvair, mas isso era algo que não podia acontecer de maneira alguma.

- E por que pensa que pretendo dá-lo a você?

- Não terá escolha.

- Está tão certa assim, a respeito de você mesma?

- Estou certa a respeito dele.

- Você o teve uma vez, porém, quando Harry mais precisava de ajuda, abandonou-o.

- Eu estava em estado de choque depois do acidente e até admito que me comportei como uma tola. — Cho fez um movimento brusco de cabeça, para tirar os cabelos que lhe caíam sobre a testa. — Nós todos podemos errar, querida. Já admiti o meu erro. Por que não admite que cometeu um grave engano ao casar com Harry?

- Pelo que diz respeito a mim, Cho, nosso casamento nunca foi um engano.

- Ele não ama você.

- Sim, eu sei que ele não me ama.

- Então, por que ficar prendendo Harry desta maneira?

- Harry me pediu em casamento. Se ele desejar a liberdade, então só o deixarei livre se ele pedir o divórcio.

- Por que tornar as coisas mais difíceis para ele e para você mesma? — Cho suspirou. — Por que não admitir simplesmente a derrota e desaparecer da vida dele sem fazer estardalhaço?

- Esta talvez seja a sua solução, mas não a minha. Não costumo dar as costas àquilo que desejo

Hermione tinha marcado um ponto e o olhar irado de Cho denunciava isto.

- Está bem, faça corno desejar... porém não diga depois que não foi avisada.

- Há algo mais que queira me dizer?

- Não — Cho replicou, enquanto se admirava no espelho, sem a menor sombra de vergonha. — De qualquer maneira, estou ansiosa para vir morar aqui, com Harry.

Dizer aquilo era jogar sujo, como Luna tinha prevenido. Contudo, uma forma de Cho continuar ganhando pontos. Hermione colocou a cesta de costura de lado e levantou-se com grande dignidade.

- Acho que já conhece a saída.

- Não seja pretensiosa, querida — Cho também se levantou. Seu perfume exótico tomou conta do ambiente. — É claro que você não se julga capaz de segurar Harry, não é?

Encarou Hermione de alto a baixo, medindo-a. Ela, entretando, sentia uma estranha calma apesar da terrível situação.

- Você é bonita, Cho, ninguém pode dizer o contrário. Mas, em pouco tempo Harry a verá como realmente é, uma pessoa egoísta, uma imagem, sem nada para oferecer a não ser o seu corpo, que você também perderá um dia.

Todas as pessoas têm um ponto em que são mais vulneráveis, aquilo que se costuma chamar o Tendão de Aquiles. E, desta vez, Hermione tocara exatamente na fragilidade de Cho, que era obcecada pela própria beleza e morria de medo de perdê-la um dia. Hermione jogava sujo dizendo aquilo, mas fora Cho quem tinha levado as coisas naquela direção.

- Harry nunca vai escapar de mim. Basta eu estalar os dedos e ele virá correndo. — Os olhos de Cho brilhavam de fúria. — Espere e verá.

Foi só quando ouviu a porta da frente batendo que aquela estranha calma abandonou Hermione. Sentou-se pesadamente no sofá, sentindo as mãos tremerem. Harry nunca me trocaria por alguém como Cho, pensou. Será que podia ser tão tolo? Será que o casamento não significara nada para ele? Hermione tentava se convencer de que, qualquer que fosse o problema que existiu entre eles no momento, era algo que podia ser resolvido com o tempo, isso, porém, não diminuía a certeza inabalável que Cho possuía: "Só tenho que estalar o dedo e ele virá correndo", ela havia dito.

Hermione tentou se tranquilizar, dizendo a si mesma que não havia nada a temer. A certeza de Cho talvez fosse fingimento, para impressioná-la. De qualquer maneira, tinha coisas mais importantes com que se preocupar no momento.

Dois dias depois, Hermione foi para a cidade em seu pequeno carro esporte, que Harry comprou logo que teve alta no hospital. Ela tinha uma consulta marcada para verificar se estava realmente grávida.

Sentia-se muito nervosa quando foi admitida na sala do simpático médico, que devia ter por volta de cinquenta anos. Era muito atencioso e, felizmente, não associou o nome dela ao de Harry. O exame foi rápido. Quando Hermione olhou-o sentado mais uma vez do outro lado da mesa, ele sorriu-lhe.

- Suas suspeitas estavam certas. Diria que já está grávida há umas cinco semanas.

- Tem certeza? — Hermione perguntou, excitada

- Certeza absoluta! — Seu sorriso tornou-se ainda maior. — Pode voltar para casa, sra. Potter, e comunicar ao seu marido que em breve ele será papai!

As mãos de Hermione tremiam e ela segurou a própria bolsa com bastante força.

- Obrigada, eu vou fazer isso.

- Venha me ver novamente daqui um mês — ele disse, enquanto a acompanhava até a porta.

Ela sentia-se nervosa demais para dirigir naquele momento, e resolveu ir até a casa de chá do outro lado da rua. Em pouco tempo, já estava sentada esperando pelo chá, tentando analisar os próprios sentimentos. Sentia-se feliz e amedrontada ao mesmo tempo, mas a consciência de que estava grávida a enchia de júbilo. Havia uma nova vida crescendo dentro dela, uma vida gerada por ela e por Harry... De repente, sentiu que não poderia esperar para contar-lhe. Bebeu o chá rapidamente, quase queimando a boca, e saiu depressa em direção ao carro, estacionado perto. Quando chegasse em casa, ia telefonar para Harry e implorar-lhe que viesse jantar com ela naquela noite. Ela queria dar-lhe a notícia antes que... Não, não ia pensar nestas coisas agora. Mais tarde, talvez, mas não agora.

O jaguar branco estava parado na garagem e Hermione o olhou, surpresa. Seria um bom ou mau presságio? Ela não parou para decidir e correu para dentro. Harry estava sentado na sala com um copo de Whisky perto dos lábios.

- Estou tão feliz que esteja em casa! Eu... — Hermione parou imediatamente quando Harry a olhou com uma expressão estranha nos olhos. A atmosfera estava tensa e carregada — O que foi, Harry? Aconteceu alguma coisa?

Ele apontou o barzinho no canto da grande sala.

- Quer um drinque, Hermione?

Os olhos dela involuntariamente se voltaram para o relógio do corredor, refletido no espelho.

- Quatro horas da tarde é um pouco cedo para beber alguma coisa.

- Espero que não se importe se eu beber.

- O que está acontecendo, Harry? — ela perguntou, enquanto ele se servia.

Ele não respondeu nada de imediato, olhando o copo em suas mãos. Subitamente, bebeu todo o líquido num só gole e então voltou-se para ela.

- Nunca foi minha intenção machucar você, Hermione, peço que acredite nisso. Mas não há nenhuma maneira agradável para dizer o que preciso.

- É Cho Chang, não é? — Hermione perguntou com voz surpreendentemente calma, em vista do vulcão que começava a se formar dentro dela.

- Sim, é isso.

Era como se lhe jogassem um balde de água fria. Ela tinha sido prevenida, mas a realidade era muito dolorosa.

- Eu devia ter adivinhado isto desde aquela noite em que a encontramos no restaurante. — Hermione observou-o com atenção. — Vocês estão tendo um caso?

- Por favor, não duvide de meu senso de decência. Nós nos encontramos e conversamos, nada mais.

- Cho lhe contou que me pediu para sair de sua vida, tornando as coisas mais fáceis para vocês dois?

- Ela veio até aqui? — Harry perguntou, surpreso.

- Há poucos dias atrás — Hermione suspirou fundo. — Pensei que estivesse tentando me amedrontar, mas devia ter percebido que falava sério.

- Eu sinto muito, Hermione — ele disse com sinceridade. De repente, uma sensação estranha tomou conta dela, e os objetos da sala pareceram ganhar vida própria, rodopiando.

- Você está bem? — Ele correu para ajudá-la a sentar-se na cadeira.

- Sim... sim... eu estou bem. — Oh, Deus, eu não posso desmaiar, ela pensou. Felizmente, sentiu que as forças lhe voltavam. — Ela lhe explicou por que o abandonou depois do acidente?

- Sim, explicou.

- E você acreditou nela? — Hermione perguntou com cinismo, sentindo que aquilo irritava Harry.

- Eu não tinha razão para não acreditar.

- E como foi que lhe explicou o nosso casamento? Será que disse que eu fui uma ótima diversão para passar o tempo, enquanto você não se curava?

- Pelo amor de Deus, Hermione, eu...

- É tudo que nosso casamento significou, não é?

- Você tem que se lembrar de que eu a pedi em casamento numa época em que estava muito mal, tanto mental quanto fisicamente — Harry falou. Hermione se surpreendeu ao perceber que aquilo não lhe doía, a única sensação era a de ler uma pedra de gelo no peito.

- O que você está querendo dizer é que sabia que Cho não o desejaria naquelas circunstâncias; era melhor ter a mim do que não ter nada, não é?

- Com os diabos, é claro que não foi nada disso! — Harry empalidecia rapidamente.

- Você quer o divórcio?

Ele hesitou um momento, talvez surpreso com o que acabava de ouvir.

- Eu ainda não sei o que quero, Hermione. Só sei que no momento preciso ficar sozinho.

- Bem, então isto acerta as coisas, não é? — Hermione perguntou com rispidez, levantando-se da cadeira. Descobriu que suas pernas estavam surpreendentemente firmes.

- Tente compreender — Harry pediu, enquanto enchia seu copo outra vez.

- Vou arrumar minhas coisas e partir imediatamente — ela disse e em seguida virou-se, mas Harry a deteve, segurando seu braço.

- Não precisa ir embora... Pelo menos por enquanto.

“Não me toque” – Hermione pensou em gritar, mas quando só olhou aquela mão onde havia uma pequena cicatriz da operação, foi que retomou a calma. — Prefiro que seja desta maneira. Você estará inteiramente livre para decidir se quer ou não o divórcio.

- Para onde vai?

- E isso interessa? — ela perguntou, fazendo um gesto brusco para que ele lhe soltasse o braço.

- É claro que interessa! Não posso simplesmente deixá-la partir assim, sem ter certeza se estará bem.

- Eu sei como tomar conta de mim mesma!

- Hermione... — Ele passou as mãos nos cabelos, num gesto de nervosismo impaciência. — Onde pretende passar a noite?

- Vou para um hotel e amanhã já terei decidido para onde irei. — Hermione começou a se afastar. Ao aproximar-se da porta, contudo, virou-se mais uma vez para Harry. — Ela não o ama, você sabe. Nunca o amou e nem amará.

Harry evitou seu olhar e murmurou, por entre os dentes:

- Isto não é da sua conta!

Ouvir aquilo era extremamente doloroso. Hermione sentiu como se um punhal lhe perfurasse o coração. Mas manteve o controle e falou em voz baixa:

- Por favor, peça para um táxi vir me pegar daqui a uma hora.

- Você tem o seu carro, Hermione.

- Não! — Ela se recusaria a aceitar o que quer que fosse daquele homem que não mais a desejava.

- Foi um presente — Harry disse aproximando-se de Hermione e tocando seu ombro. Aquele toque lhe dava dor e prazer, uma imensa vontade de se atirar aos braços dele. Mas ele logo a soltou e disse, num tom de desculpa — Eu gostaria muito que você ficasse com ele.

Hermione se dera completamente para ele, talvez devesse ter exigido mais dele. Absorvera sua energia, sua vitalidade, e todas as coisas que oferecera, em troca tinham somente um valor material, como aquele carro, por exemplo. Foi com grande amargura que ela decidiu aceitá-lo.

- Está bem — Hermione murmurou, deixando-o sozinho na sala. Empacotou suas coisas automaticamente, sem se preocupar como as arrumava dentro da mala. Harry tinha rejeitado a sugestão do divórcio, mas ela não tinha dúvida de que ele mudaria de idéia. Gostaria de poder chorar, mas tudo que sentia era aquele imenso vazio no peito. As lágrimas viriam mais tarde, quando estivesse sozinha, longe de Harry. Agora, era necessário manter-se firme, uma hora depois, chamou um empregado para colocar as coisas no carro. Quanto à máquina de escrever e seus papéis, ela mesma os levaria. Tudo estava pronto, só o que restava era dizer adeus a Harry.
Ele ainda estava na sala, bebendo, os olhos perdidos no vazio. Virou-se para Hermione assim que ela entrou no aposento.

- Não posso levar tudo comigo agora. Mandarei meu endereço mais tarde para que você despache o resto de minhas coisas. — Aquela voz tão tranquila realmente era dela? — Bem, adeus, Harry.

Ele tomou as mãos dela e o contato serviu para afugentar um pouco o grande frio interior que sentia.

- Hermione, eu... eu sinto muito.

- Eu também. Sinto o quanto fui tola para acreditar de que nosso casamento estava começando a ser real. — Ela tentou sorrir, mas era impossível. Gostaria de poder dizer mais alguma coisa, mas tudo que conseguia era ficar ali, olhando para ele.

Puxou a mão e deu-lhe as costas, saindo sem se virar para trás. Não queria que Harru visse toda a dor estampada em seus olhos, todo o desespero. Pouco depois, rumava para longe daquela casa, a casa dos espelhos, que logo refletiriam a imagem que Harry desejava ver.

Hermione passou a noite num hotel, sentada numa cadeira ao lado da janela, olhando as luzes lá fora. Pensou em chamar Rony, mas preferiu não fazê-lo. Logo mais ele saberia de tudo através de Harry e, no momento, ela não sentia vontade de encontrar ninguém.

Pôs a mão sobre a barriga e pensou naquela criança que nasceria dali a alguns meses. Ela trazia algo de Harry que a iria proteger contra a solidão e o vazio do futuro. Apesar de tudo, Harry lhe tinha dado algo que traria sentido à sua vida. Estava calma, tão calma que chegava a ficar assustada. O sono porém não chegava e, horas depois, ela observou o sol que começava a nascer e iluminar os altos prédios da cidade.

A viagem para Pietersburg foi feita o mais devagar possível. Hermione parou para almoçar e tomar chá, apesar de quase não tocar na comida, já eram três horas da tarde quando afinal estacionou na garagem de Gina.

- Hermione! — Gina exclamou surpresa, quando abriu a porta. — Pensávamos que você nunca nem ia escrever, quanto mais aparecer por aqui!

- Acha que poderia me hospedar por alguns dias? — Hermione perguntou, já dentro de casa.

- Ora, nós adoramos tê-la aqui! — Gina chamou a empregada e pediu para pegar as malas de Hermione. — Vou mandar levar suas coisas para o quarto de hóspedes.

- Obrigada, Gina.

- Tudo bem com você? — Gina perguntou, enquanto caminhavam para a cozinha.

- Estou bastante cansada — Hermione admitiu, sentindo que de fato estava chegando ao limite de suas forças.

- Uma xícara de chá bem forte é o que você precisa. — A amiga anunciou bem-humorada. Contudo, era impossível disfarçar que estava preocupada, ansiosa para saber o que havia de errado.

- Como está Rosalie? — Hermione perguntou já sentada à mesa, enquanto Gina preparava o chá.

- Oh ,você nem vai reconhecê-la. Ela cresceu tanto!

- Suponho que está dormindo.

- Sim, mas assim que terminar o chá, pode subir para dar uma olhada nela.

Hermione não disse nada, cansada demais para fazer outra coisa que não fosse estar sentada ali e beber chá. Quando subiram para o quarto da menina, pouco depois, não se demorou muito, olhando a linda criança que dormia feliz, as bochechas gordinhas e rosadas.

- Melhor você se deitar e descansar um pouco — Gina recomendou, quando seus olhares se encontraram, no quarto que Hermione ocupara antes do casamento. Então ela não se conteve e perguntou:

- O que aconteceu?

Hermione sentou-se pesadamente na cama, os ombros caídos.

- Está tudo acabado.

- Está falando de seu casamento? — Gina sentou-se suavemente ao lado dela.

- Cho voltou e Harry... — Hermione deu um profundo suspiro. - Acho que ele está pensando num divórcio.

- Ele pretende casar com Cho, depois de tudo que ela lhe fez? — Gina perguntou, incrédula.

- Eu... Harry a ama.

As palavras ecoavam pelo quarto e Hermione as escutava como se outra pessoa as estivesse dizendo, como se aquela dor pertencesse a outra mulher. Gina teria todo o direito de dizer que tinha avisado de que isso podia acontecer, mas era algo que ia contra sua natureza.

- O que você pretende fazer? — foi tudo o que ela perguntou.

- Vou alugar um apartamento e escrever minhas histórias e... Oh, Gina, vou ter um filho dele!

- Harry sabe disso?

- Só tive a confirmação ontem e...

- Quando ia contar-lhe ele antecipou-se, exigindo a própria liberdade — Gina adivinhou. Ela não parecia surpresa, mas tinha o olhar uma certa reprovação. — Você devia ler lhe contado mesmo assim!

- E que tipo de casamento eu teria então? Casada com um homem que ficaria comigo só por causa de nosso filho? Não, Gina, eu não poderia tolerar isto.

Era fácil perceber pela expressão de Gina que ela estava extremamente condoída com a situação.

- Você parece estar aceitando tudo com tranquilidade.

- Vou ter este filho e ninguém poderá tirá-lo de mim.

Elas se fitaram por um longo momento, sem nada dizer. Em seguida, Gina levantou e sugeriu que Hermione descansasse até a hora do jantar.

- Depois conversaremos mais sobre tudo isto — ela falou e então saiu, fechando com cuidado a porta.

Hermione estava cansada, terrivelmente cansada, mas seria incapaz de dormir. Desfez a mala vagarosamente, tentando manter-se ocupada e, sobretudo, tentando não pensar. Sim, tinha acabado, e este era o fato. Nem lágrimas, nem suspiros, nem remorsos e... Oh, Deus, por que sentia como se estivesse morta por dentro?

Ouviu quando Draco chegou, mais tarde, e quando desceu para o jantar era óbvio que Gina já tinha contado o que se passara. Ele simplesmente aproximou-se, beijou-a no rosto com carinho e deu-lhe um grande abraço.

- Nós tomaremos conta de você, Hermione.

Era bom ouvir alguém dizer aquilo, e Hermione conseguiu sorrir, coisa que não fazia desde há muitas horas, Malfoy ofereceu-lhe um pouco de cherry, que ela bebeu com prazer, sentindo que o líquido a reanimava e aquecia por dentro. O sangue corria com um pouco mais de vigor em suas veias, e ela recobrou um pouco de cor.

Draco e Gina conversaram bastante durante todo o jantar, tentando manter um clima mais ameno e tranquilo. Hermione estava quieta e mal conseguiu tocar na comida. Não tinha nenhum apetite apesar do esforço que fazia para se alimentar. Mais tarde, quando já ia subir para o quarto. Gina aproximou-se.

- Quer tomar alguma coisa para dormir?

- Não, obrigada, acho que não será necessário.

Por estranho que parecesse, ela realmente não tardou a adormecer; seu sono foi profundo e sem sonhos. Já era de madrugada quando acordou, sentindo uma dor na barriga que nunca sentira antes. Tentou levantar-se para tomar umas aspirinas, porém a dor cresceu assustadoramente. Era como se tivesse um punhal dentro de si, que furava suas entranhas. Com o passar do tempo a dor foi aumentando cada vez mais e Hermione sentiu que suava frio. Talvez tivesse gemido ou mesmo chamado Gina, ela não podia dizer com certeza. Entretanto, o fato era que em pouco tempo ela estava de pé, ao lado da cama.

- Hermione, o que você tem?

- Não sei — ela disse, entre gemidos. — Minha barriga está doendo horrivelmente.

- Respire fundo e tente ficar imóvel — Gina ordenou, decidida. — Vou acordar Draco e nós a levaremos ao hospital.

Não se passaram mais que alguns minutos, mas para Hermione pareceu uma eternidade até que Gina voltasse, acompanhada de Draco. Eles a enrolaram num cobertor e ele a carregou até o carro. A dor aumentava cada vez mais, fazendo com que gemesse ainda mais alto.

- Gina? — ela chamou quando o carro já estava em movimento.

- Tente relaxar um pouco, Hermione, respire fundo. — Com um lenço, Gina secava o suor da testa de Hermione. — Não se preocupe, tudo estará bem daqui a pouco.

Era fácil mandar relaxar e respirar fundo, não sabia como era possível fazer isso quando uma dor terrível parecia rasgar as próprias entranhas? Hermione começava a suspeitar do que acontecia com ela e chorou como nunca fizera na vida.

- Oh, Deus — ela murmurava — por favor, não leve embora esta criança! É meu filho, e é tudo que tenho, tudo que restou daquilo que foi um lindo sonho de amor — Hermione orava sem conseguir mais controlar as lágrimas que lhe desciam pela face.

Draco devia ter ultrapassado todos os limites de velocidade, pois em pouco tempo chegavam no hospital. Hermione agora estava quase inconsciente, tinha apenas uma vaga noção de pessoas, luzes e movimento a seu redor. Sentiu uma picada no braço esquerdo e, depois daquilo, as coisas começaram a ficar cada vez mais distantes. Achou que era transportada para algum lugar onde nada de mal lhe poderia acontecer, onde ninguém poderia jamais tocá-la ou machucá-la.

Quando recuperou a consciência, estava deitada numa cama de hospital, uma luz suave no abajur ao lado. Sentia-se leve e vazia, não tinha certeza se queria mesmo voltar à realidade e abandonar aquela sensação de paz e tranquilidade. Percebeu que lhe seguravam a mão e alguém chamava seu nome em voz baixa. Virou um pouco a cabeça e viu Gina a seu lado, os olhos vermelhos por causa das lágrimas recentes.

- Gina? — Hermione sussurrou com ansiedade e algo dentro dela parecia confirmar a terrível suspeita.

- Oh, Hermione... eu sinto muito — Gina falou com suavidade.

- Eu perdi o bebê, não é?

Era uma pergunta desnecessária. Se não fosse isso, por que sentia-se tão vazia por dentro, como se tivessem retirado parte de seu próprio corpo?

- Eles fizeram o máximo possível.

Oh, Deus, por quê? Hermione pensou, sofrendo agora uma dor tão terrível quanto a anterior. Por que tinha que acontecer isso com ela?

- Foi por causa do choque, Hermione. O doutor explicou que isso acontece, às vezes, quando a mulher grávida sofre um choque emocional muito violento. O corpo rejeita a criança.

Como parecia simples... tão clínico... choque! Rejeição! Palavras que não querem dizer nada até afetem pessoalmente. Harry praticamente tinha pedido o divórcio, ele não a queria mais... um choque! E, a consequência disso... rejeição! Mas, por que tinha que ser desta maneira? Ela queria tanto esta criança, queria tanto.

- Não há nada mais a fazer?

Gina apertou-lhe a mão e sacudiu a cabeça, negativamente.

- Acho que devemos ligar para Harry e...

- Não! — Hermione reagiu com violência. Seus olhos eram dois poços de angústia em seu rosto pálido. — Está tudo acabado, Gina, terminado. Nunca mais quero ouvir o nome dele nem encontrá-lo, enquanto estiver viva!

- Hermione... tem certeza de que é isso o que quer?

- É realmente isso o que quero.

- Se é o que deseja, então assim será. — Gina a olhava de uma maneira infinitamente compreensiva. – O que você precisa agora é descansar bastante. Portanto, feche os olhos e tente dormir um pouco.

- Sim, estou me sentindo cansada — Hermione concordou, sabendo que seria incapaz de dormir. — Draco ainda está aqui?

- Não, ele foi para casa. Rosalie tinha ficado sozinha.

- Gina, obrigada por ter ficado aqui comigo — Hermione murmurou, sentindo-se culpada. — Sinto muito causar-lhe tantos problemas.

- Não seja tola. — Gina sorriu, mas o sorriso não tardou a desaparecer de seus lábios. — Sinto muito por tudo que aconteceu.

- Eu tambem. — As palavras pareciam sair das profundezas da alma de Hermione. — Eu devia ter escutado seus conselhos e de Luna, mas não o fiz e terminei casando com um homem que...

- Você disse que não queria falar mais sobre ele — Gina interrompeu-a com decisão. — No momento, o que tem a fazer é se concentrar em sua recuperação. Draco e eu queremos que volte para casa o mais rápido possível.

Quando Gina partiu, pouco depois, o sol começava a raiar lá fora. Hermione olhava a claridade que surgia no céu e em sua mente desenhava-se a face de Harry.

"Eu a pedi em casamento numa fase muito ruim de minha vida. Estava muito mal, mental e fisicamente." Aquelas palavras não lhe saiam da cabeça e a torturavam.

- Eu odeio você Harry Potter! — Hermione falou alto, no quarto de hospital. — Seu comportamento fácil e inconstante acabou por me roubar a única coisa que eu ainda possuía. Eu o odeio, odeio!

"Ela não o ama, jamais o amou e nem nunca o amará", Hermione recordava-se das próprias palavras.

“Isto não é de sua conta." Fora a resposta cruel e decisiva de Harry.

- Tolo, tolo! — Hermione disse em voz alta, mais uma vez quebrando o silêncio do hospital. — Você ama um rosto bonito num corpo perfeito, mas é só isso. Cho é só isso, nada mais. Ela o enfeitiçou, mas jamais o amou, Harry. Jamais o amou como eu, jamais.

As lágrimas explodiram, então, com uma força insuspeitada. Hermione abandonou-se sobre o travesseiro, chorando e soluçando. Sabia que as lágrimas de nada adiantariam, mas também não havia como impedi-las. Só após muito tempo ela sentiu que já não havia mais o que chorar. Estava vazia, seu corpo transformara-se numa coisa inerte e sem emoção.


-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

N/a: Mais um capítulo postado procês, restando somente dois para acabar-se a história. Não espero que vocês se sintam tristes, agora raiva eu posso compreender perfeitamente. Aposto que agora a Cho e o Harry estão sendo amaldiçoados a mil infernos auhauhauahauhauh... mal espero pelos comentários XP

Bão, deixa eu responde q eu to devendo isso.

Amor: Uia, desse jeito você me apavora, acalma-se ai menina XD ...Ótemo saber, tbm fico feliz por vc te ficado feliz por eu ter postado 2 capítulos, queria ter repetido, mas deixar algumas pessoas curiosas é uma diversão e tanta pra mim, vai ser ainda mais ler os comentários depois desse cap auhauahauhauha, Chorona Galinha, tbm odeio essa pestinha, agora, Harry, foi pior q cafajeste. Agora são dois capítulos pro final, espero q vc se aguente. Outros bilhões de beijos.

Hermi Potter: É, trair não traiu, mesmo q tivesse, ñ poderia mudar já q a historia ñ é minha, mas ele foi completamente um desqualificado, ignorante e egoísta. Mata, mata, mata, q eu ajudo, já vo querer matar ela msm depois de eu ver aquele maldito beijo do filme, bão, não sei como vc tá agora depois de ter lido o cap, mas vê se fica tranquila. Ah. essa resposta sobre o Harry vo ter q esconder, no próximo cap acho q já vai ter respondido. (E vê q eu comentei numa fic sua? XD) beijões!

A.K. Pri: Opa, vamos jogar a Cho na fogueira e depois esquartejar ela e pendurar pedacinho por pedacinho nos postes(bem q eu queria fazer isso mesmo se fosse possível. E olha q ñ so psicopata XP). Harry e Hermione foreveremente o casal mais perfeito do universo, pena q Jk Rowling ñ exergue. beijões e comente outra vez. ; )

Poly Figueiredo: Pois é, uma hora essa Chorona tinha q aparecer, infelizmente. Odeio qto vc, pode apostar. Depois desse cap acho q o Harry ñ soube exatamente aproveitar a presença da Mione, por enquanto, ele foi totalmente idiota e sabe, se a historia fosse minha, até q seria uma boa idéia agora fazer r/hr pro Harry aprender a lição, mããããs, eu escrever Rony e Hermione juntos, nem em sonhos! Eu tbm ñ suportaria. As coisas tão fervendo agora. beijõess!

Mione03: Oieeee! Infelizmente ele foi ingênuo, mas não a ponto de trair ela, por enquanto só fico na base do egoismo, só q no momento o coitado tá mto confuso, ñ sabe exatamente de quem ele gosta, é complicado. Pelo menos alguma coisa boa na fic, q é a cirurgia, mas serviu pra atrair a Chorona ainda mais. Harry vai aprender a valorisar a Hermione, não duvide disso, a Cho ñ vai ser um estorvo tão grande assim pra eles dois. Se vai ser tarde ou ñ, vc vai descobrir. Continue comentando hein. beijõessss Criaturinha! XD

Ju_Granger_Potter: É, faz parte, se a história ñ fosse minha, eu mataria a Cho e todo mundo seria eternamente feliz XP, porém, não é, e isso é mto triste. A Chorona sabe como agarrar o Harry, então ele tá meio ceguinho pra descobrir o q na realidade sente pela Mione, mas o idiota fez uma grande burrice, vai ser dificil de concertar qnd ele perceber o erro. Ahn agradeço, fico até meio constrangida, apesar de saber q ñ fui eu quem escreveu essa bela história. Também queria q a fic fosse mais comprida, ainda mais agora q os comentários vão ser divertidos, acho. Um beijão enorme procê!



Hora de me ir, só pedir o favor agora pra quem acompanha ter paciência com o Harry, o tadinho do coitado ñ sabe o q faz, ainda. Ele vai aprender. XD

Até o próximo capítulo!
beijões povo!

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