O Princípio do Fim
Os Orcs estavam se preparando para atacar, e faziam questão de deixar isto bem claro. Mas ainda estavam se organizando, o que dava um certo tempo para que a defesa fosse organizada. Harry reuniu alguns Guardiões, designados líderes de esquadrão e determinava suas posições. Também chamara Mme Ponfrey, Skeeter, e os pais de Gina e Cho.
- Mme Ponfrey, a senhora ficará responsável pelo atendimento médico.
- Claro Harry! Mas eu pensei que a dra Granger assumiria essa tarefa. – Concordou a enfermeira, olhando para Hermione.
- Não desta vez, Mme Ponfrey. Vou ficar onde acho que sou mais necessária... Ao lado dos outros na frente de batalha. Tenho certeza de que o hospital está em ótimas mãos, estando sob sua responsabilidade. – Respondeu Mione, sorrindo.
- Perfeito! – Concordou Harry, virando-se agora para as outras mulheres – Sra Weasley, sra Chang... Posso contar com a ajuda de vocês no hospital também?
- Claro, Harry querido. – Molly respondeu pelas duas.
- Obrigado. Ah! Rita, você as ajudará também. – Concluiu Harry, com indiferença.
- O quê? – Assustou-se a mulher, que obviamente não esperava receber uma designação – Eu sou uma repórter, Potter. Meu lugar não é dentro de um hospital, cuidando de gente ferida. É no meio da ação, onde a notícia realmente acontece.
- Por mim, se quiser ir bem pro meio da ação, tudo bem. – Disse Rony – Quem sabe alguns Orcs não passam mal depois que tentarem devorar você?
Rita ficou um tanto sem graça, e resolveu não discutir mais, seguindo com as outras para o local onde estava montado o hospital. Enquanto isso, Lady Arwen se aproximou de Cho, chamando-a para uma conversa particular. A jovem acatou, seguindo a Elfa por alguns corredores, até uma sala de armas. Assim que a porta foi fechada, Arwen se virou para ela e perguntou.
- Você deve ter se perguntado o por que de ter encomendado apenas quatro armaduras, não pensou?
- Devo admitir que pensei, senhora. – Envergonhou-se Cho, baixando os olhos – Mas pensando bem, não sou tão boa quanto eles, então faz sentido que eu precise treinar muito antes de usar uma armadura élfica.
- Na verdade, acredito que você esteja à altura de vestir uma armadura élfica sim, Cho Chang. – Respondeu Arwen, com um sorriso doce – Mas eu gostaria que você fosse para a guerra com esta armadura.
Lady Arwen puxou um lençol que cobria um objeto em um suporte. Era uma armadura. Prateada, com o símbolo de Gondor e dos Elfos grafado no peito, a armadura brilhava como nova. Sobre o Elmo, uma pequena coroa feita com o mesmo material que o restante.
- Esta é a minha armadura, minha cara. – Continuou Arwen – Já me serviu muito bem em guerras passadas.
- Mas... Senhora... Não posso aceitar. Não sou digna de usá-la. – Cho estava emocionada e surpresa com a proposta.
- Não vejo melhor pessoa para vestí-la, Cho. Eu não irei ao campo de batalha, minha hora já passou. Usava esta armadura para lutar ao lado de meu amado, Elessar. Com esta espada. – E Arwen lhe estendeu uma linda espada, fabricada pelos Elfos.
- Mas eu não sou nada. Não sou de sangue real. Nem deste mundo eu sou. Sou uma completa estranha.
- Você é aquela que o futuro rei destas terras ama. Isso por sí só já é razão suficiente. Também é um símbolo de coragem e perseverança, e será muito importante e incentivador para as tropas, vê-la ao lado de Anaryon.
- Muito bem. Se a senhora insiste, então eu vou aceitar. – E novamente Cho ficava envergonhada.
- Então vista-a. Anaryon precisará de você antes do que imagina. Vou ajudá-la.
There’s no time for us
There’s no place for us
What is this thing that builds our dreams
yet slips away from us
Não há tempo para nós
Não há lugar para nós
O que é essa coisa que constrói nossos sonhos
E vai para longe de nós?
Enquanto tal fato ocorria na sala de armas, Harry caminhava pelos muros da fortaleza, observando os soldados. Passada a euforia inicial, com a chegada dos Elfos e dos Guardiões, e com a proximidade de uma nova batalha, o ânimo e a confiança dos combatentes parecia ter se evaporado. Permanecendo naquele estado, seriam facilmente derrotados. Procurou por Anaryon, que encontrava-se sentado na sala de reuniões.
- Anaryon, seu povo precisa de você. Precisam de seu lider novamente, alguém que os guie para a batalha. – Disse ele, ao entrar, deixando a porta entreaberta.
- Guie-os você, mago. Ficou bem claro para mim, que não sei comandar. Levei meus homens para uma derrota flagorosa. Só não foi ainda pior devido a presença de vocês. – Lamentou-se ele, de cabeça baixa.
- Não é de mim que eles precisam, e sim de seu soberano. Seu Rei, seu líder. E esta pessoa é você. – Continuou Harry, que não percebera uma figura que se encontrava ouvindo atrás da porta entreaberta.
- Não me querem, Harry. Falhei com todos eles. Levei seus pais, irmãos ou maridos para a morte. – Continuou o rapaz, de ombros caídos, derrotado.
- Você cometeu um erro. Todos estamos sujeitos a isso. Ser lider incorre em riscos, tomar decisões que vão influenciar a vida de muitos numa fração de segundos. Quando acertamos, somos os melhores do mundo. Somos amados, idolatrados e os mais inteligentes, com melhor visão. Quando erramos, somos crucificados por todos. Temidos, odiados, obtusos. Mas as pessoas esquecem que também somos seres humanos, com sentimentos e inseguranças. Sei bem como é, pode acreditar.
- Causei a morte até do meu próprio irmão, Harry. Posso ter condenado a linhagem de Elessar ao esquecimento. Se não puder proteger Éomer e meus primos, a linhagem dos reis numenorianos terá desaparecido para sempre da Terra Média. Mal posso encarar meu irmão, de tanta vergonha pelo que fiz. Ele sempre foi muito mais próximo a Ararorn do que de mim.
- Eu não o culpo pelo que aconteceu, Anaryon. – Disse Éomer, abrindo a porta e entrando no ambiente – Estou sim, triste pela morte de nosso irmão, mas nunca o culpei pelo que aconteceu. Você fez o que achou que seria melhor para nosso povo. E Ararorn também achava isso, tanto que o seguiu. Ele confiava em você, e eu também confio. Mestre Potter tem razão, nosso povo precisa de seu lider, e este lider é você.
- Éomer, não sei se posso. Tenho medo de errar novamente, e condenar nosso povo à derrota. – Em nada Anaryon lembrava o príncipe que Harry conhecera ao chegar. Não era mais arrogante ou convencido.
- Não importa. Não importa se vencemos ou perdemos, desde que o façamos juntos e de cabeça erguida. Não podemos nos entregar. – Disse o menino – Nossos pais não se entregariam assim, sem luta.
Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Ohhh...
Quem quer viver para sempre?
Quem quer viver para sempre?
Anaryon sorriu para seu irmão, desarrumando seus cabelos e sorrindo, agradecido.
- Onde meu irmãozinho conseguiu tanta sabedoria assim, para me dar lição de moral? – Perguntou.
- Não sei. – Riu Éomer, e era o primeiro sorriso que dava em dias – Deve ser a convivência com tantos magos e elfos.
- Para mim, tem dedo de uma certa ruiva que eu conheço. – Harry entrou na brincadeira, piscando para o garoto – E então, príncipe Anaryon. Está pronto para assumir o seu lugar de direito? Liderar seu povo, como o legítimo Herdeiro de Númenor?
- Sim, Mago Branco. – Respondeu ele, recompondo-se e endireitando a coluna, antes arqueada - Vamos! Preciso falar com meu povo.
Saíram da sala, e foram até o paço, uma grande área em frente às portas do castelo. Ali, Harry lançou-lhe um feitiço – Sonorus! -, ampliando sua voz, que se propagou pela cidade.
- Homens e mulheres de Gondor, peço-lhes a sua atenção. – Aguardou alguns instantes, e então continuou – Sei que decepcionei a todos. Acreditem, decepcionei a mim também. Mas, como tanto me disseram nos últimos dias, errar faz parte do aprendizado. Sinto em minha própria carne a perda de vocês, afinal meu irmão pagou pela minha insensatez. Não cometerei o mesmo engano uma segunda vez, posso lhes garantir. Não podemos deixar que a amargura e o desânimo preencham nossos corações. O inimigo bate em nossa porta, e se não estivermos unidos e determinados, acabaremos sucumbindo. – Agora, centenas de pessoas, soldados e aldeões, ouviam suas palavras atentamente. Respirou fundo e continuou – Temos a ajuda de nossos amigos e aliados. Elfos, Anões, Hobbits e Magos. Todos vieram para lutar conosco, para morrermos ou vencermos juntos. Só o que posso prometer é que, se hoje for o dia em que se extinguirá da Terra Média o sangue Numenoriano de meus ancestrais, ele será derramado ao lado de pessoas de valor e honra. E tenham certeza, de que quando este momento chegar, eu estarei lá, na frente de nossas fileiras, junto com vocês. Não escondido dentro de um castelo, rodeado de soldados a me proteger. Darei meu sangue para honrar cada mulher, criança e ancião desta minha amada terra. Agora eu pergunto, homens e mulheres de Gondor. Quem me aceita como seu comandante? Quem aceita lutar a meu lado na batalha que se apresenta?
- Eu lutarei. – Disse uma voz às suas costas, também amplificada.
There’s no chance for us
It’s all decided for us
This world has only one sweet moment
set aside for us
Não há chance para nós
É tudo decidido para nós
Esse mundo tem somente um momento doce
Separado para nós
Todos, inclusive Anaryon, que tomou um grande susto, viraram-se para o local de onde partira a voz. Na porta do castelo, parada, com lady Arwen a seu lado, estava Cho. Passado o momento de espanto, toda a audiência caiu numa reverência. Ninguém, exceto a família real, já havia visto aquela armadura, mas todos sabiam o que era. A armadura de batalha de Lady Arwen, com a qual sua soberana máxima lutara ao lado de seu grande amor e rei, Elessar. Há oitocentos anos, ela não era usada. Simbolizava toda a glória e grandeza do antigo reinado, da era de ouro de seu povo, e por isso era venerada. Até mesmo Anaryon fez uma meia reverência, só voltando a levantar o olhar, quando Cho se juntou a ele, repetindo.
- Eu lutarei a seu lado, meu senhor. Não importa qual seja o resultado, lutaremos juntos. Vamos defender esta cidade, ou morrer tentando. Alguém mais nos acompanha?
Uma gigantesca ovação percorreu a cidade, uma mistura de fúria, júbilo e puro orgulho patriótico. Todos os soldados erguiam suas espadas para o céu, os lanceiros batiam suas armas contra seus escudos, e algumas mulheres choravam emocionadas. Se a maga, que nem mesmo era daquele mundo, estava disposta a arriscar a vida por seu príncipe, por aquela cidade, como eles não poderiam apoiar? A visão da armadura de Lady Arwen parecia trazer um novo ânimo aos soldados. Lady Arwen se aproximou do príncipe, bateu palmas e um servo entrou, trazendo outra armadura.
- É chegado o momento de você vestir a armadura que já foi de seu pai, e do pai de seu pai, até meu amado rei.
- Mas, minha senhora, não fui coroado rei ainda. – Balbuciou ele. Harry tirara o feitiço, um minuto antes.
- Você já é rei onde realmente importa, Anaryon. – Respondeu ela, tranquilamente, tocando em seu peito delicadamente – Aqui, em seu coração.
Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Ohhh...
Who dares to love forever?
Oh oh
When love must die?
Quem quer viver para sempre?
Quem quer viver para sempre?
Quem ousa amar para sempre?
Quando o amor dever morrer?
Anaryon não se conteve, e deixou cair uma lágrima. Compreendeu o que sua senhora queria dizer. Apenas após sua derrota, ele havia alcançado a humildade necessária para liderar seu povo. Só agora, depois de tantas vidas perdidas, ele compreendera e valorizara seu valor. Só agora ele entendia que um rei, ou mesmo um lider, vive para servir a seu povo, não o oposto. Que sem este, não havia reinado. Só agora ele estava disposto efetivamente a morrer por seu povo, e a consciência de tal fato realmente o comovia, a ponto das lágrimas agora cairem profusamente. Pegou a espada que lhe era estendida, ergueu-a no ar e gritou para seu povo, enquanto erguia com a outra, a mão de Cho, que também chorava, emocionada.
- À luta, homens e amigos de Gondor. À vitória. Todos a seus postos de batalha.
Uma nova onda de gritos ecoou, e aos poucos o povo começou a se dispersar, voltando para suas atividades. Anaryon e Cho ainda estavam de mãos dadas, prestes a voltar para dentro do castelo, onde ele vestiria sua armadura.
- Tenho que admitir, Cho. Você está um arraso. – Brincou Fred, passando por eles.
- Cala a boca, Fred. – Respondeu a garota, corando.
- Ele tem razão. Você está linda. – Disse Anaryon, tocando em seu braço – Mas não precisa fazer isto se não quiser. Sou muito grato pela ajuda, sua aparição foi fundamental, mas não creio que entenda o que significa vestí-la.
- Na verdade eu entendo perfeitamente. Ficou bem claro para mim. E vou usá-la com muita honra, e juntos venceremos. – Respondeu ela.
Gina finalmente encontrara Lucy, que estava andando pelos hospital.
- Lucy, o que você está fazendo aqui?
- Nada. Só olhando. – Respondeu a menina.
- Minha querida, sei que você quer ajudar, mas é muito arriscado. Você deve ficar com minha mãe, mas não quero que faça nada, está bem? Fique aqui, em segurança.
- Mas eu posso ajudar! – Teimou ela – Foi para isso que vim, para ajudar.
- Mamãe lhe arranjará algo em que possa ajudar, que não seja perigoso, está bem? – Respondeu Gina, tentando contornar a situação.
A ruiva deixou-a, e voltou para o lado de fora. Parou sobre a muralha, o olhar perdido no horizonte, pensativa. Só percebeu que não estava só quando sentiu que era abraçada pelas costas.
- O que está fazendo aqui, amor? – Perguntou Harry, beijando-lhe a nuca.
- Só pensando. – Respondeu ela.
- Em que? – Insistiu ele. Era a segunda vez que ele a via daquela maneira, antes de uma batalha, e algo lhe dizia que havia algo de errado.
- Nada demais, só pensando. Não vejo a hora que isto tudo terminar. – Suspirou ela,virando-se abraçando-o.
- Eu também não vejo a hora em que tudo termine e possamos, finalmente, viver a nossa vida. – Riu ele, satisfeito com o pensamento – Você sabia que eu a amo mais que tudo nesta vida, Gina Weasley?
- Hum! É bom ouvir isso. – Disse ela, beijando-o calorosamente. Depois, continuou – Eu também te amo, Harry. Mal posso esperar para me tornar a sra Potter.
- Você já é, esqueceu? Já somos marido e mulher, não importa o que aconteça. – Ele realmente estava estranhando o jeito dela. Teve medo que estivesse carente, devido a tudo que estava acontecendo nos últimos dias. Na verdade, só agora ele se dava conta de que, realmente, estavam um tanto afastados.
- É bom ouvir isto. Não importa o que acontecer? Promete? – Apesar de tentar disfarçar, sua voz tinha uma certa angústia e desespero. Teve medo de Harry perceber, pois ao mesmo tempo ela o abraçava com mais força ainda. E ele percebeu.
- Gina, o que é que está acontecendo? Você está estranha... Fiz alguma coisa de errado? Alguém te fez algo que eu deva saber? – E ele estava verdadeiramente preocupado.
Gina sorriu, sensibilizada com a preocupação dele. Pegou seu rosto com suas duas mãos, trazendo-o para um beijo longo e apaixonado, como há muito não trocavam. E só naquele momento ela percebeu o quanto aquilo lhe fazia falta, do quanto precisava senti-lo assim, próximo a ela.
- Está tudo bem, amor. – Respondeu ela, quando se separaram – Você não fez nada de errado, pode ficar tranquilo. Nem ninguém. É que eu estava sentindo a sua falta, só isso. Andamos tão atarefados, que não temos tido tempo para nós dois.
- Mas isso está para acabar, eu prometo. – Harry disse. Não iria insistir naquele momento, mas assim que a guerra terminasse, voltaria ao assunto – E quando terminar, tudo ficará bem. Você verá.
Then touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can live forever
And we can love forever
Forever is our today
Então toque minhas lágrimas com seus lábios
Toque meu mundo com a ponta de seus dedos
E nós poderemos viver para sempre
E nós poderemos amar para sempre
Para sempre é o nosso hoje
Uma vez mais, ouviram os tambores e trombetas Orcs. O casal se afastou rapidamente, olhando para o horizonte. A coluna Orc começava a marchar contra eles. Beijaram-se uma vez mais, e correram ao encontro dos outros.
Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Forever is our today
Who waits forever anyway?
Quem quer viver para sempre?
Quem quer viver para sempre?
Para sempre é o nosso hoje
Quem espera para sempre, afinal?
- Harry, eles estão avançando. E estão trazendo alguma coisa, veja. – Disse Mione, apontando para o horizonte.
- Parecem catapultas. – Disse Senar, que estava próximo – E também torres.
- Torres? Que tipo de Torres? – Indagou Rony.
- Para passarem sobre os muros. – Antecipou-se Mione, a explicar – São torres gigantescas, protegidas por lona ou outro material, que impeça os soldados que ficam atrás, empurrando, de serem atingidos por flexas. São mais altas do que os muros, para que quando cheguem neles, possam jogar uma ponte e invadir o castelo.
- Bom, então está claro que não podemos deixá-los chegar aos nossos muros com isso. – Disse Harry – E precisamos mantê-los longe, pelo maior tempo possível. Fred! Jorge!
- Chamou, Harry? – Atenderam os dois, em uníssono.
- Precisamos manter esses caras afastados dos muros, e tentar diminuir um pouco o número deles. Trouxeram mais alguma coisa interessante naqueles malões? – Harry sabia que ia gostar da resposta.
- Que bom que perguntou, Harry. – Jorge abriu um sorriso, e com um gesto da varinha, convocou os malões, desconsiderando o que já haviam aberto e partindo para um dos outros – Devemos muito a Neville pela ajuda que nos deu, tivemos a idéia e ele ajudou a viabilizá-las.
- Isto! – Confirmou Fred, retirando um saco de sementes de dentro do malão e despejando algumas na palma da mão.
- Mas são sementes! – Anaryon, que observava curioso exclamou, decepcionado.
- Conhecendo meus irmãos como eu conheço, garanto que não são simples sementes, Anaryon. – Disse Rony.
- Exatamente, Roniquinho do meu coração. – Provocou Fred – Estas são sementes de Visgo do Diabo. Nós as tratamos com um feitiço de crescimento instantâneo, de modo que assim que as jogarmos no chão e molharmos com água...
- Crescerão instantaneamente, prendendo qualquer um que tente passar por elas. E vocês sabem como os visgos podem ser eficazes neste ponto, não sabem? – Emendou Jorge.
- Mas os Orcs não sabem. – Disse Neville, que estava próximo – E quando os comensais conseguirem avisar, já teremos causado um grande estrago.
- Neville, estou surpreso com a idéia de vocês. – Assumiu Mione.
- Não me agrada muito usar as plantas, mas não pude deixar de lembrar de quando usei um visgo no Saint Mungus. É por uma boa causa, afinal. – Ele deu de ombros, mostrando conformismo. Também usaram um pouco de pó escurecedor do Perú, para eles crescerem à luz do dia.
- Mas não é só isto, senhoras e senhores. – Disse alegremente Jorge, como se estivesse vendendo algo em sua loja – Aqui, temos mais sementes... Mandrágoras...
- Vocês são loucos? – Ralhou Gina, assustada – Essas plantas podem matar qualquer um, não fazem distinção de amigo ou inimigo.
- Justamente por isso é que devemos jogas essas sementes no acampamento inimigo, e não perto dos muros, maninha. – Explicou Fred – Estão com o mesmo feitiço, então é só jogar as sementes e depois a água e fugir, antes que elas atinjam a idade adulta.
- Ótimo rapazes. Muito bom mesmo. – Parabenizou Harry.
- Ei, estamos esquecendo as tais torres, não estamos? – Lembrou Rony.
- Não, não estamos, Rony. Isso já está resolvido, na minha opinião. – Respondeu Harry.
- Harry, o que você está pensando em fazer? – Perguntou Gina, sem entender bem o que ele queria dizer.
- Digam-me... O que vocês enxergam quando olhar apara aquelas torres? – Harry respondeu a pergunta de Gina com outra pergunta.
- Centenas de Orcs batendo na nossa porta, claro. – Disse Rony, sarcasticamente.
- Pois eu enxergo Aros. Como numa partida de Quadribol. – Todos olharam para ele sem entender, então ele apontou a mão para um barril próximo e disparou um feitiço “Bombarda!”, assustando a todos – E esta é nossa goles, senhoras e senhores. Temos aqui, alguns dos maiores jogadores de quadribol que frequentaram Hogwarts. Tenho certeza de que derrubar aquelas torres não será problema.
- Genial, Harry. – Exultou Cho.
- Ótimo. Preciso de dez duplas. Dez artilheiros ou apanhadores e dez batedores, com suas vassouras.
Rapidamente, vassouras foram conjuradas, e logo um grande grupo de bruxos estava enfileirado aguardando instruções. Até mesmo Harry convocou sua velha vassoura. Neste momento, chegaram Molly e a srª Chang, trazendo Lucy com elas.
- Mas o que é que vocês vão fazer? – Perguntou ela, preocupada.
- O Harry teve uma ótima idéia, srª Weasley. – Respondeu Margot, que não portava uma vassoura, mas estava ao lado de seu namorado.
- Harry, não acho que você deva participar. – Disse Cho – Não podemos correr o risco de algo lhe acontecer bem no início da batalha. Me empreste a sua vassoura, e eu irei em seu lugar.
- Ela tem razão, amor. – Emendou Gina – Eu também vou, nós duas podemos cuidar de tudo lá em cima.
Harry não gostou nem um pouco da idéia de deixar Gina e Cho voarem, mas tinha que admitir que ambas eram muito boas, e que não tinha muito sentido em sua presença no ar. Entregou sua vassoura para Cho.
- Tudo bem, mas quero que tomem muito cuidado. Todos vocês. – Disse o moreno.
- Pode ficar tranquilo Harry, nada vai atingir minha irmã. – Respondeu Gui, postando-se ao lado de Gina e abraçando-a, com sua vassoura na outra mão – Eu cuidarei dela.
-E eu fico com a Cho. – Fred falou, piscando para a garota. Anaryon não gostou muito, mas sabia que não era hora para sentir ciúmes.
As duplas se formaram rapidamente. Carlinhos e Natascha, Dino e Colin, Jorge e Angelina, Kátia Bell e Juca Slopeer, e várias outras.
Fora Anaryon e Éolyn, que já haviam visto Harry voar numa vassoura, a maioria dos outros não entendia o que estava acontecendo. Gloryn, o mestre anão, chamou Rony de lado, para junto do mestre Hobbit para entender melhor a situação.
- Mestre Weasley... Para que tanta discussão sobre vassouras? O que se pretende fazer com nossos inimigos? Varrê-los daqui?
- Como? Varrer? – Estranhou Rony, mas logo compreendeu a dúvida do amigo. Sorriu e respondeu – Ah! As vassouras. Nós voamos com as vassouras, é isso. Vamos usá-las para atacar do ar.
- Voam? Mas como pode uma coisa dessas? São apenas vassouras. – Comentou de volta o anão.
- Magia, meu amigo. É apenas magia. – Respondeu o ruivo, e juntos voltaram para junto dos outros, pois Harry voltara a falar.
- Muito bem. Agora, quero que lancem feitiços da desilisão uns nos outros. Tornará mais difícil de visualizá-los no ar. E liguem suas vassouras, para não se perderem de seu parceiro.
Assim foi feito, e depois que todos já estavam praticamente invisíveis, mesclando-se com o ambiente que os cercava, e devidamente ligados por um cordão invisível, Harry deu as últimas instruções.
- Os atilheiros devem destruir as torres. Batedores, vocês são responsáveis pela segurança do companheiro, protejam-no da maneira que puderem. Depois de atingido o alvo principal, espalhem as sementes de Mandrágora e Visgo, no caminho entre eles e o castelo. E voltem para cá em segurança. Não se deixem abater, pois isso será a morte certa. Mas, se forem atingidos, lancem fagulhas vermelhas e nós daremos um jeito de resgatá-los. Dúvidas? – Ninguém disse nada, então ele concluiu, olhando para uma opaca Gina, quase impossível de se ver, mas ainda com seus cabelos vermelhos se destacando, e que ele sabia estar lhe sorrindo de volta – Então... Para o alto, e avante.
*****
Chú estava confiante de que sua vitória seria esmagadoramente rápida. Não podia acreditar que Potter havia concordado com aque ataque suicida contra seu exército, dias atrás. Era óbvio que estavam desesperados. As baixas haviam sido severas, e a moral das tropas deveria estar péssima. Mas ele não teria piedade de ninguém. Já lhes dera uma chance de rendição, que fora sumariamente rejeitada, e agora não havia mais tempo. Olhou para o seu comandante Ork. Apesar de ferido pelo feitiço de Weasley, estava firme no comando, sedento por mais sangue. Suas fileiras estavam bem organizadas, a vitória viria facilmente. Seus inimigos não ousariam deixar a proteção dos muros da cidade novamente para enfrentá-los em campo aberto. Assim, estariam encurralados, como ratos num canto. Não teriam para onde fugir. Tentariam resistir po algum tempo, sem dúvida, e ele perderia um certo número de soldados, atingidos por flechas e até mesmo algum feitiço lançado a distância. Mas eram perdas aceitáveis. Assim que suas torres chegassem nos muros e despejassem sua carga de centenas de soldados, batalha estaria vencida. Simples e rápido, como ele gostava. Chú já iniciava um estado de extase, antevendo sua vitória, quando a primeira explosão o trouxe de volta à realidade. Uma de suas torres explodia, lançando seus soldados no espaço vazio, sem aparentemente nenhuma explicação.
- O que foi isso? O que aconteceu? – Perguntou ele, aturdido.
- Estamos sendo atacados, mestre. – Respondeu Li, também sem nada entender, enquanto mais uma torre explodia, no extremo leste da formação.
- Mande que revidem o ataque! - Gritou Chú, tentando encontrar uma razão para o que estava acontecendo – Só pode ser Potter e os amigos dele, devem estar usando algum feitiço.
Malfoy, que comandava uma das unidades mas à frente, aparatou a seu lado.
- Estão nos atacando montados em vassouras. – Disse – Acho que estão desiludidos, por isso não enxergamos nada.
- Não importa! Revidem. Matem-nos, antes que destruam todas as nossas torres. – Gritou novamente Chú, colérico.
*****
Gina sentia um prazer imenso em estar voando novamente. E mais ainda pelo que tinha que fazer. Estava ligada a Gui por um feitiço, e este voava tão bem quanto ela, mas um pouco mais abaixo, para protegê-la. Assim, ela tinha toda a liberdade para se concentrar em sua missão. Voaram diretamente para uma das tores, e sem titubear ela bradou – “ Bombarda maxima!” – Contra a base da estrutura, que explodiu, lançando vários soldados longe, e ruiu por inteiro, sem dar tempo para que outros, quer estivessem dentro da torre ou ao seu redor, tivessem tempo de escapar, sendo soterrados por seus escombros. Agilmente, deu uma guinada na vassoura para o alto, parando numa altura segura. Viu que mais duas torres já haviam sido derrubadas também.
- Muito bom, Gina. – Disse Gui, de sua vassoura, e ela olhou para onde vinha a voz, apesar de não conseguir enxergá-lo, ela lhe sorriu – Vamos derrubar outra.
Ela nem respondeu. Virou sua vassoura em direção ao chão e mergulhou sobre outro alvo. Percebeu que já haviam perdido o elemento surpresa, pois os Orcs estavam assumindo uma formação de defesa em volta das torres, mesmo sem enxergar contra quem ou o que estavam lutando. Disparavam suas flechas a esmo, tentando atingir algo que não podiam ver. Uma saraivada de flechas veio na direção deles, mas ela não se preocupou. Estava com Gui, e sabia que ele não permitiria que nada os atingisse. Ouviu-o conjurar um escudo, e as flechas bateram nele e desviaram, caindo rumo ao solo em seguida. Eles se aproximavam por cima de uma nova tore, e ela não titubeou. Bradou – “Reducto!” - E a torre tambérm explodiu em milhares de pedaços. Enquanto fazia uma curva e subia vertiginosamente, ao som de centenas de flechas que atingiam novamente o escudo, pois ao lançar o feitiço, acabara por revelar sua posição, viu pelo canto do olho um faxo de fagulhas vermelhas riscar o céu, e sentiu seu coração apertar no peito. Alguém tombara na batalha.
- Não podemos fazer nada por eles agora, Gina. – Disse Gui, parecendo adivinhar seus pensamentos – Estamos quase no final, vamos espalhar as sementes.
- Claro. Você tem razão. – Concordou ela, e juntos voltaram para baixo.
Fizeram um vôo razante, jogando as sementes de visgo ao longo do vale, para formar uma muralha entre eles e os atacantes. Depois, voaram para dentro das linhas inimigas, onde jogaram as outras sementes, as de Mandrágoras. Então, voltaram para o castelo. Pousaram e rapidamente desfizeram o feitiço da desilusão. Gina correu para os braços de Harry, que a abraçou forte, sem conseguir esconder a preocupação que sentira. Fleur fez o mesmo com Gui.
- Quem foi atingido? Você já sabe? – Ela perguntou, temendo pela resposta.
- Dino e Colin. Um comensal lançou um maldição da morte, e o escudo não adiantou de nada contra ela. Atingiu Colin em cheio, e se não estivessem ligados pelo feitiço que os ligava, ele teria caído no meio dos Orcs. Dino lançou o aviso e eu consegui convocá-los. Sinto muito. – Concluiu ele, sabendo que o rapaz estudara na mesma turma que Gina em Hogwarts, e que eram amigos chegados.
- Droga! – Lamentou ela, levando as mãos à cabeça – Ele era um cara legal. E os outros?
Antes porém, que ele respondesse, uma nova explosão no ar. Olharam e viram uma miríade multicolorida no ar, formando um gigantesco W. Em seguida, sentiram alguém pousando, e surgiram na sua frente, Cho e Fred, Jorge e Angelina.
- Esses caras são loucos. – Disse Angelina, rindo e apontando para o céu – Olha o que fizeram.
- Ora, só deixamos a nossa assinatura. Agora Malfoy sabe o que os espera. – Disse Fred, piscando para seu irmão.
- É, você acha que a gente ia perder a chance de cutucar os caras? Nem a pau. Se dois Weasleys já estava dando dor de cabeça, eles precisam saber que agora estamos em seis, e que eles estão ferrados. – Emendou Jorge.
- Bom, discrição nunca foi o forte deles. – Disse Rony, para os outros presentes – E certamente, isso deve ter deixado alguém muito chateado.
*****
A última torre fora destruida, e agora choviam sementes por boa parte do campo. Então, uma explosão de fogos de artifício no céu chamou a atenção, e um grande W apareceu.
- O que significa isso? – Perguntou Chú.
- Este é o sinal da Gemialidades Weasley, a loja dos gêmeos Weasley. Só pode significar uma coisa. – Disse Draco, fazendo uma careta – Potter recebeu reforços. Seus amigos estão aqui.
- Mais bruxos? Isso não é bom, nada bom. – Foi a vez de Li afirmar.
- Não importa. Continuem o ataque! – Ordenou Chú, com puro ódio na voz.
Um novo toque, e as hordas assumiram novamente posição de batalha. Largaram os restos das torres para trás, assim como seus mortos e feridos.
*****
Molly alisava os cabelos do jovem, deitado sob um lençol num canto da ala hospitalar. E chorava por ele. Não era seu filho, mas era fácil colocar-se no lugar de sua mãe. E ela se sentia na obrigação de assumir o lugar, já que esta não estava ali para chorar por seu jovem filho morto. Parecia dormir um sono profundo, mas era um sono do qual nunca mais acordaria. E era apenas o primeiro a tombar.
- Não havia a necessidade disto, Molly. – Disse Skeeter, parada atrás dela – Por que Potter insiste nesta insanidade? Por que levar seus amigos à morte, de maneira tão idiota? Por que simplesmente não vamos embora?
- Se você entendesse, não seria Rita Skeeter. – Respondeu Molly, voltando a cobrir o corpo com o lençol, levantando-se e virando-se de frente para a mulher – Essas crianças lutam desde muito cedo, desde a época da escola. Querem construir um mundo melhor, não só para eles, mas para todos. Por isso estão aqui. Não podemos nos enfiar na terra como um Pelucio e fingir que o que acontece aqui não irá nos atingir. Vai. E a culpa, em parte, é nossa. E você ouviu o que Harry disse, se não os detivermos aqui, eles invadirão nosso mundo. Se pudermos detê-los aqui e agora, muitas mortes poderão ser evitadas.
- E Potter assumiu o manto de herói novamente e resolveu que cabe a ele e seus amigos salvarem o mundo? Quanta prepotência. – Desdenhou Rita, com um sorriso no canto de sua boca.
- Harry nunca pediu para ser herói coisa nenhuma, Rita. – Molly balançava a cabeça, mostrando desconsolo – Acompanhei toda a vida deste garoto, desde o dia que embarcou pela primeira vez no Expresso de Hogwarts e foi para a escola. Ele nunca teve escolha. Seu maior sonho, sempre foi ter uma vida pacata e normal, mas tudo colaborou para que acontecesse o contrário. Harry nunca quiz ser herói. Acontece, que certas situações exigem um ato de heroísmo, e ele nunca se absteve nessas horas. Tanto que minha filha está viva graças a isso. Quantas pessoas você conhece que enfrentariam um Basilisco para salvar alguém que mal conhece? Eu não conheço nenhuma outra.
- Tenho que admitir que não conheço ninguém louco o bastante. – Admitiu ela, de má vontade.
- Pois bem, Rita. O verdadeiro herói não escolhe ser herói. Ele simplesmente o é, por que não tem outra opção. Por que não há mais ninguém para assumir seu lugar. Só espero que Harry encontre a paz que tanto busca. Ele merece, mais do que todos. Seu fardo sempre foi o mais cruel e pesado. – Suspirou Mmolly ao final, olhando pela janela e vendo que a força inimiga voltava a atacar – Venha, vamos ajudá-los enquanto a enfermaria ainda está vazia. Aquelas criaturas horríveis estão voltando.
Muito contrariada, Rita seguiu Molly de volta para o lado de fora, para ajudar no que pudessem. Acompanhando-as, também triste pela morte que assistira, seguia Lucy. Mas antes de atravessar a porta, teve seu braço seguro por alguém. Olhou para o lado, e reconheceu o garoto, que já havia visto pelo castelo. Sabia que era irmão do tal Anaryon, mas nunca falara com ele. Olhou-o curiosa, e estranhou mais ainda quando ele lhe fez sinal para que o seguisse. Mas foi em seu encalço. Viraram alguns corredores, até chegarem em uma sala onde ela nunca estivera antes. Na verdade, parecia ser um quarto, adaptado como sala de treinamento. Ao chegarem ao centro pararam, e se olharam por alguns instantes, curiosos um com o outro.
- Você conhecia o mago que morreu? – Perguntou Éomer.
- Mais ou menos. Ele era um dos fundadores dos Guardiões, mas eu só o via quando a reunião era lá em casa... Quer dizer, na casa da sra Weasley.
- Você é mesmo uma maga? – Perguntou ele, novamente – Não parece.
- Sou! – Respondeu ela, começando a se irritar – Ou serei, daqui há alguns anos, depois que estudar em Hogwarts. Mas sou filha de bruxos sim, com muito orgulho. E você? É realmente um príncipe? – Devolveu ela, empinando o nariz e levando as mãos à cintura.
- Claro que sou. Sou Éomer, filho de Aragost, legítimo decendente do grande rei, Elessar e da senhora élfica, Arwen Undomiel, e príncipe de Gondor. – Anunciou o garoto, estufando o peito.
- É? Pois também não parece. – Respondeu ela, sorrindo maldosamente.
Ficaram se olhando fixamente por mais alguns instantes, até que Éomer suspirou, relaxou os ombros e falou.
- Certo! Me desculpe, não pretendia lhe ofender, milady. – Retomou ele, polidamente.
- Desculpas aceitas. Também peço desculpas, majestade. – Riu a menina, seus olhos negros brilhando. Nunca imaginara falar com alguém da realeza.
- Me chame de Éomer, por favor.
- Ok! Então, me chame de Lucy, está bem? Não gosto muito dessa história de milady. – E ela torceu levemente o nariz.
- Muito bem, então. Posso fazer uma pergunta, Lucy?
- Claro, o que é?
- Pelo que entendi, pelas conversas no dia em que vocês chegaram, vocês não estão em guerra, lá em seu mundo.
- Não. Houve muita luta, antes dos Comensais fugirem para cá, mas agora está tudo em paz. Por quê?
- Por que não entendo como você deixa a paz para se enfiar na guerra, deste jeito. Eu daria tudo para estar bem longe daqui hoje. Esta maldita guerra acabou com a minha família.
- Não gosto de guerra. Tenho medo. Mas prefiro estar aqui do que em casa, sozinha, sem saber o que está acontecendo. Também perdi minha família. Meus pais morreram quando eu era pequena, num ataque de Comensais. Fui morar com meu tio, e não gostava de morar lá. Eu passava fome, sabia? E ele me obrigava a roubar e dar o dinheiro para ele. Nunca mais quero morar com ele. Se não fosse Harry e Gina me tirarem de lá, não sei o que teria acontecido comigo. Eles são minha família agora, por isso estou aqui. Para ajudar, seja da forma que eu puder. Se não puder ajudar, pelo menos fico perto deles.
- E o que você pensa em fazer? – O garoto tinha os olhos ardendo de curiosidade.
- Não sei. Não conheço nada aqui, não sei o que posso fazer para ajudar. – Lamentou-se Lucy, baixando os olhos, inconformada.
- Se este é seu problema, acho que posso ajudar. – Respondeu Éomer, sorrindo satisfeito – Comigo, você pode andar por qualquer parte da cidade. Ninguém ousa impedir o príncipe de Gondor de andar por onde quiser.
- Sério? Você me mostra a cidade, então? Tem que ter alguma coisa que eu possa ajudar, algo que os adultos não estejam percebendo. Estão tão ocupados lutando, que não podem ver tudo. E conhecendo a cidade, fica mais fácil agir.
- Mostro, com uma condição. – E continuou, mesmo com a careta que ela lhe fazia – Eu vou junto e ajudo. Também quero fazer algo para defender minha terra. Foi por isso que te chamei, achei que você ia querer fazer alguma coisa.
- Combinado! – Sorriu ela – Só falta uma coisa. Dobby!
O pequeno Elfo-Doméstico apareceu ao seu lado, pregando um enorme susto em Éomer, que o olhou sem conseguir esconder sua aversão.
- Menina Lucy chamar Dobby? – Disse ele, com sua voz fina e estridente.
- Chamei sim. Dobby, este é o príncipe Éomer. – O elfo fez uma respeitosa reverência para o príncipe, que respondeu, meio sem jeito – Éomer, este é Dobby. Ele é um Elfo-Doméstico, e vai nos ajudar.
- Ajudar? No que Dobby deve ajudar menina Lucy e jovem príncipe? – Esganiçou-se Dobby, adivinhando que problemas viriam.
- Vamos explorar, Dobby. – E a menina não escondeu a ansiedade na voz – Vamos conhecer a cidade.
Juntos, os três saíram por outra porta, seguros que não seriam incomodados, uma vez que toda a atenção estava voltada para a batalha que se reiniciara.
*****
- Harry! Eles estão retomando o ataque! – Anunciou Mione, assim que Chú deu a ordem.
- Não vamos lhes dar chance de se reagruparem. Todos no ar novamente. Esqueçam a desilusão, já perdemos o elemento surpresa. Não importa mais se nos virem.
Enquanto as duplas voltavam a se reunir, montando em suas vassouras e ligando-se através do feitiço, Harry convocou as vassouras de Dino e Colin.
- Margot! Vamos voar um pouco? – Perguntou ele para a loira, que etava próxima.
- Eu? Harry, nunca joguei Quadribol. – Respondeu ela, assustada.
- Mas sabe voar e lançar o feitiço “Aguamenti!”, não sabe? – Insistiu o moreno, lhe estendendo uma das vassouras.
- Bom... Sei.
- Então vamos. Eu te protejo. – E Harry montou na vassoura, sendo seguido pela garota. Logo estavam no ar, e as instruções foram repassadas – Não se esqueçam. Lancem os feitiços a uma distância segura, ou podem ser vitimas das Mandrágoras.
Voaram velozmente, e foram recebidos por chuvas de flechas, lançadas pelos Orcs. Apesar de estarem completamente visiveis, os escudos cumpriam sua utilidade, barrando o avanço das setas mortais. Voavam a uma boa altura, de modo que as maldições da morte lançadas pelos bruxos inimigos não tinham força suficiente para atingí-los.
Margot tremia de medo e excitação. Era horrivel ver as flechas vindo em sua direção, e então chocarem-se contra o escudo de Harry. Olhar mais de perto, centenas de faces de puro ódio, extravasando toda a sua frustração através de gritos. Por outro lado, sabia que estava completamente segura ali. Que não correria qualquer perigo real enquanto estivesse com Harry. Nunca imaginara, durante seus longos turnos na recepção do hospital, que um dia estaria lutando ao lado de seu ídolo. E ainda se perguntava como ele soubera que uma de suas especialidades, uma das poucas coisas na qual se destacava, era justamente naquele feitiço. Isto também não importava naquele momento, o importante era não decepcionar. Estar concentrada e pronta para quando chegasse o momento. E este finalmente chegou.
Houve um momento, em que os atacantes pararam, para se recompor e recomeçarem a atirar suas flechas. Antes que isto acontecesse, Harry deu uma ordem, e todos viraram suas vassouras, entrando em um mergulho vertical e rápido. Quando se aproximaram do solo, puxaram os cabos com força, fazendo um rasante sobre as cabeças dos Orcs, em todas as direções pelo campo, e estes não tiveram outra reação a não ser se protegerem. Harry gritou – Agora! – e dezenas de feitiços - “Aguamenti!” – foram lançados para todos os lados. Os bruxos pareciam abelhas, de tão rápido que voavam, cruzando todo o espaço acima dos Orcs, muitas vezes quase se chocando em pleno vôo, o que não ocorria apenas devido a perícia dos pilotos. Margot era conduzida por Harry, e concentrava-se apenas em lançar seu feitiço, o que fazia com maestria.
Os Orcs não conseguiam entender o que estava acontecendo. No início, pensaram que o que caía sobre suas cabeças era algum veneno, mas então perceberam que não passava de água. E começaram a rir. Então viram as sementes, espalhadas pelo chão, que haviam sido jogadas a pouco, começarem a brotar. Ouviram Harry bradar uma ordem de retirada – Recuem!Agora, antes que brotem! – e continuaram sem entender nada. As pequenas sementes começaram a crescer. No front, a predominância era por uma planta viscosa, de caule grosso, cheia de espinhos, que parecia uma trepadeira. Rapidamente as plantas cresciam e se espalhavam, formando uma barreira, um muro vivo que impedia o avanço do exército. Quando entenderam que seu caminho seria barrado, tentaram furar a barreira, e tiveram outra surpresa. As plantas reagiam. Os Orcs começaram a lutar contra as plantas, desferindo golpes com seus machados e espadas, mas elas eram muitas e já estavam bem desenvolvidas, de forma que enquanto golpeavam um galho ou ramo, outros tantos se enrolavam em suas mãos e pernas, derrubando-os, engolfando-os em um abraço sufocante, mortal.
Quando perceberam a dificuldade em continuar em frente, tentaram recuar, correr para o outro lado. E tombavam, ao ouvir os gritos agudos das Mandrágoras, que nascendo sobre o solo, berravam a plenos pulmões. Até mesmo alguns Comensais e Dragões Vermelhos, pegos de surpresa, não conseguiam se proteger a tempo e pereciam. Uma parte do exército Orc ficou encurralada entre as duas ameaças, até que Malfoy, desesperado, começou a dar ordens.
- Tapem os ouvidos! Não ouçam os gritos, eles são mortais. – Gritou, mas obviamente não era ouvido.
Começou a conjurar protetores de ouvido para os outros bruxos, e ordenar que protegessem os ouvidos dos Orcs, lançando feitiços – “Abaffiato!” -. Aos poucos, conseguiram controlar a situação e ordenar a retirada. Mas o prejuízo já era enorme. No campo, as baixas eram pesadíssimas, pelo menos dois mil soldados estavam mortos.
- Não canso de dizer. Não podemos subestimar Potter e seus amigos. – Disse Draco, para Chú e Li.
- Tenho que admitir que nos pegaram desta vez. – Admitiu Chú, os olhos injetados de ódio – Mas daremos a volta por cima.
- O que faremos, mestre? – Perguntou Li.
- Por hoje, nada. Chamem todos de volta e vamos nos reunir. Precisamos rever nossa estratégia. – E o bruxo se retirou do campo, alisando a mão postiça.
*****
Assim que pousaram, foram lançados centenas de feitiços – “Abaffiato!”, para proteger a cidade.
- Você está bem? – Harry perguntou para Margot.
- Estou. Meio assustada ainda, mas bem. Por que me chamou para ajudar? – Disse a loira.
- Fiquei sabendo que era muito boa com aquele feitiço, e a gente precisava dos melhores. – Respondeu ele com simplicidade, enquanto abraçava Gina, que se despedira de Gui e se aproximava dele.
- Acho que é o único no qual sou realmente boa. Como soube? – Insistiu a jovem.
- Eu preciso saber de tudo, sobre todos. Suas deficiências, suas qualidades. É essencial para vencermos. – Concluiu ele, virando-se para observar o campo de batalha.
- É muito triste ver isso. – Disse Neville, que se postara ao seu lado – Usar minhas queridas plantas para a arte da guerra.
- Eu sei Neville. Sinto muito por isso. Se não fosse extritamente necessário, eu não teria concordado. – Harry tocou o ombro do amigo, assim como Gina, em forma de apoio e solidariedade – Mas está funcionando. Estão recuando.
- E as baixas parecem ter sido consideráveis. – Completou Gina.
- Acho que por hoje, eles cansaram. – Rony também estava próximo, de mãos dadas com Hermione.
- Pode ser. Mas agora, perdemos o elemento surpresa. Quando voltarem, usarão outra tática. Não poderemos repetir as que usamos hoje. – Analisou Mione.
- Tem razão, Mione. Só nos cabe esperar o próximo movimento deles, para saber qual será o nosso. – Concordou Harry.
- É. Como numa partida de xadrez. Agora, o lance pertence ao outro jogador. – E os olhos de Rony brilhavam de ansiedade – E qualquer que seja o movimento, estaremos prontos.
*****
Ele havia concluido sua tarefa. O túnel estava pronto. Mas ele não estava livre, como ansiou. Seu mestre ordenara que aguardasse, que simplesmente se sentasse e esperasse. E era isso que ele estava fazendo. Estava sentado, todo sujo de terra, faminto e com sede, sobre um monte de terra na boca do túnel. Esperando. E mais uma vez gostaria de chorar, mas ele não tinha permissão para isto, então simplesmente fitava o vazio.
N:A: Bom, sei que este cap.está menor que os anteriores, mas isto se deve ao fato de ser uma única batalha, que está sendo dividida em uns três capítulos, como já havia dito anteriormente. Espero que estejam gostando.
Cabe salientar um trecho, a fala da Molly com a Rita, onde ela fala sobre heroísmo. Foi uma adaptação de uma fala de Bruce Willys em seu último filme, Duro de Matar 4.0, e que eu achei que se encaixava perfeitamente para o Harry.
Gostaria de responder a todos os comentários, mas por falta de tempo, não vai dar. Mas cabe algumas respostas, sim.
Lica – Muito obrigado pelo comentário. Quanto ao que está acontecendo com a Gina... Agurade mais um pouco e saberás. Bom, como ficou claro, agora a Lucy tem um aliado, e garanto que algo eles três vão aprontar.
Tati – Você tem razão, nenhum dos bruxos das trevas participou da luta onde o príncipe morreu. Nào quiseram se arriscar, talvez achassem que não eram necessários. E eu estava sentindo a sua falta, que bom que apareceu de novo.
Molambo – Olha, acho que este continua com o mesmo defeito. Sorry!
Pandora – Eu também gostei dos bichinhos. Ia usar numa outra ocasião, mas acabei mudando de idéia, e acho que ficou melhor. Sabia que só você comentou sobre o ferreiro? Sabe, eu também estou me sentindo estranho, agora que está acabando. Mas faz parte, não é? Grande beijo.
Deusiane – Como dizem por aí, esse negócio da Lucy adulta, é uma outra estória, entende? Rsrsrsrsr. Não sei se vai sair ou não, mas o gancho já está aí. E tem outros, que eu inseri mas ninguém parece ter percebido antes. Quanto a Gina... Guenta mais um pouco, ok? Logo a resposta virá.
Ana Eulina – Você queria ver sangue entre os Guardiões? Se a Vera e a Margot pegassem os gemeos, a casa ia cair, literalmente. Bom, quanto a Gina, já disse... Calma, que a resposta virá. E calma na hora de ler este também, ok?
Amanda, Rafaela Coelho, Clara e Lari Forrester - Sejam bem vindas à família, espero que continuem até o final, e que tenham gostado deste último cap. Grande beijo, e obrigado pelos comentários.
Bom, é isso aí, pessoal. Logo depois do natal eu pego o próximo cap para escrever. Não espero demorar muito para postar, acho que sai no começo de janeiro. Por enquanto é só, espero que gostem de como estou escrevendo a batalha.
Um feliz natal para todos, e que o ano que se iniciará seja repleto de realizações. Até 2008.
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