Capítulo 5



Este capítulo e o próximo são dedicados a três leitoras em especial que não me deixam nem pensar em desistir da fic: Aninha Granger Snape, Leyla Poth e Marília (pra você ficar mais alegre).
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Cap.5 – Encontros e “Desencontros”( Parte 1)

A ansiedade era tamanha que Mel mal conseguiu dormir. A menina rolava na cama ansiosa esperando o dia amanhecer. Antes de se deitar, colocou o papel com o nome de seu pai embaixo do travesseiro, mas não conseguiu abandoná-lo por muito tempo. Logo estava com o papel abraçado ao peito, tentando imaginar como o seu papai seria:
“O meu papai deve ser lindo!”
“Ele deve ser alto e forte.”
“Ele deve ser bonzinho e vai brincar muito comigo.”
“Ele vai me amar muito!”
“E eu vou amar muito ele também.”
Abraçada ao papel, a menina se deixou adormecer com um belo sorriso no rosto.

O dia amanheceu com o sol bem brilhante. Uma leve sensação de frio inicial estava dando lugar ao calor. Enquanto a maioria das meninas dormia, uma acordava com um sorriso no rosto. Só que este sorriso não era muito bem intencionado.
Olga despertou cedo, trocou de roupa e foi acordar sua amiga Frida:
- Vamos, Frida. Acorda. – disse Olga falando baixinho e sacudindo a garota.
- Hum... – resmungou Frida.
- Acorda sua preguiçosa! A gente ainda tem que fazer a aberração sumir.
- Sumiu? Não fui eu que perdeu... – resmungou Frida muito sonolenta.
Olga já estava ficando sem paciência com a amiga. Pegou um travesseiro e bateu com ele várias vezes na amiga. Quando Frida estava prestes a responder em voz alta. Olga a impediu:
- Você vai acabar acordando todo mundo sua lerda.
- Mas foi você que começou... – choramingou a garota.
- Era pra você acordar. Fiquei um tempão te chamando... Anda, a gente ainda tem que acordar a aberração.
- Pra quê? – perguntou Frida de modo ingênuo. Olga a olhou de modo tão feio. Já estava se preparando para soltar inúmeras ofensas.
- Frida, você é tão...
- Já lembrei! Vamos! – e se preparava pra sair do quarto.
- Você vai sair de pijama? – perguntou Olga.
- Ih, é! – e deu uma risada tola. Olga se limitou a bufar entediada.

X – X – X

Na cozinha do orfanato, Irmã Alma estava preparando suas coisas para a viagem, sendo auxiliada pela Irmã Sofia.
- Tem certeza de que você não está esquecendo nada? – perguntou Sofia.
- Acho que não. – respondeu Alma – Não tenho muitas coisas...
- Derby é muito longe... – comentou Sofia depois de um período de silêncio.
- Pode ser... Mas, logo, estarei de volta. Um mês passa rápido. Eu só queria poder me despedir da Melinda. – lamentou Alma.
- Pode deixar que eu falarei com ela. Não se preocupe. Ela deve estar dormindo agora.
- Bom, já deve estar quase na hora.
- Quando será a partida do ônibus? – perguntou Sofia.
- Às 08h15min. Chegarei em Derby à tarde.
- Então, temos que ir. – falou Sofia. – Irei pedir ao Xavier que prepare a caminhonete. Depois de levar você à rodoviária. Ele ainda terá que me deixar na casa dos Owen’s. Passarei o dia com eles, sendo que eu ainda tenho que conversar com o padre. Vai ser um dia longo... – suspirou Sofia.

X – X – X

Em Winchester, o dia começava agitado. Rose estava uma pilha de ansiedade. Hoje era o dia da entrevista com Clive Stevens, do Hampshire News. Por isso, Rose foi a primeira a chegar na Candy Lady’s: deixou instruções para os cozinheiros, cuidou dos uniformes, das toalhas de mesa e trocou as cortinas. Logo, os primeiros clientes começavam a chegar atraídos pelo cheirinho de café.
- Bom dia, Sr. Moore. – cumprimentou Beth o senhor que acabara de se acomodar numa mesa de canto.
- Ah, bom dia, Beth. – respondeu o senhor – Parece que o dia começou bem ativo por aqui. – comentou o senhor observando Rose andar de um lado para o outro.
- A Rose acordou um pouco ansiosa. Bom, o que o senhor deseja? Posso lhe garantir que hoje tudo o que for feito aqui estará delicioso. – falou Beth.
- Sempre que eu venho aqui, nunca me arrependo. – disse o senhor. – O que a Srta. me recomenda?
- As panquecas estão divinas. Temos bolos de frutas e omelete de cogumelos.
- Hum, deixe-me ver. – o homem ficou alguns instantes em silêncio e deu uma breve olhada no cardápio. – Quero uma porção de panquecas com calda de pêra, uma fatia de bolo de milho e um suco de laranja. – Beth estava anotando tudo e quando ia mandar o pedido pra cozinha, o senhor a chamou de novo. – Antes de trazer o pedido, poderia me trazer uma xícara de café? – a moça deu um sorriso e foi pegar o café.
Uns dez minutos depois, Hermione chegava na Candy’s. Estava vestida com uma blusa ¾ azul clara, uma saia preta e botas pretas. Estava de cabelos lisos e carregando um bolsa grande. A expressão de seu rosto estava séria.
- Bom dia, Ed.
- Bom dia, Hermione.
- Você sabe onde está a Rose? – perguntou Hermione se acomodando no balcão.
- Está na cozinha. Irei chamá-la.
Logo, a moça apareceu e foi conversar com Hermione:
- Bom dia, Hermione. – disse Rose e deu uma olhada no visual da moça. – Nossa, o dia mal nasceu e você já está arrasando. Se o seu bonitão te pega assim, o homem vai ficar doido, hein?
- Bom dia, Rose. – respondeu Hermione – Eu estou vestida assim porque irei a Londres e almoçarei com o Patrick. Eu te contei isso ontem à noite, não lembra?
- Ah, claro! É que como você deixou a loja aos meus cuidados, tenho muitos afazeres aqui. E ainda tem a visita do repórter do Hampshire News... Mas, me diga, você não se arrumou toda pra ver o “traste”, né?
- Não. Tudo que tiver relacionado ao Patrick não me interessa. Ele me ligou dizendo que queria conversar comigo sobre o divórcio. Chamou-me para almoçar e eu aceitei. Não tem nada de mais.
- Você tem certeza disso? – perguntou Rose desconfiada.
- Por que essa pergunta? – retrucou Hermione sem entender.
- Porque o “coisa” sempre foi contra a separação e, de repente, quer conversar sobre o assunto? Isso é muito suspeito... Ele deve estar armando alguma coisa.
- Eu confesso que cheguei a pensar nisso. Mas não importa, eu tenho que arriscar. Se eu quiser ficar com o Severo, eu tenho que resolver logo essa situação.
- E o seu bonitão, o Severo, sabe que você irá se encontrar com o seu ex? – perguntou Rose colocando café numa xícara para Hermione.
- Não.
- E se ele aparecer por aqui hoje? O que eu digo pra ele?
- Duvido que ele venha hoje. Ele tem muitas coisas pra fazer.
Nesse instante, Ed aparece trazendo um recipiente com um pouco de leite para o café de Hermione.
- Muito obrigada, Ed. – o rapaz se limitou a acenar com a cabeça e voltou ao trabalho. Hermione continuou a falar. – Bom, se ele aparecer, diga a verdade. Que eu fui à Londres.
- Está certo. Se não é para ver o ex, pra que essa produção toda? – perguntou Rose curiosa.
- Antes de responder, quero que você me dê um pedaço de bolo.
- Chocolate? Laranja? Milho? Frutas?...
- Frutas! – Rose atendeu logo o seu pedido. – Bom, eu vou aproveitar pra ir ao Banco assim que chegar lá. E depois do almoço, vou visitar uns amigos de escola.
- Ah! Os...
- Sim, eles. – cortou Hermione – Estão sempre me mandando mensagens dizendo que eu os abandonei. Isso não é verdade. Eu só quero fugir das perguntas sobre meu casamento.
- Você comentou uma vez que o divórcio não era bem visto entre “eles”... Qual o que mais te preocupa? Aquele que você diz que é quase um irmão pra você?
- O Harry me preocupa em quase todos os sentidos. Ele sempre soube que nunca amei o Patrick e vivia me dizendo que era um erro ter casado. E mais, ele nunca soube do meu envolvimento com o Severo. Pedi a Gina, mulher dele, que cuidasse para que o Harry nunca soubesse. Os dois nunca se deram bem e eu não poderia ser a causadora de um atrito maior entre eles. – Hermione mordeu um pedaço de bolo e bebeu um gole de café.
- Que situação difícil... – comentou Rose.
- É... – concordou Hermione. – Hoje, vou aproveitar para rever muitas pessoas queridas. Durante muito tempo, eles foram como uma família para mim. Cresci no meio deles... – completou a moça com uma expressão saudosa.
- Sabe, Hermione, eu não sei como você ainda consegue conviver com eles tão amigavelmente depois do que te fizeram. – comentou com Rose com um pouco de indignação. Hermione pensou um pouco antes de responder. Sua expressão estava leve e serena.
- Teve um momento em que eu fiquei com muita raiva deles. Não de todos, mas de alguns em especial. Só que eu acabei percebendo que seria muito fácil pôr a culpa nos outros por alguma tristeza que me acontece. Eu já era maior de idade. Poderia ter enfrentado eles, ou melhor, o mundo inteiro e ter seguido meu coração. Creio que eles só estavam tentando me proteger. Fizeram o que achavam certo. E eu acabei aceitando isso. Pensei muito e percebi que era o melhor a fazer tanto para mim quanto para o Severo. Ele também percebeu isso. Decidimos tudo juntos.
- Só que eles estavam errados. – disse Rose – Vocês estão praticamente juntos de novo.
- Isso não faz diferença. – falou Hermione.
- Como não? – questionou Rose.
- O meu romance com o Severo... Aconteceu tudo muito rápido. Eu estava muito insegura. Acho que nós dois estávamos. Essa separação foi importante. Pude perceber a dimensão do meu amor por ele. A vida me deu maturidade e segurança suficiente para agarrar essa nova chance com todas as minhas forças, sem me importar com mais ninguém.
- Falando assim, mulher, você me enche de orgulho. – falou Rose e riu. Hermione riu também.
- Você é muito boba, Rose. – comentou Hermione – Espero que você se comporte na hora da entrevista.
- Você vai ver como eu vou fazer bonito. Já que a Srta. Candy não falará, a mais indicada para isso sou eu que larguei tudo pra vir para este lugar atrás de você. – disse Rose com ar esnobe.
- Está arrependida? – perguntou Hermione contendo o sorriso.
- E depois eu é que sou boba. – as duas riram com gosto. – Vou pedir que façam uma omelete de cogumelo pra você e uma limonada.
- Comer mais? Assim eu vou engordar.
- É só pra te deixar preparada. – Hermione fez cara de que não entendeu – Só de ter que aturar o “coisa”, duvido que você consiga comer algo. – tal comentário fez Hermione rir mais ainda.


X – X – X

Já passavam das oito quando as meninas do orfanato começaram a acordar. As Irmãs Alma e Sofia haviam saído com Xavier. O café da manhã estava para ser servido e três meninas se encontravam no sótão conversando:
- Quando é que eu vou encontrar o meu papai? – perguntou Mel.
- Daqui a pouco. – respondeu Olga. – A gente precisa arrumar um jeito de colocar você no carro junto com a irmã Clotilde.
- Tô cum fome... – reclamou Frida.
- Depois você come, Frida. – falou Olga com uma raiva contida.
- Eu também tô ficando cum fome... – essa foi Mel reclamando.
- Tá bom. – falou Olga quase bufando. – Já deve estar na hora do café. A gente desce e come. Mas tem que ser rápido. Logo logo, o carro chega.
Uma batida na porta acaba assustando as meninas:
- Melinda? Está acordada? – perguntou uma freira. – As meninas entraram em pânico. Olga puxou Frida pra dentro do armário. – Estou escutando vozes... Tem mais alguém aí? – a freira acabou entrando e encontrou Melinda sozinha. – Melinda, com quem você estava falando?
- Cum ninguém... – mentiu.
- Bom, vim te buscar pra comer algo. – falou Irmã Graça.
- Mas... – a menina exitou.
- Mas o quê? Vamos. – a freira pegou a menina pelo braço e a levou.
Quando o ambiente ficou mais seguro, as meninas saíram do armário:
- Quase que pegaram a gente. – falou Olga.
- É... Quase que pegaram a gente. – falou Frida.
- Frida, agora a gente tem que fazer tudo certo. Falta só um tantinho pra gente se livrar da aberração.
- O que a gente vai fazer?
- Olha, a gente vai descer normal pra comer. Depois, você vai lá fora vigiar pra ver quando o carro chegar. Eu vou tá com a aberração. Aí quando o carro chegar, você vai fingir que tá com dor de barriga e vai gritar bem alto.
- Mas eu num vô tá de verdade, né?
- Vai ser de mentirinha, Frida. – falou Olga perdendo a paciência. – Parece que não entendi as coisas... Olha, é pra você chamar atenção de todo mundo para a aberração entrar no carro sem ninguém ver. Depois eu te faço um sinal e você pára de fingir, entendeu?
- Ah! Sim. – respondeu Frida.
- Então vamos logo.

As meninas tomaram o café da manhã junto com as outras. Enquanto isso, Mel comia na cozinha. Depois, Frida foi vigiar pra ver se o carro chegava e Olga procurou ficar perto da Mel.
O carro do dono do mercado acabou chegando quinze minutos antes, Frida acabou se distraindo e quando percebeu Irmã Clotilde estava em frente ao carro esperando a Irmã Judith. A menina entrou em desespero e correu atrás de Olga e Mel. Achou-as perto da dispensa.
- Frida, o carro chegou? – perguntou Olga.
- Elas já estão indo! – falou a menina.
- O quê? – disse Olga incrédula. – Sua besta... Vamos! – e pegou Mel pelo braço e saíram correndo.

Irmã Clotilde estava do lado de fora impaciente esperando a Irmã Judith se arrumar. O dono do mercado estava bem tranqüilo, sem nenhuma pressa. Apenas esperava as freiras encostado na caminhonete. A caminhonete era grande e na sua caçamba tinha muitas caixas. A parte de trás estava arriada pois o dono do mercado pressentiu que tanta demora só poderia resultar em mala.
Enquanto isso, as meninas se encontravam perto da porta de entrada e, conseqüentemente, próximas do carro. Outras meninas também brincavam próximas àquela área. As chances do plano de Olga dar certo eram poucas.
O momento ideal surgiu quando Irmã Clotilde, cansada de esperar, resolveu ir atrás de Irmã Judith. Com a porta aberta, as meninas se encaminhavam para a caminhonete de forma sorrateira, em forma de fila, sendo que a última era a Mel. Conforme o combinado, Frida fingiu sentir dor. O que atraiu a atenção do senhor. Essa foi a deixa para Olga ajudar Mel a subir na caçamba da caminhonete.
- Fica aí escondida. – sussurrou Olga – Logo você vai ver seu pai.
- Tá! – respondeu Mel de maneira inocente.
- Tchau! – disse Olga.
- Tchau... – disse Mel.

A confusão de Frida começava a atrair gente, quando Olga chegou mais perto da amiga e fez um sinal que elas combinaram mais cedo. Misteriosamente, a dor de Frida passou e todos puderam seguir com seus afazeres. Instantes depois, Irmã Clotilde chega com Irmã Judith que carregava uma mala. Sem mais delongas, o dono do mercado pegou a mala e a colocou na caçamba. Fechou a parte de trás e abriu a porta para que as freiras se acomodassem na cabine.
A caminhonete partiu minutos depois levando as freiras e a pequena Mel. Ao ver o carro sumir, Olga e Frida abriram um largo sorriso de vitória.


Continua...
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N/A: O próximo capítulo tem um monte de coisas, mas eu não estou com vontade de dizer.
Até a próxima!


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