Uma garota
Capítulo 9:
Uma garota...
Quando chegaram na pensão, ao invés de receber alguma explicação, os garotos tiveram que assistir Hermione subir correndo as escadas sem nem mesmo almoçar e se trancar lá em cima com as cartas.
- Hermione? – Rony chamou mais tarde, batendo na porta trancada do quarto.
Um resmungo vindo de dentro lhe informou que ele estava ouvindo.
- Vamos dar uma volta pela cidade, você não vem?
- ‘tô ocupada, vão vocês – Veio a resposta.
- Hermione – ele insistiu – você não pode ficar aí a tarde toda...
- Já disse que podem ir! Bom passeio!
Não houve jeito, senão se conformar.
Passaram por ruas praticamente vazias, outras bem animadas. Algumas com bares e lanchonetes, também vazias... Mas uma, em geral, não ficou muito claro se era bar ou lanchonete, lhes chamou a atenção: estava incrivelmente lotada, aquela hora da tarde.
Quando foram chegando mais perto, perceberam o que era: um show.
Havia tanta gente que eles resolveram parar, por curiosidade, para assistir, e foram se espremendo até chegarem a frente de um pequeno palquinho, naquele momento, vazio.
- Por que está parado? – alguém perguntou a esquerda de Harry.
- Um pequeno intervalo – outro alguém respondeu. – Mas já estão voltando, olha lá...
Um pequena equipe subiu ao palco. Pessoas vestindo tão bizarramente que outras que ainda não haviam visto deram risadas. Mas o que chamou atenção de Harry e Rony, foi uma garota: alta, cabelos negros e compridos, de olhos claros e frios. Era tão bela e tão branquinha que faria um ótimo papel de branca de neve. Usava um roupa tão colada e curta que algumas das mulheres presentes se enrubesceram por causa dela.
- Uau! – Rony exclamou baixinho no ouvido de Harry. – Que pernas!
Era verdade. A garota tinha, sem dúvida alguma, grossas coxas, um lindo e empinado quadril, e fartos seios. Se ele não preferisse sua ruivinha...
Tocaram um fank, música que não era muito comum na Inglaterra, mas que mesmo assim não impediu os presentes de tentarem acompanhar os movimentos. Era a garota e um outro rapaz que cantavam. Ela, decididamente atraía a atenção de todos com uma vozinha melosa e sensual, enquanto balançava o corpo no ritmo do “pancadão”.
- Bacana esses movimentos – disse um rapaz próximo enquanto olhava hipnotizado a garota virar de costas, rebolar e se voltar... "olhando para Harry?"
É vulgar – exclamou uma mocinha de cara fechada.
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Narrado por Harry
Seria impressão minha, ou aquela garota não parava de olhar na minha direção? Não... haha... que coisa... Por que ela olharia exatamente para mim? Há tantas pessoas aqui para serem olhadas... Tantos caras babando por ela, e vem olhar justamente para mim que já tenho dona? Até que ela é bonita... Atraente, mas eu amo a minha ruivinha e prefiro ela... "Tira os olhos Harry!"
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A garota acabara de se virar e fazer uma incrível rebolada até o chão, ao que Harry desviou os olhos e cutucou Rony, que babava de boca aberta.
- Vamos? – Precisou gritar. – RONY! VAMOS!
- O quê?
- Vamos embora!
- Por quê?
- Vamos ver se Hermione terminou com os enigmas.
Ao ouvir o nome de Hermione, Rony pareceu voltar a si.
- Claro... Hermione... os enigmas... Vamos.
Sem se atreverem a lançar um último olhar para a dançarina, os dois se retiraram do salão.
Nenhum deles reparou que ao saírem, um par de olhos escuros e ansiosos os seguiam de cima do palco.
Chegaram a pensão e encontraram Hermione com ar de impaciente sentada em uma das mesas onde era costume servir o jantar. Carregava uma enorme quantidade de papéis.
-Nossa! Aí estão vocês! – exclamou ela ao vê-los entrar. – Demoraram porquê?
-Hãm... – Harry engasgou. – Estávamos... olhando os lugares... só isso...
Ela olhou desconfiada para os dois, Rony corou ligeiramente
-Bom... – Ela contiuou. – Sentem-se aí. Tenho grandes notícias.
Curioso, talvez nem tanto pelo fato das boas notícias, mas pela expressão no rosto de Hermione que não estava tão feliz quanto deveria estar se tivesse conseguindo tirar ótimas notícias dos enigmas, Harry se sentou.
-Conseguiu descobrir como trabalhar naqueles enigmas? – perguntou.
Hermione deu uma risadinha.
-Mais do que isso – respondeu cheia de si. – Eu traduzi os enigmas. Estão todos aqui comigo.
Hermione lhes passou uma folha e Harry reconheceu a primeira carta em códigos que fora copiado por Hermione, e logo abaixo, uma legível:
"Você não me conhece
Mas já ouviu falar de mim
Sei o que quer
Tenho algo que procura
Para me achar?
tente este enigma decifrar
Vou guiá-lo no caminho correto
Mas tem muito chão a caminhar"
- Ora... – Harry resmungou. – Que coisa... Isso não tem nexo nenhum. Não faço a mínima idéia de quem seja.
Hermione mordeu os lábios, mas por não estar prestando atenção, nem Harry nem Rony repararam.
- Como você descobriu como se traduzia? – Rony perguntou, se virando, admirado para Hermione.
- Bom... Era na verdade, bem simples... Não sei como não havia descoberto antes... Um golpe velho, e estava na cara, quero dizer, ele mesmo nos deu a pista certa para...
Hermione dizia tudo isso muito rapidamente, como se estivesse ansiosa para mostrar aos amigos sua capacidade de dedução.
-... descobrir exatamente como desvendar algo que foi inventado por ele mesmo, talvez, mas que já é um truque muito antigo, então...
- Você descobriu... – interrompeu Rony. – Como ?
Hermione pegou um lápis e se curvou sobre um pedaço de pergaminho. Os dois garotos juntaram as cabeças.
Quando ela se afastou, eles viram escrito no pergaminho as seguintes palavras:
Harry Potte
- Você também, Hermione? – perguntou Harry ofendido. – Mas que coisa! Isso vai virar moda daqui a pouco. É Potter, e não Potte!
- Eu sei muito bem escrever o seu nome, Harry – falou Hermione, ríspida. – Estou copiando assim porque é assim que estão em todas as cartas, não é?
- É, é sim – respondeu Rony, olhando as cartas que tinha na mão. – Mas eu achei que ele não sabia escrever o nome do Harry direito, o que isso tem a ver...
- A princípio – cortou ela. – Todos pensariam assim. Mas eu pensei, que se ele deixou essa carta no túmulo dos pais do Harry, viu como se escrevia corretamente “Potter”. E outra, as primeiras cartas chegaram por correio-coruja, então, obviamente, a pessoa quem as mandou era... – Ela baixou a voz. – era bruxo. Ora, uma pessoa bruxa conhece muito bem o nome Potter e deve saber escrever corretamente, mesmo que nunca o tenham visto pessoalmente.
- Mas então, porq...?
Hermione voltou a se curvar sobre o papel. Não querendo perder nada, eles também se curvaram e a viram escrever:
Harry
Potte
- Vejam – ela disse radiante. – Que simplicidade! Basta escrever Harry em cima de Potte, e trocar tosas as letras que se correspondem. Por exemplo: O P está embaixo do H, então, tudo o que for escrito com H a gente troca pelo P, e tudo o que for escrito com P a gente troca pelo H. A mesma coisa com o A. Tudo o que for escrito com o A a gente troca pelo O e tudo o que for escrito com o O a gente troca pelo A. E assim, sucessivamente. Entenderam?
Hary olhou abobado para a amiga. Que conclusão!
- Veja – ela continuou – Faça o teste.
Harry pegou uma caneta-tinteiro e copiou uma palavra da carta no pergaminho: PAgwOTRs. Em seguida trocou o P pelo H, o A pelo O, o O pelo A, O T pelo H e o R pelo T.
- Hogwarts – leu. – Excelente!
- Exato – Hermione falou, por isso ele tirou o R do seu nome, porque Potter tem 6 letras, mas harry tem apenas cinco. Não dava certo, ele queria nos dar essa dica.
- O que tem escrito no segundo bilhete?
Hermione lhe passou o outro pergaminho e ele e Rony leram. Pareciam tão incompreensíveis assim quanto com o código:
Já conseguiu o meu enigma decifrar?
Pois vou, outra dica lhe dar;
Sou alguém que você nunca conheceu,
mas que pergunta constantemente quem sou eu.
- E a outra? – Harry perguntou.
Hermione lhe passou o papel
Todos juntaram as cabeças, enquanto Harry lia bem baixinho:
"Mais cedo ou mais tarde, eu sabia que você ia aparecer por aqui, por isso optei por deixar esta carta neste lugar.
Eu sempre soube dos planos de Dumbledore. Descobri tudo um pouco antes dele, e lhe passei as primeiras informações que tive. Mas as coisa começaram a ficar complicadas e eu tive que me afastar de Hogwarts e dele.
Apesar de ter permanecido a distância, sempre estive dentro de tudo. Sei que você era o aluno favorito de Alvo, e tenho a certeza de que por isso e por toda a sua história com o Lorde das trevas, da profecia (sim, eu sei da profecia) você é um dos únicos que sabiam dos planos de Alvo, e o único que vai levá-lo em frente.
Por isso, passarei algumas informações e vou ajudá-lo a alcançar o seu objetivo.
Vá até a minha casa; o endereço está logo abaixo. A casa é minha, mas não moro lá, por isso não tente me procurar, mas vai encontrar coisas que vão te interessar.
Boa sorte!"
BARSSA
- Mas e o nome? - foi o que Harry perguntou primeiramente. - Mas que nome mais esquisito. Você não o traduziu?
Hermione empalideceu. Notando isso, Harry se preocupou.
- O que foi? - perguntou a ela.
Bem... - ela disse. - Eu acho... acho que eu sei... sei como... descobrir.. mas...
Ela hesitou.
- Diga, Hermione - pediu Harry.
- Hum... Bom... estava na carta: BOTssO. Mudando nesse código que eu disse dá: BARSSA... e... bom.. a parti daí eu deduzi... mas, é claro... eu estou enganada, só posso estar enganada, é meio... meio improvável, foi conhecidência...
- O que foi? - repetiu Harry. Estava começando a ficar muito preocupado.
- Bom... nós podemos enverter... tipo, talvez a pessoa achou que só esse código não daria e resolveu... "pôr de trás para frente."
- Que vai ficar?
Hermione pegou uma caneta e se curvou, mordendo os lábios.
Ela se voltou e os garotos olharam, anciosos.
- Não entendi... - Rony disse. Mas Harry teve uma leve impressão de que também já tinha percebido.
Com um muxoxo de impaciência Hermione se abaixou novamente e dividiu as letras com dois pontos, o qe fez Rony exclamar assustado e as mais absurdas suspeitas de Harry se concretizarem. Estava escrito, com os dois potos que Hermione colocara no meio:
"ASS: RAB"
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Narrado por Harry.
- Eu não acredito - murmurei. - Isso é... impossível! Como... Como ele soube, como sabe o que estou procurando? Como..?? Eu cheguei a pensar muitas vezes que ele estava morto.
Ficamos em silêncio... Inacreditável!
- Harry - chamou Hermione depois de alguns segundos. - Vamos... Vamos nos concentrar no que diz a carta. Ele está pedindo pra ir até a casa dele. Tem o endereço aí embaixo. Acha uma boa idéia ir?
Pensei por alguns segundos. Era arriscado ir atrás mas senão fosse como saberia se era uma dica útil? Era a única pista que eu tinha em dias, então... tinha que segui-la.
- Eu vou. - respondi por fim.
- Ótimo então. - Hermione respondeu. - Hoje a noite nós aparatamos até esse endereço e vamos ver o que esse tal... RAB, tem a nos mostrar. O Rony está dentro, não está?
- Claro.
Estavam tão dispostos a me acompanhar que nem me atrevi a relatar os perigos que provavelmente enfrentraríamos. Afinal, eles estavam lá para tudo, e não apenas para as coisas fáceis e (divertidas).
Então, as oito horas da noite, nos encontramos ao pé da escada da pensão e fomos até lá, conforme o endereço nos indicava.
Era uma casa comum. Grande. Parecia mesmo abandonada, com algumas telhas caindo e aparência bem antiga. Era um lugar onde eu nunca tinha estado antes. Completamente distante de todos os lugares que conhecíamos.
- Vamos entrar? - Hermione perguntou.
- Será que aqui mesmo? - disse Rony. - Confere o endereço.
Confiri o número da casa e o endereço da plaquinha com o endereço que estava no papel.
- É aqui mesmo - disse. - Vamos entrar, então. Lumus!
- Lumus!
- Lumus!
A porta abriu rangendo, subímos as escadas, qua também rangiam horrivelmente e entramos num corredor... Continuei andando, em profundo silêncio, pronto para qualquer ataque, afinal, não sabia se podia confiar naquela carta, e empurrei uma nova porta, a primeira que vi pela frente. Pelo visto, nos ncontrávamos em um quarto. Havia uma cama de solteiro, uma cômoda e um espelho. Só.
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Narrado por Hermione
Que casa horrível! Estava me dando arrepios. Tudo rangia. Parecia incrivelmente antiga... O harry ia na frente, guiando o caminho, e eu não parava de olhar para trás, preocupada se ali existia mais alguém além de nós três. Será que fizemos certo confiando em uma carta enigmática?
O Harry entrou numa porta que rangeu também (como tudo naquela casa). E aquilo me deu um arrepio tão... incrível, que agarrei o braço de Rony, atrás de mim.
- O que foi? - ele me perguntou assustado.
- N-nada - respondi tentando me recuperar do susto.
Mas acho que ele percebeu que eu estava assutada.
- Tá tudo bem - ele me disse baixinho, apertando minha mão em sinal de conforto e apoio.
Entramos. Era um quarto frio... Tinha uma cama, um espelho e uma cômoda...
- Vamos olhar em outro lugar - disse Rony.
- Não, esperem - disse Harry. - Vamos olhar nessas coisas aí. Vou olhar nas gavetas de cima, Rony, olhe nas debaixo e Hermione, vá olhar embaixo da cama para ver se acha alguma coisa.
Com um esforço terível, desgrudei os meus dedos dos de Rony e fui olhar embaixo da cama, obedecendo. Que coisa horrível.. parecia uma criancinha com medo de Bicho-papão ao olhar embaixo da cama. Sabem qual foi o resultado? Um monte de teia de aranha grudou na minha mão quando tentei tirar uns jornais e pedaços de pergaminhos velhos de lá. Credo!
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