Capítulo 16



CAPÍTULO 16:



Desespero e raiva. Assim se definia seu atual estado. Passados dois meses daquele dia, ou melhor, daquela noite em que ele teve por breves horas a esperança de que tudo tinha se resolvido, de que eles finalmente ficariam juntos e com Matt formariam uma família, tinha se esvaído. Agora estava sentado em sua mesa no Ministério da Magia, olhando para a outra mesa a sua frente.

Vazia.

Ginny tinha pedido uma licença ao chefe da seção, o que não foi difícil conseguir, já que não haviam casos graves e ao que parecia a ruiva há muito não tirava férias.

Ela estava fugindo, fazia de tudo para não se encontrarem, quando Harry ia à Toca, ou não a encontrava, ou quando isso acontecia, ela tratava de dar uma desculpa, não a ele é claro, mas a Matt e ao Sr. e a Sra. Weasley. Subia as escadas como um raio para se trancar no quarto e não saia de lá enquanto o moreno estivesse na casa.

Harry sabia que o significado disso era que a noite que passaram juntos tinha abalado a ruiva tanto quanto a ele, só que enquanto para ele o acontecido só tinha aumentado a necessidade de tê-la, para a ruiva funcionou como mais um motivo para se afastar. E era daí que vinha a raiva do moreno. Tinha certeza de que ela ainda o amava, mas como era teimosa demais, não daria o braço a torcer e não admitiria nem para ela mesma que ainda sentia algo por ele. E é daí que vinha seu desespero, quando Ginny se determinava a fazer alguma coisa...


Flashback:


Encheu ao máximo os pulmões de ar, depois expirou muito devagar, então era esse o cheiro da liberdade. Claro que ainda tinha que enfrentar o cara de cobra, mas na atual circunstância, qualquer momento de felicidade tinha que ser engrandecido. E definitivamente saber que nunca mais teria que voltar para a casa dos tios era um momento feliz.

Ele, encoberto pela capa de invisibilidade, Lupin e Tonks, já tinham tomado uma distância considerável de Surrey, quilômetros suficientes para o ar já estar “puro”, sem nenhum resquício daquele cheiro dos Dursley. Saber que estava livre de olhar para o idiota do seu primo, que não ia mais ser obrigado a ouvir seus pais sendo insultados pelo tio e que sua tia ia ter que arrumar outro elfo doméstico, permitiu que Harry se sentisse eufórico.

Ron e Hermione tinham estado com ele até dois dias atrás. A amiga tinha ido para a casa dos pais para se despedir e além disso buscar alguns livros, que segundo ela seriam imprescindíveis para a missão deles, o garoto tinha voltado à Toca para ajudar nos preparativos do casamento do irmão mais velho. Só tinham ido por insistência de Harry, que sabia que os amigos tinham medo que ele fosse embora sem os dois, mas depois de uma promessa e um feitiço, que segundo Hermione o encontraria em qualquer lugar, os dois aceitaram de bom grado um tempo a mais com os familiares.

Uma corrente de ar trouxe um aroma bem conhecido e que há muito tempo se tornara sinônimo de “chegando em casa” para Harry. De onde estava conseguia ver um vulto grande e torto, A Toca. Lupin sinalizou para que descessem, Harry apontou a vassoura para baixo, assim como Tonks. Enquanto os três se dirigiam para a casa, a ansiedade só aumentava. Queria sentir o abraço quebra ossos da Sra. Weasley, rir das brincadeiras dos gêmeos, os resmungos do Ron e o sorriso de...

Harry estacou, até agora só vinha pensando nas coisas boas que sua estada na Toca traria, mas não pensou NELA. Voltou a andar, mas seus passos eram lentos, queria adiar ao máximo o reencontro para ter tempo de pensar em com ia tratá-la dali para frente, com todos as discussões, horas de estudo e planos com o que ele e os amigos se preocuparam desde que tinham retornado da escola, não tinha tido tempo para pensar nisso.

Não que não pensasse em Ginny, isso era impossível, seus pensamentos sempre se desviavam para os momentos agradáveis que viveram juntos e os que poderiam ter vivido caso houvesse mais tempo para seu monstro particular ficar mais a vontade e executar tudo que planejava. Por vezes, quando tinha um sonho um pouquinho mais ousado, evitava encarar Ron durante todo o dia.

Acontece que ocupado demais que estava em lembrar de beijos e abraços, não se atentara para o fato de que reveria a garota em breve e teria que tomar uma postura adequada para a situação, tinha que voltar a tratá-la como antes do sexto ano, quando ainda não tinha reparado no sorriso lindo dela, naquela expressão adorável que ela fazia quando estava concentrada em algo, no olhar determinado quando estava querendo alguma coisa, na boca bem desenhado, no corp... CHEGA! Balançou a cabeça. Já tinham chegado a porta e ele não tinha pensado em nada.

NÃO!

Tarde demais.

Lupin já tinha batido na porta, se ele não fosse tão apressado talvez Harry pudesse pensar em alguma coisa e...

A porta foi aberta, avistou uma massa de cabelos vermelhos, logo, logo, ia sentir o corpo comprimido pelos braços de Molly Weasley...

-Boa Noite, professor – definitivamente aquela voz não era da matriarca dos Weasley.

Muito menos aquele perfume floral.

-Boa Noite, Como vai Ginny?

-Muito bem – como assim “muito bem” ? Harry a achou animada demais para quem tinha terminado um namoro há pouco tempo.

-E aí, Ginny, beleza? – a ruiva deu um abraço apertado em Tonks e respondeu afirmativamente.

-Ah! – murmurou como se tivesse se surpreendido com a presença do moreno - Como vai, Harry?

-Muito bem! – tentou responder com a mesma animação que ela, mas tudo que conseguiu foi que sua voz saísse como um sibilado raivoso.

-Que bom! – Ginny disse enquanto já se encaminhava para o interior da Toca ao lado de Tonks.



Já era o seu quinto dia n´ A Toca, o plano inicial era que partissem um dia depois do casamento, mas acharam melhor, na verdade, Hermione achou melhor que ficassem até o dia primeiro de setembro, data em que eles supostamente voltariam as aulas, (Hogwarts funcionaria naquele ano) a morena alegou que isso daria mais tempo para eles estudarem e treinarem, além do que o sumisso deles, que muito provavelmente seria alardeado por Molly Weasley, poderia deixar Voldemort, que andava estranhamente quieto, desconfiado.

Mas agora ele se arrependia de ter cedido aos argumentos da amiga, o fato é que Ginny insistia em tratá-lo com muita simpatia e educação, não dava mostras de estar sofrendo pelo fim do relacionamento deles e isso deixava Harry extremamente perturbado. E para piorar a situação, Ron finalmente tinha tomado uma atitude e agora ele e Hermione eram todo risinhos e beijinhos. É claro que estava feliz pelos amigos, mas como ELE não tinha ninguém, geralmente segurava vela para os dois, situação que era extremamente desconfortável e o fazia sentir uma ponta de inveja.

No presente momento, estavam almoçando depois de uma manhã inteira desgnomizando o jardim, Ron exibia alguns machucados na mão para uma apiedada Hermione, que prometia cuidar daquilo mais tarde... Merlin! Eles podiam ser considerados perigosos para qualquer diabético, a amiga não era uma Lilá Brown, mas aquela vozinha manhosa que tanto ela e Ron usavam para falar um com o outro era de dar engulhos.

Um riso baixinho atrapalhou sua concentração, virou a cabeça e pode ver Ginny o encarando com um sorriso maroto enquanto balançava a cabeça em negação, a ruiva parecia saber exatamente o que ele estava pensando. Envergonhado por sua atitude, pediu licença a todos e se retirou para o jardim. Ouviu alguém o seguindo, mas manteve o ritmo do passo até que alcançou a árvore sob a qual ele e os amigos costumavam se sentar.

-Tsc, tsc, tsc... – voltou-se para encarar o recém-chegado – Harry, Harry, Harry, é melhor você tratar de disfarçar melhor o seu ciúme, só não sei de quem, se é do Roniquinho ou da Mione.

-Não estou com ciúme de ninguém! – rebateu ríspido.

-Bem... – aquele sorrisinho irritante e o tom de chacota que Ginny usava estavam o atingindo – Se não é ciúme... seria... Inveja, então?

Ginny se aproximou dele, a expressão de divertimento se apagou e agora ela exibia aquela expressão dura e intensa que culminou com o beijo na frente de toda a Grifinória no ano anterior. Harry queria fugir, mas os lábios entreabertos da ruiva, como prontos para um beijo estavam o hipnotizando, além daquele tão conhecido e apreciado perfume floral.

-Nã.. hum.. N-n-não é nada... disso – a ruiva tinha se aproximado a ponto de fazê-lo se encostar no tronco da árvore.

-Você parece não ter muito convicção do que está falando!

Merlin!

Ginny apoiou todo o corpo em Harry, que se concentrava nos movimentos que os lábios dela faziam enquanto ela falava. A garota então, pegou os braços do moreno e os pos em sua cintura.

-Hein, Harry!

-O quê? – sem querer, o moreno apertou os braços e isso permitiu que os lábios deles ficassem a milímetros de distância.

-Você está sentindo inveja deles? – a voz dela saiu entrecortada

-De quem?

Quando Ginny fez a última pergunta, seus lábios roçaram nos de Harry, que agora tentava conter a vontade de tornar o beijo mais profundo. Uma luta estava sendo travada entre o seu monstro particular, que gritava para ele andar logo, e a sua consciência, que com uma voz muito fraca, o lembrava de que ele tinha que se afastar dela.

-Do Ron e da Mione, Harry – disse a ruiva num sussurro e mais uma vez seus lábios entraram em contato com os do garoto.

-Inveja de quê? – sua consciência deu um último suspiro, enquanto o monstro comemorava a vitória – Se eu estou aqui com você.

Harry terminou com aquela agonia e com um movimento rápido fez uma inversão de posições, encostou Ginny na árvore e pôs-se a beijá-la ternamente. Sentiu a ruiva sorrir entre os beijos, o que ele encarou com uma evidente provocação, e assim o beijo se tornou mais ardente, mais apaixonado. Quando ambos não conseguiam mais ficar sem respirar, se afastaram e o moreno encostou a testa na dela, os olhos verdes e os castanhos se encontraram, a garota tinha os lábios inchados e o rosto vermelho, Harry não devia estar num estado muito melhor.

-Nós não devíamos ter feito isso!
Ginny deu um daqueles sorrisos encantadores, antes de responder.

- É verdade – Harry a olhou decepcionado, mas sorriu quando ela completou – Não aqui, se algum dos meus irmãos nos visse, eu não ia querer estar na sua pele.

-Você sabe muito bem que eu não estou preocupado com isso – a ruiva fez uma careta de incredulidade e ele se corrigiu – Ok! Agora que você falou, eu percebi que corria risco de vida – ela riu e ele passou a acariciar o rosto dela com um polegar – Mas você sabe que nós não podemos ficar juntos... não agora, Voldemort...

-Pode me usar para atingir você – a ruiva concluiu a frase dele – Harry, qual é? Isso não faz a mínima diferença.

-É claro que faz, ele já me tirou muita coisa, eu não quero te perder também.

Ginny segurou o rosto dele entre as mãos.

-Harry, olha bem pra mim. Você acha que o fato de namorar ou não você vai me impedir de participar do que quer que venha a acontecer?

-Mas...

-Eu ser da Grifinória e ser uma Weasley, já devia servir como uma boa referência. Além do mais, sou eu, Ginevra... – ela fez uma careta ao pronunciar o próprio nome - ...Weasley, eu te amo muito, mas você acha que realmente tem algum poder sobre as minhas escolhas? Tá, talvez um pouquinho, mas não nesse caso.

Sem dar tempo para Harry retrucar, Ginny voltou a beijá-lo, após algum tempo ela voltou a falar.

-Ah! E nem pense em viajar sem mim.

Harry levou um susto, eles tomavam o maior cuidado para não serem ouvidos enquanto formulavam seus planos.

-Não era para você saber disso!

-É, mas eu sei!

-Com.. – uma idéia surgiu em sua mente – Hermione – a amiga passou todos os dias tentando convencê-lo que o término do namoro não tinha sido uma boa decisão.

-Harry você até me ofende, meu amor, eu estou no meu território, sou irmã dos gêmeos e tenho uma capa da invisibilidade a minha disposição – ao ver que o moreno tinha uma expressão intrigada após o último comentário a garota explicou – é, a sua capa, Harry, eu sei onde você guarda. Merlin! Você é meio lento às vezes.

-Você estava nos espionando! – não havia raiva na sua voz, mas sim espanto.

-É claro que sim! Eu tinha que saber em que encrenca o Sr. e os outros estavam se enfiando, senão não tinha como ajudá-los.

-Não era pra você saber! – Harry cruzou os braços e sua boca formou um leve bico.

-Ai que menino emburrado – a ruiva disse enquanto beliscava a bochecha do moreno – Meu amor, apesar de eu achar você assim uma gracinha, eu acho que nós estamos perdendo tempo aqui.

-Perdendo tempo?

-Lento, muito lento – a ruiva murmurou – Você não tem nenhuma idéia de como nós poderíamos estar aproveitando melhor o nosso tempo? – Ginny não deu tempo para resposta – Papai só chega mais tarde, o galpão estará vazio até lá, então... – como ele fez cara de quem não estava entendendo ela tomou uma atitude – Merlin! Vem Harry – e saiu puxando o namorado em direção a construção de madeira.

-Não era pra você saber! – disse enquanto era arrastado sem a mínima relutância por parte dele

-Meu amor, você está se tornando repetitivo, é a terceira vez que diz isso. Chega! Vamos aproveitar melhor nossa tarde e depois a gente se reúne com o Ron e a Mione, para vocês me colocarem a par de tudo.

-Mas não era pra você saber... – disse logo depois de entrar no galpão e antes de fechar a porta e encostar Ginny nessa para que pudessem aproveitar melhor a tarde.


Fim do Flashback




Harry não pode conter um sorriso ao se lembrar daquelas férias na Toca, nos intervalos das tarefas domésticas e da elaboração dos planos para a caça das Horcruxes, eles se refrescavam no lago, se sentavam sob as árvores, invadiam quartos de madrugada e conversavam sobre coisas amenas, Voldemort tinha se mantido quieto durante todo o período de férias, só voltando a se manifestar no dia primeiro de setembro quando Comensais da morte atacaram pais e estudantes na estação de King´s Cross, o que fez o Ministério desistir da idéia de reabrir Hogwarts.

Durante o tempo que permaneceram no lar dos Weasleys, Harry tentou convencer Ginny a não participar da busca às Horcruxes, acreditou que tinha conseguido convencer a namorada, até desconfiou que tinha sido fácil demais, mas como a garota tinha parado de falar naquilo, apesar de fazer questão de participar de todos os treinos, ele se tranqüilizou, só que no dia em que iam partir, quando foi se despedir de Ginny se surpreendeu ao encontrar a ruiva com a mochila pronta. Quando ele a acusou de ter prometido que não ia, ela o corrigiu “Eu não prometi nada, foi você quem interpretou mal. O que acontece é que você disse que ACHAVA melhor eu não ir, eu respondi que tudo bem, ou seja, respeitei sua opinião, o que é muito diferente de acatá-la”.

Irônico. A determinação de Ginny, pela qual ele tinha tanta admiração e aos seus olhos a tornava mais apaixonante, agora era o maior obstáculo para uma reconciliação entre eles. Ouviu a porta da sala sendo aberta, era Rony.

-Ih! Que cara é essa? – o amigo perguntou logo que se sentou em uma cadeira posicionada em frente a mesa de Harry.

-A de sempre! – respondeu de forma ríspida.

-Esse azedume todo é o de sempre também?

-Não enche, Ron!

-Eu não sei, mas algo me diz que a minha irmã tem alguma coisa haver com esse seu péssimo humor. Ela tirou umas férias não foi? – Harry respondeu com um muxoxo mal humorado – Entendo, então quer dizer que a falta dela é que está te deixando assim... Ou será que é porque ela continua saindo com o Thomas?

Isso conseguiu perturbar Harry.

-Ela continua saindo com o Thomas? – perguntou indignado e o ruivo anuiu – Depois de tudo que aconteceu entre a gente ela continua se encontrando com aquele imbecil – resmungou num tom mais baixo.

-Ei! Que história é essa de depois de tudo que aconteceu? – Rony se levantou de onde estava, se aproximou de Harry e com um dedo em riste se dirigiu a ele – O que você andou aprontando com a minha irmã, quatro-olhos?

-Não é da sua conta! – Harry se levantou numa atitude de desafio.

-É claro que é! É da minha irmã que estamos falando.

-Você não vai querer saber, digamos que é muito para o seu ouvidinho sensível.

-Fale logo! Você não a magoou de novo, não é, Potter?

-Não seja idiota, analise bem o quadro, ela tirou férias, que devem estar sendo bem aproveitadas com o Thomas, enquanto eu estou aqui de mau humor, e agora depois do seu comunicado, me mordendo de ciúmes dela.

Rony abaixou o dedo, pigarreou e depois ajeitou suas vestes.

-Desculpe, defender a Ginny é praticamente um arco-reflexo.

-Eu sei disso! Eu também devo desculpas, me excedi!

Os dois permaneceram calados por alguns minutos, até que Ron voltou a inquirir o amigo.

-Então, não quer me dizer o que aconteceu, quem sabe eu possa ajudar.

-Não sei se você vai querer ouvir...

-Tente, no máximo você sai com um olho roxo, mas prometo que não tirarei sua vida.

-Hahahaha, muito engraçado Rony... – com um olhar de soslaio para avaliar a reação do amigo Harry perguntou - Você tem certeza? – vendo que o outro o incentivava a continuar, falou – Digamos que segui seu conselho e optei por uma tática mais agressiva...

-O que? Fez ela sentir ciúmes?

-Não, não, usando as suas palavras, a peguei com jeito.

As orelhas de Ron começaram a ser tornar rubras, assim com a pele do seu rosto, somando a isso o fato de que o homem bufava, Harry pensou que sair com os DOIS olhos roxos dali era o mínimo que ia acontecer, já estava esperando pelo pior, só que por incrível que pareça ainda não tinha sentido nenhum impacto contra o seu rosto. Percebeu que Rony apertava os punhos e respirava fundo.

-Pronto! – o amigo de repente se manifestou – Até que isso ajuda – vendo que Harry o olhava com um ar de incompreensão, esclareceu – Um exercício para eu me acalmar, foi a Mione quem me ensinou. Mas voltando... Quer dizer que vocês dormiram juntos?

-Bem, o que nós fizemos não foi bem dormir...

-Não abusa, Potter, se você me provocar nem o exercício vai conseguir me acalmar.

-Nós passamos a noite juntos sim.

-E?

-E aí que quando acordamos, depois de sua irmã encenar um amnésia alcoólica, disse que o que tinha acontecido não tinha significado nada, saiu da minha casa e no outro dia pediu licença do Ministério, ou seja, está fugindo de mim.

-Estranho, ela não é de fugir.

-Acontece que Ginevra, enfiou na cabeça que não quer me dar uma chance...

-E aí com certeza ela ficou perturbada com a noite de vocês, muito provavelmente percebeu que ainda sente alguma coisa por você, provavelmente ela ainda te ame, mas como é teimosa demais não quer admitir... – Ron fazia o discurso sem encarar Harry, quando voltou-se para ele e o encontrou com uma expressão assustada – Ora Harry, não me olhe assim, como eu disse uma vez, conheço muito bem a minha amada irmã e também tenho que admitir que os anos de convivência com Hermione, que parece ter como hobby a análise do perfil psicológico das pessoas, tornam o fato de eu poder descrever essa situação muito bem, mais do que previsível.

-Tudo bem, Dr. Phill!

-Dr. o quê?

-Esquece, Ron. Mas é isso mesmo que você disse, sua irmã é orgulhosa demais para admitir, o que significa que estou perdido.

-Meu Merlin! – Rony soltou num tom impaciente – Será que você não aprende nada?

-Aprender o que?

-A lidar com mulheres geniosas...

-E lá vamos nós para outra sessão de aconselhamento... – Harry disse em tom irônico – Diga, oh, grande guru do amor, o que eu não aprendo?

-Apesar de você não merecer, já que fica fazendo pouco do que falo, eu vou te dizer... Paciência! Tudo que você precisa é ter paciência, além de continuar com a tática agressiva é claro...

-Rony, me responda com sinceridade, você quer realmente me ver de novo com a sua irmã?

-Claro que sim – o tom do ruivo era de quem tinha sido ofendido – Senão não estaria aqui lhe ensinando como conseguir conquistá-la.

-Conseguir conquistá-la?! Se eu seguir mais uma vez algum dos seus conselhos vou acabar sendo azarado pela sua irmã.

Harry se assustou quando o amigo se levantou da cadeira com um sorriso de orelha a orelha e deu um soco no ar.

-É isso!

-É isso o que?

-Pense comigo, você continua usando a minha tática, uma hora a Ginny vai se irritar tanto que vai acabar lhe lançado uma azaração, o que nos dois sabemos que não é pouca coisa, você provavelmente vai se machucar... Muito – Harry se retraiu só de imaginar – Daí, minha irmã vai ver você ali jogado no chão, indefeso, ferido... – o ruivo fazia expressões e gestos dramáticos enquanto dizia isso – tão vulnerável... E aí, aquele espírito protetor que todas as mulheres têm vai se manifestar e aí meu amigo, é só aproveitar todos os mimos que com certeza ela vai lhe proporcionar.

Balançando a cabeça, Harry encarava o amigo.

-Você... Você enlouqueceu?! Você acha que a sua irmã vai cair nessa?! Isso é a coisa mais infantil que eu ouvi na minha vida.

-Pode ser infantil, mas funciona.

-Uma mulher tem que ser muito tapada pra se convencer com uma coisa dessas.

-EI! – o moreno se assustou com a evidente raiva que tomou conta de Ron – Não ofenda Hermione!


xxx


Olhava para a cunhada com raiva. Como ela tinha coragem de rir numa situação dessas.

-Hermione, pelo amor de Melin, se controle!

-É que... é que... você e o Harry hein?! – outra explosão de risos – Ai... ai... ai... eu vou parar, eu jur.... – mais uma onda de gargalhadas.

-Mione, eu preciso de uma pessoa sã para me ajudar e não uma mulher descontrolada.

A morena após muito esforço conseguiu se controlar, com a voz ainda afetada pela crise de risos se dirigiu a Ginny.

-Me desculpe, hum... Mas em que exatamente eu poderia te ajudar?

-Hermione, olhe bem para a situação, você acha que se eu realmente soubesse como resolver isso, eu viria procurar justamente você?

-Ei! – retrucou a cunhada ofendida – O que você está querendo dizer com isso?

-Não é que eu não te ache capaz, minha amiga, a questão é que quando se trata desse assunto você geralmente é tendenciosa. Nesse caso, a você só interessa o que uma das partes quer.

-Não é assim, você sabe que eu penso no bem dos dois.

-Ah! É claro que sim... – devolveu a ruiva de maneira irônica

-Ginevra Weasley, eu não admito que... – Ginny não deixou que a outra terminasse.

-Tudo bem, me desculpe se lhe ofendi, mas vamos ao que interessa antes que entremos naquelas discussões sem fim.

-Humf... Tudo bem! E então? – encarou a cunhada – O que pretende fazer?

-Hermione, amada cunhada e amiga, você ainda não entendeu o espírito da coisa. Eu aparecer aqui no seu trabalho, aparentando total desespero, não te sinaliza a resposta para essa pergunta – antes que a outra se manifestasse completou – Eu não sei o que fazer!

-Mas você vai ter que resolver logo!

-Mione – disse num tom de impaciência – Me pressionando, você definitivamente, não está me ajudando.

-Ok, desculpe...

Ginny se calou, além de querer evitar uma discussão com a amiga, queria uns minutos de silêncio para poder pensar melhor na sua atual situação.

-Bem... – após algum tempo Hermione se manifestou – Vamos por partes... Primeiro: esse seu relacionamento com o Dino, você acha que realmente é o momento para isso?

-Não sei... Eu gosto da companhia dele – respondeu dando de ombros.

-Ora, Ginevra você sabe que manter esse relacionamento só vai piorar a situação.

De repente uma idéia passou pela cabeça da ruiva, talvez aquela fosse uma boa solução, afinal, Dino era um cara legal...

-Nem pense nisso! – Hermione emitiu sua opinião antes mesmo que a ruiva expusesse sua idéia – Você quer viver uma mentira?! Você está se enganando se acha que isso vai resolver seu assunto, eu me recuso a compactuar com esse tipo de coisa.

-Mas, Mione.... – antes que terminasse a cunhada voltou a discursar.

-Você sabe que isso é ridículo, sabe muito bem que com o tempo as pessoas iriam perceber, afinal de contas...

-Tá, tá, já entendi... – deu um suspiro resignado – Idéia 1 descartada.

Mais silêncio. Percebeu que Hermione agora a olhava desconfiada.

-Ginny, me diga sinceramente, tem alguma chance do Dino...

-É claro que não, Mione! – disse indignada – Que tipo de pessoa acha que eu sou?!

-Uma pessoa impulsiva...

-Mas com moral se é que você já se esqueceu...

-É claro que não, me desculpe...

-Tudo bem... – outra idéia lhe veio a cabeça, se ele pôde fazer isso, por que ela também não podia? – Já se....

-Não, não, não... – antecipou-se Hermione – Você viu que ir embora daqui só trouxe coisas ruins para o Harry, não vá cometer a mesma burrada que ele, fugir e não enfrentar a realidade é a pior das soluções.

-Idéia 2 descartada...

-Bem, pelo menos a idéia 2 nos levou ao ponto que eu quer... Digo.. hum.. a única formar de resolver esse assunto.

-Que é? – Ginny fez um movimento com a mão, incentivando a amiga a continuar

-Encarar a situação de frente, não fugir, Merlin, sabe os estragos que isso pode causar...

-Querida, eu realmente não sei se essa é a melhor solução, encarar a realidade significa, enfrentar meus pais, meus irmãos e Matt... Meu Merlin, ele vai ficar tão confuso...

-Mas sair do país, com certeza não vai ser melhor para ninguém, por que uma hora ou outra todos vão saber, e então é melhor enfrentar tudo de uma vez.

Ginny apoiou os cotovelos na mesa e enfiou a cabeça entre as mãos.

-Meu Merlin! O que foi que eu fiz? – lágrimas de desespero começaram a fazer trilhas pelo seu rosto.

Viu Hermione se levantar e se sentar numa cadeira ao lado da dela, a cunhada pôs a mão em seu ombro, como forma de consolo, mas isso não era o suficiente, por isso saiu da posição em que estava e abraçou a amiga.

-Eu não quero mais o Harry na minha vida, Mione, eu não quero... – sentia a mão da amiga acariciar seus cabelos, como se aquilo pudesse acalmá-la – Parece que quanto mais eu luto para afastá-lo de mim, mais o mundo conspira para que aconteça justamente o contrário, tudo está contra mim.

-Minha amiga, talvez seja justamente o inverso, talvez isto tenha acontecido para lhe mostrar que vocês dois merecem mais uma chance, é como se fosse um novo começo.

-Eu não quero, não quero mais sentir o que eu sentia pelo Harry... Eu não posso amar uma pessoa que me fez o que ele fez... Não posso!

Ginny chorou por muito tempo, enquanto Hermione se mantinha abraçada a ela.

-Tome... – a cunhada ofereceu uma xícara de chá para ela - Se acalme, não é bom você se alterar desse jeito... Não quer fazer mal para o bebê quer?!

A ruiva se soltou da amiga e negou com veemência a pergunta feita por ela.

-Não... – colocou instintivamente as duas mãos sobre o ventre e deu um discreto sorriso.


xxx


N/A: *autora desvia de raios de luz vermelha e alguns de luz verde*

Hello people!!!!

Olá queridos leitores, só tenho uma coisa a pedir a vocês: MIL DESCULPAS!
Eu tentei postar o capítulo antes, na verdade eu estava tentando escrever uma NC mas não seu certo. Confesso que dessa vez não foi por falta de tempo que eu demorei a postar. Acontece que é o último ano da faculdade e apesar de a monografia ser para semestre que vem, a falta de um tema para ela andou, ou melhor, anda me angustiando, o que consumiu qualquer resquício de inspiração.

Infelizmente, o próximo capítulo vai demorar também, e dessa vez vai ser por falta de tempo, já que eu vou entrar num período de provas.

Não vou deixar comentários individuais, mas quero que saibam que li todos os comentários e cada um deles me deixou imensamente feliz. OBRIGADA A TODOS!!!

Bem, espero que tenham gostado deste capítulo. Eu particularmente gostei muito de escreve-lo, já que aqui eu posso dar vazão a minha insatisfação em relação a atitude da Ginny (confesso que nesse ponto a Tia Jô me decepcionou)

É isso...
Bjos, não abandonem a fic e comentem!

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