Prólogo



A noite em Godric’s Hollow estava quente e calma naquele 31 de Outubro, a lua era bem visível no céu estrelado e sem nuvens. Na rua, um homem vestido de negro e cujo rosto estava oculto pelas sombras, caminhou lentamente pelas ruas vazias até ficar à frente de um terreno um pouco distante das outras casas, aparentemente uma extensão de um parque. No entanto, os arbustos e a própria calçada pareceram se mover e uma bela casa de dois andares surgiu diante do homem.


Após observar as janelas para identificar o movimento na casa, mexeu em um bolso de sua roupa e retirou, o que para maioria seria um graveto, mas para aquele homem era uma varinha, com a qual ele se habilitava a fazer magia.


- Alorromorra -o bruxo sussurrou e o portão se abriu após um clique. Atravessou o jardim bem cuidado e florido até chegar à porta de madeira. - Reducto -desta vez ele explodiu a porta, entrando a ponto de ver alguém subindo as escadas e desviando de um feixe de luz vermelho. - Avada Kedavra -o raio verde atingiu o moreno que o atacara primeiro, lançando-o sobre uma mesinha de centro.


O bruxo subiu rapidamente as escadas, ouvindo um choro baixo assim que chegou ao segundo andar. Andou a passos rápidos até o quarto, onde lançou um raio negro que logo deu origem a um barulho. Entrou no cômodo e viu uma mulher ruiva debruçada sobre um berço, a varinha caída ao lado.


-Harry não! Harry não! Por favor... farei qualquer coisa... –a mulher implorou com os olhos úmidos, ao se virar e encará-lo, mas sem deixar de proteger o filho com seu corpo.


Afaste-se. Afaste-se, menina... –o bruxo falou em tom baixo e frio, seus olhos mirando o berço em expectativa.


Sem pensar no que estava fazendo, a mulher se lançou sobre o invasor, uma de suas mãos segurando o braço em que ele sustentava a varinha e a outra empurrava o ombro oposto, tentou avançar um passo e derrubar o inimigo fazendo uma alavanca com o pé, mas o homem era bem mais forte e a lançou de costas no berço, que por ser de madeira pesada e trabalhada, não se moveu.


- Avada Kedavra -novamente um raio verde saiu da varinha, desta vez para a tingir a mulher, que já caída, perdeu o brilho em seus olhos. O bruxo olhou para o bebê, que mesmo sem capacidade para entender o que se passava, chorava a plenos pulmões. Um sorriso maligno se formou nos lábios finos e meio disformes do homem, antes que ele apontasse a varinha para o menino de olhos verdes. - Avada Kedavra .


Desta vez, quando o raio verde atingiu o rosto do menino, um choque de energias pareceu acontecer e o fluxo do raio se alterou, voltando para a varinha e causando uma explosão ao tocá-la.


O choque da maldição da morte com o feitiço protetor de Lílian Potter provocou uma enorme agitação no equilíbrio mágico de todo o mundo, podendo assim, ser sentida por todos os bruxos e seres mágicos do país e pelos de mais sensibilidade no restante do mundo. *******************************************************


A obscuridade reinante, assemelhava-se ao ébano. Era como se a noite tivesse sido pintado de tristeza e solidão.


_O tempo está mau no Mundo dos Bruxos. Eles estão a sofrer uma perda. – disse a voz harmoniosa, num tom de uma doce tristeza, quase num sussurro, de uma jovem mulher alta, de longos e lisos cabelos negros como a noite que caía no horizonte. Os olhos brilhantes eram azuis, os lábios eram cor de coral e a pele, branco puro. As orelhas e o nariz eram pontiagudos, sendo este último menor que o primeiro. O longo vestido branco cobria o seu corpo delgado e fino.


_ “Logo após existir o Céu e o Inferno, presenciei a vida do Homem sob a Terra, desde os tempos mais remotos e imemoriais, ele, o Homem, buscou de várias maneiras, com feitiços e poções milagrosas, a dádiva da Vida Eterna, que até hoje, nunca fora alcançada por qualquer mortal…” –falou ele sonhadoramente.


_Estou a falar contigo Cemendur. Pressenti-o. – disse calmamente tirando o capuz branco e erguendo a cabeça para o céu. Onde pôde observar o manto soturno que descia silenciosamente no horizonte. A lua preenchia todo o espaço daquela imensidão. _Está tudo tão negro, parece que o céu foi esquecido pelo brilho do sol.


Cemendur, que caminhava ao lado dela, imitou-lhe o gesto.


_É. Estou a pressagiar uma movimentação estranha. Melhor apressarmo-nos para falar com Dumbledore. – fala Cemendur. Repentinamente sentiu uma onda de choque mágico e com esse choque era visível uma espécie de aurora luminosa que tomava conta do céu, afastando assim a escuridão. Uma brisa acariciou-lhes os rostos, fazendo os cabelos ondularem vagarosamente. Tanto o choque como a luminosidade dissiparam segundos depois, tão rápido quanto veio.


Cemendur era um homem pouco mais alto que Merime. Os compridos cabelos loiros alcançavam-lhe o meio das costas. Seus olhos eram de um intenso azuis-acinzentados, as suas orelhas e nariz eram também bicudos e, apesar do seu aspecto esguio, era notável os seus músculos definidos.


Ambos eram portadores de grandes habilidades e possuíam uma audição e visão muito aprimoradas.


_Melhor seguirmos a origem dessa onda. – fala Cemendur sóbrio e Merime concorda.


Apresaram os passos entre as altas e majestosas árvores da floresta. O coração de Merime apertava de preocupação e aflição para saber o que sucedera no Mundo Bruxo.


Um choque tão intenso como aquele era algo invulgar e alarmante, ainda mais se fosse pressentindo no Mundo Élfico. *******************************


Cemendur e Merime tinham acabado de chegar a Godric’s Hollow. Pararam a frente de uma casa de dois andares caindo em ruínas. No exterior não havia restado pedra sobre pedra, a casa estava parcialmente destruída.


A elfa aproximou e abriu cautelosamente o portão, para não provocar nenhum ruído. Eles sabiam que haviam chegado ao mundo trouxa, que diferentemente do mundo bruxo, não acreditava na existência de seres místicos. No mundo bruxo, tudo que fazia partes deles, desde as suas origens até as intenções que os levaram lá, era dispensável, indesejável.


A medida que caminhavam até a entrada, tudo lhes desagradava, principalmente ao verem o estado do jardim. O elfo inspirou bem o ar, agachou-se e contemplou tristemente uma pequena flor sem vida no alpendre.


Uma vez que a porta estava caída no chão, entraram na casa, logo deparando-se com o corpo de um homem estendido no chão. Ouviram um choro de bebê. No interior não sobrara nada em pé, tanto a decoração como uma boa parte das paredes estavam quase demolidas. Pisaram cuidadosamente no degrau, como eram esguios e pesavam pouco, chegaram ao andar superior mais facilmente sem que caíssem em algum buraco que eventualmente podia haver nas escadas. Ao fim destas, do lado direito havia um quarto. O corpo de uma ruiva estava estendido a frente do berço. Merime aproximou-se e debruçou-se sobre a criança de olhos esmeraldas que deitado, chorava no berço. Passou os longos dedos delicadamente pelo rosto dele, antes de o levantar do berço e pegá-lo em seus braços.


_Não é belo Cemendur? – pergunta esboçando um largo sorriso e olhando deste pra o bebê que segurava com afecto.


_Concordo, mas lembra que não foi esse o motivo que nos trouxe aqui. Temos de falar o mais depressa possível com Dumbledore. – afirmou o elfo com seriedade.


_Eu sei, mas não o podemos deixar aqui. – fala olhando o corpo da mulher ruiva.


Ao mirar os olhos de Merime presumiu o que veria a seguir e adiantou-se a falar:


_Não Merime, eu creio que ele não possa ficar conosco.


_Quando falarmos com Dumbledore, logo decidiremos. – fala terminante dirigindo-se a saída.


_Podemos aparatar para a Ordem onde nos disseram que ele estaria. – sugeriu Cemendur.


O modo que eles aparatavam era diferente do modo bruxo. Para além de silencioso também era mais suave. Pouco depois encontravam-se num imenso povoado de pequenas casas e lojas com telhados de colmo, todos estavam festejando alguma coisa que não conseguiram perceber.


_Devemos ter sido atraídos pela energia mágica que este povoado emite. – fala Cemendur admirado com o local, enquanto Merime cantava uma harmoniosa melodia pra acalmar o bebê que estava quase adormecendo. Era a primeira vez que estavam naquele lugar. Ajeitaram as longas capas de viagem que varriam o chão e foram caminhando até entrarem numa das lojas que tinha escrito no exterior: Cabeça de Javali.


Cemendur reparou que o bar tinha um cheiro forte que lhes era pouco habitual. O lugar era quente, porém com muito fumo. A quantidade de clientela e o imenso barulho que um grupo de bruxos ruidosos a volta de uma das mesas, permitiu que pudessem caminhar discretamente até a uma porta que havia no fundo do bar e que dava acesso a um porão secreto. O espaço era um compartimento com poucos móveis, numa das paredes havia uma estante com calhamaços de livros, no centro havia um sofá e duas poltronas em cada lado deste e no meio uma mesa e, no fundo, havia uma secretária e atrás dela, encontrava-se um homem magro e com uma certa idade. Seus cabelos brancos eram compridos tal como sua barba. Os olhos azuis miraram Cemendur e Merime acima dos óculos de meia-lua, demoradamente e depois sorriu-os em sinal de boas vindas. Era Albus Dumbledore. Cemendur e Merime avançaram serenamente.


_Boa noite, meus amigos. – volta a sorrir.


_Boa noite. – cumprimentaram os elfos com os olhos fixos no rosto de Dumbledore.


_Suponho que aquele choque mágico é o motivo da vossa vinda aqui. Estou certo? – os dois assentiram. _ E pelo visto já sabem, até mais do que eu, o que aconteceu ao pequeno Harry. – fala observando Harry nos braços de Merime.


_Sim. Seguimos o espectro luminoso e demos com a origem da onda mágica. Acabamos por encontrar a criança no local. – afirma o elfo olhando Harry.


_Hum…vejo que sim. Mas antes de mais, sentem-se. – os dois assim fizeram. – Vieram de tão longe. Aceitam tomar algo? – pergunta delicadamente fazendo aparecer duas chávenas de chá sobre a mesa no centro.


_Não. Obrigado.-responde Merime, esperando as respostas que os havia levado lá.


_Uma vez que foram os primeiros a chegar lá, agradeceria que me relatassem o que viram. – pediu o feiticeiro paciente.


_Tal como disse, seguimos o espectro e assim que soubemos que fora originado naquela casa, dirigimo-nos para lá. Ao ver o estado em que se encontrava, sentimo-nos obrigado a entrar e averiguar o que tinha acontecido. Assim que entramos encontramos o corpo de um homem, morto. Seguimos as escadas, para o andar superior e em um dos quartos, vimo-lo a chorar no berço. – fala embalando Harry e continuou. _Não podíamos deixá-lo lá, sozinho, pois nesse mesmo quarto uma mulher, que suponho que seja a mãe dele, falecera.


_Hum…Creio que haja um traidor entre nós, o qual revelou o esconderijo dos Potter e proporcionou a Voldemort um ataque surpresa. Parece que James tentou dar uma chance da esposa fugir com o filho, mas esta também fora surpreendida por Tom e como último recurso, usou seu sacrifício para dar uma chance ao filho. Naquelas ondas pude reconhecer a trilha mágica de dois dos meus alunos mais brilhantes em magia antiga: Tom Riddle e Lílian Potter, apesar do traço do pequeno Harry ter interferido um pouco. – ao ver o ar surpreendido dos elfos, conclui lentamente. _Mas são só suposições.


_E porque Tom Riddle tentaria matar uma criança? – pergunta Cemendur.


_ Há muito que Voldemort deixou de ser alma e corpo. Quando o conheci – fez uma pausa e voltou a encarar os elfos – Tom, era um garoto promissor, com um grande futuro pela frente. Era admirável desde cedo a habilidade e a ambição em conseguir tudo aquilo a que se propunha. A verdade, é que tempos se alteram e as pessoas mudam. A vontade de mandar a seu jeito no mundo bruxo independentemente dos meios, foi-lhe cada vez maior. Restou-lhe só o desejo e a sede incontrolável de poder.


_Então Voldemort morreu. – ponderou o elfo.


_Talvez sim, talvez não, eu não posso garantir ninguém de nada, uma vez que não presenciei o que sucedeu. – fala calmamente.


_ Então Harry ficará com quem? – pergunta o mirando, fazendo notar a sua aflição.


_Ele tem tios trouxas. Pode ficar na casa da irmã de Lílian…


_Trouxas? Ele irá ficar a cargo de trouxas? Eu sei que não devo me meter, mas o senhor sabe tanto quanto nós que ele é um bruxo, portanto não se sentiria bem no meio deles, sem mencionar que nao receberia a educaçao adequada.


_Eles são os únicos parentes que restam. Não tenho outra alternativa. – afirma dando um longo suspiro depois.


Fez-se um breve silêncio na sala em que Merime fitou morosamente Cemendur. Os únicos sons que se ouviam eram o barulho do exterior.


_Nós ficamos com ele. – propõem a elfa sobre os olhares atentos de Dumbledore e Cemendur. _No nosso Mundo ele estará mais seguro do que em qualquer outro lugar, ninguém lhe poderá fazer mal, para além de que se desenvolvia muito melhor. O que acha? - conclui esperançosa.


Dumbledore levantou-se e contornou sua secretária ficando de frente para os elfos.


_Concordo, é o melhor lugar. Tudo o que aconteceu esta noite, podia dar futuramente, uma vida desassossegada a Harry. Ser famoso por uma coisa que não se recorda, seria lamentável. Lá, ele poderá crescer em paz e ausente de tudo isto até ter idade para perceber as coisas. – finalizou.


_Esteja certo, de que ele será muito bem tratado. – garantiu o elfo.


_Não tenho dúvida meu amigo, não tenho o mínimo de dúvida. – afirma Dumbledore cordialmente.


Após a breve conversa, os elfos retornaram a seu reino com o pequeno Harry e com as notícias que vinham do mundo bruxo.
Enquanto isso, no mundo bruxo, um grande números de festas eram dadas, os bruxos cantavam, dançavam e soltavam faíscas com sua varinha em comemoração a derrota daquele-que-não-deve-ser-nomeado, dispensando a discrição. Os jornais bruxos do mundo inteiro e principalmente os ingleses, refaziam suas manchetes para contar como Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, livrara o mundo de um dos maiores bruxos das trevas dos últimos tempos. A curiosidade dos jornais britânicos era saber onde se encontrava o pequeno herói, uma vez que os pais estavam mortos. Em busca de saciar essa curiosidade, procuram Albus Dumbledore, o qual se limitava a dizer que o menino estava em local seguro.


N/A: Oi, aqui é a Lílian Granger Potter e essa é mais uma fic em parceria que inicio! Sei que parece maluquice ter todas estas fic’s em andamento, mas eu amo os elfos e há algum tempo venho querendo escrever algo com eles, então decidi me dar esta fic de presente de aniversário, que é hoje dia 13/04. Espero que gostem desse novo modo de contar a história do Harry e também quero que fiquem à-vontade para fazer perguntas sobre os elfos caso não entendam ou fiquem em dúvida sobre algo, que eu ou a Bia responderemos assim que possível.

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