Verdades



Somewhere Over The Rainbow - Norah Jones






Capítulo 6: Verdades




Algum lugar além do arco-íris, um caminho acima, e os sonhos que você sonhou uma vez numa canção de ninar, algum lugar além do arco-íris, pássaros azuis voam e os sonhos que você sonhou, sonhos realmente se tornam realidade. Algum dia eu desejarei sobre uma estrela acordar onde as nuvens estejam longe atrás de mim, onde problemas se derretam como balas de limão, bem acima do topo da chaminé é onde você me encontrará. Algum lugar além do arco-íris, pássaros azuis voam r os sonhos que você desafia: oh por que eu não posso?(...)



“O que eu estou fazendo? Isso não pode acontecer!”

- Harry, o que você está fazendo? _ indagou enquanto se afastava lentamente dele. Os olhos assustados encaravam o homem a sua frente.

- Eu... Eu sinto muito Mione. _ respondeu Harry desviando os olhos da amiga e encarando o chão por um instante.

“Droga! Não era isso que eu queria dizer. Não era isso que eu queria fazer!”

Hermione ainda tinha os olhos assustados, e pelo movimento de seu corpo, Harry percebia o quanto a respiração dela estava irregular.

- Boa Noite Harry _ murmurou a garota sem ao menos esperar uma resposta. Subiu imediatamente para o seu quarto. Não olhou para trás em nenhum momento.
Hermione entrou no quarto batendo a porta atrás de si, e apoiando-se nela.

“O que está acontecendo comigo? Ele quase me beijou... e eu quase deixei” _pensava em quanto em passos lentos ia até a cama

“Eu queria aquele beijo” concluiu sentando-se à cama e soltando um longo suspiro. Em sua mente uma tormenta de pensamentos passava. Aquela não era a Hermione que ela “conhecia”, tão pouco aquele o Harry que um dia foi seu melhor amigo. Agora, pela primeira vez, ela sentiu que poderia querê-lo mais do que como um amigo, e aquilo era definitivamente muito assustador.
Hermione deitou-se ainda com a cabeça a mil, o coração num ritmo nunca antes sentido... Pelo menos, não por Harry.
Ela sequer fazia idéia de como o amigo se sentia, e de como toda essa situação estava o afetando.

Lá embaixo na sala, se encontrava um moreno de olhos muito verdes, e cabelos despenteados. Harry estava sentado no sofá, os braços apoiados sobre as pernas e a cabeça entre as mãos. Quem olhasse de longe, acharia que ele apenas descansava ou refletia sobre algum assunto de grande complexidade, mas apenas Harry sabia da existência daquelas lágrimas que percorriam seu rosto.

O amor é o sentimento mais sublime que uma pessoa pode sentir, e quando se ama tudo é muito intenso, inclusive a dor. E a dor de amar sem ser amado, era terrível.

O desespero de amar sozinho é como um veneno poderoso e sutil. Vai matando aos poucos, destruindo tudo por dentro, silenciosamente.

A rejeição de Hermione estava fazendo isso com Harry. Ele a chamou para passar a semana com ele na esperança de que assim, pudesse conquistá-la, mostrar a ela o amor que ele sempre teve. Mas cada vez que se aproximava dela, a coragem esvaia-se.

“Talvez ela nunca me ame. Talvez eu nunca a esqueça”

Harry acabou por adormecer ali. Sentia-se exausto, talvez porque a dor também seja algo muito cansativo.

**

Hermione acordou com a luz do Sol em seu rosto. Piscou os olhos algumas vezes para se adaptar a claridade. Ela segurava firmemente um travesseiro nas mãos, apertando-o como se prendesse ali, sua própria vida.
Virou-se para olhar o relógio no criado mudo: 10h00min, já era tarde para ela, mas ela não sentia o menor desejo de sair daquela cama. Em sua mente, flashes da noite anterior ainda passavam.

Hermione soltou um longo suspiro e levantou-se.

“O que está acontecendo comigo?”

Ela caminhou até o banheiro da suíte e tomou um demorado banho.

Ao terminar arrumou-se, e desceu a escada temerosa. Não queria encontrar Harry, tinha medo do que pudesse acontecer, principalmente se ele voltasse a se aproximar daquela maneira.

“Não está certo. Ele é meu amigo. Eu não posso começar a desejá-lo agora!”

Hermione chegou ao fim da escada e foi até a cozinha.

- Dobby.

- Oh minha senhora, bom dia!

- Bom dia Dobby, você viu Harry?

- Oh, não minha senhora! Dobby não viu meu senhor não.

- Ok, obrigada.

Ela não sabia se se sentia aliviada ou preocupada, afinal, onde ele estaria?

Hermione começou a andar pela casa distraidamente, olhando cada objeto, cada quadro. Era tudo de um bom gosto indiscutível. Só percebeu que os seus pés a levavam a sala da noite passada quando já estava parada à porta.
Hesitou por um instante, mas acabou entrando.
“O cheiro dele ainda está impregnado aqui” pensou enquanto fechava os olhos e puxava o ar mais intensamente buscando sentir assim, um pouco mais de Harry. Ela caminhou até o piano que estava num canto, olhou atentamente cada tecla. Lembrava-se de quando ainda era criança, e não conhecia Hogwarts ou o mundo bruxo, e sua mãe a ensinava a tocar piano. Foi quando levantou os olhos do piano à sua frente, que Hermione o viu.

Harry estava deitado no sofá dormindo, o corpo encolhido, os olhos fechados com uma força desproporcional para quem deveria estar num sono tranqüilo. Hermione caminhou silenciosamente até ele, e sentou-se na beirada do sofá.
Dormindo assim, ele parecia um menininho indefeso. Ela observava cada traço do rosto dele, os lábios pálidos, o nariz afilado, os longos cílios, a cicatriz em forma de raio. E quanto mais ela o observava mais ela se convencia de que ele era mesmo um menininho indefeso.

“Meu menininho indefeso... E por que não?” _ indagou enquanto afagava os cabelos pretos e despenteados do moreno a sua frente.

“É só um sonho” pensou Harry ainda de olhos fechados, ele sentia o cheiro dela, sentia suas mãos afagarem-lhe os cabelos. Só convenceu-se de que aquilo era mesmo real quando ouviu a voz dela

- O que você está fazendo comigo?

Harry abriu os olhos instantaneamente, surpreendendo e envergonhando a amiga.

Olharam-se durante alguns segundos. Intermináveis segundos.

- Olá _ ela pronunciou-se primeiro.

Hermione, no entanto, não pôde deixar de perceber que os olhos dele estavam tristes, inchados, e ele possuía profundas olheiras “Ele chorou” _ concluiu ela dolorosamente. Odiaria saber que Harry chorou por culpa dela.

- Bom dia. _ respondeu ele sem se preocupar em parecer animado. Afinal, ele realmente não estava.

- Porque dormiu aqui?

- Não era minha intenção. Eu apenas adormeci.

- Venha, levante-se, tome um banho, eu o espero para tomarmos o café juntos. _ falou ela oferecendo a ele uma das mãos.
Harry olhou um instante para a mão estendida a ele, e em seguida para os olhos castanhos da amiga. Ele não pensou em nada, apenas a observou. Depois de algum tempo, aceitou a mão e levantou-se. Hermione olhava diretamente em seus olhos, mas ele não correspondia. Tinha os olhos fixos na parede à frente. Ele não queria olhá-la, não queria conversar, porque tudo nela o afetava. Se ela sorria, ele vibrava, se ela chorava, ele padecia. Ela era sempre o centro do seu mundo.

- Não me espere. _ respondeu ele virando-lhe as costas e saindo da sala.

“Afinal, o que deu nele? Numa noite tenta me beijar e no outro dia me ignora!”
Ela ficou olhando ele sumir de sua vista. Alguma coisa dentro dela dizia que ela estava o perdendo, e isso a aterrorizou.

Decidida a resolver aquela situação Hermione o esperou. Mas agora ela entendia porque ele pediu para que não o esperasse, Harry já estava em seu quarto a mais de uma hora, e Hermione ainda o esperava para que pudessem comer juntos.

Quando Harry desceu já era mais de meio-dia. Hermione estava faminta.

- Você demorou.

- Eu falei para você não me esperar. _ respondeu sem, no entanto, olhá-la nos olhos.

- Harry, precisamos conversar sobre...

- Mais tarde. _ irrompeu ele antes mesmo que ela pudesse concluir a frase.

Ela ainda tentou argumentar, mas ele foi mais rápido e rumou para a sala de refeições deixando-a sozinha e confusa. E se há algo que Hermione Granger odeia, é sentir-se confusa.
Durante o almoço, nenhuma palavra foi dita, nenhum olhar trocado, embora por muitas vezes Hermione olhasse o amigo pelo canto dos olhos. Olhar que jamais foi correspondido.
Harry terminou seu almoço primeiro, mas continuou à mesa, os olhos perdidos à sua frente.

- Gostaria de sair essa tarde? _ perguntou ele, pronunciando-se pela primeira vez desde o inicio da refeição.

Hermione queria perguntar para onde, mas sentia que a relação deles estava fortemente estremecida. Então resolveu responder apenas:
– Eu adoraria.

Após o almoço Harry disse que tinha uns assuntos para resolver no Ministério, e saiu dizendo que dentro de uma hora estaria de volta.
Hermione ficou sozinha em casa, pela primeira vez desde que chegara.
Ela resolveu aventurar-se pela biblioteca, um lugar onde ela sempre se sentia a vontade. A verdade é que Hermione era o tipo de mulher que aprendeu a não gostar de riscos, aventuras, coisas desconhecidas. Ela temia o desconhecido. Temia o novo. Para ela tudo que pudesse trazer algum tipo de insegurança deveria ser prontamente eliminado de seu caminho. Era por essa razão que tão poucas vezes ela namorou, tão poucas vezes ela viajou. Tão poucas vezes ela viveu de verdade.

Ela estava sentada lendo um velho livro de poesias, que com certeza Harry também leu, pois em cada pagina estava uma anotação, um verso sublinhado, ou um complemento feito por ele mesmo. Hermione estava encantada por ler um livro que deveria ser tão querido pelo amigo e mais encantada ainda ao perceber o quão doce e sensível Harry podia ser.

Estava tão distraída lendo, que sequer ouviu o barulho da porta se abrindo ou os passos que seguiam pela casa.
Ela apenas lia, apenas ouvia o som de sua voz ecoar pelas paredes:

- “(...) Aprende que quando está com raiva, tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama mais do jeito que você quer não significa que esse alguém não o ame com todas as forças, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém...”
- ...e que algumas vezes, você tem que aprender a perdoar a si mesmo.” _ completou Harry que estava parado na porta da biblioteca, com a voz inegavelmente afetada.
- Oh Harry, nem ouvi você chegar. _ falou ela tentando controlar a onda de sentimentos que se abateu sobre si ao ouvir aquelas palavras da boca do amigo.

- Percebi.

Poderia ser apenas impressão, mas Hermione achou que o amigo estava bem melhor do que há uma hora atrás, embora ele ainda não olhasse em seus olhos, e aquilo já estava começando a lhe fazer mal. Porque no fim, Hermione precisava daqueles olhos verdes pra se sentir segura.

- Pronta? _ perguntou Harry tirando-a de seus pensamentos.

- Claro. _ respondeu tentando parecer animada. Queria logo quebrar aquele gelo entre os dois.

Hermione estava ansiosa para chegar ao tal lugar misterioso. Por várias vezes ela tentou persuadi-lo a contar onde iam, mas ele sempre se negava. E para piorar, aquele parecia ser um lugar distante, já estavam há mais de uma hora no carro, e nenhum sinal de civilização. Harry estava saindo de Paris.
Hermione não entendia.

“Para onde ele está me levando? Porque não me disse que era um lugar afastado? Porque ele não me olha...”

Entre os dois, um silêncio constrangedor se abatia. Hermione tentou mais de uma vez quebrar o silencio, com conversas banais, mas ele sempre respondia de maneira seca, finalizando o assunto. E ela nem percebeu quando seus olhos foram cedendo e adormeceu.

Alguns minutos depois, que para Hermione pareceram mais algumas longas horas, ele a acordou.

- Hermione, acorde! Chegamos! _ sussurrou ele docemente, e Hermione teve que controlar-se para que ele não percebesse o arrepio que percorreu seu corpo.

Ela abriu os olhos lentamente, e olhou ao seu redor. Já estava escuro, não havia muita iluminação, apenas algumas tochas acesas em pontos distantes.

- Onde estamos? _perguntou ainda sonolenta.

- É uma vila bruxa, fora de Paris. Venha, vamos passar a noite aqui.

- Porque não me avisou? _ indagou sentindo a raiva tomar-lhe o peito.

- Não achei necessário. _ respondeu ele calmamente.

- Como assim não achou necessário? Você não pode fazer o que bem entender comigo, deveria ter me avisado.

Harry soltou um longo suspiro.
- Pare com isso! Não aja como uma criança boba e mimada, você não é assim. Deixe de ter medo de tudo Hermione, a vida não tem graça sem riscos.

Ele soou tão sério e seguro, que Hermione se sentiu envergonhada. Na verdade ela sentiu-se completamente estúpida.
Harry saiu do carro e foi até o outro lado abrir a porta para ela. Ele era tão gentil, tão nobre, e isso só a fazia sentir-se mais ridícula e medíocre perto dele.

Eles começaram a caminhar lentamente, um do lado do outro, num silencio quase que absoluto cortado apenas por uma suave melodia vinda de algum lugar distante, provavelmente de uma das casas do vilarejo.

Pararam em frente a uma fonte.
A noite estava fria e úmida, mas não parecia que iria chover como na noite passada.
Harry sentou-se a beira da fonte e conjurou uma garrafa de vinho e duas taças.
Hermione o olhava perplexa. Não o entendia. Desde a noite anterior ele estava estranho. Mal falara com ela durante todo o dia, não a olhou em nenhum momento, trouxe-a para uma vila distante sem nenhuma razão aparente, e agora estava sentando a beira de uma fonte, e conjurando vinho e taças.

- Você não vai sentar? _ perguntou ele enquanto servia as taças.

Hermione o olhou incrédula ainda, mas como ele não se pronunciara mais, sentou-se ao seu lado.
Harry estendeu-lhe uma taça de vinho que ela prontamente aceitou.

- Eu gosto desse clima frio, gosto desse lugar e dessa musica, gosto de vinho, gosto de viajar, gosto das montanhas... _ falou ele com ar sonhador.

“O que deu nele afinal? Porque esta agindo assim? Porque esta me falando essas coisas?” _ pensava enquanto encarava o conjunto de casas que se formava ao redor daquela fonte.

- E você Hermione, do que você gosta?

Hermione o olhou surpresa. Ela sempre achara que ele soubesse tudo sobre ela. Aquela conversa parecia-lhe absurda e sem fundamento, mas ela se sentiu curiosa para saber onde aquilo tudo iria dar.

- Gosto de livros, de música e vinhos, gosto de dormir no sofá, de exercer minha profissão, gosto de gatos, da lua, e gosto desse clima frio também... _ respondeu ela enquanto apreciava seu vinho.

- Você quer saber por que a trouxe aqui?

- Eu adoraria

Harry serviu a si e a ela novamente de vinho. Bebeu o seu calmamente, apreciando o suave sabor da bebida.
Serviu-se mais uma vez.
“Seja lá o que ele for falar, não é algo fácil” _ pensou Hermione, enquanto esperava ansiosamente a resposta do amigo.

- Bem, antes preciso lhe contar um fato. _ começou ele pronunciando cada palavra lentamente, como se lhe custasse um grande esforço. – Há oito anos atrás, eu te encontrei em baixo de uma árvore, preocupada com o futuro da guerra. Naquele dia, eu havia planejado lhe contar uma coisa. Uma coisa que trago comigo há muito tempo. Mas naquela época não houve tempo para que eu lhe contasse o que queria. E naquele mesmo dia, Rony partiu, e eu parti de certa forma, com ele. Durante todos esses anos que passamos separados, eu tentei de todas as formas esquecer aquela frase, a frase que eu tanto queria lhe dizer. Então, eu prometi a mim mesmo que só voltaria a te encontrar quando me sentisse pronto para falar. Essa frase está dentro de mim, e eu não posso viver mais com ela. _ Harry bebeu mais um gole de seu vinho e continuou. – Na verdade, é algo bem simples, mas que significa muito. O que eu queria e quero te dizer... É que eu te amo, eu sempre te amei.

Hermione sentiu que as cores a sua volta ficavam mais fortes, parecia que de repente ela estava no meio de um furacão. Sentiu tudo dentro de si sair do lugar, todos os alicerces que ela construiu durante a vida, cederam. Seu chão havia sumido. E quando ela olhava para o seu lado, o único que continuava lá, era ele. Justo aquele que foi responsável pelo fim de tudo.
A verdade é que aquela era uma das poucas noites em sua vida que ela não havia planejado. Quando decidiu aceitar o convite de Harry, tinha seus sentimentos e ações sob controle. Mas de repente tudo havia mudado. Ela estava ali, num país onde nunca colocara os pés, ao lado daquele que sempre foi seu melhor amigo, e que agora declarara a ela estar apaixonado.
Ela não sentia o chão, sentia apenas a pulsação descontrolada de seu coração, e sem pensar muito no que estava fazendo, virou a taça de vinho num único gole. Ela podia ouvir a respiração irregular de Harry junto a sua. O silêncio novamente se abateu sobre eles, mas ela tinha certeza, que naquele silêncio o coração dos dois se entendiam.
É verdade que Hermione estava surpresa, jamais imaginou que isso pudesse realmente ser possível. Mas agora, não sabia por que, mas algo dentro dela, alguma coisa que ela não sabia que existia dentro de si, vibrava de alegria. Ele a amava. O homem mais encantador e nobre que ela já conheceu, a amava. Ela não estava sozinha afinal. Ainda havia esperanças.

Eles passaram mais algum tempo sentados a beira da fonte, não se olharam, não trocaram nenhuma palavra, mas os olhos de Harry brilhavam como nunca antes haviam brilhado. Quando enfim acabaram por tomar toda a garrafa de vinho, levantaram-se e caminharam para uma das pequenas casas próximas onde passariam a noite. Tratava-se de uma modesta pensão. Simples e aconchegante.
Os quartos de ambos eram vizinhos, Harry parou defronte ao seu, e Hermione seguiu reto, parando à porta de seu quarto. Harry a olhava, enquanto ela estava parada, as mãos postas à maçaneta.

- Me dê um tempo Harry. _ murmurou ela, virando-se para encarar os olhos do amigo. Olhar, que dessa vez foi correspondido. Sem dúvida aquele que estava parado à sua frente era um Harry diferente. Ele a olhava como se ela fosse a visão mais linda que houvesse no mundo, como uma jóia preciosa que brilhava apenas para ele. Porque no fim, era isso mesmo que Harry sentia.

- Por você eu espero todo o tempo do mundo, minha menina. _ respondeu Harry com a voz mais doce que ele poderia dar. E a olhando da maneira mais terna que alguém poderia olhar.

Hermione sentiu o coração bater fraco dentro do peito. Harry era incrível. Ela não pensou, não planejou, talvez nem tivesse idéia do que estava fazendo, apenas se aproximou de Harry e tomou o rosto dele em suas mãos. Parou em frente aqueles olhos tão queridos e beijou-lhe os lábios, de uma maneira casta e terna. O primeiro beijo deles. Acariciou a face do moreno por mais alguns instantes e murmurou:

- Boa noite Harry.

Ele não respondeu, e nem precisaria. O sorriso que deu para Hermione era o suficiente para lhe garantir uma maravilhosa noite de sono.
Ela virou-se e entrou em seu quarto.

Hermione não dormiu naquela noite, passou todo o tempo na janela, contemplando o céu. E viu o nascer do Sol, o mais belo nascer do Sol em sua opinião, talvez, porque junto com ele, algo dentro dela também nascia.

Harry estava mostrando à Hermione, muito mais do que seu amor, estava dando a ela uma chance de conhecer a vida, a vida por outro ponto de vista.



**

N/Nina:
Referências:

“eu tentei de todas as formas esquecer aquela frase, a frase que eu tanto queria lhe dizer. Então, eu prometi a mim mesmo que só voltaria a te encontrar quando me sentisse pronto para falar. Essa frase está dentro de mim, e eu não posso viver mais com ela.”

“Na verdade, é algo bem simples, mas que significa muito”

“sentiu que as cores a sua volta ficavam mais fortes, parecia que de repente ela estava no meio de um furacão.”

“A verdade é que aquela era uma das poucas noites em sua vida que ela não havia planejado.”

(Nas Margens do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei – Paulo Coelho.)


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“(...) Aprende que quando está com raiva, tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama mais do jeito que você quer não significa que esse alguém não o ame com todas as forças, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém e que algumas vezes, você tem que aprender a perdoar a si mesmo.”
(Depois de algum tempo - William Shakespeare)

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