Prévia do Capítulo 1 - Segunda
Capítulo 1 – Segunda Chance
Era noite e Draco Malfoy estava sentado em uma cama de seu quarto no Grimmauld Place, número 12. A antiga casa dos Black era fria e inspirava uma dolorosa opressão àqueles que ali viviam. Era uma nobre casa, decorada com objetos e móveis antigos. Era bonita e inspirava riqueza, de certo modo parecia uma prisão, que os esmagava dentro de seus corpos e oprimia as pessoas a sempre viverem dentro da rígida “linha Black”. Draco já estava acostumado a viver assim, preso dentro de uma regra, e, por isso, não era muito confortável estar ali. A casa era deprimente, mas, talvez, a residência, apenas refletisse a dor que havia em sua alma.
Uma tristeza doentia o dominava. Ele sabia que havia tomado a decisão certa, mas não era legal viver sozinho ali sem ter alguém para conversar, alguém para se abrir. Era horrível ficar em uma casa onde todos o ignoravam. Sem uma família de verdade, sem amigos, sem carinho, tendo somente as paredes escuras e a mobília como companhia. Agora ele estava livre para ser ele mesmo, sem máscaras, porém percebera que assim estava completamente solitário... como na verdade sempre estive, pensou constatando a verdade plena e absoluta, talvez isso não estivesse acontecendo, se eu não tivesse sido tão idiota, continuou a voz,trazendo a tona lembranças vergonhosas, que ele tentava reprimir no fundo de sua cabeça, para que assim, quem sabe um dia, pudesse esquecê-las. Ele tinha raiva de si mesmo por essas lembranças. Se arrependera e desistira de seus antigos ideais tarde demais, mas nunca, jamais, se arrependeria do que havia acabado de fazer, da decisão que acabara de tomar, e que mudara toda a sua vida.
Ele abandonara tudo o que, supostamente, havia planejado para sua vida. Todas as suas antigas vontades e metas. Mas será que essas eram realmente suas vontades? Não, não eram e nem nunca foram... aqueles não eram seus próprios ideais, suas próprias metas. “Suas” vontades eram fruto da alienação feita por aqueles que o haviam criado. E sua dedicação a seguir essas escolhas, apenas existia pelo desejo de se fazer aceito e incluído.
Ele crescera em um mundo onde pessoas se gabavam de ter a chamada “pureza de sangue Malfoy”, vendo seus familiares desprezarem qualquer um, e todos, que tivessem sequer uma gota de sangue não-mágico nas veias... Crescera em meio a uma riqueza material absoluta e pobreza espiritual extrema, sempre acostumado a ter tudo e todos a seus pés. Fora mimado por sua mãe de uma maneira exagerada e tivera a cabeça moldada por seu pai, que era outro alienado como ele fora, exceto, talvez, pelo fato, de que seu pai jamais buscara pensar por si só e ter a sua própria opinião sobre qualquer coisa, sem dar a mínima para o que os outros iam pensar. Entretanto, Draco não poderia culpá-lo, talvez não tivesse sido lhe dada a mesma oportunidade que ele, Draco, tivera. Talvez ninguém nunca tivesse tentado lhe abrir os olhos...
Não era culpa de seu pai, não... nunca fora! Como poderia ser diferente quando a respeitável e digna família Malfoy sempre fora assim? Todos cresceram tendo sua arrogância formada pelos pais e ninguém ousara desrespeitar, ou, simplesmente, deixar de seguir, essa sina. A tradição de desprezar os que não tivessem sangue-puro, de se gabar de sua riqueza e de passar por cima de qualquer um, e de todos, para ter o que deseja.
Draco não sabia quem fora o primeiro de sua linhagem a começar com essa regra idiota, só sabia que todos os outros haviam abaixado a cabeça e se calado diante dessa aquisição. Como elfos-domésticos diante da ordem de seu Mestre, eles haviam se tornado escravos diante dessa “lei”, vivendo exatamente como mandava a “etiqueta Malfoy”, com uma desprezível inocência de que estavam “fazendo o certo”. Sentia nojo de si mesmo por um dia ter sido assim também, mas, fazer o quê se essa era a personalidade da digníssima família Malfoy?
Personalidade... riu a voz em sua cabeça, fazendo Draco esboçar um leve sorriso também com este pensamento absurdo. Será que algum dia essas pessoas tiveram personalidade?
A resposta era única e óbvia: não. Nunca alguém em sua família tivera coragem de enfrentar seu maior medo, o de ter a chance de não ser um “bom exemplo” para a família ao encarar seu próprio eu. Ninguém arriscara... ninguém lutara. Foram todos usados como simples marionetes da tradição e do orgulho. Ao buscarem uma “imagem externa perfeita e respeitável” acabaram perdendo suas verdadeiras imagens. Assistiram a suas almas desesperadas presas na gaiola corporal da qual nunca iriam conseguir se libertar e nem ao menos se davam ao trabalho de tentar, mesmo tendo a chave para isso ao alcance de suas mãos, bem diante de seus olhos vendados. Pois era errado lutar contra isso, era errado gritar, errado buscar uma vida diferente. Afinal, para quê tudo isso quando o certo era ser um típico Malfoy? Quando o certo ela permanecer de olhos, ouvidos e boca fechados? Mas isso já era demais. Ele não agüentava mais viver assim... ele já não ia mais viver assim, nem por mais um segundo.
Lembrava-se claramente de quando sua ficha caiu, em seu último dia em Hogwarts.
***
Bom, aí está... o capítulo não está completo, mas resolvi deixar uma amostrinha de mais ou menos como vai ser a fic.
Espero que gostem.
Beijos.
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