Capítulo 5



CAPÍTULO 5:

Por momentos esqueceu a tempestade que estava prestes a enfrentar. Ao enlaçar o corpo pequeno do filho, só conseguia pensar na falta que ele tinha lhe feito, na saudade avassaladora que sentiu durante o tempo em que estiveram separados. Uma lágrima caiu. Como o cheirinho dele era bom, quanto calor aquela criança emanava.

Ela acarinhava os cabelos dele, enquanto o apertava mais contra o seu corpo. Ele tinha encaixado as pernas em volta de sua cintura e também a enlaçava pelo pescoço. Aspirou o perfume dele mais uma vez... como era bom. Apertou mais um pouco o abraço e beijou o topo da cabeça do menino.

-Como eu senti sua falta, minha vida! – disse com a voz levemente embargada.

-Eu também senti sua falta mamãe! Muita, muita, muita.

Nunca mais ela o deixaria sair de perto dela, “Como pude permitir, e agüentar, que ele ficasse mais de um mês fora com papai?!”. O Sr. Weasley tinha tirado um período de férias e havia lhe pedido para levar o menino numa viagem. Ia aproveitar que Fred e Jorge viajariam com suas famílias para visitar Gui, que agora trabalhava na filial do Gringottes nos Estados Unidos, e iria acompanhá-los.

Ginny relutou no começo, mas não resistiu aos insistentes pedidos do pai. O Sr. Weasley era muito apegado ao neto e cuidava do menino muito bem, o que convenceu a ruiva a dar permissão para a viagem. Sua mãe não se juntaria a eles para não deixá-la sozinha.

Já ao fim da primeira semana a saudade era insuportável. O pai que a desculpasse, mas ela queria que o filho voltasse. Porém, sua vontade mudou. No dia em que ia mandar uma mensagem para a casa do irmão nos Estados Unidos, Harry voltou. Ela teria que agüentar, teria que esperar o mês acabar para ter seu pequeno de volta, isso lhe daria tempo para pensar em algo.

Acontece que o mês tinha acabado, Mathew estava de volta e ela estava ali, com ele e Harry, na sua sala, e não tinha pensado em absolutamente nada. Mas como ela adivinharia que seu filho apareceria na sua sala no meio do expediente? Por falar nisso... Desenterrou a cabeça do filho da curva de seu pescoço e o encarou:

-Quem lhe trou... – não pode completar a frase.

Um homem com fios de cabelo vermelhos e brancos, já em pouca quantidade, enfeitando a cabeça, acabava de entrar de rompante na sala. De repente parou e com um olhar arregalado e a respiração ofegante, fitou Ginny. O olhar agora era o de quem pedia desculpas.

-Olá, filha! – sorriu sem graça.

-Como vai, papai? – antes que o homem respondesse acrescentou – ...O que o Sr. e Matt fazem aqui? – perguntou entre dentes, o rosto já vermelho de raiva. Não acreditava que a mãe não tinha avisado ao marido, que Harry estava trabalhando no Ministério, na sua sala.

-É que...

A fala foi interrompida por uma risadinha de criança. A ruiva e o pai encararam Matt.

-Ih, vovô! O Sr. está encrencado, a mamãe tá parecendo a vovó quando ela ta com raiva, e isso não é nada, nada bom – concluiu enquanto balançava a cabeça e lançava um sorriso maroto ao avô.

Arthur já ia rir da graça do neto, mas se refreou ao perceber o olhar nada amigável que a filha lhe direcionava.

-Minha filha, eu n...

-Bem, não interessa, pelo menos não agora. Conversaremos em casa. O meu expediente está encerrado por hoje.

Desceu o filho dos braços e segurou sua mão. O arrastando, foi até sua mesa para pegar o casaco que ele tinha abandonado lá. Ao passar por Harry, percebeu que ele parecia estar em choque. Quando fazia o caminho de volta, se dirigindo a saída, o moreno a segurou pelo braço. Eles mantiveram os olhares fixos um no outro por alguns segundos, até que ela desviou seus olhos e livrou seu braço da mão de Harry.

Saiu da sala apressadamente e da mesma forma andou pelo caminho até uma lareira, que a transportou, assim como ao pai e o filho, á Toca.

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Entrou na cozinha da Toca bufando. Como a mãe podia ter feito isso com ela? Encontrou a ruiva mais velha mexendo nas panelas, provavelmente preparando o jantar. A mulher se virou para encará-la.

-Ginny?! Por que chegou mais cedo, minha filha? – desviou o olhar para um ponto mais baixo e avistou o neto – Matt?! Quando cheg... – não completou a frase, pois a jovem a interrompeu.

-Mamãe, não finja que não sabia que Mathew havia chegado!

-Mas, eu não sabia! – disse a Sra. em sua própria defesa.

-Sabia, sim! E permitiu que ele fosse com papai ao Ministério de propósito. Sabia quem estaria lá.

-Mamãe, o que está acontecendo? O que a vovó fez que deixou a Sra. tão brava?

Havia esquecido que ainda trazia o filho agarrado a sua mão.

-Mathew, suba agora para o seu quarto!

-Mas, mamãe! Eu ainda nem...

-AGORA, Mathew James!

Nesse momento Arthur Weasley entrou na cozinha. Pegou o neto pela mão e o guiou para fora do ambiente. Ginny escutou ao longe o filho balbuciar algo como: “Nem pude abraçar a vovó”, ao que o pai respondeu: “Depois Matt, depois você vai poder”. Assim que só as duas estavam na cozinha a moça se dirigiu a mãe.

-Por que permitiu que ele fosse? Você sabia que Harry estaria lá! – disse já gritando.

-Abaixe o seu tom para falar comigo mocinha! Eu ainda sou sua mãe, me respeite! – a mais velha disse alto, enquanto colocava as mãos na cintura e encarava fixamente a filha.

-A Sra. também deve me respeitar, respeitar as decisões que tomo – devolveu adquirindo a mesma postura da mãe – Sabia muito bem que eu não queria que ele o visse.

-Você pensava em escondê-lo pra sempre? Ia lhe lançar um feitiço da desilusão?

-O que eu ia fazer não vem ao caso. O caso é que a Sra. não cumpriu a promessa que me fez, o que me obriga a cumprir a promessa que fiz a Sra. e aos outros caso contassem a Harry.

-Eu não contei nada!

-Não contou, mas deu um jeito dele descobrir! Como disse, vou ter que cumprir a promessa que fiz, Eu e Matt vamos embora!

Arthur estava de volta a cozinha a tempo de ouvir a última frase da filha, parou no meio do caminho. Molly colocou a mão sobre o lado esquerdo do peito e seus olhos se encheram de lágrimas. A expressão em seu rosto, assim como no rosto do marido, era de total horror, era como se estivessem recebendo a pior notícia de suas vidas.

O Sr. Weasley conseguiu se mover para se aproximar da mulher e ampará-la. Com muito esforço ela conseguiu falar:

-Por Merlin, minha filha! Eu juro, que não fiz nada! Não leve o meu netinho pra longe de mim... – caiu em um choro desesperado.

-Ginny, minha querida, o que está acontecendo? Por que está fazendo isso conosco? Por que quer nos afastar de Mathew? – perguntou-lhe seu pai

-Vocês procuraram por isso. Eu disse, prometi a vocês todos quando Matt nasceu, que se alguém contasse ou de alguma forma fizesse Harry saber da existência dele, eu iria embora e levaria meu filho junto, e vocês prometeram não contar – respondeu a ruiva que estava com raiva demais para se sensibilizar com o estado dos pais.

-Não deixe, Arthur! Não deixe que ela nos afaste dele! Eu não fiz nada disso, não fiz nada disso... – conclui e se afogou no peito do marido

-Ginny, não faça isso. Olhe o estado de sua mãe!

-Ela que pensasse nisso antes de permitir que Matt fosse ao Ministério!

-Como assim permitir? – perguntou, o homem confuso.

-Ora papai, é bem possível que o Sr. tenha a ajudado no plano.

-Minha filha, pelo amor de Merlin, do que você está falando?

-Não se faça de desentendido, papai! Ela sabia que Harry estava trabalhando comigo, que agora ele é meu parceiro. Ela deve ter lhe contado isso, e você levou Mathew pra lá na esperança de que Harry o visse.

-Você está enganada, minha querida. Eu e Matt não viemos para casa quando chegamos. Eu queria passar no trabalho antes de vir para a Toca, por que sua mãe não permitiria que eu fosse, diria que eu precisava descansar da viagem, além disso, Matt disse que estava como muitas saudades e queria lhe ver logo. Só fiquei sabendo da volta de Harry, quando já tinha deixado Matt em sua sala, e quando soube voltei pra lá correndo para evitar o encontro.

-Ah... Foi é? – disse se sentindo embaraçada pelo ataque histérico.

-Foi... – disse o homem mais calmo e até mesmo divertido com a vergonha da filha.

-Uhn... Então... – olhando para as mãos enquanto as apertava, se aproximou dos pais. Molly ainda mantinha a cabeça enterrada no peito do marido – Me desculpem... – disse baixo fazendo uma careta - ...Eu... é que eu supôs que...

-Supôs? Você supôs? E por causa da sua suposição me acusou injustamente e ameaçou afastar o meu neto de mim. Sua atitude foi lastimável, Ginevra. Não teve a mínima consideração por mim ou por seu pai – se manifestou a ruiva mais velha, já recuperada.

-Me desculpem... – não havia mais o que dizer, o seu comportamento tinha sido realmente desprezível.

-Então, não vamos mais embora, não é mamãe? – os três adultos olharam em direção a porta. Matt tinha o rosto lavado por lágrimas e se aproximava de onde estavam com um olhar amedrontado – Por favor, mamãe, eu não quero ir embora. Não quero ficar longe do vovô e da vovó... Por favor, vamos ficar. Eu prometo qualquer coisa, qualquer coisa que quiser eu faço.

Ginny sentiu um aperto no peito por saber que a tristeza que estava impressa no rosto do filho era culpa de seu descontrole. Estendeu a mão indicando que o filho podia se aproximar. O menino entendendo o gesto da mãe, se moveu com receio em direção aos três. Assim que se aproximou, a mãe o pegou no colo e ele deitou a cabeça no seu ombro.

-Não, não vamos mais embora – disse enquanto assentava o cabelo do filho, carinhosamente.

A criança de um suspiro de alívio e enlaçou o pescoço da mãe com os braços pequenos.

-Obrigado, mamãe. A Sra. pode pedir o que quiser.

-Então o meu pedido é que você pare de ouvir atrás das portas.

Matt desencostou a cabeça do ombro da mãe e a olhou. Passou a mexer numa mecha de cabelo dela, como gostava de fazer desde sempre.

-Eu não estava ouvindo atrás das portas – respondeu casualmente.

-Não? E como escutou o que conversávamos?

-Primeiro, a cozinha não tem porta, então como eu podia ouvir atrás de uma porta que não existe... – disse fazendo um gesto com as mãos, continuou – Segundo, a Sra. falava tão alto que achei que não teria diferença ficar lá em cima ou aqui embaixo, eu ia escutar do mesmo jeito. – conclui encolhendo os ombros.

O avô deu uma estrondosa gargalhada, no que foi acompanhado por risos mais discretos das duas mulheres.

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A cena não lhe saia da cabeça. Estava sentado em sua mesa, na sala que dividia com a ruiva, há muitas horas, absorvendo o que acabara de acontecer. E aquele menino? Ele se parecia muito com alguém. Agora, com quem? Com quem é que ele se parecia? Quase perguntou a Ginny de quem ele era filho, mas a ruiva lhe lançou um olhar tão cortante e estava tão abismado, que não conseguiu segui-la para perguntar, quando ela se soltou dele e arrastando o menino pela mão, se retirou da sala.

O menino era muito bonito e bem nutrido, disso ele lembrava. Com certeza a Sra. Weasley passava o dia lhe entupindo de comida. Fechou os olhos mais uma vez para tentar lembrar dos detalhes. Não conseguia puxar em sua mente detalhes suficientes para comparar o rosto do menino com outro, mas tinha certeza que ele lembrava alguém que ele conhecia.

Isso estava o intrigando, tinha que ver o menino, e isso tinha que ser hoje. Desde sua chegada não havia ido à Toca. Não sabia se ainda era bem vindo pela família que o acolheu um dia. Só havia se reconciliado com Ron na noite anterior, mas não podia achar que a reconciliação se estendia aos outros membros. Mesmo assim ele ia arriscar, a curiosidade em relação ao menino era demais, pra que uma possível retaliação por parte dos Weasleys, o fizesse desistir da visita.

Saiu de sua sala a procura de uma lareira, mas não encontrou nenhuma. Muitas salas já haviam sido fechadas, teria que aparatar. Depois de uma corrida pelos corredores e duas viagens, uma no elevador e outra na cabine telefônica, se encontrava fora do Ministério. Aparatou em frente à Toca. Percorreu o caminho que levava a porta com passos apressados.

Deu duas batidas na porta, em seguida escutou o som de passos.

-Quem é? – escutou a voz de Arthur Weasley perguntar.

-Sr. Weasley?! Sou eu... Harry. Harry Potter.

Alguns segundos de silêncio.

-Harry?

-Sim.

-Prove. Vou lhe fazer uma pergunta e terá que responder.

-Então pergunte – já imaginava qual fosse, o que o fez sorrir.

-Bem, se é mesmo Harry Potter, saberá qual é a maior ambição da minha vida.

Harry riu antes de responder:

-Descobrir como os aviões se sustentam no ar – disse com convicção.

-Correto – abriu a porta, saiu e tornou a fecha-la rapidamente.

Harry o encarou e disse:

-Olá Sr. Weasley. Desculpe vir a sua casa sem ser convidado, nem sei se um dia voltarei a ser, mas tinha que vir. Preciso falar com Ginny – despejou de uma vez

-Acho que não é o momento, meu rapaz.

-Sr. desculpe ter que insistir, mas preciso, realmente, falar com sua filha.

-Sinto muito, mas não. Acho que ela não quer falar com você.

-Arthur, por que está demorando tanto... – Harry ouviu a voz abafada de Molly Weasley, atrás da porta, que se abriu, para dar passagem a mulher, que continuou com uma voz mais clara - ...quem esta, aí? – ao encarar o moreno, arregalou os olhos e disse - Harry?!

-Boa noite, Sra. Weasley!

-Meu querido! – a mulher lhe deu o costumeiro abraço esmaga ossos. Segurou o seu rosto com as duas mãos e acrescentou – Como está bonito! Mas está magro, não anda se alimentando direito, não é?

Deu um abraço apertado naquela que por anos o tratou como filho e que ele considerou como mãe. Viu que o Sr. Weasley voltou a fechar a porta, depois de dar uma olhada em direção ao lugar onde, ele sabia, ficar a cozinha da casa. A mulher continuava o abraçando.

-Por que foi embora sem nos dizer nada, meu filho? Eu fiquei tão preocupada! – disse em tom de lamento.

-Me desculpe! – foi a única coisa que encontrou para dizer.

-Molly, vamos! Largue o rapaz, ele tem que ir embora.

Harry se soltou do abraço, enquanto a Sra. fazia o mesmo. Ficou triste pelo homem a sua frente não trata-lo como antigamente, mas também não podia exigir consideração de ninguém, depois de ter ido embora sem nenhum Adeus ou agradecimento à família que o adotou como membro, sua atitude tinha sido muito ingrata. Voltou a se dirigir ao ruivo:

-Sr. Weasley, sei que ter ido embora como fui, lhe dá o direito de não me considerar bem vindo na sua casa. Mas eu quero falar com Ginny, eu preciso falar com ela hoje.

-Harry, não me entenda mal. Realmente não achei a maneira como foi embora e como se manteve incomunicável durante esses anos, adequada, mas eu não o julgo, deve ter tido seus motivos, assim como tenho os meus para não deixa-lo falar com minha filha. Me entenda, estou preservando a minha família. Ginny não vai querer falar com você.

Neste momento a porta abriu de supetão e por ela surgiu uma moça ruiva com a varinha em riste, mirando Harry. Ao avista-lo a ruiva deixou a varinha pender em sua mão.

-O que está fazendo aqui? – disse em um sussurro.

-Preciso falar com você, agora... Merlin! O que é isso? – Harry disse enquanto dava um pulo para trás ao sentir que algo bateu com força em sua perna.

-Tome mal feitor, você não machucará ninguém desta casa, eu estou aqui para defende-los – O moreno ouviu uma voz infantil proferir, e em seguida sentiu outro golpe na perna e outro na cintura. Então, a voz da ruiva se fez ouvir e muito bem, já que ela gritou:

-MATHEW JAMES WEASLEY! EU LHE DISSE PARA SE ESCONDER NO SEU QUARTO!

-Mas mamãe, eu sou um grifinório e grifinórios não se escondem, por que são corajosos. Foi meu padrinho quem me disse. Não posso desonrar minha casa, não é mesmo? O que os outros grifinórios pensarão de mim quando eu chegar em Hogwarts? Eu vim para ajudar a Sra. Se tivesse muitos mal feitores, a Sra. poderia não dar conta deles sozinha, ia precisar de um auror assistente, eu até trouxe minha espada, ó! – disse muito rápido e terminou mostrando uma espada de plástico.

-Mas não há nenhum mal feitor aqui, Mathew James. É só um colega do Ministério. Peça desculpas e volte já para dentro.

O menino encolheu os ombros e encarou Harry.

-Sr. me desculpe, eu pensei que você fosse um mal feitor, por isso lhe bati com a minha espada.

Harry riu e se ajoelhou para ficar com os olhos na altura dos do menino.

-Está desculpado, Mathew, é esse o seu nome, não é?

-É sim, senhor. Mathew James Weasley, muito prazer – disse estendendo a mãozinha em direção a Harry – Mas pode me chamar de Matt, é assim que todos me chamam quando não estou aprontando.

Harry riu mais ainda. Agora acompanhado pelo Sr. e pela Sra. Weasley, e até mesmo por Ginny.

-Muito prazer, Matt. O meu nome é Harry, Harry Potter.

O menino abriu a boca.

-O Sr. é mesmo Harry Potter? Aquele que sozinho destruiu Voldemort? – ao ouvirem o menino dizer o nome, Arthur e Molly estremeceram.

-Mathew, não diga esse nome menino! – disse a Sra. exasperada.

-O que tem vovó? Ele já está morto, não é? Minha madrinha e minha mãe dizem o nome dele. Eu não tenho medo – disse com simplicidade e voltou a falar com Harry – E então? O Sr. é mesmo O Harry Potter?

-Sou! Mas tenho que lhe corrigir, não o destruí sozinho, tive ajuda de muitas pessoas, principalmente das da sua família.

-Eu sei! Minha mãe, meu padrinho, minha madrinha, meu avô e todos os meus tios lutaram na Guerra, sei que até minha avó ajudou. Tenho muito orgulho de todos eles – disse o menino estufando o peito.

-E está certo em ter. Todos são pessoas muito leais e corajosas.

-É por que toda a família foi da grifinória, assim como eu e meus primos seremos. Só não sei a Claire, acho que a tia Fleur vai querer que ela estude em Beauxbatons.

Harry estava encantado com o menino. Ele era tão esperto e vivo. De repente, ele perguntou:

-O Sr. gostaria de jantar com a gente? A comida da minha vó é muito gostosa.

-Acho que não Matt, não quero atrapalhar.

-O Sr. não vai atrapalhar, não é mamãe? – disse o menino lançando um olhar suplicante a mãe.

A ruiva que estava observando a cena emocionada, respondeu ao filho:

-Acho que Harry tem muito o que fazer filho, acho que ele não vai poder ficar – ao terminar, lançou um olhar indicando a deixa de Harry, para que ele respondesse que não podia.

-Na verdade não tenho nada para fazer agora – olhou a ruiva que estava visivelmente insatisfeita com sua resposta, e em seguido voltou a olhar Matt - ...posso perfeitamente jantar com vocês, a comida de onde estou hospedado não é lá essas coisas.

-Que legal! Depois do jantar podemos jogar uma partida de xadrez, meu padrinho me ensinou.

-Você já sabe jogar xadrez? – disse Harry realmente impressionado – Quantos anos tem?

-Tenho seis anos e meio – disse orgulhoso – Minha madrinha me disse que eu sou uma criança precoce.

Um padrinho que ensina xadrez, uma madrinha que usa a palavra precoce com uma criança, ele perguntou:

-Quem são sua madrinha e seu padrinho?

-Hermione e Ronald Weasley, Sr.

Harry sorriu ao ouvir a resposta.

-Você tem padrinhos muito legais, sabia?!

-Sei sim, Sr. – disse mais uma vez orgulhoso.

-Vamos, vocês terminam de conversar lá dentro – disse a Sra. Weasley empurrando os dois para dentro de casa. O Sr. Weasley e Ginny também entraram, ele com um sorriso divertido nos lábios e ela com um ar de resignação.

Harry se sentou de frente para Matt e Ginny. Havia escolhido o lugar intencionalmente para observar o menino melhor. Molly serviu uma boa quantidade de comida em seu prato. Enquanto comia analisava o garoto a sua frente.

Os cabelos eram castanhos-acobreados e espetados para todos os lados; os olhos eram verdes, não como os seus, o tom do olho do menino era mais claro; as maçãs do rosto eram ponteadas por algumas sardas, não conhecia ninguém com um rosto igual a esse. Seus pensamentos foram interrompidos por um barulho de louça quebrando, então ele ouviu:

-Desculpe, vovó! – o menino se levantou para catar os cacos do prato que tinha caído, mas a mãe o impediu no meio do caminho.

-Deixe que eu faço, filho. Você pode se cortar! – Ginny, pegou a varinha e limpou o chão.

Enquanto olhava a mãe fazer o trabalho, o menino passava uma mão de forma nervosa pelos cabelos, os arrepiando ainda mais. Quando a mãe terminou olhou para o menino e sorriu, ele a respondeu com um sorriso também. Harry sentiu-se observado, olhou para o lado e viu que o Sr. Weasley era quem o fitava. O homem estava com um sorriso no canto dos lábios e o olhava como se soubesse o que ele estava fazendo.

Passou o jantar inteiro concentrado em observar os movimentos de Matt, não prestava atenção a mais nada. Sabia que havia conversas, mas não as escutava realmente, além disso todos na mesa pareciam ignorar a sua presença, assim como ele, estavam concentrados em Matt. Ginny, que parecia um pouco apreensiva, e Molly escutavam com total atenção o relato que o menino fazia da viagem, enquanto Arthur se ocupava em fazer pequenos comentários ao falatório do menino, e ele só observava. A maneira como falava, com uma desenvoltura espantosa para uma criança de seis anos, o modo como ria, como gesticulava, a alegria que ele irradiava, tudo no menino encantava Harry.

Quando o jantar terminou, foram para a sala de estar. Harry e Matt jogaram uma partida de xadrez. O menino sabia todos os movimentos, parava pra pensar e quando o fazia coçava a nuca com um dedo. Ganhou o jogo com o consentimento de Harry. Depois de acabada a partida Ginny disse que ele tinha que dormir. Quando a moça já ia saindo da sala, Harry se aproximou dela e disse em seu ouvido:

-Vou ficar te esperando, quero conversar com você.

A moça acenou com a cabeça e subiu para colocar o filho na cama, este antes de ir se virou para Harry, lhe desejou boa noite e pediu que voltasse mais vezes. Só depois que o menino tinha desaparecido de suas vistas, o moreno percebeu que o Sr. e Sra Weasley, já não estavam mais na sala.

Sentou em uma poltrona e repassou tudo o que tinha registrado sobre o menino. Chegou a uma conclusão: Matt era seu filho. Fisicamente havia uma mistura dele e de Ginny, mas no modo de agir era muito mais parecido com Harry. O sorriso, o passar de mãos no cabelo quando nervoso, o jeito de coçar a nuca enquanto pensava, o jeito de andar, tudo isso a criança tinha herdado do pai, ou seja, dele.

Após algum tempo Ginny desceu. Se sentou na poltrona em frente a Harry e de maneira objetiva disse:

-O que quer?

-Ele é meu, não é? Matt é meu filho.

-Não! – respondeu a ruiva de maneira firme.

-O quê? Como assim não? – perguntou confuso. Tinha certeza só queria que Ginny confirmasse.

-Muito simples. Matt não é seu filho.

-É claro que é! – afirmou com convicção.

-O que te faz pensar assim?

-Ora, ele se parece comigo. Tirando a cor dos olhos e do cabelo, e as sardas, ele parece muito comigo, o jeito de agir então, é como se eu estivesse me vendo!

-E isso faz de você o pai dele?

-É claro que sim!

-Não, não faz – disse tranquila – Só mostra que você me ajudou a concebê-lo.

-Pois então! Isso faz de mim o pai dele.

-Não. Isso faz de você o genitor dele.

-Ginny, que conversa é essa? Não vou ficar fazendo jogo de palavras com você. Sou o pai dele, agora se você quer me chamar de genitor, esteja a vontade. Bom, isso não interessa, o que quero saber é como vamos fazer pra contar pra ele que eu sou o pai dele.

-Não vamos contar nada.

-É claro que vamos! – disse em tom indignado – Eu quero conviver com meu filho!

-Seu filho? Seu filho? Desde quando Harry? Você não sabia da existência de Mathew até ontem.

-Por que você não me disse! – disse em tom de acusação.

-Não coloque a culpe em mim. Quem foi embora foi você. – disse a ruiva já alteando a voz e se levantando – Ele é meu filho, MEU filho! Você não é o pai dele. Não esteve aqui quando ele nasceu, nem quando falou a primeira palavra, nem quando ele deu o primeiro passo e nem quando caiu pela primeira vez. Você nunca esteve aqui, e agora quer impor sua presença na vida do meu filho.

-Nosso, NOSSO filho! – gritou Harry e se levantou também – Você quer me castigar por que te deixei? Quer me castigar por que errei com você? A minha penitência vai ser não poder conviver com meu filho?

-Como você é dramático! E egocêntrico também! Nem tudo tem a ver com você Harry Potter. Estou pensando no bem de Matt.

-Quer dizer que a minha presença vai fazer mal a ele?

-O problema não é a presença Harry, o problema é quanto ela vai durar. Como vou saber que você não vai embora de novo? Pense, ele já está acostumado a não ter você, agora caso você se aproxime dele e depois decida ir embora ele vai sofrer.

-Eu não vou fazer isso. Nunca vou abandonar, Matt! – disse ofendido.

-Pra quem fez uma vez, a segunda não é difícil.

-Não é assim! – disse impaciente.

-É assim sim! Não vou permitir isso. Não vou permitir que meu filho se sinta rejeitado.

-Você não vai permitir? – gritou, se aproximou da ruiva e a segurou pelos braços – Olhe aqui, Ginevra, eu tenho os meus direitos. Ele é meu filho também.

-Me larga! Você não tem direito nenhum! Quem decide sobre a vida do meu filho sou eu! E eu decido que você não vai se aproximar dele! Aceite isso!

-Eu não vou aceitar isso nunca, NUNCA – berrou, enquanto largou Ginny no sofá e se inclinou sobre ela – Eu sou o PAI de Matt, EU SOU O PAI DELE E VOCÊ NÃO VAI TIRAR ISSO DE MIM!

-SOLTA A MINHA MÃE! – Matt estava em pé no primeiro degrau da escada.

-Matt?! – disseram os dois ao mesmo tempo. Harry saiu de cima de Ginny e ela se levantou. O Menino correu para a mãe e a abraçou pela cintura.

-Matt! Você escutou? Eu sou seu pai! – disse enquanto se abaixava e passava a mão pelo cabelo despenteado do filho. O menino se afastou do toque bruscamente.

-VOCÊ NÃO É MEU PAI! – berrou o menino – Eu não tenho pai, só a minha mãe!

-Não é verdade, filho! Eu sou seu pai! Agora, se você quiser, poderemos nos ver todos os dias, poderemos jogar xadrez ou qualquer outra coisa que queira fazer. Que tal, ahn?

-Eu não quero! Não quero mais ver você! Não quero que você seja meu pai!

-Matt, por favor...

-Manda ele embora mamãe. Eu estou com medo!

-Não precisa ter medo Matt, eu não vou te machucar, filho! – tentou mais uma vez acariciar o menino, mas ele recusou o gesto – Tudo bem! Eu vou embora!

Levantou-se e encarou a ruiva. Os olhos estavam imersos em lágrimas, passou a mão pelos cabelos os deixando arrepiados, o que lhe conferiu uma expressão de desespero

– Eu não queria assustá-lo, desculpe. Desculpe também se te machuquei.

Ginny não disse nada, se ocupava em acariciar a cabeça do filho que chorava baixinho. Ele se dirigiu a porta e a abriu, antes de sair percebeu o Sr. e Sra. Weasley no mesmo lugar que Matt estava a minutos. Arthur lhe lançava um olhar solidário e Molly parecia penalizada.

-Desculpem a confusão que causei na sua casa. Não vai se repetir. Boa Noite.

Saiu da casa e se pôs a caminhar. Decidiu não aparatar pelo menos por enquanto, com a cabeça fervendo do jeito que estava, era bem capaz de um braço seu parar na China. Lembrar das palavras ditas por Matt o fez chorar mais. O filho não queria mais vê-lo, não o queria como pai e ainda disse estar com medo dele. Era engraçado pensar assim, mas fora melhor tratado pelo menino quando ele não sabia que era seu pai.Podia parecer exagero. Mas ele já sentia um amor imenso pelo filho. O pouco tempo que esteve com ele foi suficiente para o menino encantá-lo, e isso fazia a dor que estava sentindo ser maior.

Após um tempo se sentiu tranqüilo o suficiente para aparatar. Queria tomar um banho e dormir, por fim ao dia atribulado que estava tendo. Aparatou em um beco próximo ao Caldeirão Furado, pois ainda se mantinha hospedado lá. Hermione vinha o ajudando a escolher um lugar definitivo, mas até agora não tinham encontrado nada que o agradasse, ou melhor, que a agradasse, afinal era ela quem sempre botava defeito nos imóveis que tinham visitado.

Ao entrar no bar, Tom o cumprimentou e lhe entregou duas mensagens, informando que a primeira tinha chegado no final da tarde e a outra há cinco minutos. Harry abriu a primeira e encontrou a letra caprichada de Hermione:

Harry,

Achei a casa perfeita pra você, e o que é melhor, seremos vizinhos, pois a casa fica aqui mesmo na minha rua, umas duas casas abaixo da minha. Tomei a liberdade de deixar o negócio como certo com o dono da casa. Espero não ter sido abusada demais?Bem, de qualquer forma passe por lá amanhã e caso lhe agrade feche negócio.

Espero notícias,

Hermione Weasley.

Ia ser essa mesmo. Agradava-lhe o fato de morar próximo aos amigos. Passaria lá amanhã pra concluir o negócio. Abriu a segunda mensagem, estava escrita com uma letra quase ilegível de tão tremida:

Harry,

Venha para minha casa assim que puder. Algo grave aconteceu, não estou conseguindo lidar com tudo sozinho.

Te aguardo,

Ron Weasley.

Era só o que faltava. Será que esse dia não teria fim?

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N/A: Olá amados leitores. Sem azarações por favor, eu juro que tenho uma boa explicação para a demora. Então, o semestre está chegando ao fim e com isso a carga de trabalho e provas na faculdade aumenta MUITO por isso não postei antes. Mas hoje eu arrumei um tempinho e cá estamos nós, eu e o capítulo, hehehehe.
Hoje eu não vou fazer os comentários individuais por que eu estou meio enrolada com um trabalho, mas agradeço a todos por estarem acompanhando a fic e por comentarem, BJOS e até o próximo.

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