Capítulo 13



CAPÍTULO 13:

Ficou parado em frente ao portão apreciando o cenário a sua frente. Mesmo com o frio glacial que se abatia naquela época do ano, sabia que quando chegasse dentro da casa ia ser imediatamente aquecido não pelo ar quente que provavelmente emanava da lareira, mas pelo calor que as pessoas daquela família transmitiam quando estavam reunidas.

Respirou fundo mais uma vez, há tempos estava ali tomando coragem para enfrentar todos os garotos Weasleys juntos novamente. Rony havia combinado de ir com ele, mas depois de pedir desculpas a Harry foi com Hermione, alegando querer aproveitar todos os momentos do primeiro Natal de sua filha.

Bateu duas vezes na madeira, mas ninguém atendeu, insistiu e deu mais três batidas, nada. Olhou pela janela, nenhum deles estava na sala... “Claro! A cozinha”. Deu a volta e se postou em frente a porta dos fundos, com certeza estavam ali, pois o barulho tinha aumentado consideravelmente.

Quando olhou para o lado, viu uma criança ruiva que o observava através da janela, depois de um tempo o encarando, o pequeno saiu da janela e em seguida um silêncio se estabeleceu no ambiente por trás da porta, antes que batesse, esta se abriu.

-PAIIIIII!!!! – Matt se jogou em sua direção, agarrando suas pernas.
-Harry, meu querido... – a senhora Weasley deu um jeito de abraçá-lo mesmo tendo o neto como obstáculo - ...Só faltava você para a família estar completa.

Uma sensação muito boa o invadiu ao ouvir a mulher dizer aquilo.

-Entre! – disse a mulher enquanto o empurrava para dentro.
Assim que entrou, naquele irritante costume de fazerem tudo como se fosse combinado, Gui e Carlinhos cruzaram os braços e fixaram o olhar nele, Jorge e Fred estavam ao lado de suas esposas, e não acompanharam o movimento, Harry ficou extremamente grato por isso, Percy lhe lançava um olhar de cima a baixo o avaliando.

-Boa Noite! – resolveu quebrar o silêncio.

Carlinhos e Gui, ainda de braços cruzados, simplesmente movimentaram os lábios e deram um contido aceno de cabeça, Jorge e Fred responderam em tom mais audível e cordial, assim como Percy e as esposas dos garotos. O Sr. Weasley repreendeu os filhos com o olhar e se aproximou de Harry.

-Como vai, Harry? – deu-lhe um abraço apertado e tapinhas nas costas – Acho que ainda não conhece os novos membros da família não é? – o homem apontava para um monte de crianças, que o olhava com interesse.

-Deixe que eu apresento o meu pai, vovô! – Matt largou sua mão e se aproximando dos primos começou – Esses são Claire e Louis, filhos do tio Gui, esses são Heitor, Athena e Aquiles filhos do meu tio Carlinhos, Elijah e Joshua filhos do tio Fred, Katherine e Kaitlyn, filhas do tio Jorge, e Edward que é filho do meu tio Percy... – Matt se colocou na ponta dos pés, olhou de um lado para o outro por trás dos primos e completou – É... acho que não esqueci ninguém... Pessoal esse é o meu pai.

Um coro de vozes infantil o cumprimentou, com certeza levaria um tempo para decorar o nome de cada um dos ruivinhos.

-Agora que Harry chegou, vamos todos para a sala.

Harry esperou que todos da família atravessassem a porta para perguntar à
Sra. Weasley, a última da fila:

-Onde estão Rony e Hermione?

-Eles estão lá em cima trocando as fraldas de Anne.

-Ah...

Harry ficou a encarando por uns instantes, e ela entendeu o recado.

-Ginny ainda está se arrumando querido, ficou até a pouco me ajudando a preparar a ceia.

Dando um sorriso complacente a mulher ruiva foi se juntar aos outros na sala.

Ficou sem saber o que fazer, o lógico era que também fosse para a sala, mas estava apreensivo, ficar sob a vista dos garotos Weasleys sem ter Hermione ou Rony por perto, era uma situação realmente aterrorizante.

Não era que estivesse com medo de uma nova represália, sabia que os garotos não provocariam uma briga ali, na casa dos pais, em plena festa de Natal... A questão era que provavelmente, ao menos olhares acusadores seriam destinados a ele e o que era pior, ele se sentia culpado e isso provocaria uma terrível sensação de incômodo.

Tudo bem que Fred e Jorge, depois de lhe presentearem com uma prolongada crise de soluços, pareciam estar dispostos a aturar sua presença, mas Gui e Carlinhos... era uma outra estória, e Percy... Bom, nunca tinha realmente se importado com a opinião dele.

-Harry... – virou-se e deu de cara com Gui e Carlinhos, este proferiu um feitiço para impedir que o que fosse dito ali não fosse escutado pelos que estavam na casa. É... Talvez eles provocassem uma briga na casa dos pais, na festa de Natal.

Imprimiu uma expressão impassível no rosto, podia se sentir culpado, mas não mostraria isso, sua teimosia e orgulho não deixariam.

-Estou aqui por Matt, não quero confusão com ninguém.

-E você acha que nós queremos? – foi Gui quem perguntou.

Harry deu de ombros.

-Só sei que EU não quero – respondeu insolente.

-Não se pode negar que você tem coragem, ser tão malcriado numa casa repleta de Weasleys querendo o seu pescoço.

-Não estou sendo malcriado, só estou esclarecendo as coisas, vim aqui para passar o Natal com Mathew e não vou abrir mão disso.

Gui e Carlinhos se entreolharam.

-Aprovado? – Gui se dirigia ao irmão.

-Por enquanto sim, amanhã será a prova final – Harry não estava entendendo a conversa dos dois, a expressão séria e ameaçadora em seus rostos tinha desaparecido.

-Do que diabos vocês estão falando?

-Ora, Harry... – agora reparou que tinham deixado de chamá-lo pelo sobrenome – estávamos testando até onde ia sua determinação para estar com Matt...

-É claro que só de ter vindo aqui, depois do que ocorreu no hospital, contou muitos pontos para você...

-Mas nos enfrentar desse jeito, só alguém de muita coragem.

-E o que isso quer dizer afinal?

-Que você passou no teste – respondeu Gui com naturalidade.

-Digamos assim, você foi considerado apto a ser pai de Matt.

-Que história é essa? Vocês estão fazendo hora comigo? – aquilo já estava começando a irritar Harry, a cordialidade na voz deles ao invés de lhe acalmar estava o incomodando.

-Não, o que queremos dizer é que você conseguiu nos convencer das suas intenções...

-Que estamos dispostos a recebê-lo de novo em casa.

-Isso quer dizer que não vou mais precisar me digladiar com vocês?

-É...

-Certo – Harry estava extremamente feliz com a atitude dos dois irmãos, mas não queria demonstrar isso.

-Acho que falta um gesto para selar a paz... – Gui estendeu a mão para Harry

-Claro – disse o moreno enquanto apertava a mão do homem a sua frente.

Assim que largou a mão de Gui, este se pôs de lado para dar espaço a Carlinhos.

-Antes de selar a paz, eu te devo um pedido de desculpas, me excedi lá no hospital.

-Eu também...

-E aí, desculpas aceitas? Aproveite, não é todo dia que se vê um Weasley fazendo isso...

-Suas desculpas serão aceitas se aceitar as minhas – estendeu a mão para o ruivo.

O homem apertou firmemente a mão de Harry e sorriu para ele.

-Ah, meus filhos... – uma emocionada Sra. Weasley assustou os três homem.

Quando olharam para o lado, perceberam que todos estavam os observando.

-Desde quando estão aí?

-Ora, maninho... – era Fred quem falava - ...desde o início, presenciamos toda a cena comovente que se desenrolou aqui.

-Você não tinha lançado um feitiço para impedir que eles nos ouvissem? – Gui perguntou a Carlinhos com o canto da boca.

-Isso até nos ofende, Guilherme... – Jorge se mostrava indignado.

-Acha que um simples feitiço de imperturbabilidade iria nos impedir? – completou Fred.

-Francamente... – Harry se espantou ao ver quem tinha dito a frase, Hermione acompanhado o cunhado numa fingida indignação, estava de braços cruzados e balançava a cabeça.

Ninguém resistiu e todos riram, acabando completamente com o momento solene.
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Desceu os degraus bem devagar, queria protelar ao máximo a hora que encontraria com Harry, a bagunça na sua cabeça ainda não tinha sido arrumada totalmente. Se pudesse, se recusaria terminantemente a aceitar a presença dele na festa da família, mas teria que se controlar durante toda a noite, ao menos cordialidade dispensaria a ele, Matt merecia ter um bom Natal.

Assim que chegou a sala, teve que esfregar os olhos, a visão que estava tendo só podia ser um delírio. Harry e Gui sentados um de frente para o outro, disputando uma queda de braço, enquanto os seus outros irmãos, as crianças e até mesmo seu pai, torciam escandalosamente para algum dos competidores.

Quem havia ensinado a brincadeira trouxa aos garotos Weasleys, tinha sido o próprio Harry. Na época da Guerra e depois dela, tinha se tornado um jogo muito apreciado por eles. No momento Harry fingia não estar fazendo força nenhuma, uma forma de provocação tão batida, mas ao mesmo tempo tão eficaz, pois Gui tinha passado a fazer mais força, o que era deixado bem claro pela coloração rubra do seu rosto.

-Até que enfim! – Hermione que conversava com as mulheres da casa, chamou sua atenção.

De repente Gui deu um grito no que foi acompanhado por Claire, Louis, Carlinhos e muitas outras vozes. Olhou naquela direção, Matt tentava consolar o pai, mas este parecia não ligar para a recente derrota, seus olhos estavam vidrados nela.

-Eu disse que meu pai ganharia, Matt!

-É que meu pai está cansado, Louis, já tinha jogado muitas vezes antes desta, não é pai? – Harry respondeu o filho com um abobalhado aceno de cabeça – E outra, ele só perdeu por que se distraiu quando minha mãe chegou, não é pai? – o moreno anuiu novamente.

A ruiva ficou sem graça com a observação do filho e mais ainda quando Harry concordou com ele.

As garotas e a Sra. Weasley soltavam risadinhas irritantes, os garotos e o Sr. Weasley tentavam, sem sucesso esconder, o riso e as crianças discutiam sobre a possível causa da derrota, Harry continuava sentado olhando dementemente para ela. A ruiva corou e se amaldiçoou por isso, estava parecendo uma adolescente.

Resolveu ignorar o clima. Não pode deixar de se sentir levemente traída, depois de toda aquela confusão no hospital, depois de toda a recusa em receber Harry, eles estavam ali se divertindo com ele e ainda por cima totalmente condescendentes com o olhar de admiração descarado que o
moreno direcionava a ela.

Foi em direção às cunhadas para cumprimentá-las de uma a uma, quando tinha subido para se arrumar, elas ainda não tinham chegado, Molly não permitiu que nenhuma delas, a não ser Hermione, ajudasse no preparo da comida.

-Você está magnífica Ginevrrrraa!

-Obrigado, Fleur – agradeceu educadamente.

-Esse vestido caiu muito bem em você, não é Harry? – Hermione ia pagar muito caro por isso.

Viu quando Harry balançou a cabeça concordando com a amiga e novamente o sorriso complacente de todos os seus familiares. Se aproximou de Hermione sorrindo para disfarçar o que disse entre dentes.

-Mione, querida, você vai me pagar muito caro – sua raiva aumentou quando a cunhada fez uma expressão de não estar entendendo o que ela dizia.

-Hermione... – agora usou sua voz numa altura que todos pudessem ouvir - ...Você poderia ir me ajudar?

-Ajudar com o quê? – como ela detestava quando a cunhada se fazia de cínica.

-Vamos até o meu quarto que eu lhe mostro – não deu a morena oportunidade de retrucar, pois saiu a arrastando até o pé da escada.

Assim que chegou ao quarto disparou, num tom muito baixo.

-Pode parar!

-Parar o quê? – Hermione estava realmente a irritando.

-Não seja cínica, sabe muito bem do que estou falando, esqueça suas funções de cúpido.

-Mas Ginny...

-Hermione Weasley, vou deixar bem claro para você, eu NUNCA vou reatar com Harry.

-Eu nunca disse que iria.

-Hermione, estamos em época de Natal, você vai querer brigar comigo hoje?
-Já que falou no Natal, não é justamente nessa data que as pessoas esquecem todas as mágoas, todas as brigas e erros cometidos?

-Hermione... – disse a ruiva exasperada, enquanto espremia a testa com uma das mãos.

-Tudo bem, vou parar de te irritar...

-Graças a Merlin!

-...O que não quer dizer que vou deixar de falar o que quero – Hermione lançou um feitiço na porta, resignada a ruiva se sentou em sua cama – O que aconteceu entre vocês?

-Nada! – desviou o rosto da cunhada, não queria que ela enxergasse o rubor nas maçãs do seu rosto.

-Ginevra... Acha mesmo que virar o rosto vai me impedir de saber que o que você acabou de falar é uma mentira? – não olhava para a outra, mas tinha certeza que ela estava sorrindo desdenhosamente.

Ela apertava nervosamente as mãos, que estavam úmidas de suor. Hermione era uma das poucas pessoas que tinha o poder de deixá-la intimidada.

-Sua atitude com ele mudou, o que significa que alguma coisa perturbou a redoma de indiferença que você construiu nos últimos meses, por mais que tenha tentado disfarçar, ontem percebi que você estava nervosa com a presença dele, e foi antes de ele ter dito aquilo.

-Já disse que não foi nada... – ia resistir até o fim.

-Não, o que você disse agora a pouco é que não aconteceu nada e o que falou agora é que não foi nada, o que quer dizer que aconteceu alguma coisa, mas você acha que essa coisa que aconteceu é nada, então...

-ELE ME BEIJOU! – a confissão saiu num berro, Hermione tinha conseguido forçá-la a confessar com toda aquela ladainha.

-À força? – sabia que tinha aberto a válvula, a morena não ia parar até arrancar tudo dela.

-Foi... Não... quer dizer... mais ou menos... pode-se dizer que eu dei espaço, inclusive pode-se dizer que correspondi...

O silêncio que se seguiu fez com que ela se virasse para encarar a cunhada.

-Quando isso aconteceu? – de volta à carga de perguntas.

-Um dia antes de irmos a sua casa, aqui na Toca, quando ele veio buscar Matt para um passeio.

-E como aconteceu?

-Ele tinha lido alguma coisa no Profeta e estava daquele jeito que você sabe...

-Com cara de cachorro perdido?

-É... – não pôde impedir que um leve sorriso surgisse em seus lábios.

Vendo que a cunhada se manteve calada, mas com certeza não saciada, continuou.

-E aí aquele maldito hábito de consolá-lo se manifestou... eu me aproximei dele... fiquei perto demais... ele me abraçou e nós nos beijamos, até que... – era vergonhoso demais.

-Até que... – Mione fez um gesto com a mão indicando que ela continuasse.

-Até que... Papai entrou na sala – escondeu o rosto entre as mãos, com certeza estava tão vermelha agora quanto tinha ficado no dia.

Hermione entrou numa crise de risos, lágrimas caíram dos seus olhos.

-Pare de rir, foi horrível – mas nem ela resistiu e caiu na gargalhada também – E ele ainda riu de mim.

-Como assim? – a morena conseguiu dizer em meio ao riso.

-Quando eu disse que aquilo não tinha significado nada, ele falou – Ginny engrossou a voz para imitar o pai - ... “acredita que eu jurava ter visto você e Harry aos beijos aqui na sala?”

-E o que você fez?

-Depois de recolher minha cara no chão, subi dizendo que tinha que trabalhar.

As duas passaram mais algum tempo rindo. Mas é claro que Hermione ainda não estava satisfeita, por isso, depois de ter controlado a crise, voltou ao inquérito.

-E como você se sentiu?

-Confusa... – respondeu de imediato.

-Nem tão confusa, já que correspondeu ao beijo dele, se realmente estivesse confusa... – ela não deixou a cunhada começar outra daquelas ladainhas.

-Tá, tá, não recomece com aquele falatório... – a cunhada sorriu vitoriosa –
Quando nós estávamos nos beijando foi bom... como sempre, afinal não se pode negar que o beijo dele é divino... Só que depois eu me senti confusa, passei tanto tempo tentando odiá-lo por ter me deixado, depois que ele voltou, decidi que o trataria com educação, mas continuava disposta a manter o meu passado com ele esquecido, mas o beijo abalou a minha decisão.

Hermione absorvia cada palavra dita por ela.

-E isso fez eu me sentir tão fraca, depois de tudo o que ele fez, como eu pude ter me deixado abalar por um beijo?

-Talvez por que você ainda o ame... – a cunhada deu a resposta por ela.

-Não, Hermione, não depois do que ele me fez sofrer...

-Mas se ficou confusa é por que ainda sente algo por ele.

-Não, não é isso...

-O que é então?

-Cheguei a uma conclusão, a princípio até que achei que fosse uma recaída, mas depois percebi que só aconteceu por que eu estava comovida com o estado dele...

-Então quer dizer que você beijaria qualquer homem que estivesse tendo um dia ruim? – perguntou Hermione de maneira sarcástica.

-Não é isso... É claro que termos tido algo no passado contribuiu para que o beijo acontecesse, afinal ele é o pai do meu filho...

-E o que isso tem a ver Ginevra? Você acha realmente que é tão simples assim? Que só correspondeu ao beijo dele por que estava com pena do pai do seu filho?

-É... – essa tinha sido a explicação mais plausível que tinha encontrado para o acontecimento, não estava de todo certa dela, mas não podia deixar que Hermione a convencesse de algo diferente.

-Não se engane, você ainda sente alguma coisa por Harry, só é orgulhosa demais para admitir até para você mesma.

-Eu já não sinto mais nada pelo Harry, Hermione. O amor que eu sentia morreu na hora em que acordei e vi que ele tinha me deixado para trás.
-Ele errou Ginny, não acredito que vai estragar a sua vida e a dele por um erro que ele cometeu.

-Não estou estragando minha vida, eu vivo muito bem sem ele, e parece que ele também se deu muito bem sem mim – disse de maneira firme.
Hermione deu um suspiro cansado.

-Eu acho que você está dizendo tudo isso para convencer a si mesma – a ruiva ia retrucar, mas a cunhada continuou – Mas tudo bem, você é quem sabe... vamos voltar para a festa, continuar essa conversa é perda de tempo, você é teimosa demais para enxergar o que está na sua frente.

-Digo o mesmo pra você. É teimosa demais pra ver que o que havia entre Harry e eu, nunca vai voltar a existir.

-Tudo bem - Hermione abriu a porta e saiu do quarto, nesse momento Ginny repetiu para ela mesma.

-Nunca...

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Só tinha conseguido sair do torpor causado pela visão de Ginny, quando um apiedado Sr. Weasley lhe deu uma sacudidela. Agora circulava pela sala dividindo sua atenção com todos, queria aproveitar ao máximo a oportunidade que estava lhe sendo dada, por isso procurava informação sobre tudo e sobre todos, sentia que assim, conseguiria se reintegrar a família, era como se saber suas histórias fosse compensar o tempo que havia passado longe deles.

Estava imensamente feliz, todos estavam bastante receptivos. Nesse meio tempo soube que Gui ocupava um alto cargo no Gringottes, a loja de Logros de Fred e Jorge lhes proporcionava grandes somas de dinheiro, Carlinhos e a esposa eram considerados sumidades no que se tratava de dragões, Percy mantinha-se no Ministério como assistente sênior do atual Ministro e o Sr. Weasley era chefe da seção responsável pelos assuntos relativos ao Mundo Trouxa.

Sentia-se extremamente bem pelo sucesso da família. Quando deixou a Inglaterra, o Mundo Bruxo ainda estava se organizando, a Guerra tinha deixado a sociedade bruxa completamente desestruturada, era bom ver que no final das contas os Weasleys tinham conseguido tão bons resultados.

-Está gostando da festa? – Harry nem tinha percebido Rony se aproximar.

Estava sentado em frente a lareira, que ficava no lado oposto da área onde os outros estavam reunidos, a Toca estava magicamente ampliada, da mesma forma que as barracas que usaram naquela distante Copa Mundial de Quadribol, o que permitia que ele ficasse relativamente distante da balbúrdia.

-Rony isso é pergunta que se faça?

-Eu sei que não... – Rony, com as mãos no bolso, admirou a sua família por alguns segundos antes de continuar – Não sei como um dia pude ter vergonha de ser um deles.

-Mas agora é diferente, esqueça isso.

-É... Eu sei... – o ruivo voltou a encarar o amigo – É bom saber que nossos filhos vão crescer tendo uma família dessas, não é?

-Muito bom. Graças a Merlin Matt não vai ter que passar pelo que passei na mão daqueles três, pelo menos ele vai ter uma família...

Abandonando completamente o ar de seriedade, Ron disparou:

-Ai meu Merlin! Ele vai chorar, ele é um pobre homem sem família...

-Não brinque com isso, Ron!

-Ora, Harry, você voltou muito dramático para o meu gosto. Acorde, essa é
a SUA família.

-Não, Ron eu trai a confiança de todos, fui ingrato.

-“Eu trai a confiança de todos, fui ingrato...” – Rony imitou a fala do amigo com uma voz esganiçada – Pelo amor de Merlin, isso já era – completou o ruivo exasperado – Harry, se você ficar com essa frescura toda, eu e os garotos vamos voltar atrás, não queremos que nosso sobrinho seja criado por um cara problemático. Olha, esquece isso, não, esquecer não, você tem que lembrar disso pra sempre pra não cometer uma burrada dessa de novo... SUPERE, você errou, todos nos tivemos vontade de te matar, mas agora você esta aqui, todos nós lhe perdoamos e você é novamente bem vindo por todos da família.

-Não por todos... – disse e desviou o olhar para uma ruiva que participava animada de uma conversa com todas as crianças.

Rony fazendo um sinal de negação com a cabeça, se largou numa poltrona em frente ao amigo.

-Harry o que você queria? Que assim que você chegasse fazendo uma carinha de cão arrependido, ela ia voltar pra você? – Harry não respondeu, mas voltou a encarar o amigo – Essa é a Ginny, Harry, orgulhosa e teimosa como sempre, se acrescente aí o fato de estar magoada, decepcionada, com raiva...

-Eu já entendi Ron! – a lista do amigo prometia ser interminável, por isso resolveu interrompe-lo.

-Me admira ela não ter lhe lançado uma azaração, assim que encontrou você – o ruivo parecia realmente analisar o assunto.

-Eu já entendi!

-Se entendeu sabe que não vai ser fácil.

-Mas ela não me deixa nem tocar no assunto, ela só conversa comigo em dois termos: A Ginny auror e a Ginny mãe do meu filho, sempre com uma educação medida, não deixa eu me aproximar, a não ser... – não podia falar sobre aquilo com Ron.

-A não ser... – o ruivo estimulou o outro a continuar.

-Ron... Acho melhor não falar sobre isso com você, suas reações podem não ser muito boas.

-Sobre o quê? – o amigo tinha um ar desconfiado – Não me diga que você... – viu que o homem a sua frente teve o rosto imediatamente tingido por vermelho, chegou a se levantar um pouco do assento em direção a ele, mas Harry o fez parar no meio do movimento.

-Ei! Calma... Não foi nada demais... Foi só um beijo.

-Você a forçou?! – ainda bem que o vozerio dos outros abafou o quase grito do ruivo, que voltou a se erguer da poltrona e segurou o colarinho da blusa de Harry – Como pôde?

-Eu não a forcei a nada... Por isso eu não queria falar... – disse retirando bruscamente as mãos do amigo, que estavam perigosamente próximas ao seu pescoço – Merlin! Você continua tendo esses ciúmes infantis da sua irmã.

-Não é ciúme, é sentimento de proteção – disse o ruivo pomposamente e voltou a se sentar – Se você contasse de uma vez eu não teria me precipitado.

-Claro que não – a voz era pura ironia – Eu mal terminei a frase e você já estava em cima de mim.

-Reflexos do Quadribol – justificou de maneira simples – Conte, mas poupe meus ouvidos sensíveis dos detalhes sórdidos.

-Não teve detalhe sórdido! Nós só nos beijamos, lábio no lábio, lín...

-Ai está o detalhe sórdido – apontava o dedo de maneira acusadora, o moreno ia abrir a boca, mas Ron impediu – Não diga mais nada, eu já entendi, vocês se beijaram – Harry quase riu quando o amigo pronunciou a última palavra como se falasse de algo nojento – Como ela reagiu?

-Não sei...

-Como assim não sabe?

-Durante o beijo ela correspondeu, mas depois, não sei como ela reagiu... Seu pai entrou na sala, eu estava meio atordoado e só fui acordar do lado de fora da Toca com Matt puxando a minha mão pelo caminho.

-Quando foi que isso aconteceu?

-Um dia antes de irmos a sua casa.

-Por isso ela parecia desconfortável aquele dia...

Depois de proferir o último comentário, Ron ficou calado, parecia estar pensando, definitivamente ele tinha adquirido algumas das manias de Hermione.

-Harry... – até o mesmo tom, era de dar medo - ...Eu acho que isso é bom.

-É? O quê?

-Essa coisa da Ginny ficar incomodada com a sua presença, quer dizer que de alguma forma o beijo mexeu com ela, entende?

-Rony, sinceramente você está me assustando, desde quando é tão letrado nos assuntos do coração?

-Que assuntos do coração o que... Deixa de ser tapado, o que me faz saber disso, é experiência meu filho, uma vasta experiência em mulheres geniosas.

-Você não teve tantas mulheres assim, que eu saiba seu currículo se restringe a Lilá e Hermione.

O ruivo levantou as mãos para o céu como que pedindo paciência.

-Harry, meu estúpido amigo, além de Hermione, que tem um gênio que vale por no mínimo dez mulheres geniosas, minha mãe é ninguém mais ninguém menos que Molly Weasley, que geralmente é um doce de pessoa, mas quando pisam no calo dela, sai da frente, e ainda tem a ruiva ali... – apontou na direção de Ginny - ...Sem contar minhas adoráveis cunhadas... Pensando bem, acho que os homens da minha família não gostam de mulheres pacatas, não dou notícia de nenhuma na família.

-Tudo bem, sua experiência está comprovada.

-Posso continuar então?

-Sinta-se à vontade.

-Pois bem... É simples... Se ela se alterou, se deu o mínimo sinal de mudança de comportamento, quer dizer que você tem uma pequena chance, meu amigo.

-Não sei não, Ron, a Ginny parece bem decidida a não me dar nenhuma pequena chance.

-Vá por mim, meu amigo, vá por mim. Você só precisa de uma tática mais... – se interrompeu e num tom muito sério perguntou – Harry, tem certeza que dessa vez não vai cometer nenhuma burrada?

-Meu Merlin, você até hoje ainda dúvida disso, já disse que não saio daqui, a minha vida está aqui, Ginny e Matt estão aqui.

-Jura que, caso consiga reconquistá-la, vai fazer Ginny feliz?

-Mesmo que eu não consiga Rony, sou capaz de tudo para vê-la feliz!

-Muito bem, se é assim... continuando – voltou ao discurso frenético de antes – Você precisa de uma tática mais agressiva, jogar charme, fazer ciúmes, provocar, pegar com jeito...

-Hermione não concorda com essa tática agressiva.

-Meu amigo, você vai escutar o conselho da caça ou do caçador que a capturou?

Harry não aguentou e se pôs a rir.

-Deixa ver se eu entendi, no caso você é o caçador e Hermione é a caça... – Rony respondeu com um “É claro” veemente – ... Faça-me o favor Ron, seguindo sua analogia, a história se aproximaria mais da verdade se você dissesse que a caça pulou para a armadilha do caçador... Se me lembro bem do dia, foi Hermione que lhe agarrou pelas lapelas e tascou-lhe um beijo, lembro até o que ela disse antes de te beijar “Cansei de esperar, você é lerdo demais”.

Rony voltou a ficar vermelho, dessa vez pelo constrangimento. Imediatamente arrumou um argumento para se defender.

-Ora, mas o mérito é todo meu por ela ter tomado aquela atitude... – vendo a cara de confusão do amigo - ...Ela simplesmente não resistia ao charme que passei as férias todas jogando pra ela.

-Quer dizer que pode se considerar charme você todo sujo e suado, depois de uma tarde de desgnomização?

-Isso mostrava minha virilidade, meu apego pelo trabalho braçal, Hermione pode ser culta, mas gosta disso.

-E você pedir chocolate quente pra sua mãe todo dia antes de dormir?

-Ela disse que achava bonitinho.

-E o que me diz de você pulando no colo dela quando via uma aranha?
O vermelho no rosto do amigo com certeza indicava raiva.

-Vá se catar, Harry... Eu querendo te ajudar e você tirando onda com a minha cara.

Ron saiu bufando e pisando duro, enquanto Harry se acabava de rir no sofá.
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Estava sendo sacudida, uma voz se somou ao movimento na tentativa de
despertá-la.

-Mãe! – mais uma sacudida – Mãããeee!

Com algum esforço abriu os olhos para encarar o rosto do filho.

-Que agonia é essa Mathew?!

-Bom dia, Mamãe – aquele sorriso iluminado do filho era capaz de lhe dar energia para um dia inteiro – Feliz Natal!

Circundou o corpo pequeno do filho com os braços e fez com ele se deitasse ao seu lado na cama.

-Feliz Natal, meu amor! – em seguida encheu o rosto do filho de beijos –
Não é muito cedo para estar acordado? – disse depois de olhar para o relógio de corda que ficava no criado mudo.

-Mas, mamãe, é Natal, temos que aproveitar o dia, e pra aproveitar muito temos que acordar cedo.

-É claro, você está certíssimo – sorriu com a lógica do filho.

Como era bom abraçar o seu menino.

- Mamãe...

-Hum... – reconheceria o cheiro em qualquer situação, só nele ela sentia aquele aroma tão característico.

-Como vou aproveitar mais o dia, se a senhora não me solta?

-Só por que está crescendo, não quer mais ficar com a sua mãe, é?

-Não é isso, mamãe, tanto é que vim chamar a Sra., quero aproveitar o dia com todo mundo, com você, meus tios e tias, meu padrinho, minha madrinha, meus primos, o vovô e a vovó, e meu pai.

-Tudo bem – deixou de abraçar o filho para poder se espreguiçar – Pode ir descendo que eu já vou indo.

O menino levantou da cama em um pulo.

-Não demore, por favor, a Sra. sempre demora para se arrumar – Matt não esperou resposta e saiu pela porta.

Assim que terminou de se vestir, desceu. Quando chegou a sala, o ambiente havia se tornado um mar de embrulhos, ainda pode escutar o barulho dos últimos presentes sendo abertos, as crianças estavam escondidas atrás das montanhas de brinquedos, e os pais delas, foram obrigados a ocuparem os cantos da sala, pois eram os poucos lugares livres de presentes.

De onde estava, desejou feliz Natal aos irmãos e as cunhadas, provavelmente não conseguiria atravessar a sala para cumprimentar cada um individualmente, com algum esforço, alcançou a cozinha e se juntou a mãe, que estava encostada no batente, apreciando a satisfação e diversão dos netos.

-Feliz Natal, mamãe! – depois de um leve susto, a ruiva mais velha virou-se para a filha e lhe presenteou com o famoso abraço quebra-ossos.

-Feliz Natal, minha menina – Ginny fez uma careta quando ouviu o apelido, mas não a repreendeu, apesar de odiar esses apelidos infantis desde sempre.
As duas voltaram a observar o ritual.

-Esse é o nosso melhor Natal sem sombra de dúvidas, todos estão aqui.

-Ora, Mamãe, sempre todos estão... – percebeu ao que, ou melhor, a quem ela se referia.

-Olha como eles se dão bem – a mãe olhava na direção do homem e do menino de cabelos espetados que pareciam se advertir com uma espécie de jogo.

-É... Mamãe, vou procurar alguma coisa para comer, estou morrendo de fome – queria sair logo dali, não queria uma briga com a mãe no dia do Natal.

Quando não era Hermione, logo um substituto era enviado para ficar apontando Harry... E ela nem tinha notado a presença dele na sala.

-Mamãe! – Mal terminou de preparar o chá, Matt entrou esbaforido na cozinha – Vamos lá pra fora – o menino pegou a mão da mãe e passou a puxá-la, fazendo força para erguê-la da cadeira.

-Se acalme! – o conselho não conteve o ânimo do garoto – O que você quer indo lá fora?

-Nós vamos fazer um boneco de neve – voltou a puxar a mão da ruiva, que dessa vez levantou e acompanhou o filho enquanto ele a guiava até o lado de fora da casa – Eu, você e meu pai, vamos construir um bem grande.

Chegou à área externa da Toca e pode ver Harry juntando a neve com uma pá, já ia retirando a varinha do bolso interno do casaco, quando sem olhá-la, o moreno avisou:

-Sem magia...

-É mamãe, sem magia, meu pai disse que consegue fazer o maior boneco do mundo sem usar varinha.

-Eu não disse que faria o maior boneco do mundo Matt – Harry corrigiu o filho intimidado com o olhar que Ginny lhe lançou.

-Mas o Sr. disse que ia fazer do tamanho do meu padrinho, e ele é muito alto, não tanto quanto o Hagrid, mas é alto.

-É... Um do tamanho do seu padrinho – o moreno deu um sorriso sem graça para o filho, que de repente deu um tapa na própria testa.

-Por Merlin! Esqueci de pedir pra vovó as coisas para colocar no boneco quando ele estiver pronto.

Imediatamente o garoto saiu em disparada. O barulho da pá sendo arrastada na neve, era tudo que se ouvia, de vez em quando, Harry se arriscava a olhá-la de soslaio. Desejava que o filho voltasse logo, não queria ficar tanto tempo sozinha com Harry, não depois do fatídico dia do beijo.

Tudo bem que assim que o recesso de Natal acabasse ela teria que voltar ao trabalho e conseqüentemente ficar sozinha com ele várias horas, mas parecia que fora do Ministério ela perdia o jeito de lidar com aquela situação.

Escutou a pá ser fincada no chão.

-Acho que já temos neve suficiente.

-Uhum...

-Ginny... – sabia que não ia demorar pra ele querer conversar sobre o que tinha acontecido, o seu nome dito daquela forma receosa, mas firme, foi o suficiente pra ela perceber o que ele queria – Eu...

-Aqui! - Matt interrompeu o pai e chegou a eles completamente sem fôlego, devido a corrida que deu da casa até ali – Um chapéu, um cachecol, uma cenoura e cinco botões grandes, tudo que você disse que ia precisar pai, agora agente pode começar.

-Claro filho!

Harry deixou de se apoiar na pá e passou a observar o monte de neve acumulado a sua frente, Matt, visivelmente animado, observava o pai em respeitoso silêncio. O moreno passou dois minutos rondando a neve, como se estivesse procurando o melhor ângulo, no que parecia ser a centésima volta que ele dava ao redor do pequeno monte.

-Você não faz a menor idéia de como se faz isso não, é?

-Claro que sei, só estou pensando em como e o que vou fazer! – ele tentava passar tranqüilidade e firmeza na voz.

-Acho que não há muito que pensar, uma bola para a cabeça, uma ou duas para formar o corpo, encaixar as coisas que Mathew trouxe... E isso é tudo.

-Eu sei, mas mesmo assim preciso pensar – ela simplesmente encolheu os ombros e voltou a observar o moreno com um ar zombeteiro.

Sentiu a manga de sua blusa sendo puxada para baixo, Matt olhava para o pai com uma expressão de dúvida e sem encará-la perguntou.

-Mamãe, por que o papai está demorando tanto para começar?

-Ele está pensando o que vai fazer – ela estava se divertindo com a situação, mas não ia terminar com a alegria do filho.

-Ah... – Matt, com as sobrancelhas franzidas, analisou o pai que estava observando o monte de braços cruzados – Deve ser bem difícil fazer um boneco de neve, papai está pensando há horas.

Mais duas voltas foram o suficiente para transformar a diversão em impaciência. Pediu que o filho esperasse um momento e se aproximou do moreno.

-Harry, admita, você não sabe como fazer um boneco de neve.

-Sei sim, como você mesma disse, não tem dificuldade, neve, chapéu, cachecol...

-Então, por que você está a horas rondando e não faz nada?

-Eu estou pensando já disse... Estou decidindo se faço o corpo do boneco com uma ou duas bolas de neve.

-Harry, não seja tão orgulhoso, admita que não sabe, Matt não vai se importar.

-Mas eu sei! – devolveu exasperado, Ginny lhe lançou um olhar, que foi suficiente para fazê-lo confessar – Tudo bem, eu não sei fazer um boneco de neve, nunca fiz um.

-Por que prometeu a Matt que faria?

-Ora, Ginevra, eu sou o pai dele, que tipo de pai eu seria se me recusasse a fazer um mísero boneco de neve?!

-Ele não vai gostar mais ou menos de você por isso!

Ele olhou na direção em que Matt, entretido em arrastar a neve de um lado para o outro com o pé e as mãos nos bolsos, aguardava o fim da conversa.

-Mas eu já prometi e não quero decepcioná-lo, não pode ser tão difícil, eu só não sei por onde começar.

Ginny deu um suspiro de resignação, foi até onde o filho estava e o trouxe para perto de Harry. Não ia ajudar o moreno, é claro que aquela expressão de desalento no rosto dele não a comoveu, não, nada disso, faria aquilo pelo filho.

-Matt, que tal eu, você e o seu pai fazermos o boneco juntos? – a expressão de Harry agora era de puro alívio – Não tem graça nenhuma ele fazer tudo sozinho e nos ficarmos só olhando, não acha?

A animação de Matt que parecia ter minguado, voltou a toda.

-Claro, mamãe, vai ser muito mais divertido.

Assim como o filho, Harry estava visivelmente mais animado.

-Então, vamos começar!

Automaticamente, por ver o movimento sendo feito tantas vezes, deu uma volta no monte de neve, passados alguns minutos e nenhuma idéia tinha surgido em sua cabeça. Ouviu um risinho irritante vindo do seu lado esquerdo, lançou um olhar fulminante a Harry, que instantaneamente parou de rir, mas, tão instantaneamente quanto, voltou, agora gargalhando, com o comentário feito por Matt.

-Ah não! A Sra. também não sabe como fazer o boneco, mamãe.

Na segunda vez que encarou Harry, provavelmente com uma expressão refletindo nitidamente o seu desagrado com a zombaria dele, não conseguiu o efeito desejado, ele não parou de rir, na verdade o som de sua risada se tornou mais alto.

-Do que está rindo? – sentia seu rosto ficando mais vermelho a cada palavra pronunciada.

-E você ainda pergunta? – Matt olhava assustado para ela provavelmente com medo da explosão que geralmente vinha em seguida ao avermelhamento do rosto – Você também não faz idéia de como fazer isso...

-Com magia eu faria isso num instante. Ah... – simulou um pequeno susto – Mas ALGUÉM, Merlin sabe por que, disse que não pode ser feito com magia.

-Ora qual é a graça de fazer um boneco de neve com magia? Perde-se toda a diversão – ele forçou-se a parar de rir e falou tudo num tom falsamente solene.

-E qual é a graça de não poder usar magia, mas também não ter um boneco? – era uma falta de respeito, ele voltou a rir descaradamente.

-Realmente, NISSO, não há graça nenhuma, mas te ver assim, Ah... ISSO definitivamente é muito engraçado.

ISSO definitivamente foi o cúmulo, sem pensar duas vezes se abaixou e, com as mãos em forma de cuia, juntou um pouco de neve e formou uma bola, que em segundos foi se chocar contra o rosto de Harry. Agora era ela que ria da expressão surpresa e da vermilhidão no rosto do moreno provocado pelo contato com a bola. Matt olhava com expectativa para o pai, que tinha a mão posta no lado atingido e encarava Ginny.

Seu riso foi interrompido pela sensação de que algo havia atingido seu ombro com uma força considerável, Harry tinha os lábios curvados num sorriso, num misto de satisfação e desafio... Ela nunca fugia de desafios.

Com um simples movimento de mão por parte dela, cinco bolas de tamanho considerável, atingiram várias partes do corpo de Harry.

Harry apertou os olhos... Ele também não fugia de desafios. O problema é que a ruiva estava altamente concentrada, e a “munição” dele, foi derretida a centímetros de atingi-la. Ouviu Matt exclamar um “Uau” e em resposta piscou para o filho, que lhe devolveu um sorriso admirado e orgulhoso.

-Então, é guerra Ginevra?

-Entenda como quiser! – disse enquanto encolhia e sacudia os ombros, numa provocação infantil.

-Matt! – Matt olhou assustado para o pai – Escolha um lado do front, meu rapaz.

Matt se voltou para sua mãe e perguntou:

-O que é front, mamãe?

-É o campo de batalha. O seu pai quer que você decida – nesse ponto aumentou a voz para que o homem, que já tinha se afastado um pouco dos dois, escutasse – Se quer ficar do meu lado, o lado vencedor, é claro, ou do lado dele.

Harry soltou uma risada de escárnio de onde estava, o garoto passou alguns instantes ponderando, mas, por fim, pareceu se decidir.

-Vou ficar aqui, mamãe – muito timidamente ele indicou sua decisão a Harry – Desculpe, papai, mas vou ficar com a minha mãe.

-Não tem problema, filho, isso foi muito nobre de sua parte, ficar do lado mais fraco para ajudar, você é um autêntico grifinório.

-Hahaha... – Ginny, já se encaminhava com o filho para trás do monte de neve – É o que veremos Potter, digo, eu e Matt, é claro, em pouco tempo você vai ter tanto neve na frente desses seus óculos que não vai poder ver a nossa vitória.

-Você fala demais, Weasley, quero ver fazer.

-Quer mesmo? – ela e o filho só deixavam a testa e os olhos a mostra, o restante do corpo encoberto pelo monte de neve.

Com outro movimento de mão, fez uma chuva de neve cair sobre Harry, mas o moreno foi rápido o suficiente para aparatar e não ser atingido.

-Muito obrigado pela barricada – viu quando ele se abaixou e passou a usar o acumulado de neve como um escudo.

-Isso não vai poupar você do que estar por vir – em seguida, bombardeou o adversário com torpedos de neve, enquanto fazia a defesa dele desaparecer.

-Lutemos igualmente, então – ele já tinha se recuperado do ataque e fez com que a barreira que encobria Matt e Ginny desaparecesse – Agor...

O moreno não pode terminar de falar, Ginny tinha feito uma bola de neve entrar na boca de Harry, depois de cuspir todo o gelo, ele lançou um olhar fulminante a ruiva.

-É que você estava falando demais – a simplicidade com que disse isso, pareceu alterar o humor de Harry – Harry, não... Ei! – o moreno tinha lançado um punhado de neve com a mão mesmo.

A ruiva protegeu os olhos com o braço e procurou, com a mão livre, o filho para colocá-lo atrás de si, mas o menino já estava abaixado juntando neve para lançar no pai, quando Ginny olhou, ele já tinha uma boa quantidade pronta e logo começou o ataque, Harry precisou se desviar das bolas de neve, que eram atirados por Matt com rapidez e relativa precisão.

-Mamãe, não fique parada, me ajude aqui – a ruiva rapidamente se juntou ao filho na tarefa, fez um amontoado de munições para o menino, enquanto encantava a neve do chão, para que atingisse Harry.

-Agora são dois contra um, é? Eu não queria, mas vou ter que apelar.

De repente Harry não estava a frente deles, Ginny sabia que ele podia ficar ao menos uns cinco minutos sem ser encontrado, durante a Guerra a magia dele, e dela também, tinha evoluído, os dois, principalmente ele, faziam coisas que ninguém mais era capaz.

-Não seja covarde Harry... – silêncio, ela e Matt olhavam de um lado para o outro a procura de algum sinal que indicasse a posição dele – Para de se esconder.

-Como quiser!

Levou um susto ao ouvir a voz do moreno atrás de si, um grito agudo foi a única reação quando sentiu um braço circundar sua cintura e içá-la assim como a Matt, que passou a espernear e movimentar os braços freneticamente, tentando escapar do pai, que o mantinha numa posição horizontal.

-Me solta, Harry – ela conseguiu ficar de frente para ele e passou a dar pequenos socos no peitoral do homem que parecia não se incomodar.

-Só quando os dois admitirem que perderam.

-Nunca! – bradaram ela e o filho ao mesmo tempo, o menino rindo e ela irritada.

Fez força com as mãos espalmadas no peito dele para tentar fugir do abraço, ele perdeu o equilíbrio, soltou Matt e caiu de costas no chão a mantendo segura, sem dar tempo para ela reagir, Harry girou o corpo e se pôs em cima dela.

-Vamos Ginevra, admita a minha vitória... Mas o que... – sentiu um peso se somar a Harry e viu Matt grudado nas costas dele.

-Largue a mamãe, pai!

-Estou vendo que vou ter que dar um jeito em você primeiro, rapazinho.
Harry apoiou uma mão no chão e com a outra segurou os braços do filho que enlaçavam o seu pescoço, usando um braço e as pernas, deu um impulso e conseguiu se levantar, fez o menino ficar de frente para ele e enfiou uma mão por baixo do pesado casaco que ele usava, imediatamente o garoto gargalhou.

-E agora se rende ou não?

-Não... – Matt conseguiu dizer em meio a crise de risos provocada pelas cócegas que o pai lhe fazia na barriga – Mamãe... me... ajuda!

A ruiva foi socorrer o filho, que já estava vermelho de tanto rir.

-Solte-o Harry – tentou imprimir a expressão mais ameaçadora possível ao seu rosto.

-Não! – respondeu e voltou suas atenções ao ataque a Matt.

-Mamãe... – Mathew ria desesperadamente.

-Harry, eu estou lhe avisando...

-Avisando o que ruiva?

-Largue o meu filho ou aguente as piores consequências.

Repentinamente, Harry ficou muito sério, parou de brincar com o filho e o pôs no chão, voltou-se para ela.

-Vejo que se lembrou o quanto posso ser má quando quero.

-Nada disso, lembrei foi do seu ponto fraco... – ele foi em direção a ela.

-Harry – a cada passo dele, ela dava um passo para trás – Nem pense nisso.

-Se prepare para implorar ruiva.

Ela sabia o que ele ia fazer, sua reação foi sair correndo desvairadamente para se afastar dele, imediatamente ele a seguiu. Ela não foi muito longe, logo o homem a alcançou e com um leve toque em suas costas, fez com que ela caísse na neve, o corpo dele acompanhou a trajetória do seu. Harry segurou sua blusa de frio e a usou como apoio para se arrastar e ficar ao lado dela.

Um arrepio percorreu todo o seu corpo quando sentiu as mãos enluvadas dele adentrarem seu casaco e fazerem leves movimentos em sua barriga, por mais que tentasse não conseguia refrear as risadas.

-Renda-se ruiva!

-A você, Nunca!

Com algum esforço conseguiu embrenhar sua mão pelo casaco dele, sabia que ele compartilhava esse ponto fraco, as cócegas, com ela. Por algum tempo o moreno respondeu com risadas, mas depois ela viu a expressão de riso dar lugar a uma de seriedade e os movimentos que ele fazia na sua barriga passarem de cócegas a carícias, sentiu quando ele fez o corpo dela aproximar-se do seu.

-Renda-se! – ele a encarava com intensidade.

-Já disse... A você, nunca – ela também tinha ficado séria, a mão, agora sem fazer nenhum movimento, se mantinha sobre a barriga rígida dele.

-Se renda a nós, então.

Ele não deu espaço para contestações, aproximou os lábios dos dela num átimo e pôs-se a beijá-la. Ela, é claro, tentou resistir, conseguiu forçar os seus lábios a não acompanharem o movimento dos dele, mas o maldito hábito veio a tona e ela passou a retribuir. A mão, antes estática, apertou a cintura dele, ele respondeu pressionando a dela. Com a outra mão ela passou a fazer carinho nos cabelos dele.

Harry aprofundou o beijo e ela não fez objeção, tinha que admitir que sentira falta do toque dele, os beijos dele eram únicos, nem os beijos de Miguel, nem os de Dino, os homens, que na verdade eram garotos na época, que teve além dele, causavam um efeito tão bom como os dele, tudo ao redor se calava, tudo sumia, eram só eles dois...

-Hum, Hum... – E Hermione.

A cunhada estava ao lado dos dois, o sorrisinho de satisfação nos lábios que ela tentava disfarçar com uma expressão de repreensão, foi o responsável pela reação de Ginny, tirando força de algum lugar, tirou Harry de cima dela e se levantou num pulo, deixando um aéreo Harry estendido na neve.

Limpando a neve da roupa, sem encarar a cunhada é claro, olhou de um lado para o outro a procura do, só agora lembrado, Matt, ela tinha esquecido que o menino estava ali, provavelmente tinha visto tudo. Não viu o filho.

-Não vejo Matt – continuava olhando de um lado para o outro, os olhos apertados como se estivesse altamente concentrada na busca.

-É por que ele já entrou...

Ficou preocupada.

-Ah meu Merlin, ele deve estar confuso – ia ser difícil explicar o ocorrido ao filho.

-Não se preocupe, ele não viu nada - Lançou um olhar questionador para a cunhada – Eu o mandei entrar assim que vocês dois caíram no chão.

-Eu não a ouvi chamar – disse já se afastando do local em que Harry estava deitado.

-Como ouviria? – Hermione tentava acompanhar seus passos apressados – Você estava muito OCUPADA no momento em que o chamei.

Ginny tentou esconder o rubor de seu rosto e continuou a caminhar em direção a casa.

-O que foi que aconteceu dessa vez? – é lógico que a amiga não deixaria aquilo passar em branco.

-Não aconteceu nada!

-Eu não diria nada, vocês pareciam bem animadinhos, se eu não chegasse... – a pausa foi só para torturar, fazer com que surgissem imagens na cabeça de Ginny, o que poderia ter acontecido, ou melhor, o que ia acontecer se ela não tivesse chegado – É claro que só interrompi por que não queria que alguém da família visse a cena e pudesse por engano, é claro, achar que fosse uma reconciliação.

As duas já subiam a escadaria que dava acesso à varanda da casa.

-Por que isso não é uma reconciliação, é? – o tom cínico era evidente.

-Humf... É claro que não!

-Não, não, isso é... Bem, eu não sei bem o que é, poderia me explicar –
Ginny tinha posto a mão na maçaneta, mas a cunhada impediu que a ruiva girasse a mesma e fugisse da conversa – Da outra vez, se não me engano, foi por pena do pai do seu filho e agora foi...

-Espírito Natalino – disse exasperada e com um movimento brusco se livrou da mão que a segurava pelo braço. Já dentro da casa, pode ouvir a gargalhada da cunhada.

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N/A: É Natal!!!!!!!!!!!!!!!! Ok, não é Natal, mas considerem este um capítulo como um presente de Natal, pois eu me esforcei muito para que ele estivesse pronto hoje, eu sei, eu sei, alguns vão pensar: “mas que autorazinha mais cara-de-pau, depois de mais de um mês sem postar...”, MAS, eu continuo me defendendo, eu me esforcei para que vocês pudessem ler esse, digamos, especial de Natal antes do Natal, pois parece que o povo da minha casa, o que me inclui, vai se deslocar para passar o Natal e os dias que se seguem num lugar em que não tem internet.

OK, chega de lenga-lenga. Vamos às respostas aos comentários:


Carol Lee: Olá, bem vinda a minha singela historinha. Quanto a sua fic, bem... devo lhe informar, que é uma fic que namoro há muito tempo, sim namoro, eu nunca cheguei a lê-la realmente, por que ? Bem... quando eu a vi pela primeira vez, foi justamente na época que a minha vida acadêmica estava um verdadeiro caos, eu dei uma lida por cima em dois capítulos e aí eu percebi que era o tipo de fic que merecia maior atenção de minha parte. Como na época eu estava meio sem paciência, sabia que se começasse a ler, não ia me envolver o suficiente com a leitura, assim, não ia me concentrar, entende? Enfim, o que quero dizer é que eu já comecei a ler, e estou realmente adorando. Assim que terminar de ler os capítulos que já estão disponíveis, deixo um comentário lá, OK?! Bom, espero que tenho gostado desse capítulo e que continue acompanhando a fic. BJOS.

Dessa Potter: Hehehe, acho que você não está adorando tanto assim a Mione, depois deste capítulo, já que ela interrompeu o “recatado” do nosso amado casal, mas calma, o nosso gênio sabe o que faz. Se você gostou da conversa, espero que tenho adorado o momento família entre Harry, Ginny e Matt, e do beijo “recatado” também. BJOS

Paulina Potter: Que bom que você gostou do capítulo anterior, tomara que tenha gostado deste também. O Matt é lindo mesmo, né?! Eu adoro esse personagem. Agora me diga o que você achou da ceia de Natal? Aguardo seu comentário. BJOS.

Luca Lovegood: Pedido atendido, não o de postar logo, mas o do beijo. Continue acompanhando. BJOS

Penny Lane: E aí, depois desse capítulo, será que você consegue decidir? Espero que tenha gostado. BJOS.

Mari Black: É tenho que concordar com você, com uma amiga igual a Hermione, a Ginny tá feita, né não?! Não sei se o tamanho desse capítulo vai satisfazer, mas tomara que o conteúdo sim. BJOS

Danielle Weasley Potter: Oi, que bom que está gostando da história, e é claro que eu vou continuar, não se preocupe com isso, até eu estou ansiosa para ver que fim a minha cabecinha doida vai reservar para a fic. BJOS e continue acompanhando.

Tucca Potter: Obrigada pelo elogio. E vamos combinar, nesse capítulo o Matt está mais encantador ainda. Não só ele, mas o momento na neve foi bem legal, fiquei super satisfeita quando terminei de escrever esse capítulo, espero que você também tenha ficado. BJOS.

Dora: Olha aí! Menos um item na sua lista de Natal! Aproveite bem o presente viu?! BJOS.



É isso gente, Feliz Natal a todos, que Papai Noel traga tudo de bom pra vocês, quer dizer, pra todos nós.
Não deixem de comentar, encarem isso como um presente de Natal para essa autora ansiosa para saber o que vocês acharam desse capítulo, tá bom?!
Até o próximo capítulo.

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