Dragões solidários



- Sério, Sarah! Eu vou encontrar quem está por trás disso tudo e não vou medir as conseqüências! – disse Mary séria enquanto andava com a amiga para a aula de poções, depois de ter explicado a sua dedução – Você me ajuda?
- ...Mary, isso é pelo Doumajyd? – perguntou Sarah parecendo estar preocupada.
- Como? – replicou Mary confusa, pois estava certa de que ela concordaria prontamente.
- Sabe, se você está tentando resolver isso por ele, não precisa, deixa.
Mary parou a encarando surpresa. Decididamente não esperava aquela reação de Sarah. Deixar que não só Doumajyd, mas que toda a escola continuasse pensando coisas horríveis dela por causa daquelas fotos?
- Ele nem ao menos tentou a entender, não é mesmo? Por que se esforçar em mostrar para ele o que é verdade e o que não é se ele não quer ouvir? Além disso, aquelas coisas terríveis que ele fez até agora... Você já esqueceu?
- Mas... – Mary tentou argumentar.
- Me desculpe, Mary, mas se você está fazendo isso pelo Doumajyd, não posso ajudar!
E ela saiu correndo na frente, deixando uma Mary estática para trás, parada no mesmo lugar.
- Sarah! – ela ainda tentou chamar para lhe explicar que não era necessariamente apenas para o Doumajyd que ela queria mostrar a verdade, mas a garota não a ouviu.
Esse realmente fora um passo em falso para Mary. Dentro tudo o que planejara fazer naquele dia, a recusa de ajuda de Sarah nem ao menos fora imaginada. E essa atitude da amiga a deixara sem ter para onde seguir.


***


- Como assim ela não quis ajudar? – perguntou Vicky enquanto as duas carregavam vasos de rosas carnívoras da estufa três para a estufa de doces da professora – Eu não entendi. Ela não é sua amiga aqui? Você não é a única amiga dela?
- Se você não entendeu, imagina eu... Acho que ela pensou muito e achou que era melhor deixar as coisas como estão. Melhor deixar que Doumajyd me odeie como deveria ser...
- Provavelmente... Mas eu não concordo com ela!
- Sarah pensa diferente de você, Vicky. Ela parece ter medo das outras pessoas, como um coelhinho assustado.
- Hum... – Vicky empurrou a porta com o cotovelo e entrou na estufa – Não gosto de pessoas assim. Elas-
- Ah, hoje a Cogumelo está trabalhando! – comentou Nissenson de boca cheia.
Mary deixou cair o vaso que carregava ao se deparar com a professora Karoline servindo MacGilleain e Nissenson com seus doces, na mesa da estufa.
- Cogumelo? – ela ouviu Vicky murmurar confusa e apressou-se em sair do seu estado de choque.
- Ah, não é nada, Vicky! – e seguiu furiosa até a mesa – O que vocês vieram fazer aqui?!
- Adam estava se sentindo um pouco sozinho. – comentou Nissenson entre uma colherada de doce e outra – Ele deu um fora em uma menina particularmente pegajosa da Lufa-lufa... Mas no mundo há pessoas que foram fotografadas em situações constrangedoras. E, principalmente, há uma moça que não demonstra, mas está triste com esse fato. Então resolvemos passar aqui e animar essa moça! – terminou ele com um imenso sorriso.
- ...Em outras palavras, – Mary encarou os dois cruzando os braços – vocês não tem nada mais interessante para fazer!
- Acertou! – responderam Nissenson, MacGilleain e a professora Karoline em coro.
- Ouvimos dizer que você está investigando algo. – disse MacGilleain.
- Como ficaram sabendo?!
- Somos o D4. – disse Nissenson como se esse fato o elevasse ao patamar de um deus – Deixe-nos ajudar.
Vicky, que ouvia tudo demonstrando não gostar da presença dos dois ali na estufa, puxou Mary pela manga do casaco e disse baixinho para que eles não ouvissem:
- Tudo bem ser ajudada por esses dois?
- É melhor do que nada. – respondeu Mary encolhendo os ombros – Certo, Dragões, conto com vocês!
- Isso! – Nissenson largou o seu doce e pôs-se de pé – Então, vamos começar imediatamente. Adam, trabalhe no lugar da Weed!
- O quê?! – MacGilleain arregalou os olhos, ainda com uma colher cheia de doce na boca.
- Eu agradeceria imensamente! – apressou-se em dizer a professora, o segurando pelos ombros para que ele não levantasse do lugar em que estava – É muito importante para a Mary!
- Vamos! – disse Nissenson empurrando Mary para fora e sendo seguindo por uma Vicky meio contrariada.
- Mas eu não tenho nada a ver com isso! – eles ainda ouviram MacGilleain protestar na estufa.


***


- Eu gostaria que você me ajudasse a encontrar o culpado. – anunciou Sarah de uma vez.
Ela estava em frente à Doumajyd, na sala comunal da Sonserina, segurando nervosamente as mãos juntas e se encolhendo, como se tivesse medo que o dragão jogasse uma maldição nela.
- Não tenho interesse nisso! – rosnou Doumajyd, sem nem ao menos olhar para ela.
- Não quer saber a verdade? – perguntou Sarah timidamente, esforçando-se ao máximo para continuar firme frente a ele – Se ela realmente teve alguma coisa com aquele cara ou não?
Doumajyd não respondeu. Permaneceu parado, ainda não olhando para ela.
- Eu estarei esperando no final das aulas, na porta principal.
- Eu não vou, idiota!... O que foi, hein? Você vem falar comigo com essa cara de quem sabe tudo!... Saia daqui! SAIA!!!
Sarah quase caiu para trás com a explosão de raiva dele e apressou-se em fugir o mais rápido possível dali.


***


Nissenson, Mary Ann e Vicky foram até a biblioteca, em uma sala de estudos exclusiva do D4, para tentar achar uma solução sobre o caso.
Mary olhou receosa para o lugar. Tentava ao máximo evitar um encontro com Doumajyd, e foi isso que ela disse para o outro dragão quando entrou na sala.
- Não se preocupe. O Chris não gosta muito daqui. Ele prefere quadribol à biblioteca... Primeiro, – disse Nissenson puxando uma das cadeiras para a mesa circular e sentando – temos que analisar tudo o que temos em mãos.
- Certo. – concordou Mary o imitando e sendo seguida por Vicky.
- Você tem certeza que realmente não se lembra do que aconteceu naquela noite?
- É claro que não! – respondeu ela entre os dentes, lhe lançando um olhar mortal.
- Ok, ok, era só para deixarmos as coisas bem claras.
- Já disse que eu só lembro que ele me convidou para sair e depois tudo ficou escuro!
- Sabe – murmurou Vicky.
- E antes disso? Algo suspeito?
- Bom... ele me trouxe uma bebida... não alcoólica!
- Eu acho – tentou mais uma vez Vicky.
- Hum... talvez havia uma poção misturada com ela.
- Se tinha algo misturado lá, eu não senti.
- A mais refinada das poções para esse tipo de fim, é aquela que não tem gosto, não tem cheiro, não tem cor e não deixa vestígios... Estamos lidando com alguém que sabe o que faz.
- Será que dá para vocês me escutarem?! – explodiu a garota ficando de pé.
Mary e Nissenson encaram Vicky surpresos.
- Obrigada pela atenção. – ela voltou a sentar – Vocês reparam uma coisa nessa foto?
Vicky virou a foto que tinha nas mãos para que os dois pudessem vê-la mais uma vez.
- Eu não quero mais ver essa foto! – declarou Mary virando o rosto.
Nissenson permaneceu calado, parecendo não gostar nada da intromissão dela nas suas deduções.
- Olhem aqui. – Vicky apontou para a mão de homem que abraçava Mary, bem no canto – Esse anel.
Mary deixou de lado a sua convicção de não ver mais a foto e olhou o que a amiga indicava.
Realmente havia um anel ali. Mary esteve tão preocupada com o contexto da foto que não repara em seus detalhes.
- E o que tem esse anel? – perguntou Nissenson, não entendendo no que aquilo poderia ajudar.
- Eu vi esse anel em uma vitrine de Hogsmeade esses dias atrás.
- E daí? – o dragão não parecia nem remotamente interessado – Pode ser um anel igual ou parecido.
- Não, é o mesmo anel, tenho certeza. E esse anel é único! Ele estava exposto em uma loja de antiguidades raras.
- Então é só irmos nessa loja e perguntar quem o comprou! – o rosto de Mary se iluminou – Temos uma direção a seguir agora!
As duas encararam sorridentes Nissenson. Mary feliz e Vicky satisfeita por ter se mostrado mais esperta que o dragão.
- Certo, vamos para Hogsmeade. – disse ele como se admitisse derrota, se levantando e saindo da sala, sem olhar para Vicky.
- Não o deixe nervoso, Vicky. – murmurou Mary antes das duas o seguirem – Ele está me ajudando, apesar de não ter nada a ver com isso.
- Eu sei, me desculpe. – riu a garota – Mas eu queria pelo menos uma vez mostrar para o meu monitor que ele não é o tanto que se acha.

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