Revelações
Lifehouse - Take me Away
Capítulo 12: Revelações
“Dessa vez o que eu quero é você, não há mais ninguém que possa ocupar seu lugar, dessa vez você me queima com seus olhos, você vê superadas todas as mentiras, você se livra de tudo isso. Eu já vi tudo isso e nunca é o suficiente, isso continua me deixando precisando de você.
Leve-me embora. Leve-me embora. Não tenho mais nada a dizer, apenas me leve embora.
Eu tento seguir meu caminho em direção a você, mas ainda me sinto tão perdido, não sei o que mais posso fazer (...)
Não desista de mim ainda, não esqueça quem sou. Eu sei que ainda não cheguei até lá, mas não me deixe ficar sozinho aqui.
Dessa vez o que eu quero é você, não há mais ninguém que possa ocupar seu lugar.”
O Sol nasceu como todos os dias. Mas para ele, isso soava ofensivo. Como podia haver um outro dia, como podia o Sol reaparecer e brilhar tão inatingível, depois daquela noite?
Ele ainda pôde sentir os raios quentes da manhã tocar-lhe a pele, mas ele parecia impenetrável, preso numa enorme fortaleza de gelo, onde tudo era frio, escuro e solitário.
Flashback
Hermione saia de sua casa. A sua frente, restava apenas uma enorme porta fechada, e silêncio. Ele não pôde mais ocultar a dor que sentia, e deixou-se ao encargo do pranto, as lágrimas correndo livremente por seu rosto. Chorou como há muito tempo não se permitia chorar. Aquela era uma dor dilacerante, sentia um nó em sua garganta, algo tão persistente que até a própria respiração lhe parecia inviável. E nada mais no mundo parecia ter sentido.
As pernas repentinamente fraquejaram, e ele veio ao chão, caindo sobre os joelhos.
Escondeu o rosto entre as mãos, o corpo trêmulo de soluços. Doía-lhe viver.
Sentiu então uma mão segurar-lhe o braço e forçá-lo a levantar-se. Com a visão ainda embaçada, pôde distinguir Dobby, que com um olhar terno, e um silêncio cúmplice e consolador, o guiou até o quarto, ajudando-o a deitar-se.
Ele não se incomodou com o fato de estar de roupas, ou com o sapato que cobria-lhe os pés. Que importância teria isso naquele momento?
E antes que ele pudesse perceber, o sono tomou-lhe arrebatadoramente. Era como se seu corpo estivesse há anos sem descanso, e, no entanto, fora apenas uma semana. A mais intensa semana de sua vida.
A noite passou longa, entrecortada por sonhos inquietantes. E antes mesmo que os primeiros raios de sol surgissem, ele despertou. Sem ânimo, ou qualquer outro sentimento que pudesse assegurar-lhe ainda estar vivo. Permaneceu deitado, até que a manhã se fizesse plenamente notável, então se levantou.
Pôs-se a contemplar a vista dos jardins daquela casa, e indagar, porque razão, o Sol tornara a aparecer.
A continuação dos dias, e de sua própria existência, pareceu-lhe desesperador.
Fim do Flashback
Harry vestiu-se sem grande vaidade, e desceu as escadas, onde encontrou uma bela mesa servida.
Tentou esquivar-se da insistência de Dobby, mas fora vencido.
Sentou-se, e sem muito apetite, pouco comeu, ainda que sob os incentivos do elfo.
Saiu de casa, dizendo ir ao Ministério, onde teria uma reunião com o chefe dos aurores.
Por meio do pó de flu, seguiu até o imponente prédio Ministerial.
A visão daquele saguão lembrou-lhe dela. Da primeira vez que a encontrara oito anos depois da primeira separação.
Ele estava tão nervoso naquele dia. Lembrou-se de estar trêmulo pouco antes da palestra, e da fraqueza de seus joelhos quando enfim contemplou-a.
Com um leve balançar de cabeça, tentou afastar tais recordações e seguiu para seu destino.
Phillip Peterson era um homem com pouco mais de 50, embora a aparência refletia-lhe alguns anos a mais. Mais isso era jogado a segundo plano, quando se conhecia sua moral e simpatia. Era um homem de grande liderança e caráter, que tinha tornado da França-bruxa, um dos melhores e mais seguros lugares para se viver.
- Potter! _ falou ele levantando-se para receber o moreno que adentrara em sua sala.
- Sr. Peterson, como vai? _ respondeu o jovem, tentando soar um pouco animado, embora tivesse a impressão de que não havia sido bem sucedido.
- Muito bem, e você meu garoto?
Harry limitou-se a dar um pequeno sorriso, conformado com o fracasso que seria tentar parecer de alguma forma, feliz.
- Venha, por favor, sente-se. _ convidou o velho homem ainda sorridente. – Então, devo imaginar que já tem uma resposta para nossa proposta? _ questionou ele, referindo-se ao convite que o Ministério da Magia da França havia feito a Harry, para que ingressasse como chefe do Departamento de Mistérios*, órgão que trabalhava em conjunto com o setor de aurores.
- Sim, tenho. E embora me sinta verdadeiramente lisonjeado com o convite, sinto não poder aceitar.
O chefe de aurores acomodou-se melhor em sua confortável cadeira, cruzando os dedos a sua frente, gesto que trouxe a Harry a lembrança de Dumbledore, que se portava assim quando diante de algum fato que pudesse ocultar mais verdades do que as já apresentadas.
- Algum motivo específico?
Harry silenciou-se. De fato, não havia motivo algum que o impedisse de aceitar aquele emprego. Já havia viajado o suficiente, e próximo de seus 30 anos, tudo o que queria era acomodar-se num emprego estável, e possuir a segurança de uma família, um lar para onde voltar.
Mas motivo realmente convincente para declinar daquele convite, isso ele não tinha.
- Creio ainda me restar algum ânimo para desvendar o mundo. _ mentiu.
- Sim, entendo. _ respondeu o homem lançando-lhe um olhar intenso. – De qualquer forma, terá sempre um lugar aqui e tenho certeza em qualquer outro Ministério do mundo. _ completou com um pequeno sorriso.
- Eu agradeço senhor. _ disse Harry levantando-se e dirigindo-se para um aperto de mão.
- E Potter... Seja lá o que for que estiver o perturbando, espero que saiba que nada permanece o mesmo para sempre. Tenha paciência, o mundo precisa dar uma volta inteira para voltar ao mesmo lugar! _ falou ele por mim, dando a Harry uma pequena piscadela, e abrindo-lhe a porta para que pudesse se retirar.
O jovem ainda o olhou uma vez mais, surpreso e tentando de alguma forma, encontrar confiança naquelas palavras. Lançou-lhe um pequeno acenar de cabeça e por fim, saiu.
Perdera as contas de quantas ofertas de emprego como essa já havia recebido. Mas ele buscava algo mais, algo que nem ele mesmo poderia explicar.
Enquanto caminhava pelo enorme saguão de entrada, viu-se diante de um casal, que trocava beijos entre abraços e conversas ao pé do ouvido. Parou para melhor contemplar aquela cena, e uma ponta de inveja fez-se presente nele. Foi olhando mais atentamente para a cena que se desenrolava a sua frente, que reconheceu o casal. Mathew Johnson e Cho Chang.
Harry sorriu fracamente diante da felicidade do amigo, e aproximou-se para cumprimentá-los.
- É um local público. Os senhores poderiam, por favor, nos privar dessa cena totalmente despudorada! _ indagou zombeteiro, com um sorriso generoso nos lábios.
Mat e Cho se separaram imediatamente, ele reconhecendo a voz do amigo, virou-se igualmente divertido.
- Seu mal amado! _ mas arrependeu-se imediatamente do comentário, ao ver o sorriso de Harry morrer em seus lábios.
- Olá Mat. Cho! _ cumprimentou formalmente.
- Quanto tempo Harry. Como vão as coisas? _ perguntou o amigo, dirigindo-lhe um abraço.
- Na mesma.
A pergunta que pairava, acabou saindo da boca da oriental.
- E Hermione?
- Foi embora. Noite passada.
Mat tentou esconder a compaixão que sentia. Sabia que o amigo não gostaria de ver tal sentimento em seu rosto.
- Que tal conversarmos no bar à frente? _ sugeriu. E Harry lembrou-se de uma vez ter freqüentado aquele lugar ao lado de Hermione. Um pensamento surgiu em sua mente: Não poderia de forma alguma trabalhar em Paris. Tudo naquele lugar lembrava-o dela.
O caminho até o bar foi silencioso.
Sentaram-se numa mesa próxima a grande janela, e fez cada qual, seu pedido.
Enquanto aguardavam, a conversa retornou ao ponto hora parara.
- Por que ela foi Harry? _ perguntou Mat temeroso. Sabia o quanto falar sobre aquilo deveria ser doloroso para o moreno.
- Ora Mat. Pelo motivo óbvio. Ela não me ama.
- Eu vi a forma como ela o olhava Harry. E definitivamente, aquilo era um olhar de amor. _ contrapôs.
- Mas talvez o amor dela não fosse tão grande assim. Afinal, ela partiu.
Um silêncio devastador tomou conta deles.
- Há tantas mulheres especiais pelo mundo Harry... _ argumentou Cho.
- Mas é ela que eu amo, e é ela que eu desejo. _ dizendo isso uma lembrança da noite passada o assolou, e ele sentiu seu corpo estremecer.
- Houve alguma coisa entre vocês? _ questionou o homem a sua frente, como se percebesse a lembrança que veio a Harry.
- Aconteceu. _ respondeu simplesmente e sua face começou a adquiri uma tonalidade rubra.
Cho e Mat entreolharam-se e sorriram.
- E você ainda diz que ela não o ama?! _ indagou a garota.
- Ela não está aqui está? _ respondeu cortante.
- Talvez se você fosse atrás dela de novo, ela poderia...
- Eu não vou. _ interrompeu ele. – Já tive minha cota de rejeição o suficiente. Basta. Não sou do tipo masoquista, se é que você me entende. Já fui machucado o bastante para toda uma vida.
- Eu lamento vê-lo assim novamente meu amigo.
Harry sorriu a Mat. Um sorriso quase que automático, onde não havia qualquer sinal de sentimento. E Mat temeu que o amigo não fosse mais capaz de envolver-se novamente. Sabia como as feridas dele lhe eram profundas, e o quanto o custou recuperar-se ainda que parcialmente delas. Mas não sabia se Harry era capaz de recuperar-se novamente. E isso o perturbava.
- O que pretende fazer agora Harry? _ questionou Cho.
- Não sei. Hoje mesmo devo partir de Paris, há um lugar, onde há alguns anos eu comprei uma casa. Acho que passarei um tempo por lá.
- E depois?
Harry encarou o homem a sua frente por um instante.
- Depois... Depois eu penso. Por hora, preciso de um pouco de paz.
- Não gosto da idéia de vê-lo sozinho por muito tempo. _ argumentou Mat.
- Eu ficarei bem. _ assegurou Harry com um breve sorriso.
- Eu não sei se devo acreditar.
- Você deve. _ contrapôs de forma que sugeria ser aquele, um assunto encerrado.
O pedido deles enfim foi servido, e como uma decisão coletiva, passaram a conversar sobre amenidades. De vez em quanto os olhos de Harry se perdiam em algum lugar da janela. O tempo foi passando e mudando, nuvens cinzas se formavam no céu. E Harry pensou que só agora o céu se dera conta da desgraça que acontecia em sua vida. Queria sumir dali.
**
Quando Hermione saiu de casa, as lágrimas invadiam seus olhos.
Era uma noite fria de céu estrelado. Ela podia ouvir cada batida forte de seu coração. E sentiu-se momentaneamente como num campo de guerra. Algo dentro dela, dizia-lhe para voltar para dentro daquela casa e jogar-se aos braços de Harry, e ali permanecer para sempre. Outra voz, dizia-lhe para partir. Que a vida ao lado de Harry nunca seria segura. Ela viveria de um lado para o outro, até que um dia ele se cansasse dela, ou o amor deles esvaísse diante de tantas brigas. E foi essa voz que prevaleceu. Aparatou antes que pudesse de alguma forma, mudar de idéia.
A visão de seu prédio a frente, fez sentir uma dor aguda no peito.
Estava escuro, o céu de Londres não parecia tão estrelado quanto o de Paris.
Em passos lentos e arrastados, entrou em sua pequena fortaleza, dirigindo-se ao elevador.
Um jovem, de pouco mais de 18 anos entrou ao seu lado. Já o tinha visto antes por ali. Ele sorria deslumbrado, e ela tentou imaginar que motivos o fizeram assim, tão feliz.
- Noite perfeita não? _ comentou ele ainda mais sorridente.
Hermione apenas murmurou em resposta. Aquela não havia sido de modo algum uma noite perfeita, exceto é claro, pelo breve momento que esteve nos braços dele.
“Ele”. A visão de Harry fez presente em sua mente, e ela sentiu uma nova e incontrolável vontade de chorar.
- Sabe, acabei de ficar noivo. _ insistiu ele.
Hermione o olhou curiosa. Parecia tão jovem, e ao mesmo tempo tão certo do que fazia. Desejou ter toda a segurança que aquele garoto demonstrava.
- Parabéns. _ murmurou esboçando um fraco sorriso. – Mas se me permite quanto anos você tem? _ perguntou, dando vazão a sua curiosidade.
- 19.
- Não acha que está muito jovem. Quantos anos têm sua noiva?
- Ela tem 18. Bem, não acho que há idade certa para o amor. Considero-me um grande sortudo por ter encontrado alguém que ame e que corresponda ao meu amor. Isso não é algo que acontece tão facilmente. Não vejo porque adiar nossa união. Nós nos amamos! _ respondeu ele, tão convicto, tão feliz e seguro. Hermione sentiu-se infeliz. Harry a amava como ela nunca imaginou que poderia ser amada. Sequer pensava haver no mundo um amor tão grandioso quanto o dele. E ela, bem... Ela fora embora.
Teve seus pensamentos cortados pela voz do garoto.
- Desce aqui não? _ perguntou ele.
Ela o olhou meio desentendida, até dar-se conta de que ele se referia a porta aberta do elevador.
Com um “boa noite”, despediu-se dele.
Viu a porta do elevador fechar-se, e ele voltar a subir. Sentiu o silencio do lugar perfurar sua alma.
Abriu a porta do apartamento calmamente. Poderia ser impressão sua, mas sentiu um vento frio sair de dentro do ambiente e seguir a seu encontro.
Talvez o frio de sua própria vida, dando-lhe boas vindas.
Dafne não estava o que fazia dela, uma mulher sozinha. Em todos os sentidos.
Entrou sem dar-se sequer o trabalho de acender as luzes.
Caminhou até seu quarto, jogou a mala a um dos cantos, e atirou-se sobre a espaçosa cama macia.
A luz da Lua era a única iluminação do ambiente.
Hermione fechou os olhos com certa força, pôs-se a recordar os acontecimentos da ultima semana.
Desde sua entrada no prédio do Ministério francês, até sua partida.
E então, tocou seus lábios. Ainda havia marcas do amor de Harry em seu corpo. Marcas que ela desejava nunca sair.
Marcas da única vez em sua vida, que abandou sua mente, seus medos, e entregou-se ao que realmente sentia.
Harry foi o melhor amante que já tivera. O melhor amigo. E sem dúvida, seria seu melhor amor.
Ela virou-se na cama, e então, como se quisesse fazer-se inesquecível, lá estava ele.
Iluminado pela luz da Lua, ela pôde distinguir perfeitamente os olhos verdes de Harry, que sorria-lhe na fotografia da mesinha de cabeceira. Na foto, ela e Harry estavam abraçados, ele a olhava de forma terna, e suas mãos estavam entrelaçadas.
Esticou o braço, e trêmula, tocou suavemente a foto.
Voltou a fechar os olhos, talvez por sono, talvez para tentar segurar, em vão, as lágrimas que novamente lhe vinham.
E dessa forma, o sono tomou-lhe. Pesado, intenso e sofrido.
**
Quando a manhã veio, Hermione levantou-se forçadamente.
Ouviu alguns barulhos na cozinha, Dafne devia estar preparando o café.
Tomou um banho demorado, e com certa alegria, contemplou seu corpo marcado pela paixão devastadora que tinha vivido nos braços de Harry.
E então, um pensamento aterrorizante, cortou sua mente.
Jamais seria tocada por ele novamente, jamais sentiria seus lábios quentes outra vez, e pior, corria o risco de não mais contemplar aqueles lindos olhos verdes. Só agora Hermione deu-se conta, de que a decisão que havia tomado, poderia ter dimensões muito maiores do que havia percebido.
Temeu.
Saiu do banho ainda pensativa, e vestiu-se com seu habitual traje de trabalho. Sua vida havia retornado ao normal.
Olhou o Sol nascer por entre os vários prédios que seguiam ao seu.
Uma manhã morna e tranqüila aproximava-se, e ela não saberia explicar porque se sentia tão infeliz.
Era fato que despedir-se de Harry não havia sido algo fácil, e que até esse momento, não sabia se havia tomado a melhor decisão. Mas era como se algo muito maior passasse dentro de si. Como se tivesse perdido, simplesmente, a razão de viver. E ela, contrariando toda a sua excepcional inteligência e perspicácia, ainda não havia compreendido, por que!
Quando desceu, foi recebida por uma Dafne calorosa.
Tomou seu café sem grande animo, e custou a convencer a elfa que isso se dava por uma total falta de apetite, e não por insatisfação.
Pouco depois, seguiu para o St. Mungus.
Vários colegas a receberam com animação, e ela se viu obrigada a fingir vários sorrisos, várias frases de empolgação.
Só pôde em fim aliviar-se diante de Gina, que a recebeu com um abraço afetuoso.
- Mione. Que saudade! _ comentou a ruiva, num sufocante abraço, o que a fazia parecer ainda mais com a mãe.
Hermione sorriu, e pela primeira vez no dia, com um sorriso verdadeiro.
- Conte-me tudo. Quero saber todos os detalhes, e isso inclui os mais sórdidos. _ falou Gina, sentando-se em frente a Hermione na cadeira de seu consultório.
A castanha ruborizou-se por um momento, mas chegou a conclusão que precisava partilhar todas as suas emoções com alguém. E não poderia haver alguém melhor, do que Gina.
Então começou a descrever todos os fatos, partindo do principio, da sala de auditório lotada, do homem sedutor que Harry havia se tornado. Contou das brigas, da declaração, do primeiro beijo. Narrou toda a semana que passara ao lado do amigo, sendo interrompida várias vezes por exclamações e comentários da ruiva, que na maioria das vezes, eram contrários as suas atitudes.
Quando enfim terminou seu relato, houve um silêncio na sala.
Gina a encarava perplexa.
- Você foi para a cama com ele? _ indagou num misto de êxtase, surpresa e curiosidade.
- Shiiii, Gina! Fale baixo. _ implorou a amiga.
- Por Mérlin Hermione, me diga o que afinal você está fazendo aqui?
Hermione a olhou meio atônita antes de responder.
- Não é lógico? Vim trabalhar.
Gina levantou-se e passou a caminhar nervosamente pela sala, soltando vez ou outra um suspiro de indignação.
- Você está querendo dizer que passou a semana ao lado de Harry Potter, o ouviu dizer mais de uma vez que a amava, fez amor com ele, e voltou para trabalhar?
- Gina, Harry e eu somos amigos.
- Amigos não transam Hermione! E se me permite dizer, você é incrivelmente burra!
A castanha ruborizou-se novamente.
- Eu não o amo. _ falou soando mais como uma pergunta do que uma afirmação.
- Ah não? Então o que você sente por ele?
Hermione a encarou confusa. Não podia acreditar que a amiga a forçaria a responder aquilo. Mas como Gina a encarava ansiosa esperando uma reposta, ela resolveu continuar.
- Bem, Harry é meu amigo. Eu gosto dele, gosto do jeito que ele sorri, gosto da curva de sua boca quando seu sorriso passa a ser sedutor. _respondeu perdendo-se em suas lembranças. - Gosto do cheiro e do calor que ele emana, da forma como ele me olha, da voz suave e sensual dele. Gosto da maneira como ele conduz as coisas, e a própria vida. Admiro seu caráter, sua força e coragem. Gosto de seu jeito tímido, e às vezes atrevido... _ ela continuava sua longa lista, um olhar sonhar perdido na parede.
Só quando encarou Gina, com um olhar inquisidor e um sorriso travesso, que se deu conta do que estava acontecendo.
Afundando ainda mais na cadeira, Hermione arregalou seus olhos, que em segundos encheram-se de lágrimas, colocou uma das mãos sobre a boca, como para ocultar uma exclamação de horror.
- Céus, o que foi que eu fiz?
- É Hermione... O que foi que você fez. _ disse a ruiva, sentando-se novamente e segurando as mãos frias da amiga.
Hermione tremia algumas lágrimas já desciam por seu rosto. Seu coração batia intensamente. Ela ainda não compreendia como pôde ser tão cega durante tanto tempo.
- Eu o amo! _ proclamou entre um sorriso. – Eu realmente o amo!
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