Decisão
Capt 12 = Decisão
Tinha virado rotina. Café da manhã com Draco e seus amigos, aulas, biblioteca, jantar, aula com Snape, e ia dormir.
As vezes iam a Hogsmeade, mas o tempo era cada vez menor para isso. Lupin e Sirius pareciam estar querendo matar todos os alunos de deveres. Flint passava cada vez mais feitiços complexos.
Mione estava cansada.
Ia agora para mais uma aula de Poções. As masmorras já tinham perdido a graça. Ela nem olhava para o caminho. Seus pés lhe levavam diretamente a sala de Snape.
Ela pensava na briga que tivera com Draco. Ele queria por tudo saber quem era o infeliz que ela gostava. Ela negava. Não dizia. Mas ele estava irredutível. Desde o último dia que se encontraram que ela não lhe deu atenção, ele estava chateado. Não era para menos, Mione parecia não querer mais se esconder. Preferiu pedir um tempo para Draco. Disse que era melhor assim. Ele perguntou se ela tinha ficado com o tal cara. Ela negou, mas ele não acreditou. Ele estava arrasado. Mas ela não podia suportar mais aquela situação. Precisava esquecer Snape, mas sem usar Draco. Ela não o amava, mas estava começando a sentir-se mal com a situação. Resolveu que era melhor parar enquanto era tempo.
Ela estava triste.
Entrou na sala sem ao menos bater, já havia se tornado costume. Demorou a perceber o que Snape fazia, ele parecia não notá-la também. Quando olhou, levou um choque.
_ Aonde.. _ Ela gaguejou. _ Aonde pensa que vai?
_ Não lhe diz respeito os lugares que vou, Srta.
_ Mas.. _ Ela estava chocada com o fato de ele ir embora. Não podia aceitar seu amado partindo. _ Eu tenho uma aula agora, você não pode ir embora! _ Ela dizia sem forças. Ela queria dizer o que pensava. Queria dizer que ele não poderia deixá-la.
_ Nada me prende a este lugar.
Mione percebeu que ele andara chorando. Algumas lágrimas ainda desciam pelo seu rosto. Era incrível a vontade que ela sentia de abraçá-lo naquele momento. De secar cada uma daquelas lágrimas.
_ O senhor não pode ir.
_ Porque não? Me diga um motivo para eu ficar.
_ Eu..
_ A Srta.?
_ Quer dizer. O senhor não pode deixar Dumbledore na mão. Ele confia em você. Ele lhe deu apoio no momento em que você mais precisou.
_ Dumbledore achará um professor melhor que eu. Achará um substituto a altura.
Mione chorava. Ela não podia mais esconder. Ela precisava dizer tudo que sentia por aquele homem da sua frente.
_ O senhor não pode...
_ Não posso??
_ Não, não pode..
Ela sentia o gosto salgado de suas lágrimas molharem seus lábios. Snape só queria abraçá-la.. Tirar aquela fisionomia triste do rosto dela.
_ Eu posso sim, Srta., e não será você que vai me impedir. Não tem nada que me prenda aqui. Não posso mais continuar fingindo. Cansei de sofrer, Hermione.
Ele percebeu que falara demais. O espanto estava visível no rosto dela. Ele se censurou por isso.
Ela estava perplexa. Ele lhe chamara pelo primeiro nome. Ele estava sofrendo.
_ Eu também cansei de sofrer, Severo.
Os dois não falavam mais nada. Ambos estavam chocados com a situação. O material de Hermione estava no chão. As malas de Snape, abertas.
_ E porque sofres? Tens tudo que quer. É uma excelente aluna. Tem o Malfoy. Tem amigos. O que eu tenho? Não acha que está sendo injusta em falar de sofrimento? Sei que passou por momentos péssimos com a morte do Weasley, mas nunca se perguntou se eu também perdi alguém? Se eu sofro por não Ter amigos?
Ela estava péssima. Nunca imaginou se ele teria amigos. Nem parentes.
_ Não tenho tudo que quero. Ser excelente aluna não me trás pessoas queridas de volta. O Malfoy não é mais nada meu. E eu não sou injusta. Tenho meus sofrimentos, assim como você. Amo uma pessoa que não me quer. Nunca quis. E nunca vai querer. Será mesmo que sou feliz, Severo? Me conte o que é a felicidade, porque eu não sei.
_ Se eu soubesse, juro que contaria. Mas nem ao menos a pessoa que amo me quer. Estamos no mesmo barco, não é?
Silêncio.
Ninguém dizia nada. E estava incômodo esta situação entre os dois.
_ Ainda vai embora?
_ Já disse que nada me prende aqui.
_ Não vá, por favor.
_ Porque quer tanto que eu fique? Terás um professor melhor que eu. Que não te ofenda como eu fiz. Que não te magoe como eu sempre fiz desde que entrou aqui nesta escola.
_ Não me importo com o que falou. Apenas quero que fique. Não é questão de professor. Apenas fique.
_ Não posso. Quero que saiba que a todo instante, me arrependo de cada palavra ofensiva que dirigi a você. Pagarei por todas elas. Sei que meu erro com você está me custando a felicidade. Mas não quero ser infeliz aqui. Que ao menos seja num lugar escolhido por mim.
_ Você não pode ir. Você não entende? Será pior. Para todos nós. Eu..
_ Você o quê?
Silêncio.
Ele estava tão próximo dela que ela sentia cada batida do coração dele. Mas ele recuou.
_ Quer saber? Perdi tempo demais. Desculpe por todas minhas ofensas, Hermione. Espero que conheça pessoas melhores do que eu. Espero que conheça pessoas que te mereça. E saiba de uma coisa...
Ela engoliu a seco. Ele respirava e pensava no que falar. Seria certo que ela soubesse? Nos olhos dele era possível ver confusão.. Parecia travar um conflito consigo mesmo. Não sabia se falava ou não.
_ Saiba que..
Ela chorava.. Suas lágrimas já não lhe incomodavam.. Mas ela não sabia o que sentia no momento. Era triste demais vê-lo partir. Era triste demais não poder tê-lo.
_ Saiba que eu te amei, que eu te amo, e que sempre te amarei. Por toda a minha vida.
Ele chorou. Não mais que ela.
_ Agora eu tenho que ir.
Ela o puxou pelo braço. Não podia permitir que isso acontecesse. Não podia deixá-lo ir embora.
Ela olhou no fundo dos olhos dele. Ele estava parado em sua frente. Ele esperava uma resposta pelo puxão. Ele queria sumir dali. Já tinha falado demais. Precisava ir embora. Mas ela falou.
_ Eu também te amo, Severo.
As malas de Severo caíram no chão com um estampido.
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