Imperfect Fairytale
- Que eles têm seu Escolhido, well, eu também tenho o meu. Ele apenas não sabe disso. Ainda. – disse o Lorde, antes que ela pudesse terminar o pensamento. Bellatrix sorriu ainda mais, sabia o que uma oportunidade daquelas poderia significar para Draco. Era algo único, maravilhoso, e, se dependesse dela, o sobrinho não ia desperdiçar. O Escolhido de Lord Voldemort, não poderia existir honra maior.
Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa
Capitulo 13 – Imperfect Fairytale
O quarto em destroços de Melinda deixava clara a angústia e a irritação que assombravam a jovem bruxa. Os olhos inchados e o colo molhado denunciavam as lágrimas que ela queria de todos esconder.
Melinda, a filha do Lorde das Trevas, chorando por causa do namorado não era algo muito aceitável. Ela deveria ser forte, decidida, poderosa, mas no fundo ela era apenas uma menina... Uma muito apaixonada.
Desde que soubera da missão dada a Draco por Voldemort, ela não saíra do quarto nem mesmo para comer. Já haviam se passado quase vinte e quatro horas.
Nem Voldemort, nem Bellatrix haviam se metido, primeiro por não ser do feitio deles, segundo por não ser da conta deles de qualquer forma.
O que Melinda fazia dentro de seu quarto saía de qualquer interesse de ambos, que tinham coisas mais importantes em suas mentes do que bisbilhotar a vida da filha que – na opinião deles – já era bem crescida e capaz de se cuidar muito bem.
Eles estavam certos, a menos quando “se cuidar” não envolvia Draco Malfoy. Ela estava apaixonada demais, envolvida demais para pensar em alguma coisa concreta e racional. Quando se tratava de seu amor pelo loiro, a Srta. Racionalidade não conseguia fazer uso de sua melhor qualidade: a frieza.
As lágrimas deixavam marcas vermelhas como sangue na pele branca como a neve, ela odiava ser fraca, odiava chorar, abominava o fato de estar sucumbindo à fraqueza de seu ser, mas não podia evitar. Seu corpo não obedecia mais aos comandos de seu cérebro e este insistia em gritar com todas as suas forças como se fosse ser obedecido, mas não seria de fato.
A jovem sentia a própria garganta fechando-se, sufocando-a em sua angústia insuportável que parecia desejar tragá-la para dentro de si mesma.
Sendo destruída aos poucos pelo próprio realismo. Tragic, I know. Ela não podia evitar, ela podia ver o terror escondido nos olhos de Draco quando ele recebera a missão, não se tratava de pessimismo, era realismo, o mais puro e maldito realismo que a assombrava e acabava com a sua fé de que tudo daria bem no final.
Lucius Malfoy viera à sua mente, causando-lhe ainda mais dor – se é que é possível. Será que ela já não tinha motivos suficientes para odiá-lo? O estupro de Bellatrix, a hipocrisia dele com Draco, o castigo que Bellatrix sofrera devido à incompetência dele em liderar uma missão e agora a possível, ou melhor, a iminente morte de Draco.
Filho dele. Amor da vida dela.
Pode parecer imaturo uma frase tão forte povoar os pensamentos de uma jovem que nem mesmo completou os seus dezesseis anos, contudo era algo que a alma destroçada dela não aceitava negar. Ele era o único e verdadeiro amor da vida dela, desde o dia que o vira e nem mesmo seu amor e sua lealdade por seu pai podiam sobrepor-se a isto – ainda que ela pudesse, apenar por um segundo, isso almejar.
Draco não conseguiria matar Dumbledore, ela tinha certeza. Pelo menos não por enquanto, mas ela não podia deixar as coisas assim... Ela não deixaria isso assim. Não o entregaria de bandeja à tortura e à morte. Ela o ajudaria a fazer o que precisava ser feito, mesmo que sua ‘ajuda’ custasse o amor dele.
“É melhor tê-lo longe e me odiando a enterrá-lo.” Era este o pensamento dela. Talvez Draco ficasse ofendido com as dúvidas dela, porém ela suportaria perdê-lo. Estava totalmente fora de cogitação.
Teoricamente ela devia escolher entre Voldemort e Draco, todavia ela escolhia ambos. Por mais que não estivesse nas opções. O Destino podia ter começado este jogo mortífero, mas o que este não sabia é que era ela quem dava as cartas.
A feiticeira se levantou, praticamente arrastando seu corpo frágil e praticamente sem forças. Nunca havia pensado que seria tão terrível sofrer por amor, talvez fosse por isso que Voldemort optara por não senti-lo e era exatamente o que ele queria dizer com “O amor nos torna fracos.”, agora ela percebia também que as palavras dele eram literais.
O reflexo no espelho não lhe permitia negar o sofrimento e ela devia vestir uma máscara de felicidade antes de ir falar com Voldemort. Este era o Plano A. E ela tinha quase certeza de que precisaria partir para o Plano B: ajudar diretamente Draco Malfoy. Afinal, o pai nunca havia dito que ele não podia ter a ajuda de terceiros na morte do velho.
Pegou sua varinha e com um floreio de varinha abriu a porta do banheiro e pôs a banheira a encher, ela precisava relaxar um pouco. Já havia sofrido o bastante e naquele momento apenas a racionalidade e a frieza poderiam ajudá-la. Principalmente se ela precisasse do Plano B. O difícil Plano B, que provavelmente também demandaria atuação. Ela sempre fora boa atriz, mas tinha incertezas quanto a si mesma naquela situação tão extrema.
O barulho da água caindo na banheira, a fumaça que começava a encher o banheiro e o cheio dos sais de banho entrando em contato com a água quente felizmente começavam a relaxá-la. Quem sabe ela não estivesse sendo precipitada? Draco estava confiante, gritando a todos os que conheciam o plano que ele acabaria com Dumbledore e teria o seu momento, seria o favorito do Lorde. Ah, como ela queria estar sendo super protetora, como queria que aquele olhar que ela vira, os pensamentos que ela lera tivessem sido coisas de momento; que no dia seguinte Draco estivesse confiante e com milhões de planos em mente. Este era o maior desejo da Princesa das Trevas. E quem sabe, ela o ajudasse a se cumprir.
Afinal naquele jogo de Pôquer maligno, ela tinha a melhor mão e não deixaria o destino ganhar dela, afinal o Coringa ainda estava em sua manga. E o Coringa, apesar de útil e forte, só seria usado na cartada final porque era destrutivo demais para ela mesma.
Deixou-se tragar ainda mais pela água quente e perfumada, ponderando em sua mente os prós e contras de cada um de seus planos, tendo a certeza de que, contudo, todos seriam falhos, não passariam de desencargos de consciência e que no fim... Ela certamente teria que recorrer ao destrutivo Coringa, porque o Destino faria um Flush Real se ela não o usasse.
Mansão Riddle – Vários degraus abaixo
O tilintar dos saltos de Bellatrix no piso de mármore da Mansão Malfoy não se repetiam na Mansão Riddle, cujo piso de madeira envelhecida e quase podre apenas rangia sob seus caros sapatos. Casas trouxas nunca eram muito confiáveis quanto à durabilidade.
Bellatrix mantinha a perfeita pose de dama inabalável, mas o que acabara de fazer junto à Narcissa e Snape não lhe tranqüilizava muito quanto a seu futuro. As mulheres da vida de Lord Voldemort, por assim romanticamente dizer, haviam cedido à passionalidade no mesmo dia e ambas pensavam nas conseqüências catastróficas que suas ações podiam desencadear. Bellatrix mais imediatamente do que a filha.
Ao ajudar Narcissa e Snape no Voto Perpétuo, ela havia praticamente traído Voldemort – pelo menos na cabeça dela. – por violar uma ordem direta. Esta era uma forma pela qual o cérebro dela encarava a situação. A outra era: Ela fora impedir Narcissa, Snape sabia de tudo, então ela tecnicamente não havia violado ordem alguma. Afinal, quando diabos ele proibira Narcissa de pedir ajuda a alguém que conhecia o plano? Never.
De qualquer forma, ela precisava safar-se da culpa de alguma forma, porque por mais que considerasse a segunda opção... Elas nunca poderiam saber sobre o conhecimento de Snape e ela fora cúmplice de uma aliança para interferir no plano de Voldemort. A parte “E se parecer que Draco falhará, você terminará a tarefa que o Lorde das Trevas o incumbiu de realizar?” era bem comprometedora. Esta sim violava de todas as formas possíveis ordens diretas dele.
- Vejo que o passeio foi bom. – ela ouviu a voz dele e congelou poucos passos depois de passar pela porta de entrada. No hall, ainda.
Levantou os olhos lentamente até encontrar os dele, que no momento estavam fixos no copo em suas mãos, que continha uma bebida verde. Absinto, ela presumiu.
- Absinto? – perguntou, torcendo para que ele já não tivesse invadido a sua mente e percebido a merda que ela havia feito. Doces sonhos, Bellatrix. Por mais bela que seja, você não o têm enrolado em seu mindinho, por mais que queira.... Ao menos não ainda.
Voldemort por um instante desviou o olhar do verde do copo para o dos olhos dela, arrepiando até o ultimo fio de cabelo do corpo da madame Lestrange. Ele deu dois passos à frente, aproximando-se pouco mais de dois metros. O suficiente para fazê-la querer recuar, mas se manteve parada. Estava congelada de qualquer forma, a lembrança de seu ultimo castigo ainda assombrava sua mente.
- Uma bebida interessante, o absinto. Hilariante saber que os trouxas pensam que são eles que a produzem, sabe? A fada verde. Como será que eles pensam conseguir chegar a tal efeito? – ele perguntou, sorrindo malignamente de canto.
Bellatrix tremia apenas de pensar no que poderia haver encoberto por aquele sorriso, ela tirou a capa, querendo parecer informal e concordou com ele, dando o melhor de seus sorrisos. Viu Voldemort correr os olhos por seu corpo ainda congelado de temor enquanto bebia um gole da forte bebida, que pareceu descer como o mais doce dos néctares pela garganta dele - quando ela sabia que estava longe de ser essa a sensação.
- Mas o mais interessante sobre o Absinto, não é a tolice trouxa em relação a ele, é claro... É como se pode mergulhar tão profundamente nesse verde hipnotizante – ele olhou para dentro do copo e logo depois para os olhos da morena, quase to mesmo tom da bebida. – que podemos quase nos perder, esquecendo-nos o quão enganador o Absinto pode ser. – ela a encarou diretamente e suas feições haviam mudado e tornado-se mais duras, severas, ela entendera. Ela era o absinto.
Voldemort adquiriu uma face psicótica ao perceber que ela de fato acompanhava seu pensamento. Bellatrix era como o absinto: perder-se nos olhos verdes podia ser tão perigoso quando mergulhar na mais forte bebida já conhecida – até mesmo para ele.
- Você entendeu... – ele virou todo o absinto, fazendo-a imaginar como aquilo estava queimando a garganta dele e como o controle dele sobre as próprias feições era impressionante.
Os passos dele foram tão rápidos que ela só percebeu quando os dedos compridos e frios se fecharam em volta de sua garganta. Fechou os olhos para conter as lágrimas. Shit.
- Que feio, Bella. Agindo pelas minhas costas e ainda por cima tentando me fazer ignorar seus atos. – Ele passou os olhos pelo decote dela enquanto batia a mulher com certa força contra a parede. Ela gemeu de dor e despertou nele um sentimento esquisito. Uma luxúria extrema, incontrolável. Vê-la tão assustada, totalmente à mercê dele era totalmente afrodisíaco.
Ao mesmo tempo era frustrante, pois ele queria ter a capacidade de colocar força naquele aperto, mas seus músculos não obedeciam a seu cérebro. Algo o impedia de prosseguir e aquilo só estava tirando sua autoridade para com ela.
- Tecnicamente... – ela disse, sem ter a voz ainda afetada pelo aperto. – Eu não fiz nada demais, apenas assisti. Tentando impedir e sabes disso. – ela arriscou, encantando-o ainda mais. A coragem que ela começava a criar intensificava as coisas. Finalmente conseguiu fechar mais a mão.
- Você foi Avalista...
- Eles arranjariam outro. – ela respondeu, arqueando a sobrancelha. - Um que não os inibiria de forma alguma.
- Snape é de praxe, mas dúvidas sobre a própria irmã? – ele perguntou, aproximando o rosto do dela. – Isso me parece um enorme desespero em salvar sua própria pele.
- Em salvar a sua. Pode parecer insignificante... – ela começava a ficar com a voz falhada. – Mas tento te proteger dos traidores com todas as minhas forças. Não confio nem mesmo em minha própria sombra, milorde. – a voz dela mostrava sinais de embargo e por algum motivo estranho isso em vez de irritá-lo o incomodava. Ver os olhos verdes avermelhando-se e ela tornando-se ainda mais pálida era excitante, mas ao mesmo tempo extremamente incômodo. – Eu não poderia suportar que fosse atingindo por um traidor.
Ele queria responder de forma agressiva ou de fato machucá-la, mas parte de si mesmo não o permitia tais coisas. Ela mordia o lábio inferior, deixando-o sensualmente vermelho. Ele segurou o queixo dela, apertando um pouco, ainda dominado pela luxuria que emanava da submissão dela, que voltava toda vez que ele se tornava agressivo. Até mesmo a coragem da Lady das Trevas tinha limites, não é?
- Você esteve muito perto Bella... Muito perto de cometer o maior erro da sua vida. A sua sorte... É que Snape... Ele sabia. – ele soltou o queixo dela e passou as costas da mão pela pele macia do rosto da morena, ainda mantendo a mão fechada no pescoço dela. – Ou então eu teria que te castigar... – Bellatrix pôde notar uma nota de conotação sexual nas palavras dele.
- Castigar-me não te incomodaria nem um pouco... Aposto que está louco para que eu escorregue. – a conotação sexual foi mantida na frase dela. Ele apertou mais um pouco o pescoço dela, provocando outro gemido que agora sim parecia ter prazer envolvido. Como diabos aquilo se tornara tão sexista do nada?
- Agora você passou um pouco dos limites, querida... – ela fechou os olhos, parando de ligar para o pescoço e sentindo a temperatura do corpo dele que se aproximava, quase colado ao dela.
- Então porque não me castiga por tudo de uma vez? – ela sussurrou, um pouco próxima demais aos lábios dele e teve quase certeza que ouviu um gemido abafado da parte dele.
E ela estava certa. Por mais que ele tentasse conter, a coragem dela era quase tão excitante quanto a submissão. As respostas atravessadas, o hálito dela, a possibilidade de castigá-la. Será que havia algo naquela mulher que não o atraia? Que não era enlouquecedor?
- Ah, pode estar certa que eu irei. – ela mal pôde assimilar as palavras antes de sentir os lábios dele forçando-se contra os dela, imponentes, enquanto a mão dele afrouxava um pouco em seu pescoço, sem solta-lo. Se aquele seria um joguinho de sadomasoquismo, ele podia estar certo: ela iria jogar.
Assim que a língua dele invadiu sua boca, literalmente, ela pôde sentir o gosto do absinto misturando-se ao de suas próprias boas. O corpo dele se encostou ao dela e ele a ergueu pelo pescoço, encaixando-a entre sua cintura e a parede. A pouca dor que ela sentia no momento apenas deixava tudo mais interessante.
Naquele momento, eles moviam as línguas com uma cumplicidade só permitida a amantes de longa data como eles e que tinham uma conexão tão forte como a deles: ambos provocavam no outro uma reação sem controle. Enquanto ele era o pecado favorito de Bellatrix Lestrange, ela era o Absinto que o tirava do controle que ele tanto adorava. E naquele jogo de sedução, não se podia saber quem ia ganhar.
Com um movimento rápido e preciso, ele interrompeu o beijo e puxando-a pelos cabelos a colocou de costas para ele, de frente para a parede. Ainda deixando-a levemente sustentada pelo seu corpo, encaixado perfeitamente nas costas dela. Ela já podia sentir a rigidez dele se manifestando entre suas coxas, deixando-a com uma louca vontade de gemer.
Levou o braço para trás da própria cabeça e agarrou o pescoço dele, trazendo para seu pescoço, que ele voltara a segurar com força. Voldemort mordeu o pescoço dela com força, fazendo-a soltar o gemido anteriormente preso em sua garganta.
- A dor e o prazer, minha cara, podem estar mais juntos do que parece. – sussurrou contra o pescoço dela, respirando no local mordido anteriormente e passando a língua de leve em seguida.
- Oh shit. – ela sussurrou, sentindo todo o calor de seu corpo se concentrando entre suas pernas. Bellatrix puxou os cabelos dele e rebolou contra sua ereção, proporcionando-lhe dor e prazer ao mesmo tempo. – Eu sempre fui uma boa aluna, não? – Voldemort não viu, pois estava com os olhos fechados, mas sabia que ela mordia sensualmente o lábio. Aquilo não ficaria assim.
Mas o Lorde também não poderia terminar de castigar a serva insolente naquele momento, pois eles ouviram um barulho na escada e só então se deram conta da triste realidade: Melinda estava em casa.
- Oh shit. – Voldemort repetiu as palavras dela e se afastou, fazendo-a gemer de reprovação. – Isso não vai ficar assim, Bella...
Ela se virou, recompondo-se e sorrindo maliciosa para seu Lorde. Aproximou-se dele, tocou-lhe o rosto e mordeu o lábio inferior dele.
- Eu nunca imaginei que iria. Terá muito tempo para me castigar, milorde. – passou o dedo pelos lábios dele e o reverenciou, misturando sua coragem com a submissão. Foi a conta do tempo para Melinda aparecer, já os encontrando recompostos.
- Hum... Meu pai, eu poderia falar contigo? – perguntou a jovem garota, parecendo incomodada.
- Sim, me espere no escritório. – comandou o Lorde. Ela assentiu e foi esperá-lo.
- Já que hoje o assunto é bebida, Bella, eu vou te dizer uma coisa: Existem algumas coisas que são como o vinho dos elfos: Elas são boas à primeira vista, mas o tempo pode deixá-las perfeitas. - Ele piscou para ela e foi até o escritório ver o que Melinda queria. Deixando Bellatrix pensando em como seu ‘castigo’ com certeza seria como o Vinho dos Elfos, afinal tesão reprimido... Pode ser até mesmo perigoso.
Dentro do escritório, Melinda podia sentir o coração chegar à sua garganta a cada passo que Voldemort dava em direção ao escritório – que ela podia constatar devido ao piso rangendo. Ela perguntava a si mesma se não devia ter passado logo para o plano B, começando a ser invadida pelo medo. Ela não conseguiria usar o maldito plano A, e só agora percebia.
A porta do escritório rangeu nas dobradiças enferrujadas e foi assim que ela – de costas para a porta – soube da entrada do pai. Não que precisasse disso, afinal a aura de poder e maldade que o circundava era perceptível há quilômetros de distancia, impedindo que sua presença fosse despercebida.
A morena girou nos calcanhares, já completamente arrependida por ter colocado os pés para fora do quarto. Voldemort nunca mudaria de planos por causa dela. Por causa de ninguém, pensar isso era a maior idiotice possível. Talvez a água quente tivesse derretido seu cérebro, é, talvez. Ela não teve coragem de olhá-lo nos olhos, apenas fez uma reverência tentando fechar sua mente o máximo possível.
- Pelo o que vejo, desistiu de falar comigo. – as primeiras palavras dele ao entrar na sala a fizeram engolir seco. – Afinal, parecia tão aflita que se fosse mesmo falar algo, já o teria feito.
Melinda endireitou a postura e tentou parecer o mais séria possível, por mais que desejasse sair correndo ou chorar ou pedir desculpas ou algo do estilo, todas as possibilidades insanas e inúteis.
- Sim, digamos que não tinha importância.
- Não tinha importância para mim ou para você? – as palavras dele a atingiram como facas. – Ou será que os benefícios do não uso das suas possíveis palavras tinha mais importância para você? Ah, é isso. Você sabia que tocar na Missão de Draco e tentar persuadir-me tiraria seu prestigio comigo e desistiu, porque se expor e se prejudicar não valia a pena, pois não ajudaria Draco de qualquer maneira. – ele se encostou na porta, parecendo estar lidando com o mais fácil dos assuntos. E para ele, era na verdade.
- Sim, está certo. – foi a vez dela se encostar em algo, a mesa. Parecendo, ao contrario do relaxado Lorde, cansada. – Percebi que faria uma idiotice e preferi ficar quieta, assim como prefiro no momento me dirigir a meu quarto para pensar numa forma de...
- Fazer Draco cumprir a missão. É a única forma, você sabe.
- Sim... – ela desencostou-se da mesa e pôs-se a andar em direção a porta, mas foi parada pelas palavras dele.
- Espere. Tem algo que eu precisava te mostrar. – ele foi até a mesa e pegou um pergaminho, entregando imediatamente a ela. – Talvez te tire desse poço no qual você mesma se jogou, Melinda. Por Merlin, não sofre antecipadamente, ainda mais pelos motivos errados. – ela entendeu o recado. Motivo errado: amor.
A jovem olhou para o pergaminho, não entendendo muito bem o que era aquilo à principio.
- O que é isso?
- Sua Certidão de Nascimento. Lembra-se que uma vez me falou que não agüentava mais usar o sobrenome Zabini? Bom, eu falei com Georgia Zabini e ela não me negaria um favor, você sabe como eu sou persuasivo. – Melinda sorriu, ainda sem conseguir rir, com a piada cheia de humor negro. – Então, ela foi ao Ministério, alegando que você era adotada e sua família Biológica, sua tia Narcissa, queria dar à adorada sobrinha seu verdadeiro nome. Portanto, a partir de hoje você é Melinda Callidora Black. O nome que era pra ser seu desde sempre.
Melinda leu o nome no papel, incrédula. Como diabos aquilo era possível? Eles simplesmente haviam deixado-a trocar de nome com a mesma facilidade com a qual ganhara o primeiro. De qualquer forma, eles estavam preocupados demais com Comensais da Morte para se preocupar com Certidões de Nascimento. Contudo, agora para a lei sua mãe era uma Comensal da Morte...
- Mas como ela conseguiu? Digo, eu deveria me chamar Melinda Callidora Black Lestrange, não? Digo, minha mãe é casada com Rodolphus e...
- Melinda, quando Georgia foi ao Ministério teve que dar um motivo plausível para os Lestrange terem te abandonado e te quererem agora, não? Quer dizer, os Malfoy te quererem, que fique bem claro. – Melinda entendera, alegar qualquer contato com os Lestrange levaria a um processo. Portanto, nunca havia conhecido a mãe. – Você não ser filha de Rodolphus era o motivo perfeito, não concorda? Um escândalo, naquela época. Nos dias de hoje, faz sentido Narcissa pouco se importar. Sua mãe e seu padrasto não são mais membros da alta sociedade; são dois bruxos das trevas procurados pelo Ministério.
- A vida deles já é escandalosa o bastante, portanto Bellatrix ter uma filha fora do casamento não muda muita coisa. Mesmo que o pai seja desconhecido, o que aumenta demais o mistério e por tabela o escândalo. – Melinda conseguiu rir com real vontade pela primeira vez nas ultimas horas. – Então, eu tenho apenas o nome de solteira de minha mãe, porque Georgia disse que eu não sou filha de Rodolphus...
- E ele confirmou que não era... – Voldemort a cortou.
- Foram atrás dele em Azkaban?
- Sim, precisavam confirmar com alguém fora Narcissa e Georgia. Bellatrix não estava à disposição, como você bem sabe...
- É eu sei. Você a mantém ocupada demais para que ela possa ter tempo de falar com o Ministério. Oh, espere, ela está foragida. Enfim, não teria tempo mesmo que não estivesse. – alfinetou a garota.
- Eu não me darei ao trabalho de responder. Insolente. – ele cruzou os braços.
Melinda fez a mesma cara de insolência que Bellatrix usava naquelas mesmas situações e olhou para o papel em suas mãos.
- Obrigada por... Isso... Sei que deu trabalho e demorou... Mas eu estou feliz de finalmente ser a Srta. Black. – ele assentiu e ela continuou. – Sobre eu ser insolente... Creio que não possa usar em mim seus métodos de punição para esse tipo de caso porque afinal de contas seria incesto e isso é condenado por muitas sociedades, mas, pelo o que eu me lembro existe outra insolente nessa casa que não tem laços sangüíneos com você, mas tem comigo e quem sabe você não possa descontar nela os meus atos...
Voldemort arqueou a sobrancelha, ela havia ouvido a conversa entre os dois então. Menina bisbilhoteira. Não havia dúvidas, contudo, de que era filha dele e de Bellatrix.
- Indeed. Esteja certa que descontarei enquanto penso em um modo mais ortodoxo de castigar a sua insolência e pouca discrição, Melinda. Ficar ouvindo a conversa alheia é muito feio, sua mãe não te ensinou?
- Não, ela estava muito ocupada tendo a conversa. – até mesmo ele riu dessa.
- Touché.
- Agora eu realmente vou pro meu quarto, antes que a forma ortodoxa de punição por insolência chegue à sua cabeça. Com licença, milorde. – ela o reverenciou, usando o título ‘milorde’ como forma de tentar aliviar a insolência anterior.
- Toda. – ela saiu logo depois da permissão.
Voldemort ficava impressionado como as duas, Bellatrix e Melinda, se pareciam. Até mesmo a coragem e a insolência começava a ser notada na filha e também o amor sem limites, que no caso de Bellatrix não importava por ser por ele, o Lorde, mas no de Melinda importava e atrapalharia, afinal de contas ela amava um simples Comensal que estava à mercê das vontades de Voldemort, enquanto ela era filha do Lorde e precisaria segui-lo e obedecê-lo sempre como exemplo aos outros.
Assim que ela deixou a sala, toda a opressão e a dor da situação com Draco pareceram voltar. Era como se na troca de alfinetadas com o pai ela tivesse esquecido um pouco, mas agora tudo voltava e ela parecia que ia vomitar. Literalmente.
Seus olhos voltaram a encher-se d’água, principalmente porque após a conversa com Voldemort ela percebera que não poderia dispensar o Plano B, que deveria ter sido o A desde o inicio: ajudar Draco a cumprir a missão. E a única forma de ajudá-lo a cumprir a missão sem que o loiro percebesse era... o fatídico Coringa, que ela queria, mas não podia evitar.
Casa da Família Weasley (A Toca)
Harry estava n’A Toca, assim como Hermione e Ron, esperando o recomeço das aulas em Hogwarts, havia chegado havia algumas horas, após ir à casa de Slughorn com Dumbledore.
Ele estava descansando na sala, após saborear um delicioso jantar feito pela Sra. Weasley, esbaldando-se porque havia séculos que não comia algo tão bom.
Hermione lia o que parecia ser a mais recente versão do Profeta Diário, enquanto ele e Ron conversavam sobre coisas gerais, o que intrigou aos dois amigos foi o fato de que ela parou em uma página incomum: A última, que continha as Colunas Sociais. Ela geralmente nem mesmo passava os olhos propriamente por lá.
- O que foi Hermione? – perguntou Ron, percebendo o interesse dela. Totalmente estranho. Ele colocou-se ao lado dela e então percebeu o porquê do interesse e também chegou à mesma conclusão que a amiga: Harry precisava ver aquilo, por mais irritado que ele pudesse ficar.
- Vocês dois vão ficar aí com cara de bobos ou me dizer o que aconteceu de tão interessante na Alta Sociedade? – ironizou Harry, revirando os olhos.
- Estamos lendo a ultima da Rita Skeeter... – respondeu Ron, parecendo incomodado com o que lia... – Acho que você vai querer Harry, mas ela passou dos limites. – Ron puxou o Jornal da mão de Hermione e passou para Harry, que mudou de expressão assim que passou os olhos pelo título da matéria e viu a foto que se mexia. Uma pessoa irritantemente conhecida.
Mas não era a foto que mais o irritava e sim o maldito título que Skeeter dera ao artigo, ainda mexia com sua ferida aberta e ele não podia suportar tamanho absurdo.
- “Quando um Black vai, outro volta.” – repetiu Harry, cuspindo as palavras. – Como assim? O que ela quer dizer com isso? Algum idiota se declarando Black pra tentar pegar a herança? Maldito dinheiro... E o que diabos ela tem a ver com isso? – ele apontou para a garota na foto.
- Leia a matéria, Harry. Acha o titulo ruim? Infelizmente ao ler, piora. – foi a resposta da chocada Hermione.
Harry arrumou os óculos e começou a ler as palavras exageradas de Skeeter, sem poder acreditar no que estava lendo. Melinda havia mudado de nome, assumido-se como filha de Bellatrix Lestrange. E agora usava o nome de Sirius. Black. Ela havia se tornado Black. A filha da mulher que matara Sirius com o homem que mandou-a matar, usava o mesmo nome como se fosse uma parente. Bom, ela era, mas Sirius nunca a consideraria.
- Filha da mãe. Ron... Peça ao seu pai pra chamar os membros da Ordem...Eu preciso contar à eles...
- Dumbledore deixou você contar? – perguntou Hermione. – Sobre ela? Digo...
- Sim, ele mesmo me pediu para contar, me deu permissão para falar, mas só para a Ordem, é claro.
Ron correu para falar com Arthur, ele sabia o quão importante era. Tanto ele quanto Ginny estavam lutando para ficar calados naquelas semanas. Assim como Hermione quando chegara à casa dos Weasley, mas eles esperavam o aval de Dumbledore. Contudo, com aquela noticia Harry não conseguiria esperar, não tinha estômago para aquilo.
Um vez a maioria dos membros da Ordem presentes, cerca de meia-hora depois, Harry foi para a sala para poder falar com todos. Todos se acomodaram confortavelmente a pedido de Harry, que sabia do teor sórdido e mórbido que suas palavras seguintes teriam.
- Eu estava esperando a permissão do Prof. Dumbledore para falar sobre isso, e ele me deu e agora vejo que se faz necessário. – Harry jogou o Profeta Diário sobre a mesa. – “Quando um Black vai, outro volta.” É a manchete. – Logo após ouvir isso, Nymphadora puxara o jornal, incrédula. – A maioria não viu, porque não lê colunas sociais, mas nós felizmente vimos por acaso.
- O que é isso? Alguma piada de mal gosto? – perguntou Remus, parecendo tão indignado quanto Tonks, e também todos na sala.
- Eu queria que fosse... – respondeu Harry, mordendo o lábio. – Acho que todos sabem que Cedric e Hilary estão tentando se juntar à ordem....
- Hilary Lestrange? – perguntou Moody, parecendo irritado. – Apesar de tudo, ela é filha de Comensais da Morte! É arriscado demais deixá-la entrar...
- Eu concordo, Harry. Eu sei que você apóia a candidatura deles, mas... – disse Arthur Weasley, parecendo chateado.
- A noticia nesse jornal é o meu motivo secreto para apoiá-los. Melinda Callidora Black, que até ontem era Melinda Richards Zabini, e que na verdade é Melinda Riddle. – notas de raiva começavam a aparecer na voz de Harry. – Filha de Bellatrix Lestrange e... Lord Voldemort.
No mesmo instante burburinhos e comentários surgiram na sala dos Weasley, exclamações de incredulidade, expressões assustadas, chocadas ou enojadas nos rostos dos presentes. A sala virou uma bagunça, não havia como ninguém dizer algo concreto. Se a sala não estivesse protegida, Ginny e Fleur, muitos lances de escada acima, teriam ouvido. Na verdade, só Fleur não podia saber, porque Ginny já sabia.
- Gente, por favor! Me ouçam!
- Harry, querido... Você está nos dizendo que Você-Sabe-Quem tem um filho? É impossível...- pronunciou-se McGonagall.
- Não é! Hilary é meio irmã de Melinda e nos contou, a própria Melinda confirmou e também Bellatrix Lestrange no nosso ultimo passeio a Hogsmeade! Hilary passou para o nosso lado! E nos contou o maior segredo de Melinda, e agora está jurada de morte por isso! – Hermione explicou, quase sem respirar. Ela precisava soltar toda aquela informação logo. – Eu sei que é absurdo, medonho, mórbido e o que for, mas é verdade! Ele tem uma filha, ou melhor, uma Herdeira... Porque ele não deve ser lá muito paternal... – a expressão no rosto de Hermione se contorceu em nojo.
- Lembram-se que Sirius nos falou sobre o caso entre Lestrange e Voldemort? Pois então, Melinda é o motivo! Hilary nos contou a história toda! Voldemort não queria só uma amante, queria também um herdeiro. Por isso se envolveu com Bellatrix! Claro que o romance, se é que eu posso chamar assim, durou por motivos que eu não quero imaginar... Mas o herdeiro era o motivo inicial! – Harry já praticamente gritava, tentando convencer a Ordem.
Os membros se olharam entre si, chocados com a informação. Voldemort por si só já era ruim o bastante, agora uma mistura dele com Bellatrix era ruim demais pra ser verdade. Era sádico demais por parte do Destino.
Subitamente todos os olhares se voltaram a Severus Snape, o único ali que tinha acesso àquele tipo de informação. Os olhares eram interrogativos, questionavam-no sobre aquela história.
- Eles estão falando a verdade. Melinda foi apresentada aos Comensais pelo próprio Lorde das Trevas como sua herdeira. Os Comensais costumam chamá-la de Princesa das Trevas, ela passa as férias e feriados com o Lorde e Bellatrix Lestrange, sendo treinada para ser a mais espetacular bruxa das trevas já vista, quem sabe tão boa quando o próprio Lorde. – disse Snape, sempre mantendo aquela pose de frio e inabalável. Impassível.
- E quando ele fez isso? – perguntou Tonks.
- Cerca de um mês após sua volta...
- E por que mesmo nós não ficamos sabendo? –Tonks se levantou, parecendo irritada. – Os meninos estavam estudando com uma miniatura de Você-Sabe-Quem e nós nem mesmo tínhamos idéia!
- Dumbledore sabia, eu passei a ele a informação, mas ele preferiu guardar para si. Para não causar alvoroço. E não causar essa sede de denunciá-la ao Ministro que todos aqui têm agora. E saibam o que Potter já sabe, Dumbledore não deseja que ela seja denunciada.
- Está louco, Snape? É claro que temos que denuncia-la! – disse Moody, mais irritado que Tonks. – Vamos deixar uma bruxa das trevas dentro de Hogwarts?
- Debaixo do olhar de Dumbledore. – Harry respondeu antes que Snape pudesse, passando exatamente a explicação que recebera de Dumbledore. – Se a denunciarmos, terá toda uma investigação e antes que essa termine, Voldemort terá sumido com a filha do mapa e ela será um perigo muito maior. Porque em Hogwarts, com Dumbledore lá, ela não pode fazer muita coisa. Mas aqui fora, ainda mais já estando foragida, ela pode ser muito perigosa. Imagina? Voldemort andando por aí com a filha? Indo para vilas trouxas, para matar? É o passatempo favorito deles! E eles já fizeram isso em “família”. Hilary contou que a primeira vez que Voldemort foi pra rua com Melinda, eles mataram seis trouxas. Por diversão. Melinda sozinha matou três! À sangue frio! Pode parecer ruim deixá-la “livre”, mas é como Dumbledore disse: Ela estará muito mais livre se a entregarmos ao Ministério. E se ela for presa? Voldemort já invadiu Azkaban! Faria de novo! E sem segredo para guardar, estando exposta, ela não terá nenhuma amarra!
- Tenho que concordar. – disse Snape. – Uma vez livre do disfarce de pobre garota adotada, ela não terá limites. Conheço Melinda, como diretor da Sonserina e como Comensal da Morte. Ela não tem escrúpulos, faz de tudo para agradar ao Lorde das Trevas. E é idêntica a ele, por isso se torna sua arma mais poderosa.
Molly Weasley, antes de pé, caiu na cadeira, parecendo tentar assimilar todas as informações anteriores. Para ela, Voldemort ter uma filha era terrível demais, cruel demais, sádico demais. Tudo de ruim demais.
- Eu... Não consigo imaginar como monstros como Bellatrix Lestrange e Vocês-Sabem-Quem possam ter tido um filho... Não é natural, ainda mais para usar a criança como uma arma... – ela disse, parecendo enojada.
- Eu te entendo, Molly. Para mim é... Inacreditável... – disse Tonks, segurando a mão da Sra. Weasley. – Mas, de bruxos das trevas não se deve duvidar, eles são capazes de tudo...
- E é por isso que Hilary e Cedric precisam de nós! – opinou Hermione. – Eles estão correndo sérios riscos de vida. Muito sérios! Voldemort colocou Melinda atrás deles e ela não vai parar até encontrá-los. E se nós não os ajudarmos, a ajuda que nos dera se voltará contra eles porque Melinda.... Will kill them both.
Os fatos eram incontestáveis, a Ordem tinha uma dívida com Hilary e Cedric e precisava aceitá-los. Não que Cedric fosse um problema desde o inicio, mas ele só entrava com ela, que era um problema... Não mais agora.
A Ordem da Fênix a partir da manhã seguinte teria mais dois integrantes e enormes problemas para lidar com.
Mansão Riddle
Após resolver os assuntos com Melinda, Voldemort finalmente pôde colocar-se integralmente à disposição de seus desejos. E naquele momento, o maior deles era “castigar” Bellatrix. Um castigo que não final das contas não seria o que pode-se chamar de ruim.
Subiu as escadas afrouxando o colarinho da camisa, já sendo consumido pela antecipação. Aquele amasso no corredor já havia sido delicioso o bastante, ele mal podia esperar pelo ato em si.
Colocou a mão na maçaneta do quarto controlando-se para não parecer um adolescente idiota e sem controle sobre as próprias emoções, entrar daquele jeito seria patético.
Abriu a porta e encontrou-a sentada na beirada da cama, não havia mexido em sequer um detalhe da roupa, estava idêntica à antes. Perfeito, dava continuidade àquela loucura dos dois.
Sem dizer sequer uma palavra, ele andou até ela e a puxou pela nuca, trazendo-a até a sua altura. Apertou com considerável força a nuca dela e a puxou para um beijo agressivo, forte, sem a mínima piedade. Piedade não existiria no vocabulário dele naquela noite. As línguas do casal travavam uma batalha silenciosa por território, deixando-os cada vez mais sem ar.
Bellatrix não mexeu nenhum músculo, além da língua, é claro, deixou os braços soltos ao lado do corpo simbolizando estar sob o domínio dele e naquela noite, sem duvida, era ele quem comandava. E obedecer seria mais prazeroso do que nunca.
Com a mesma brutalidade de começara, o beijo terminou e Voldemort empurrou Bellatrix, fazendo-a cair de costas na cama. Ele arrancou o paletó, a gravata, abriu alguns botões da camisa e dobrou as mangas, enquanto era observado por ela. Bellatrix havia se colocado apoiada nos cotovelos para vê-lo melhor, seus lábios estavam de um vermelho quase sangue e visivelmente inchados, seu peito arfava buscando por ar e ela se perguntava como ele fazia tudo tão calmamente, respirando normalmente como se nada tivesse acontecido.
- Você, Bellatrix, sabe que eu sou um Lorde muito clemente e que eu serei piedoso, não sabe? – Bellatrix mordeu o lábio, sentindo o mesmo adormecer sob seus dentes e murmurou um “uhum” lotado de excitação. – Mas creio que sabe também... – ele andou até a mesa de cabeceira da cama e pegou algo na gaveta. – Que para eu lhe conceder clemência, você deve implorá-la. – Voldemort ajoelhou-se na cama, uma perna de cada lado do quadril de Bellatrix. – A pergunta é: você vai implorar?
Ela mordeu o lábio e assentiu, entorpecida pelo tesão. Ela sentia a umidade entre suas pernas aumentando apenas com as palavras dele e a lembrança do acontecimento no corredor. Como ela dissera antes, oh shit.
Ele assaltou o pescoço dela com os lábios, descendo sobre ela com uma força que a prensou contra o colchão. Os chupões e mordias dele certamente deixariam marcas que ela adoraria ostentar. As mãos dele contornavam o corpo dela possessivamente, quase dolorosamente.
Ele levantou e colocou-se na posição anterior de forma súbita, mais uma vez, olhando malignamente para o decote dela. Ela viu que, naqueles olhos vermelhos, boas intenções eram a última coisa que passaria naquela noite. E ela reclamava? Absolutely not.
- Você não acha que esse vestido... – ele tirou algo que estava preso no cós da calça. Logo depois ela descobriu ser uma adaga de prata, que pertencia a ela. – É um pouco expositor demais para alguém que foi visitar um homem que odeia? – ele tirou a adaga da capa protetora e passou a ponta no vão entre os seios dela que ficava exposto pelo decote.
A bruxa prendeu a respiração enquanto a ponta da arma passava por seu corpo, arranhando bem de leve. Olhou para ele com a expressão mais deturpada possível e sorriu pervertida.
- Ciúmes? – Ela passou a língua pelos lábios, provocando. – Nunca pensei que nutrisse esse tipo de sentimento.
Ela pôde ver a expressão dele mudar completamente, a provocação havia de fato funcionado. O ciúme queimava nos olhos dele e ela podia ver, Lord Voldemort enciumado? Oh Merlin, uma conquista memorável.
Ele levantou-se da cama com uma expressão de dar medo no rosto, como se isso fosse difícil para Voldemort, e pegou algo no paletó e algo que estava do lado. A varinha e a gravata. Antes mesmo de voltar para a cama ele usou a varinha para juntar os dois braços da morena acima da cabeça dela, e amarrá-los na cabeceira com a gravata de seda negra.
Quando ele ajoelhou–se na cama, por cima dela, novamente, ela não teve dúvidas, ela se arrependeria do que disse e mais, ela adoraria se arrepender de tal forma que se tornaria cada dia mais insolente. Ela não estivesse errada, é claro.
- Sabe, brincar de te amarrar é muito divertido, mas dessa vez minha querida, acredite, as amarras são muito necessárias. Ou você pode estragar a brincadeira... – apesar de reconhecer a malícia na voz dele, Bellatrix engoliu seco, pois a expressão maníaca dele, passando a ponta da adaga pelo corpete do vestido, realmente a assustou. Voldemort apoiou as duas mãos, tendo a adaga na esquerda, no colchão e abaixou até ter a boca perto do ouvido dela. – E nós não queremos isso, não é mesmo? – ele se levantou mais uma vez.
A lâmina cintilante da adaga deslizou pelas amarras frontais do corpete do vestido de Bellatrix, desde o começo em seus seios até a região do umbigo, arranhando a pele dela. Ela respirava rápido enquanto seu corpo estava em contato com a lâmina, suspirando em reprovação quando ele parou. Voldemort manteve a adaga onde estava e com a outra mão subiu a saia do vestido de Bellatrix, acariciando as pernas dela com afinco o suficiente para desfiar as finas meias de seda.
- I think... – ele escorregou a mão até a calcinha dela, já consideravelmente úmida, o que causou um sorriso inevitável no Lorde. Ele começou a acariciá-la, ainda por cima da calcinha. – It might hurt... Just a bit. – Bellatrix só entendeu o que ele queria dizer com aquilo quando ele puxou a adaga para cortar os centímetros que ainda faltavam do corpete, mas com três vezes mais força. Resultado? Uma dor lacerante em sua barriga, confundindo-se com o prazer causado pelo toque dele em sua região mais sensível. A adaga não havia apenas rasgado as amarras sua roupa, como também sua pele. Ele então rasgou com as mãos o que faltava do vestido: a saia de cetim. Quando ele, logo depois, afastou as duas partes do vestido, deixando que o vento que entrasse da janela tocasse o corte, ela gemeu, vendo seu próprio sangue escorrer pela cama. Voldemort pegou a varinha e fez o vestido rasgado ir parar no chão, ela se perguntava que tipo de feitiço ele usava para separar as mangas compridas dos braços dela, mas estava preocupada demais com o corte doendo para fazer uma pergunta estúpida assim.
O Lorde a observou, seminua na cama. Usando apenas as jóias, a calcinha, as meias e os sapatos. Apenas uma peça o incomodava. Enquanto ele se levantava da cama mais uma vez e pegava uma dose de Absinto, ele calmamente fez a calcinha sumir com outro feitiço. Ela sentia o corte queimar no passo em que ele voltava para a cama, deliciando-se com a bebida e com o sofrimento dela. Podia ver as calças dele quase arrebentando de excitação ao ver a situação dela. Ele abriu as pernas dela um pouco, colocando-as dobradas de forma que ela ficasse toda aberta para ele.
O sangue dela escorria um pouco, quase chegando à virilha e ele fez questão de beijar o local do corte, para estancar o sangue e descer os beijos junto com o rastro de sangue.
O resto de Absinto na boca dele fez o corte arder e a morena gemer de dor ao mesmo tempo em que os beijos dele lhe causavam prazer. Voldemort parou com os beijos e tomou mais um pouco de Absinto, deixando apenas um resto no fundo do copo.
O Lorde voltou a beijar o corpo dela, concentrando-se na parte interna da coxa da bruxa, ele apertava um pouco enquanto beijava, quase a fazendo esquecer-se do corte. A mão dele, tocando seu sexo, finalmente desviou boa parte da atenção.
O corte só foi finalmente esquecido quando a língua de Voldemort finalmente tocou a região tão sensível de seu clitóris. Ela se contorceu de prazer e o resto da ardência do Absinto na boca dele só deixava as coisas mais loucas. Ela cravou as unhas nas próprias mãos e mordeu o lábio forte o bastante para rasgá-lo.
Voldemort penetrou-a com a língua enquanto sua mão fazia o trabalho no clitóris dela. Ele suspirava sobre ela e o ar quente da boca do Lorde junto com a língua fria dele não ajudava em nada no autocontrole dela, que já desistira de segurar os gemidos para si.
Ouvi-la gemer tão desesperadamente era música para os ouvidos dele, que sentia que poderia gozar apenas de ouvi-la gemer daquela forma.
- Sabe que... Absinto é bom, mas misturado com o seu gosto... É... Hum, inexplicável. – ele voltou a trabalhar com a língua e ela contorceu-se na cama. Ele precisava usar a boca tão bem? Não só com a língua, mas com as malditas palavras.
Quando ela estava próxima do orgasmo, ele pegou o copo de Absinto e virou no corte dela. Bellatrix só sentiu a dor, porque estava com os olhos muito bem fechados. Aquela queimação teve efeito contrário, em vez de impedi-lo, acelerou seu orgasmo, fazendo-a se contorcer com uma força louca contra as amarras e praticamente gritar no segundo seguinte. As costas delas se arquearam e ela rebolou contra a boca dele, sentindo cada fibra de seu ser tomada pelo orgasmo.
- Oh Fuck... – disse ela, assim que sentiu que podia se recuperar.
Voldemort fechou o corte com um feitiço e riu, deixando-se sobre ela. Ele passou a mão deliciosamente pelo corpo dela, seguindo cara curva, cada centímetro de carne, para sussurrar contra os lábios dela.
- Eu acho que está faltando um “me” nessa frase...
- Até o “me” chegar, tem um longo caminho, milorde.- ela provocou, tomando os lábios dele em um beijo. Ela sabia provocar e usaria isso a seu favor.
Bellatrix rebolou contra a ereção dele, sentindo tremer pela primeira vez. O pênis dele já pulsava de excitação e ele ainda nem havia tirado as calças.
- Eu acho que, se quer que o “me” venha... Precisa se livrar logo dessa maldita roupa. – Bellatrix mordeu o lóbulo da orelha dele e esfregou sua perna na dele, descendo e subindo com a calça dele, arranhando-o com o salto absurdamente fino. Não podia arranhá-lo com as unhas, mas seus dentes e o salto estavam ali para isso.
Voldemort arrancou a própria camisa e a fez se juntar com as roupas da bela mulher. Tomou-a em mais um beijo possessivo e dominador, enquanto abrir o botão e o zíper da própria calça.
- Me solta, vai. – ela gemeu contra a boca dele. A voz manhosa e arrastada dela era quase orgástica. Aquela vadia conseguia controlá-lo, ao menos na cama, e isso não o agradava. – Please. – ela gemeu, implorando, como ele dissera que queria.
- Primeiro, eu vou abusar o quanto eu quiser do seu corpo. – Voldemort sugou um dos mamilos dela com força, fazendo-a quase gritar. Ela rebolou contra sua ereção, já começando a umedecer suas calças com a própria umidade. Aquilo era tão sexy que... Ele preferia não pensar. Ela esfregava as pernas nas dele, tendo seus mamilos duros como pedra acariciados pela boca e pelas mãos dele. Ele apertou os dois seios ao mesmo tempo quase dolorosamente e arrancou outro gemido dela. Puta que pariu, era o que ela queria dizer.
- Sabe quando eu disse... Que aquele seu vestido era sensual demais para ir visitar Snape...? Eu realmente falava sério. – ele mordeu e chupou logo em seguida um dos mamilos dela, que gritou sem saber se de dor ou prazer. Ela revirou os olhos e lutou contra as amarras. Ele tinha que soltá-la, merda.
- Ah é? Por que...? Acha que eu vou te trair...? – ela perguntou, provocativa, e Voldemort parou o que estava fazendo. As provocações estavam chegando a um nível perigoso.
- Não sei se você se lembra... – ele tirou a própria calça e a cueca, ficando completamente nu. – Mas eu sou seu amante, completamente plausível a desconfiança. – Ele estava provocando de volta, mas ela não pararia por ali. Rebolou contra a ereção pulsante dele e sentiu-o arquear.
- Eu traí Rodolphus porque ele não sabia me mostrar quem mandava... Será que você sabe? – ela rebolou mais uma vez, sentindo a própria excitação escorrer pelas pernas. – Hum...? Me mostrar de quem eu sou?
- Ah, você quer isso, não é? – ele entrou só um pouco nela, que apertou os olhos com força e suspirou em reprovação quando ele parou. Ele achou que ela ia chorar de aflição. – Quer? E de quem você é, Bella? – ele entrou mais alguns centímetros...
- S...
- De quem, vadia? – ele se apoiou nos joelhos e em uma das mãos e segurou o rosto dela com a outra. Tê-lo dentro de si parado era cruel. Filho da puta.
- Su... Sua, porra!- ela gemeu.
- Muito bem. – ele entrou com tudo nela, sem a mínima piedade e sentir que a rasgava por dentro apenas melhorou a sensação.
Ele saiu todo dela novamente, torturando-a o máximo que podia. Adorava ver a reprovação na cara dela. Ver como ela o queria dentro dela.
- Nunca mais duvide disso ou...
- Ou o quê? Vai me bater? – ela provocou, mordendo o lábio e de fato recebeu um tapa em troca.
Quando o rosto dela virou com a violência do tapa, ela gemeu. Merlin, ela era sadomasoquista, até demais para o próprio gosto. E aquele filho da mãe que ela adorava também gostava da brincadeira.
Ela voltou a olhar para ele com a cara mais depravada possível. Rebolou contra o pênis dele com vontade e Voldemort arqueou a própria coluna, ele já suava por evitar o orgasmo precoce, mas queria torturá-la.
- Bate, mas bate igual homem. Com força....- ela não disse uma palavra mais e levou outro, muitas vezes mais forte, que certamente deixaria uma marca. Como se ela se importasse. Voldemort também voltou a estocá-la com força, muita força, ele ia fundo, saía todo e entrava com ainda mais força. Ela não sentaria dois ou três dias, mas quem ligava? Ela que não. Aquela brutalidade toda era deliciosamente excitante.
- Agora me desamarra, vai.... – ela gemeu. – Eu to implorando. – e a submissão voltara.
- Eu só vou te soltar. – ele estocou mais uma vez. – Quando eu quiser. E isso... – ele parou de se mexer dentro dela. – Só vira quando o “me” que faltava naquela frase, vier... Tava gostoso ser castigada, Bellinha? Agora você vai ter que implorar pela minha clemência. Implora.
Bellatrix não teria condições de negar, ela imploraria, precisava dele se movimentando dentro dela, o mais bruto e selvagem possível. Aquele filho da mãe ficava cada vez melhor na cama, se é que era possível, e ela teria sérios problemas com aquilo.
- Fuck...me. Com força... Please! – ela implorou, já gemendo e ele sorriu depravado. Vê-la implorando não tinha preço. Mais um tapa e ela não entendeu o porquê, só sabia que gostou.
- Eu queria só o me. Isso é pra você aprender que quando eu quero uma palavra eu quero uma. – ela assentiu e ele voltou a se movimentar nela, fundo, com força, acabando com Bellatrix por dentro, ela se agarrava nele com o salto fino e ele gemia de dor e prazer ao mesmo tempo. Ele ficaria com marcas, mas o jogo tinha que ser para os dois lados uma hora ou outra.
Quando finalmente teve os pulsos soltos, Bellatrix puxou-o para si, deitando o corpo do Lorde sobre o seu. Ela precisava do maior contato de peles possível, ou teria um troço. Seus pulsos ardiam de dor assim como seu interior sendo castigado com tanta força, mas ela estava pouco se fudendo. Aquela dor era gostosa demais pra pedir pra parar.
Ela fincou as unhas nas costas e na nuca dele tanto quanto fincava o salto nas pernas e com a mesma força que ele investia sobre ela. Os dois se moviam selvagemmente, a cama balançava no ritmo frenético dos dois e os lençóis negros eram inundados.
- Eu to quase lá, acaba comigo. – Voldemort riu quando ela sussurrou um absurdo desses no ouvido dele. Aquela mulher estava com uma vontade enorme de sentir dor, pelo visto.
Ele entrou nela com a maior força que havia em si e ela gemeu, revirando os olhos, ele aumentou o ritmo até o máximo, junto com a força. Eles rebolavam juntos e não demorou até o orgasmo chegar para ela, forte e devastador. Ela sentiu o corpo todo dominado pela sensação, seu corpo se contraindo deliciosamente sobre o membro dele. A massagem que as paredes dela faziam em seu membro durante o orgasmo foram o suficiente para fazê-lo chegar lá também e cair sobre ela, acabado.
- Você... – ele disse apoiado no peito dela. – É uma vadia quando quer ser.
- Uma dama na mesa... Uma vadia na cama. Não é tudo que os homens querem? – ela perguntou rindo.
- Mas pelo o que eu me lembro... Você já era uma vadia na mesa. – Bellatrix levou alguns minutos para entender até que se lembrou da primeira vez deles, quando ele a chamou de vadia.
- Você entendeu... – ela revirou os olhos.
- Sim, mas por mim.... Pode ser o quão vadia você quiser. – ele depositou um beijo em um dos seios dela. – Não tenho objeções.
- Nunca pensei que teria. –ela mordeu o lábio e sentiu-o acariciar suas pernar. – Oh, please. Eu posso descansar um pouco antes do segundo round?
- Se o segundo for como esse, o quanto você quiser. – ele saiu de cima dela e ela virou de lado. O corpo dela de perfil era tão perfeito, tão bem desenhado, que ele não resistiu a deitar atrás dela e juntar seus corpos. Aquele cheio de sexo que ela exalava era absurdamente hot.
Voldemort beijou a curva do pescoço dela, que parecia muito mais atraente do que o normal, ele não a deixaria descansar pelo jeito. Bellatrix olhou para ele, sorrindo maliciosa.
- Pelo jeito, o descanso era um blefe...
- Totalmente... Eu quero você agora... Mas prometo que serei mais delicado dessa vez... – ele chupou o pescoço dela e acariciou sua cintura.
- E quem foi que disse que eu quero? – ela virou o pescoço e o beijou com a mesma fúria e volúpia de antes. Ela já podia sentir a animação dele se projetando contra suas nádegas dando sinais que eles iam, de fato, começar tudo de novo. E ninguém absolutamente ninguém reclamaria de ter uma noite como a que eles tiveram.
Semanas Depois
Melinda havia pedido ao pai permissão para usar um dos Comensais em prol da busca por Hilary, que até então estava escondida como uma covarde em algum lugar. Lugar este que Melinda não tinha a mínima idéia de onde fosse, mas ela era esperta o bastante para saber quem poderia descobrir.
Ouviu uma batida um tanto alta demais na porta de carvalho envelhecido e fez uma careta de reprovação, mas o que pode-se esperar de Lobisomens? Delicadeza? I don’t think so.Neither did she.
- Entre. – disse a jovem garota, sentada na mesa do pai. Parecendo pela primeira vez a Lady das Trevas que estava destinada a ser. Ao receber permissão para usar um dos Comensais, não hesitara na escolha, sabia que Greyback era a escolha certa.
O lobisomem entrou no escritório e a encontrou sentada com tamanha pose que poderia dizer apenas pela forma como ela se sentava que era filha de Voldemort, uma cópia exata do Lorde. Ele era um bom professor, ao que Greyback podia ver.
- Fiquei intrigado quando me chamou, dark princess. – ele fez uma reverencia exagerada e visivelmente irônica. Ela suspirou e se levantou da cadeira, andando até a frente da mesa, onde se apoiou. O equilíbrio sobre os saltos finíssimos era de invejar qualquer bailarina.
- Hoje é meu ultimo dia na casa de meus pais, devo ir para a Mansão Malfoy e depois retornar a Hogwarts, portanto não podia esperar para chamá-lo. Preciso de um... Favor... – ela sorriu malignamente, os olhos verdes faiscando, ela realmente aprendia bem com os pais.
- Favor? E por que a Princesa acha que eu farei o favor? – os dentes afiados dele cintilaram com a luz que entrava pela janela quando ele sorriu.
Melinda olhou para algum lugar no chão e voltou a olhar o lobisomem nos olhos, ela deixou o apoio da mesa e andou até ele, parando face a face com ele. Mesmo com os saltos absurdos, ela ainda era muito menor do que ele. O que não parecia de forma alguma intimidá-la.
- Porque eu sei que você quer entrar para o círculo íntimo. – Melinda pôde finalmente ver interesse e ambição nos olhos dele. – E, me fazendo este favor, me ajudará a cumprir um imenso desejo do Lorde das Trevas. Acabar com a maior traidora de todos os tempos...
- Sua meio-irmã... – adivinhou Greyback. – Os boatos correm sobre a traição dela e dizem que é você quem deve matá-la. Ela é sua, assim como Potter é do Lorde.
- Os boatos, pelo menos uma vez na vida, estão corretos. Eu preciso matá-la, mas isto não significa que eu não precise de ajuda para encontrá-la. – Greyback pareceu entender.- Hilary está escondida como uma covarde em algum lugar e é aí que entra você. Garanto que conhece os meios de achá-la e creio que me ajudar a encontrá-la será de muita utilidade na sua busca pelo circulo íntimo de meu pai... Não garanto que o fará entrar, pois é muito difícil, mas estará um passo à frente...
Greyback pareceu pensar por alguns minutos, fazendo-a se perguntar se ele de fato usava o cérebro, uma vez que na maioria das vezes era controlado por seus instintos totalmente primitivos. A expressão no rosto dele era surpresa, como se não imaginasse que uma garota tão jovem fosse capaz de negociar como um adulto – da forma que ela estava fazendo naquele exato momento.
- Será um prazer ajudá-la. – disse o lobisomem quando seu momento de pensamentos pareceu cessar. – Encontrarei sua irmã mais rápido do que pensa.
- Espero que sim, mas devo alertá-lo a não colocar isto na frente das missões lhe dadas pelo próprio Lorde. Ele vem primeiro, espero que saiba que o contrário o atrapalharia e também a mim. – alertou Melinda, receosa que Greyback fosse burro o suficiente para colocar encontrar Hilary como prioridade.
- Não se preocupe, não sou burro. Usarei meu tempo livre para encontrar a sua irmãzinha e não o tempo em que estou trabalhando para seu pai.
- Ótimo. – ela pareceu satisfeita. – Agora que tratamos nossos assuntos, se me dá licença, preciso arrumar minhas coisas para o retorno a Hogwarts. Imagino que conheça a saída.
- Sim, não se preocupe. – disse Greyback enquanto ela abria a porta. Ele deixou o escritório e logo em seguida a Mansão. Ajudar a Princesa das Trevas tinha sido uma decisão muito acertada, porque o ajudaria mais do que qualquer recrutamento de Lobisomens e deixar essa missão mais importante em segundo plano deixaria Voldemort ainda mais satisfeito, pois mostraria a quem o lobisomem era mais leal: ao Lorde ou a si mesmo.
Melinda estava contente de ter conseguido o auxilio de Greyback. Estando em Hogwarts, ela nunca conseguiria achar Hilary sozinha. A Escola de Magia podia atrapalhar muito nessas situações. Mas era necessária não apenas para manter as aparências, mas também para aprender determinadas coisas que serviriam de base para seu aprendizado de Artes das Trevas.
Ainda naquela manhã iria para a Mansão Malfoy e precisava, alem de arrumar as coisas, se despedir de seus pais e dar uma ultima lida em seus livros de Artes das trevas, porque naquele ano a fiscalização seria enorme e, agora que ela era oficialmente filha de uma Comensal da Morte, ainda mais em cima dela. Levar livros daquele tipo a Hogwarts não era prudente.
Deixou de lado seus pensamentos e se dirigiu a seu quarto, para arrumar o resto de suas malas.
Mansão Malfoy
Ver a animação de Draco animou Melinda, ele parecia seguro de si o bastante para matar Dumbledore. Hum, finalmente boas noticias. Menos preocupação com Draco significava mais concentração na questão de Hilary. E a questão da meio-irmã era de extrema importância.
- Hey, my love. – ela sorriu e deu um selinho delicado em Draco, acariciando seu rosto com o dorso da mão. O embrulho no estômago dela, anteriormente causado pelo medo por Draco, havia passado e tudo estava bem de novo. O lado bom? É que se em algum momento o ânimo dele passasse, ela paresse que não conseguiria matar Dumbledore, ela já sabia o que fazer... Os planos estavam feitos.
- A senhorita Black demorou muito para vir, agora nem teremos muito tempo para nos curtir. Temos que ir ao Beco Diagonal, você sabe... – ele deu o sorriso mais lindo do mundo e ela pensou que ia chorar, apenas em cogitar a possibilidade de perdê-lo.
Os dois ouviram os passos de Narcissa, parecendo apressada, na escada. Ela estava vestida e provavelmente desejando sair logo para ir ao Beco Diagonal.
- Melinda, por Merlin, que bom que você chegou... Achei que não chegaria a tempo de irmos, minha querida. – disse Narcissa, um algumas notas de repreensão.
- Desculpe-me, titia, mas eu tive que resolver algumas pendências no caso da Hilary. – o sorriso macabro muito comum no rosto da morena nos últimos tempos, apareceu novamente.
Narcissa pareceu engolir seco após as palavras da sobrinha. Os planos para a vida de Hilary nos meses seguintes não eram os que mais agradavam Narcissa, afinal se baseavam em acabar com a vida da jovem loira.
- Ah, eu entendo. Hum, vamos logo então... – a loira disse, apressada e evitando pensar na morte da sobrinha que criara como filha. Mas o que ela poderia fazer, afinal? Hilary escolhera o próprio destino. Ela não podia de forma alguma livrá-la daquilo. No momento em que Narcissa soubera que Hilary havia mudado de lado, ela não tivera dúvidas: a sobrinha cometera suicídio.
Narcissa passou por Melinda e Draco, que deram de ombros face à estranha reação da loira e a seguiram. Eles teriam muitas coisas para comprar, incluindo novos uniformes.
O Beco Diagonal não era mais o mesmo, apenas a loja Gemialidades Weasley parecia estar aberta com verdadeira vontade. Todas as outras, contudo, pareciam cemitérios. Os donos estavam assustados, morrendo de medo, com razão.
Melinda focalizou o cartaz na frente da Gemialidades Weasley, dizendo para se preocupar com o aperto Você-Sabe-Onde em vez de com Você-Sabe_Quem, e fez uma careta de desprezo. Para a filha de Voldemort aquilo era um ultraje e Narcissa e Draco certamente perceberam aquilo.
- Eu quero entrar. – disse a morena, sem tirar os olhos do cartaz. Ela tinha certeza de que todos na família Weasley sabiam sobre ela, portanto, seria pura diversão entrar naquela loja.
- Melinda... Você....
- Sim, titia, eu tenho certeza que quero entrar. – Narcissa não teve mais objeções e adentrou à loja colorida e lotada de adolescentes correndo. Os Malfoy acompanhados de uma Black destoavam de tudo ali, mas Melinda nunca quis ser normal de qualquer maneira.
Por um segundo foi como se o tempo tivesse parado na loja e o ar faltado. Os adolescentes pararam e focalizaram a jovem que usava um tailleur creme com fitas pretas nas extremidades, a saia era solta, acinturada e ia até a metade da coxa. O paletó apertado tinha um decote profundo em V que deixava à vista a blusa de cetim vinho com babados na gola. As pernas dela estavam cobertas por uma meia calça fumê, com sapatos de salto altíssimo creme, praticamente no mesmo tom que o tailleur.
A bolsa, as luvas de couro e a boina que emoldurava os cabelos perfeitamente arrumados com cachos enormes e maravilhosos, eram da mesma cor da blusa: vinho. Sem falar no batom, também combinando. Ao lado de Draco, de terno preto, usando uma cacharrel da mesma cor por debaixo do paletó, ela era o oposto de todos os outros ali presentes, que usavam roupas mais simples como calças jeans. Narcissa, então, com seu vestido longo verde, nem se fala.
De braço dado com Draco, Melinda andou alguns passos, entrando de fato na loja, ouvindo os cochichos das pessoas que a haviam visto no Profeta Diário, mas ela tinha um objetivo: chegar aos donos da loja e essa vontade assustava Narcissa. Ela queria provocar. Ela não resistia a mexer com os outros.
Os gêmeos Weasley estavam acompanhados de toda a família, assim como Harry Potter, Hermione Granger e... Melinda sorriu por dentro: o casal fujão. Hilary e Cedric. Ao ver a sobrinha, Narcissa prendeu a respiração. Mesmo que fosse um lugar público, sair do esconderijo era inseguro demais para Hilary, mas ela provavelmente não esperava que a irmãzinha fosse à Gemialidades Weasley, mas digamos que o cartaz dos gêmeos tinha certa culpa.
- Melinda... – Hilary suspirou, sentindo Cedric apertar-lhe a cintura com força. Ele tinha medo por ela e ela, bem no fundo, também.
- Hi sister...
- O que diabos você está fazendo aqui? – perguntou a loira, ríspida.
Melinda sorriu de forma tão inocente que a Sra. Weasley chegou a duvidar que aquele anjo fosse mesmo filho de um demônio como Voldemort. A pele branca, em contraste com o batom vermelho, os olhos extremamente verdes em contraste com o delineador preto e emoldurados pelos cílios enormes e perfeitamente curvados devido à maquiagem, os cachos caindo sobre os ombros e nas costas, tudo a deixava com aparência de boneca. Uma linda e perigosa boneca. Mas bela e aparentemente inocente demais para que alguém se lembrasse de sua periculosidade. Ou acreditasse na existência dela.
- Eu vim ter certeza da decadência do mundo bruxo. Realmente, o contato com os trouxas nos está destruindo. – a morena olhou em volta, para todos os lados na loja. – Olha o tipo de coisas em que a magia é gasta agora. – ela levantou os olhos para os gêmeos. – Devíamos ter classe, poder e não fazer piadas com nossa própria magia. – a voz outrora doce e inocente se tornara fria, profunda e terrivelmente assustadora. As feições dela haviam se transformado de inocência para o mais profundo ódio. Quase se podia ver chamas nos olhos verdes. – Mas afinal, Hy, o que eu poderia esperar de seus novos amigos, não é mesmo? Não se pode esperar muita coisa de Weasleys, afinal. – ela terminou com uma cara de nojo.
- Nem de você, Zabini! – retrucou Harry, se segurando para não voar no pescoço daquela garota. Ele estava vermelho de ódio. – Você está com inveja porque alguém que não é do seu adorado círculo social aristocrático está lucrando e todos estão amando!
Melinda fechou os olhos virou o rosto lentamente até Harry esboçando o sorriso mais maligno que qualquer um ali havia visto em toda a vida. Os olhos dela brilharam de maldade ao encontrarem os dele, que queimavam de ódio.
- Harry, eu quase esqueci que você estava aqui. – respondeu a jovem bruxa, lembrando macabramente as palavras do pai, o que provocou dor na cicatriz de Harry e um leve arrepio. – Mas, eu preciso lhe informar, afinal, como a maioria dos decadentes que de fato freqüentam esse antro com alegria, você não está muito informado do que acontece na ‘aristocracia’, como você chama... É Black. Melinda Callidora Black. Por isso, não me chame mais pelo sobrenome antigo, eu não vou atender. – ela sorriu inocente mais uma vez, com a diferença de que, após mostrar sua verdadeira face, ela agora parecia uma caricatura de si mesma. - E sobre inveja... A escória pode fazer o sucesso que ela quiser com a escória, eu dispenso. Tenho coisas mais importantes para pensar.
- Tipo no seu adorado pai insano, não é mesmo? – novamente, Harry Potter não conseguiu segurar a maldita boca e falou besteira, recebendo olhares repreensivos de todos.
- I have no idea what you’re talking about, Potter. – Melinda respondeu, sorrindo sarcástica. Harry estava perdendo a linha e ela adorava isso. Ele estragaria tudo para a Ordem. – E eu realmente penso que você deveria procurar ajuda, esta ficando um tanto quanto perturbado. – a morena fez uma careta de preocupação.
- Meu amor, entenda... O Potter é desde sempre perturbado. – disse Draco, quase chorando de rir, fazendo a namorada rir também. Ninguém mais ali via graça naquilo, mas eles não se importavam de fato.
- Oh My Merlin, Melinda! – uma voz aguda de garota despertou os dois das risadas e, quando Melinda se virou para ver quem era, viu apenas a cabeleira loira de Gabrielle, que já a abraçava – o que quase fez a princesa das trevas cair.
- Gabrielle! O que você está fazendo aqui? – perguntou a morena, soltando-se da amiga.
- Eu vi você aqui dentro, pela janela, e decidi entrar... E você?
- Vim ver o quão decadentes alguns bruxos podem ser, usando mágica para piadas tão esdrúxulas e para matar aula. – ela revirou os olhos e Gabrielle olhou a loja ao redor, fazendo cara de nojo.
- De fato. – a loira deu uma risada sarcástica. – Mas, você está tão....
- Linda, diva, maravilhosa? – perguntou Draco, sorrindo e piscando para a namorada, que retribuiu o sorriso. O que fez os Weasley, Hilary, Cedric, Harry e Hermione se olharam enojados.
- Isso tudo! Mas o que eu queria dizer é... Francesa... Você parece francesa com essa roupa...
- Vindo de uma quase francesa, eu posso acreditar, eu acho. Mas não se esqueça, my dear, eu estudei em Beauxbatons. – ela piscou para a amiga. – Agora, minha querida, vamos sair daqui, sim? Já fiquei aqui o bastante.
Gabrielle concordou e Draco deu o braço para Melinda, que o pegou olhando para Hilary por cima do pescoço, não resistindo à tentação de provocá-la um pouco.
- Good to see you, sis. – Melinda sorriu, sarcástica. - Não sabemos em quais situações voltaremos a nos encontrar, não é mesmo? – a voz inocente voltara a saltar dos lábios vermelhos da morena, que não resistiu a uma risada.
Gabrielle, Melinda e Draco se puseram a andar, deixando Hilary sem chance alguma de falar alguma coisa. Foram interrompidos por um aluno do sétimo ano que parecia querer falar com Melinda.
- Hey... Black, tenho um presentinho para você... – O garoto estendeu um frasco de Amortentia a ela. Claramente desejando provocar Draco, que aceitou a provocação e foi pra cima do garoto, sendo segurado por Melinda e Gabrielle.
- Eu não sei se a sua mãe te ensinou alguma educação, mas não se canta mulheres acompanhadas a não ser que queira levar um soco. – Narcissa preferiu ficar calada a se meter nos problemas do filho, sabia que ele estava com a razão.
- Draco... – disse Melinda, fazendo força para segurá-lo. – Ignore.
- Bom, seu namoradinho não vai deixar você pegar. Então... Toma... – ele jogou o frasco na direção dela, mas o frasco foi desviado e espatifou na parede. O mais surpreendente foi o fato de que Melinda havia feito aquilo com o olhar, apenas. Sem pronunciar feitiços ou usar a varinha.
- Como você fez isso? – perguntou Gabrielle, soltando Draco que estava tão chocado quanto.
- Prática, my dear. – mentira. Ela abriu a bolsa e pegou um saquinho com alguns galeões dentro. Virou-se para os Weasley que, assim como Harry, Hermione e Cedric e metade da loja, estavam chocados. Uma estudante que acabara de entrar no sexto ano não tinha condições de fazer aquilo, ao menos não de propósito como ela fizera.
- Acho que isso deve dar para cobrir o prejuízo do frasquinho de Amortentia. – ela jogou o saquinho com os galeões na direção de George, que pegou no ar. – Pode ficar com o troco, sua família precisa mais do que a minha. Posso não ter a fortuna dos Black, mas como filha de Bellatrix tenho direito a 50% da fortuna dos Lestrange. Acho que vocês sabem que isso é muito...
- Vinte e cinco, irmãzinha. – corrigiu Hilary. – Os 50% de Bellatrix, que está sendo procurada e não pode usufruir, são divididos entre nós.
- Errado. Os cinqüenta são meus, porque acho que você não sabe, mas Rodolphus te deserdou.
- Ele o quê?
- Isso mesmo Hy, meu padrasto te deserdou então não pode nem mesmo ter a da mamãe. É tudo meu. – a morena sorriu. – Acho que você vai precisar trabalhar.
- Você está mentindo.
- Não, você foi renegada. Não é mais uma Lestrange, portanto, nada de dinheiro para você... Talvez Cedric ou seus novos amiguinhos te ajudem. Bom, agora eu vou mesmo. Tenho que comprar coisas úteis....
- Inacreditável. – disse a Sra. Weasley, logo depois que Melinda passou pela porta da Gemialidades. – Ela parece tão doce, tão inocente... Até começar a falar, é claro.
- Quando ela começa a falar se torna tão... – Arthur não conseguia escolher as palavras.
- Demoníaca. – Hilary completou a frase. – E o feitiço sem varinha e palavras? Quem vocês acham que ensinou? – Ninguém respondeu, mas todos sabiam: Voldemort.
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Dias depois
A primeira aula dos NIEMs de McGonagall havia começado. Sonserina e Grifinória juntas, dessa vez. Melinda não estava na sala, na primeira aula do ano, e todos estavam estranhando, ela era CDF demais para isso.
Uma batida na porta interrompeu a aula e quando a professora atendeu a dita cuja adentrou à sala, parecendo mais deslumbrante do que nunca. Encarar a filha de Voldemort pela primeira vez, pelo menos depois de saber quem a garota era, fez McGonagall sentir um embrulho no estômago. A vontade que ela tinha era enfiar uma poção do morto vivo naquele sorrisinho falso.
- Professora, mil perdões. Mas eu estava com o professor Dumbledore, portanto creio que tenha permissão de entrar na aula. – disse Melinda usando sua habitual e agora irritante, para McGonagall que sabia que era mentira, voz doce e inocente.
A jovem entregou à professora um pergaminho, onde McGonagall reconheceu a letra de Dumbledore e apenas mostrou um outro, com o selo do Ministério da Magia. McGonagall pareceu respirar fundo, como se não acreditasse que realmente teria que fazer o que o papel dizia.
- Muito bem, entre Srta. Zabi...
- Black. – Harry quis levantar da cadeira ao ouvir novamente ela dizer o sobrenome de Sirius. – Como diz no papel que eu peço que a Profª repasse aos outros Profs, este é meu sobrenome agora e eu gostaria de ser tratada por ele.
- Como quiser, Srta. Black. – disse McGonagall, parecendo completamente incomodada. Não era pra menos, chamar a filha de Voldemort pelo sobrenome de um companheiro de Ordem que lutara contra ele era nojento. E ela tinha certeza de que a garota não recebera o sobrenome Black apenas porque era bonito e sim porque era também uma provocação à Harry. E Melinda sabia muito bem como aproveitar aquilo.
Como não podia deixar de ser, Melinda foi a melhor aluna da aula. E Minerva teve que dar os pontos à Sonserina, afinal... Ela tinha que ser profissional e aquele filhote de monstro era uma boa aluna. Irritantemente boa, assim como fora Voldemort e como fora Bellatrix em seus respectivos tempos.
Aquele ano, ao que parecia seria longo. Absurdamente longo.
Salão Comunal da Sonserina – Na noite seguinte
- Graças a Merlin eu te encontrei, garota! – Gabrielle arrancou das mãos de Melinda, que pareceu reprovar, o livro que ela lia. Precisava falar com a amiga e deixou de lado qualquer educação que lhe fora algum dia ensinada.
- Nossa, vai salvar o pai de quem? – ironizou Melinda, jogando-se no sofá do Salão Comunal, parecendo cansada e irritada.
- De ninguém, mas para com o estresse. Que horror...
- Sorry... É que... A Pansy continua monitora e isso me dá nos nervos, mas eu também não podia esperar que Dumbledore deixaria que logo eu tivesse algum poder nesse castelo. – ela revirou os olhos e Gabrielle concordou, era absolutamente óbvio que não. – Mas me diga, por que queria me achar.
- Eu quero sua ajuda para seduzir Severus Snape. – a reação de Melinda foi tão absurda que ela agradeceu aos céus de não estar bebendo algo, ou certamente cuspiria.
- Você o quê?
- Isso mesmo que você ouviu e você vai me ajudar. Gostando ou não dele, Mel. Afinal somos amigas e você nunca me recompensou por ajudar com as cartas da Hilary.
- Touché, my dear. – Melinda sorriu, reação contrária daquela que Gabrielle esperava. A aprendiz estava finalmente aprendendo a ser como ela e isso agradava muito à Melinda. – Contudo, eu não ia negar de qualquer forma. Não precisava ter argumentos para me obrigar a fazer algo que eu faria de bom grado.
- Mas você não gosta dele... E não está brava comigo?
- Você continua aprendendo, Gaby. Finalmente está atacando, querida e isso é bom, como eu poderia me irritar? E..Snape envolvido com uma aluna? É o tipo de coisa que eu adoraria provocar, logo em Snape que se diz tão respeitoso com as regras do castelo e bla bla bla. Mas eu te aviso, será muito difícil. Mas... – Melinda começou a rir descaradamente.
- Mas? – Gabrielle se sentou no braço de um dos sofás, não entendendo em que Melinda via tanta graça assim. Será que tinha imaginado alguma coisa?
- Minha mãe. A mulher que Snape mais detesta, já conseguiu, então você...
- Você ta tirando....
- Não estou, juro. Ela já o seduziu uma vez... – Melinda estava quase chorando de rir. – Mas não se preocupe, ela fez só para irritar ele...
- Obrigada por me comparar com a sua mãe, eu realmente tenho o mesmo poder de sedução que ela. – Gabrielle revirou os olhos, irônica.
- Pode até ser que não, mas ele não vive aos trancos e barrancos com você. Ao contrário, você é a melhor aluna que Defesa Contra as Artes das Trevas já viu...
Gabrielle ia abrir a boca para explicar que aquela não era sua melhor matéria, que era muito melhor nas outras e coisas do estilo, mas Melinda se adiantou à loira, fazendo-a entender onde ela queria chegar.
- E eu vou garantir isso. – a morena arqueou a sobrancelha, mostrando à Gabrielle que quando ela dissera que ajudaria, ela não estava brincando.
Melinda informou Gabrielle do plano que começava a se formar em sua cabeça, e seria complicado porque elas teriam apenas dois meses para fazê-lo funcionar perfeitamente. E, como Gabrielle era a monitora do quinto ano, seria perfeito colocá-lo em prática uma vez que rondar corredores escuros à noite pode ser muito útil. Poor Snape, parece que terá que usar sua Oclumência em Dumbledore, se não quiser perder seu adorado emprego.
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – 31 de outubro de 1996
Halloween é sempre uma data festiva em Hogwarts. E como poderia ser diferente, não é mesmo? Num castelo cheio de bruxos. O castelo estava enfeitado, as Casas comemoravam cada uma à sua maneira e a Sonserina... Não deixava te planejar sua habitual comemoração clandestina.
- Melinda, você acha mesmo que isso tudo vai dar certo? Digo... O plano. – Gabrielle abaixou o tom de voz, para não ser ouvida por algum indesejável. Mesmo dentro da Sonserina, alias, principalmente dentro da Sonserina, as paredes têm ouvidos.
- Absolutamente sim. Estamos há dois meses planejando isso, se não der certo, não tem mesmo jeito, minha querida. Mas eu soube que Snape se desmancha em elogios sobre você para os outros professores...
- E como você sabe disso? – perguntou Gabrielle, animada, enquanto arrumava a decoração de Halloween do Salão Comunal. Já havia passado das nove, então elas podiam finalmente decorar.
- Duas palavras. Horace Slughorn. Acho que sabe que sou do Clube do Slugue e bem, ele não é muito bom Oclumente e bem... Parece que Snape elogiou você numa reunião quando todos falavam do quinto ano. Soube porque Snape me elogiou quando falavam do sexto, mas Slughorn disse que você parece ser a preferida de Snape em Defesa assim como parecia ser sua preferida quando ele ensinava Poções. Slughorn na verdade acha que a única explicação para ele me preferir à Potter era o fato de eu ser da Sonserina. – Melinda revirou os olhos. – Não que ele tenha me dito isso, mas pensou.
- Eu tinha certeza que você seria chamada para o Clube, come on, você saiu no Profeta Diário, é filha de uma traição de pai... desconhecido de uma das bruxas mais famosas e... é Black. Ele ama os Black. Além de ser a melhor aluna da Sonserina, segunda melhor de Hogwarts, já que a Granger vive pra estudar. – Gabrielle pareceu enojada.
- Sim, mas o que importa agora não é superar a Granger e sim o fato de que Snape já te admira. Você só precisa... – Melinda jogou uma garrafa de uísque de fogo clandestino para a amiga. – Beber um pouco e fingir que bebeu muito. É infalível. – os olhos verdes dela brilharam de malícia.
Os outros sonserinos chegaram ao salão comunal e elas se calaram, voltando a arrumar mais uma daquelas festinhas clássicas de Halloween. Elas sempre aconteceram e provavelmente nunca parariam de acontecer, afinal, era uma tradição que os pais ensinavam aos filhos.
Duas horas depois, a festa já estava em seu auge, todos praticamente bêbados, e se divertindo como nunca. Era uma das melhores festas que os veteranos ali já haviam experimentado.
Jogados em um sofá, Draco e Melinda se beijavam com um afinco que fizera os amigos deles até saírem de perto com medo de atrapalhar e odiando também ficar de vela. Por Merlin, aquele povo precisava arrumar um par. E foi exatamente isso que Gabrielle foi fazer.
Uma batida na porta fez Snape parar de ler. Pesquisando mais sobre Artes das Trevas, para ensinar os alunos a combatê-la, como se ele de fato precisasse aprender Artes das Trevas.
Ele abriu a porta, quase praguejando contra quem ousava interrompê-lo, mas desistiu quando percebeu que era sua mais nova favorita, Gabrielle Ceresier. Mas ela não parecia a mesma, os cabelos estavam um pouco fora do lugar e ela parecia se apoiar com dificuldade no batente. Ela não estava bem.
- Srta. Ceresier... O que faz aqui? Achou alguma coisa enquanto rondava Hogwarts? Digo, hoje é a monitora responsável, não? – ele deu passagem para que ela entrasse em sua sala.
- Mais ou menos... – ela respondeu com a voz arrastada. Aproximou-se de Snape, andando com forçada dificuldade. Ela precisava parece muito mais bêbada do que estava de fato. – Eu preciso te mostrar uma coisa...
Snape sentiu de longe o cheio de uísque de fogo na boca dela. Não tão de longe, já que Gabrielle estava mais perto do que o recomendável para uma aluna, mas ele sabia que bêbada daquele jeito ela não tinha nenhuma noção de espaço. Ou ele pensava isso.
- Hey Melinda! – disse Nicky, sentando-se ao lado dela, assim que o amasso com Draco terminou. – Cadê a maluca da Gabrielle? – perguntou a nova loira do grupo.
- Hey, quando você mudou a cor do cabelo? – perguntou a morena, meio chocada.
- Hoje... Mas enfim, cadê a outra loira do trio? – Nicky riu. – Preciso mostrar a ela uma coisa que ela me pediu...
- My dear, a Gaby ta meio ocupada no momento com os lances... de monitora dela, mas te garanto que ela vai achar uma coisa que ela quer muito... E nem vai ligar de deixar pra depois ver o que você quer mostrar. – a morena sorriu.
- Quanto mistério, Miss Black...
- Um mistério necessário, minha querida... – Melinda prometera segurar todos longe da sala de Snape e não permitir que ninguém procurasse Gaby, e era isso que estava fazendo.
- E o que você precisa me mostrar, Srta. Ceresier? – perguntou Snape, querendo loucamente se afastar de Gabrielle, porque aquela proximidade o fazia pensar em coisas muito inapropriadas. Principalmente porque o uniforme modificado dela deixava as pernas muito à mostra e a blusa estava aberta demais.
- Mostrar que mesmo sendo monitora eu penso que... Às vezes regras são uma completa merda. – ela se aproximou mais, deixando claro sua embriaguez ao usar uma palavra de tão baixo calão com um professor. E Melinda não tinha nada a ver com esse vocabulário. E a ultima frase será verdade no dia em que o inferno congelar, é claro.
- Posso perceber uma vez que está claro para mim que mais uma vez a minha querida casa deu uma festa regada à uísque de fogo e mais claro ainda que a Srta participou... Não me surpreende, os outros monitores também devem estar lá...
- Não é disso que estou falando, professor. – a voz de Gabrielle se tornou mais manhosa e ela se aproximou de Snape de tal forma que por centímetros não encostou nele. – E sim do fato que certos modelos de conduta impedem nossa felicidade... Como a relação aluno X professor.
- O que a senhorita...
- Sempre temos que ser tão formais... E eu penso que às vezes isso é uma hipocrisia porque em vez de formalidade, queremos algo que vai além do formal, do informal, do proibido...
- Gabrielle Ceresier. – Snape segurou-a pelos braços, fazendo-a parar de se aproximar. O toque dele a fez fechar os olhos e suspirar. Ouvir seu nome na boca dele, mesmo que em tom de repreensão, a fez delirar. – A Srta está prestes a cruzar a linha...
- E quem foi que disse que eu não quero cruzar? – ela sorriu e o desarmou por um segundo, que foi tempo suficiente para ela soltar um dos braços dos dele, puxá-lo pela nuca e colar os lábios.
Snape ficou sem reação, era impossível que uma aluna estivesse realmente fazendo aquilo. Era loucura demais. Não que ele não sentisse atração por Gabrielle, que era linda, mas ela era sua aluna. A-LU-NA. Será que ela não entendia aquilo? Além do mais era menor de idade. Ele queria afastá-la de si, mandá-la agressivamente para fora dali, mas ela parecia tão frágil por causa da bebida e... Beijá-la parecia tão certo apesar de tão errado. O gosto de uísque de fogo misturado ao das bocas dele. Merlin, ele estava enlouquecendo. Afastou subitamente Gabrielle de si.
- Volte ao seu dormitório, Srta. Ceresier. Precisa de uma boa noite de sono. Está fora de si...
- Eu nunca estivesse tão em mim...
- Pois então volte a estar fora de si como esteve até hoje. – ele abriu a porta para ela. – É melhor para ambos. A Srta provavelmente não se lembrará disso, portanto eu também esquecerei.
Gabrielle não disse sequer mais uma palavra e saiu cambaleando falsamente do escritório de Snape. Ela não esqueceria e sabia que ele... Também não. Ele correspondera e era tudo que ela precisava naquela noite.
O sorriso de Gabrielle para Melinda quando a loira chegou ao Salão Comunal, foi tudo que a princesa das trevas precisava para saber que mais uma vez seu plano tinha dado certo. Perfeito, como o planejado. Snape estava caindo de seu pedestal de perfeição e Gabrielle feliz. Ótimo para as duas.
Mansão Riddle – 24 de dezembro de 1996
Uma crise de riso caiu sobre Bellatrix quando Severus Snape passou pela porta da Mansão. Ela não conseguia não rir depois do que Melinda havia contato a ela. Agora Snape era papa anjo? Isso era a perfeição, por Merlin.
Claramente Bellatrix estava rindo de Snape e isso começava a irritar Voldemort, que havia chamado- o para as eventuais conversas sobre a Ordem.
- O que é tão engraçado, Bellatrix? – perguntou Voldemort, parecendo muito irritado. – Ignore, Severus, ela está provocando.
- Desculpe-me, milorde, mas não pude evitar. – disse Bellatrix, controlando o riso. – Não consegui me controlar, agora que sei que o Santo Snape devora garotinhas...
- Está cada dia mais louca, Lestrange. – a alfinetada de Snape estranhamente incomodou Voldemrot, que sabia que ela estava errada, mas era mulher dele, afinal.
- Halloween te diz algo? E... Gabrielle Ceresier? Acho bom Jean-Pierre não ficar sabendo que você andou dando aulas particulares para a filhinha dele. – Voldemort olhou para Snape de forma bem masculina, aquele olhar de aprovação.
- Não posso falar muita coisa sobre me relacionar com mulheres mais novas, Snape... – Bellatrix engasgou com o uísque, assim como Melinda tropeçou na escada, e ambas começaram a rir. – Mas pelo o que eu sei, Gabrielle tem quinze anos e..
- Eu não estou me relacionando com ela, milorde. Não causarei problemas com os Ceresier, não se preocupe.
- Não foi o que eu soube. – disse Melinda, descendo as escadas decentemente. – Parece que no Halloween vocês se beijaram... Não, a Gabrielle não esqueceu. E eu soube que desde então ela tem tido muitas detenções...
- O que eu posso fazer se a Srta. Ceresier faz de propósito? Aliás, diga à sua amiga que ela não vai me conquistar assim, é loucura. Sou professor dela e...
- Ela é menor de idade, blábláblá. Sei disso. – disse Melinda. – Mas se prepara Snape, porque ela não vai desistir... Ela pode até esperar os dezessete dela, mas desistir de você não está no vocabulário dela. – Melinda passou por ele, dando um risinho.
- E creio que a esteja apoiando em tamanha loucura, Melinda...
- O que posso fazer, Snape? Ela é minha amiga... Por mais louca que seja, é meu dever apoiá-la. E não vou negar que seu desespero com as possíveis conseqüências dos atos dela esteja me divertindo...
- Realmente, Bellatrix, Melinda está passando muito tempo com você. – disse Voldemort, parecendo novamente irritado. – Venha comigo, Snape. Precisamos conversar, você tem informações para me passar.
Quando os dois passaram pela porta do escritório, Melinda correu para sentar-se ao lado de Bellatrix, ainda aos risos no sofá. Elas trocaram um olhar cúmplice e Bellatrix parou de rir.
- Pronto, parte dois do plano cumprida. Obrigada, mãe. – disse Melinda, sorrindo alegremente. Ela havia pedido para Bellatrix contar para Voldemort de forma que Snape não pudesse negar. Voldemort não faria nada além de apoiar e ela sabia disso. Claro que pediria para Snape fazer tudo com cuidado por causa dos Ceresier, mas o Lorde nunca fora muito moral afinal de contas. E uma futura Comensal, melhor amiga de sua filha, era tudo que ele poderia querer para o Comensal favorito. – Agora é a Gabrielle fazer a parte dela... Você vai mesmo contar a ela como fez para o Snape... Você sabe. – Melinda fez uma careta.
- Me agarrar? Sim, é claro. Você já escreveu dizendo isso a ela?
- Yeah. E ela escreveu de volta. Adorando a idéia. Não agüenta esperar até amanhã.
- Diga a ela que venha, não demorará muito tempo para Snape cair nos braços dela. Não demorou pra mim, imagina para ela. Ele se acha muito difícil, mas nem é. Ou pelo menos não será mais...- As palavras de Bellatrix só iriam fazer muito sentido algum tempo depois.
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Semanas depois
- Hey professor. – Snape ouviu uma voz aveludada e virou-se, vendo Gabrielle sentada de pernas cruzadas em sua mesa. A saia parecia mais curta do que nunca, a blusa mais apertada. Ele podia ver o fim rendado da meia 7/8 preta da aluna aparecer. Sentiu um arrepio na espinha quando ela descruzou as pernas e desceu da mesa em câmera lenta. Com a varinha, ela fechou a porta e trancou-os na sala.
- Gabrielle... Por favor, se retire.
Ela sorriu depravada e andou até ele no maior estilo Lolita de ser, ele se perguntava onde ela havia aprendido aquilo. Não sabia se agradecia ou amaldiçoava aquele que a havia ensinado a ser tão sensual.
- Por quê? – ela passou o dedo sobre os lábios dele. – Tem medo de não resistir a mim, professor? – o tom de voz arrastado, o jeito de tocar o levavam a um dejá vù. Ele já sabia quem a havia ensinado: Bellatrix Lestrange. Vagabunda. Ela ia pagar... Ou não.
- Você vai acabar levando uma detenção, garota. – ele tentou parecer firme, mas a proximidade e aquele perfume novo que ela usava... Eram enlouquecedores. Bellatrix planejara tudo, era uma filha da puta mesmo.
- Vai me deter, é? Hum, melhor ainda, porque... Daí nós temos mais tempo juntos. – Gabrielle andou na direção dele, até encurralá-lo na porta da sala. Snape engoliu seco, ele queria ceder, mas não podia e isso era difícil demais, Merlin. – Não vai, né? Que pena, eu queria tanto. – ela sussurrou próxima aos lábios dele.
Quando Snape encostou-se à porta, Gabrielle grudou ao corpo dele, deixando-o sentir cada curva de seu corpo. A pirralha realmente estava aprendendo e estava deixando ele louco. Talvez esse fosse o castigo por ser agente-duplo. Son of a bitch. Precisava se lembrar de matar Bellatrix um dia qualquer.
- Eu sempre quis saber o que você escondia debaixo dessa roupa toda preta. – ela sussurrou contra a orelha dele. Passando a mão atrevida pelo contorno do corpo de Snape. Mordeu o lóbulo da orelha do professor, totalmente sem pudor. Pudor não a ajudaria em nada.
Pela primeira vez sentiu Snape apertar a mão contra sua cintura, ele estava cedendo e ela podia sentir. Bellatrix estava certa. Snape gosta que tomem o controle dele, que mostrem a ele que ele está errado. Gosta de perigo, apesar de negar. Foi por isso que beijou Bellatrix com Voldemort na sala ao lado e era por isso que a beijaria dentro de Hogwarts. Porque sim, ele a beijaria e ela não sairia daquela sala enquanto aquilo não acontecesse.
- Não tem curiosidade de saber como é estar com uma ninfeta, huh? Prometo que ninguém saberá... Será nosso dirty little secret. – ela arranhou a nuca dele e apertou mais seu corpo contra o do professor, que já respirava com dificuldade.
- Gabrielle, stop. – as mãos dele, puxando-a contra si, iam contra suas palavras. Ele alisava a cintura dela e a queria mais do que o saudável. – Eu posso perder meu emprego, o Lorde não gostaria disso e eu menos.
- Ninguém vai saber...Você engana Dumbledore há tanto tempo... – ela acariciou o rosto dele, segurando com força pelos dois lados e o beijou. Sentiu Snape suspirar e abraçá-la com força pela cintura, beijando-a com vontade pela primeira vez. Segurou Gabrielle pela nuca e aprofundou o beijo, a virou contra a porta, trocando de posição e a levantou um pouco. Gabrielle gemeu contra os lábios dele quando sentiu suas mãos levantando sua saia. Agradeceria Bellatrix e Melinda forever.
- Eu devo estar ficando louco... – disse ele, entre os beijos. – Envolvendo-me com uma aluna...
- O proibido é sempre melhor, professor. – respondeu ela, mordendo o lábio dele.
Snape se perguntava como seria arrancar aquela saia dela e fazê-la dele de uma vez por todas e a quase certeza de que, pela forma como ela tremia quando ele a tocava por debaixo da saia, que ela era virgem... Apenas o deixava mais louco.
- Professor Snape! – alguém bateu na porta. Em desespero.
- Merda. – sussurrou Snape, afastando-se de Gabrielle. – Coloque sua capa. Agora! – disse com o tom mais baixo possível. Gabrielle obedeceu, colocou a capa e se recompôs.
- Muito bem, Srta. Ceresier. – disse ele enquanto abria a porta. – Obrigado pela informação. – Gabrielle assentiu. – O que foi? – perguntou ao primeiranista.
- Aconteceu uma tragédia no banheiro, não sei o que foi, a murta está gritando. Não tive coragem de entrar. – Snape saiu correndo com o primeiranista e Gabrielle em seu encalço.
Quando chegaram ao banheiro, viram Harry ao lado de um Draco Malfoy totalmente ensangüentado enquanto a Murta Que Geme gritava que havia sido cometido um crime no banheiro. Definitivamente, uma tragédia digna de interromper o momento de Gabrielle e Snape.
- Melinda! – Gabrielle entrou correndo no quarto da morena.
- O que foi? Você e Snape...? – Melinda, levantou feliz ao ver como a loira estava quase gritando...
- Não, não! Uma tragédia... O Draco! O Potter... – A expressão de Melinda mudou. – Eu sei que você e Draco se separaram, mas eu sei os motivos e ele... Está na enfermaria, o Potter usou nele um feitiço horrível, que corta o corpo todo e ele estava todo ensangüentado quando eu o vi.. Uma coisa terrível. – Gabrielle já começava a chorar e Melinda achou que ia desmaiar... – Vem comigo, Mel!
Melinda pegou a capa e saiu correndo com Gabrielle pelo castelo, cobriu-se com a capa pois era muito tarde para estar no corredor mesmo com Gabrielle que era monitora.
Ao chegarem na enfermaria, Madame Pomfrey já havia se retirado, elas haviam entrado clandestinamente, é claro. Nicky as esperava na porta.
Draco estava deitado, inconsciente, com várias cicatrizes pelo corpo, parecia fraco e debilitado. Melinda caiu de joelhos ao lado da cama. Ela se arrependia tanto do que havia feito, mas era necessário para que ele não tivesse mais do que cicatrizes.
- Você se arrepende, não é? – perguntou Nicky, sussurrando. Melinda tinha a cabeça coberta pelo capuz da capa, mas ela sabia que ela chorava. E muito. Era perfeitamente audível.
- Eu não posso, Nicky. – foi a resposta da morena. – Eu não posso me arrepender. A vida dele, de alguma maneira, depende de mim... E se eu voltar atrás, eu o matarei.
Gabrielle olhou para Nicky, como quem dizia para que ela não falasse ou perguntasse mais nada, Melinda não podia falar e já havia dito isso milhões de vezes. Só Melinda sabia porque havia sido tão cruel com Draco e as duas talvez nunca fossem saber.
Flashback
Sentada, lendo, Melinda parecia entretida. Após todos os feriados, ela estava novamente de volta a Hogwarts. Mas coisas estranhas estavam acontecendo. Primeiro Katie Bell, depois Ron Weasley. Draco estava agindo, mas Dumbledore tinha sorte demais.
Estava tranqüila, até que um Draco desesperado entrou pela porta do Salão Comunal. Ele parecia ter chorado por horas e horas a fio, estava fraco, tremendo.
- Draco... – ela se levantou e ele passou direto por ela, para o próprio quarto. Mas ela o seguiu, não deixou que fechasse a porta em sua cara. Não permitiria isso de forma alguma.
- O que está acontecendo com você? – ela bateu a porta atrás de si. – Há dias está estranho! Amor, eu percebo. – ela segurou o rosto de Draco e encostou a testa na dele.
Draco mordeu o lábio e segurou os braços dela, segurando o choro. Não choraria na frente de Melinda, era contra as regras dele mesmo.
- Eu... Não posso Melinda. – ele desabafou, tentando segurar o choro. – Não posso matar Dumbledore, eu não consigo, sei que seu pai quer, mas é impossível e ele vai me matar. Eu sei que vai, e vai matar meus pais. – ele começou a tremer e lágrimas saltaram dos olhos acinzentados.
Melinda sentiu seu coração como se ele fosse pular pela boca, Draco estava fraquejando e ela não podia permitir tal coisa. Não, não podia. Não mesmo. Ele precisava ser forte e continuar. Seis meses acreditando que conseguiria escapar a isso e agora ela via novamente a necessidade de usar o maldito Coringa. Sua última chance de salvar Draco e acabar com ela mesma.
- I can’t believe you. – disse a morena, soltando-se do loiro. – Não posso acreditar que seja tão fraco!
- What...? – Draco parecia não acreditar na reação dela. Ele abria seu coração, contava tudo para ela e a reação dela era tão fria? Inacreditável.
Ela se controlava como ninguém para não começar a chorar. Magoá-lo destruía seu coração, mas era a única forma. Dar apoio a Draco, sendo quem ela era, apenas alimentaria suas fraquezas. Ele não podia se sentir protegido, devia se sentir totalmente sem apoio, desprotegido, tendo como única chance matar Dumbledore.
- Não sei por que meu pai te deu essa missão, uma com tanta honra. Você não merece, Draco! Você é fraco, incapaz, ele devia ter dado a mim! Pois eu sim teria peito pra isso. Tanto drama para matar um velho caduco, onde já se viu? – ela revirou os olhos, mas cada uma de suas palavras era uma facada em seu próprio coração, machucá-lo doía mais nela do que nele. Draco era orgulhoso, provocá-lo era a melhor forma de obrigá-lo a fazer algo.
- Então é isso que eu sou pra você? Um fraco? Incapaz? Ótimo, Melinda. Você vai ver, eu vou matar o velho, ficar com todo o crédito pra mim e eu serei mais adorado do que você, Dark Princess. – os olhos de Draco incendiavam de ódio dela e era exatamente o que ela podia. – Mas, saiba que, caso eu não consiga, a culpa será sua porque eu fiquei perdendo o meu tempo com você enquanto devia planejar! E agora que parece que eu não vou conseguir, você me larga porque não quer que eu te leve junto, não é? – a mágoa era tão visível que ela achava que não ia agüentar.
- Sim, exatamente. Não vou permitir que você me leve junto com você, Draco. Fique aí com a sua fraqueza. Entre nós, acabou.
- Nunca devia ter começado, priminha. Essa missão também é culpa sua, afinal, o Lorde não quer um fraco namorando a filhinha dele, não é?
- Pense como quiser, mas está certo. Nunca devia ter começado mesmo. Eu vou procurar alguém que esteja à minha altura, Draco. Adeus. – Melinda saiu do quarto e bateu a porta. Ela parou e encostou-se à mesma, podendo ouvir o choro de Draco do outro lado. Destruía a alma dela, mas talvez fosse aquilo que ela precisava para seguir em frente. Não ter alma, congelar seu coração. Era difícil, mas ouvir o choro do ex-namorado destroçava seu coração, por mais que fosse para o bem dele.
Andou firme e forte até seu quarto, ninguém podiap perceber nada, talvez alguém contasse à Draco e atrapalharia. A destruição do amor de Draco por ela era o Coringa e dificilmente falharia, se falhasse nada mais poderia salvar Draco.
O barulho de sua porta fechando às suas costas foi o alívio que ela precisava. Sentia-se acabada e destruída como nunca antes em sua vida. Ela caiu no chão.
Sentada ao lado da porta, ela chorou, chorou como nunca antes. Seu coração estava em pedaços, ele a odiava e isso era cruelmente perfeito. Ele a odiava, queria superá-la e o faria. Provavelmente a odiaria para todo o sempre, mas ela não ligava. Preferia perdê-lo romanticamente do que perdê-lo literalmente. Enterrar Draco estava totalmente fora dos planos. A noite dela se passou daquela forma, aos prantos. Ela não tinha mais alma ou coração, e agora entendia porque Voldemort havia se livrado do dele, porque a dor que ela sentia naquele momento era insuportável. Ela queria se afogar no lado negro, apesar de não poder. Ela queria, com todo o seu coração. Que devia, quem sabe, congelar junto com o lago.
Fim do Flashback
As lembranças faziam Melinda chorar ainda mais sobre o frágil e debilitado corpo de Draco. Agora o choro era silencioso, ela tinha medo de acordar Madame Pomfrey. Não queria ser expulsa dali. Segurou a mão de Draco e acariciou-lhe o rosto. Ela queria voltar atrás, mas não podia.
- Mel, seja qual for o motivo... Ainda dá tempo...
- Não, não dá Gabrielle. I’ve made a choice, I’ll finish it. Doesn’t matter the cost. – ela se levantou, beijando os lábios frios dele de leve. – And the fucking cost is our Imperfect Fairytale.
Melinda murmurou um “I love you still” e saiu de perto da cama, passando correndo por Nicky e Gabrielle, provavelmente com medo de sucumbir, acordá-lo e acabar com toda aquela porcaria. Mas a possibilidade de lhe custar a vida de Draco era ruim demais.
Ela continuaria sofrendo e ele vivo, enquanto davam uma pausa talvez definitiva naquele Conto de Fadas Imperfeito. Afinal, o que mais poder-se-ia esperar da filha do homem que renegou ao amor? Um Conto de Fadas perfeito com um Happily Ever After? Don’t think so. Imperfeição a partir daquela conversa fatídica no quarto de Draco se tornara o sobrenome do romance dos dois. Talvez para sempre.
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Heeeeeeeeeeeeeeey guys!
Tudo bem com vocês? Bom, esse capítulo demorou um pouco mais do que o normal, eu sei. Mas acho que vale a pena, huh? 38 pags no word! CARALHO KAOSOKAO me empolgay! Enfim, tive que mais uma vez passar um pouco rápido o tempo se não essa fic fica com mil capítulos. LMAO
E ae? Gostaram? Valeu a pena? E a nc levemente sado? Curtiram? Pq eu fiquei assim: Ai tio voldie, castigael também. Jesus. me dá esse homi. tá paray KOKOSAAKO
Hoje é dia 24/12, então encarem como um presente de Natal! Pq eu escrevi metade do cap hj só pra poder postar de presente pra vocês!
Obrigada pelos coments e pelo apoio, mas eu quero mais coments! BEIJOS!
Mel Black (24/12/2009)
PS: Genteeeeeeem, amanha terá aqui no cap postada uma música e uma foto, como eu costumava fazer antes! *-*
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