Capitulo 11
Capitulo 11
Os policiais na entrada da mansão fitaram, sonolentos, o Bentley que passou por eles. Nem havia mais necessidade de estarem ali, na realidade, mas Malfoy insistira em mantê-los mais um pouco.
Hermione entrou e subiu a escadaria com extremo cuidado, procurando por qualquer sinal de fios ou arames. Mas, com Longbotton preso e Etienne morto, seria difícil haver um perigo real. No entanto, alguém matara O’Hannon, e era melhor não confiar demais na sorte.
Harry tentou passar-lhe à frente, numa atitude protetora, mas Hermione fez questão de ir adiante, alegando experiência. Mesmo contrariado, ele aceitou. Ao passarem pelo Picasso, uma olhada rápida de Hermione não foi suficiente para identificar a obra como original, mas pela manhã voltaria a analisá-la.
Decidiram dormir no quarto dela. E, cansados, isso não foi difícil.
Mione, entretanto, acordou no meio da noite, sentindo o braço de Harry pesado sobre sua cintura. Olhou-o, atenta, à luz do abajur. Estava gostando demais daquele milionário. Suspirou.
Desvencilhou-se com cuidado de seu abraço e deixou a cama e o quarto com extrema cautela, para não ser vista por ninguém. Queria dar uma verificada no escritório de Longbotton.
A polícia confiscara seu computador e os arquivos, que deveriam ter informações sobre negócios mais recentes. Mas não era isso que interessava a Hermione.
Abriu um dos armários trancados com relativa facilidade, usando o clipe de papel de sempre. Os arquivos ali eram organizados em ordem numérica, que imaginou ser também a ordem de aquisição das peças. O primeiro deles tinha a foto de uma tapeçaria medieval que se achava pendurada no hall, na noite da explosão. Havia a data da aquisição e as iniciais HJP, e Hermione concluiu que a compra fora feita pelo próprio Harry.
Longbotton também mantinha uma lista de preços atualizados e comparáveis, dos últimos dez anos. Continuando a verificação, Hermione encontrou objetos pequenos, médios e enormes. Havia fotos de cada um deles. A maior parte fora adquirida por Harry.
Na terceira gaveta, ela se deu conta de que ainda não encontrara o arquivo do quadro de Picasso, da escada.
Ruídos na fechadura a obrigaram a se esconder nas sombras. Harry entrou, olhou ao redor e então viu o armário aberto.
-Droga! De novo não!
Foi quando Hermione apareceu.
-Desculpe-me.
Com um sobressalto, ele a encarou.
-Ei, você me assustou! O que está fazendo?
-Não sei ao certo, mas achei que poderia encontrar algo interessante.
-Que a polícia não tenha notado?
-Ou que não estivesse procurando...
-E achou algo? – ele sorria, animado com a idéia.
-Bem... Não acho que irá gostar, mas faltam alguns arquivos. Você possui uma lista central ou terei de vasculhar gaveta por gaveta?
-A polícia deve estar com ela, mas posso tirar uma cópia amanhã. Voltemos para a cama agora, está bem?
-Harry, há algo errado aqui. – ela voltou a mexer no armário. – Longbotton tem um quarto na mansão, não?
-Sim, na ala dos funcionários, mas quase nunca o usa.
-Muito bem, iremos até lá.
-Agora?
-Neste minuto!
No entanto, nada havia de interessante ali também. Frustrada, Hermione comentou:
-Será preciso fazer uma verificação arquivo por arquivo. Como já tinha começado.
-Mione, tem certeza de que há um problema nos arquivos?
-Eu apostaria seu Bentley nisso. Se soubéssemos quais os arquivos que faltam, saberíamos qual é o problema.
-Muito bem, vamos a eles.
Hermione respirou fundo. Levaria horas para encontrarem alguma coisa. E, mesmo que confirmasse suas suspeitas sobre a falta de arquivos, não saberia onde achá-los. Por isso sugeriu:
-Digamos que eu tenha certeza de que eles não se encontram aqui na mansão. Posso ir até a casa de Longbotton e dar uma olhada.
Harry parou a meio caminho do escritório do gerente para encará-la.
-O quê?!
-A polícia pode ter investigado lá, mas devem ter dado busca apenas naquilo que pudesse envolvê-lo nos explosivos e na pedra troiana. Os arquivos são importantes para nossa linha de investigação, Harry!
-Hermione, isso seria invasão de domicílio!
-E o que sugere?
-Teremos uma conversa com Malfoy sobre isso.
Ela balançou a cabeça.
-Olhe, sei que Longbotton tentou me matar e quero investigar até o fim. Duvido que Malfoy seja o caminho. Tenho uma suspeita e, se não for excessivo cuidado para não perder o emprego, creio que seu gerente de aquisições tinha outro motivo para me eliminar. Portanto, irei até a casa de Longbotton agora!
Harry baixou o olhar e tornou a fitá-la.
-Vou com você – disse, por fim.
Meia hora depois, paravam diante da casa.
-Sinto-me um ladrão – Harry reclamou.
-E será considerado um, se entrar comigo e for pego. Fique aqui, pronto para fugirmos. – Hermione colocava as luvas pretas. Viera toda preparada para sua excursão noturna.
-Não. Irei até o fim. – também ele trouxera uma máscara de esqui, que colocou sobre o rosto, e as luvas.
-Você é quem sabe. Mas tome cuidado e faça exatamente como eu.
Hermione, então, girou a maçaneta.
-Como sabe que não há alarme?
-Há um, na janela, logo ali. Temos trinta segundos para desativá-lo. Venha.
Na sala, ela foi direto até uma caixinha presa à parede oposta. E desligou o alarme com sucesso.
-Já esteve aqui antes, Mione?
-Não.
-Vamos procurar um escritório.
Acharam-no, ao fim de um pequeno corredor. Hermione aproximou-se de um armário.
-Vejamos se está trancado.
Estava, mas isso também não foi problema para seu clipe de papel. Nas gavetas, havia muitos documentos. Notas, recibos, taxas, tudo em pastas colocadas em ordem alfabética. Neville Longbotton era organizadíssimo.
De repente, Hermione se alegrou:
-Isso! Aqui estão seus arquivos. E com o mesmo sistema de números daqueles da mansão. Deve haver uns trinta.
-Então, vamos levá-los e ver se são importantes.
Ela sorriu.
-Estou gostando de ter um parceiro, sabe? E você daria um ótimo ladrão. – e beijou-o com paixão.
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Harry e Hermione, sentados no chão do escritório de Longbotton, na mansão, tinha envelopes pardos espalhados por todo o carro. Não haviam encontrado nada ainda, e Hermione começava a se impacientar.
-Tenho certeza de que há algo errado aqui! – insistia, teimosa.
E prosseguiu, verificando tudo, inclusive os números anotados por Longbotton. Foi quando percebeu a diferença nos valores comparados de mercado.
-Dê uma olhada nisto, Harry.
A diferença nos preços era óbvia.
-Você tinha razão, Mione.
-Talvez, mas ainda temos de ver as peças de arte.
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Harry se sentia muito zangado.
-Quantos? – quis saber.
-Uns oitocentos, mais ou menos. De mil arquivos, trinta estão com preços alterados. Mas ainda vamos dar a Longbotton o benefício da dúvida; afinal, atualizar valores de mil peças todos os meses é um trabalho de enlouquecer qualquer um.
-Não o defenda. Os únicos arquivos com números alterados estavam na casa dele.
-Não se aborreça tanto assim. Quer um café ou um chá? Vou pegar uma coca.
-Não. Irei junto. E esses arquivos também.
Na cozinha, Hans sorriu assim que viu Hermione. Ela lhe pediu o refrigerante, e Harry, um café. E o cozinheiro acabou preparando, com prazer, um desjejum formidável, que seria servido, como Harry pediu, na biblioteca. Ali poderiam estudar melhor as alterações nos valores, depois de tomarem um bom banho e se alimentarem.
-Quero verificar seu quarto antes que você entre lá, Harry.
-Por quê?
-Porque confio em mim mesma e quero saber se não há nenhuma bomba por lá.
O aposento, porém, estava limpo, e Harry pôde tomar seu banho em paz. No entanto, embaixo do chuveiro, continuava a analisar toda a situação. A única evidência que ligara Longbotton às granadas,à pedra troiana falsa e à noite da explosão era a mudança na fita de vídeo gravada. Se não aparecesse nada nos arquivos que pudesse provar como real alteração, seriam apenas especulações. Teriam de falar com Malfoy e saber se ele descobrira alguma outra coisa no que apreendera do escritório de Neville.
O grande problema, ao que parecia, era que, se o gerente fosse eliminado como suspeito, Hermione seria a próxima a ser incriminada. Era necessário descobrir toda a trama por trás do desaparecimento da pedra. Quanto antes, melhor para Hermione, e pior para os motivos que ainda a prendiam à mansão.
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Começaram pelo Picasso, porque Hermione, desde que o vira, não o tirara do pensamento. Como não podia analisar o quadro na parede, Harry pediu a Clark que desativasse o alarme para poderem baixá-lo. Hermione sentia-se lisonjeada com a confiança que sentia dele. Suas habilidades, aplicadas a um trabalho assim, dentro da lei e interessante, estavam sendo bem aproveitadas.
-Diga-me, sempre quis comprar e vender objetos? – ela indagou, avaliando a obra, que tinha sido levada para a biblioteca, onde a luminosidade era melhor.
-Não verdade, não. Mas parece-me... agradável.
Hermione concordou, baixando o rosto ao nível da escrivaninha, para observar de perto a superfície da pintura.
-Está liso demais. Nenhuma pincelada fora... – comentou, como para si mesma. – As pessoas não se dão conta de que o artista, muitas vezes, muda de idéia sobre cores ou tons quando está trabalhando. Vamos virá-lo por um instante.
Havia duas pequenas marcas na parte superior do verso da pintura, que Hermione mostrou a Harry como sinal de que tinham mexido na moldura. Ficou claro para ela: aquela era uma falsificação muitíssimo bem feita, que devia, até, valer muito dinheiro. Mas não era, de modo algum, o original.
-É mais difícil vender uma falsificação do que substituí-la num acervo, Harry.
O coração de Harry batia mais depressa, tamanha sua raiva. Se tantas de suas peças de arte tivessem sido substituídas por falsas, sua perda já alcançara milhões de dólares.
-Chame um perito que possa declarar, com certeza, sobre a autenticidade das peças, Harry. Para mim, porém, este é um falso Picasso.
-Chamarei Rony agora mesmo para providenciar isso.
-Harry... que tal meu chefe no Museu Norton, o dr. Irving Troust? Ele é excelente.
-Eu o conheço. Onde o dr. Troust pensa que você está agora?
-Visitando uma prima na Califórnia.
-E se leu o jornal?
Ela mordeu o lábio inferior.
-Essa sua profissão... – Harry comentou, com desaprovação.
-Olhe, estou ajudando você, não?
-Sim, mas isso não elimina o fato de ser o que é.
-Gosto do que sou!
Harry a enfurecera em poucos segundos. Ao ver Hermione caminhar, decidida, para a porta, perguntou:
-Onde acha que vai?
-Pegar um táxi!
E, antes que pudesse detê-la, ela gritava, do outro lado da porta:
-Se tentar abrir, vai quebrar uma de suas estúpidas espadas de antes de Cristo!
Hermione correu até o quarto, ligou para a companhia de táxis e enfiou tudo o que era seu na mochila. Em seguida, desceu correndo a escada que dava para a piscina.
Sabia que aconteceria um dia. Harry acabaria cobrando a fatura. Nunca confiaria nela de verdade. Nunca. Talvez até tivesse receio de que pudesse roubar peças de arte de seus conhecidos ricos.
Passava pela piscina quando, de repente, ele a alcançou e, com o peso de seu corpo, lançou-a dentro d’água. O choque a tomou de surpresa, mas nadou para a superfície, ao lado de Harry. Tentou atingi-lo, livrar-se de seus braços, mas os lábios dele, quentes, apaixonados, estavam nos seus e a enfraqueciam.
-Desculpe-me, querida. Não aprecio o que faz, não nego, mas foi devido a isso que nos conhecemos. Sinto muito se ficou aborecida.
-Fiquei furiosa! Sou uma ladra, Harry. Fui treinada para isso. E adoro o desafio de minha profissão. O que há entre nós é... ridículo.
-Não, não é. Sei que está gostando de ficar aqui comigo. Então, fique. Daremos um jeito no resto depois.
-Mas...
-Não pode ir antes de descobrirmos tudo. Sei que está curiosa demais.
Hermione fechou os olhos. A proximidade dele, seu olhar quente, suas mãos a segurá-la mostravam-lhe o quanto apreciava estar ali, entre os braços dele, e o quanto isso era perigoso também. Mas queria tanto ficar! Podia dar-se esse prazer, não?
-Minha mochila, Harry. Foi para o fundo.
-Eu a pego.
Com movimentos rápidos e firmes, ele mergulhou e trouxe consigo a mochila com as roupas e os equipamentos de Hermione.
-É pesada!
Saíram da piscina, ajudando-se mutuamente. Harry sabia que tinham chegado perto de uma separação quase definitiva, que até lhe custara uma bela espada romana agora danificada. Mas precisava de Hermione. Para tudo. Também para a investigação; não ia contar nada a Malfoy por ora.
Subiram. Enquanto Hermione se secava, Harry ligou para o número que ela lhe forneceu, de seu chefe no museu.
Lisonjeado e surpreso com a ligação, o dr. Troust concordou em passar na mansão na manhã seguinte. Num impulso, Harry perguntou-lhe o que achava de Hermione.
-Mione Martine? Ah, é ótima! Muito esperta. Consegue até ver coisas que não vejo! O senhor a conhece?
Que sorte, o dr. Troust não lera os jornais!
-É uma amiga. Bem, nos vemos amanhã às nove, certo? Obrigado, doutor.
Hermione se aproximou, recomposta.
-O dr. Troust virá?
-Sim. A propósito... seu nome, para ele, é Mione Martine, certo?
-Ora, quase esqueci!
Harry sorriu. Tirou a camisa e a calça molhadas e, se short, olhou para ela. Havia desejo em cada parte de seu corpo. Tomou-a nos braços e beijou-a devagar, saboreando seus lábios.
-Posso perguntar-lhe uma coisa? – Harry a levou para a cama.
-Sim...
-Você e seu pai eram bem próximos?
-Se vamos falar nesse assunto, é melhor você se vestir.
Harry concordou. Olhou-a, deu-lhe mais um beijo e foi se trocar. Queria, sim, saber sobre seu passado. Mais do que tudo. E sabia que poderiam fazer amor depois. Tinham todo o tempo do mundo.
Quando voltou, Hermione o esperava, sentada numa poltrona junto da janela. Ligara a televisão, mas não assistia a ela. Harry se sentou a seu lado, tomando-lhe a mão.
-Tem mãos de artista, sabia? Suaves, macias, dedos longos...
-Minha mãe também tinha. Tocava piano. Pelo menos, foi o que meu pai disse. Ela nos colocou para fora quando eu tinha quatro anos.
Mesmo espantado, Harry nada comentou, deixando que ela continuasse:
-Papai me ensinou tudo o que sei. Acho que pretendia que viéssemos a ser parceiros um dia.
-Deve ter ficado arrasada quando o prenderam.
-Eu já esperava. Com a idade, papai foi ficando mais descuidado. No último ano de sua liberdade, não quis mais morar em sua companhia, e ele ficou magoado. Acho que pensava que eu me considerava melhor.
-Nunca tentou reencontrar sua mãe?
-Não. Ela nos abandonou. Bem, chega de falar de mim. Que tal você agora? Algum detalhe sórdido que eu deva saber? Fez algo ilegal alguma vez na vida?
Harry vacilou.
-Não fui muito sincero quando lhe falei sobre Eric e Samantha. Depois de surpreendê-los juntos, pouco antes do divórcio, quis me vingar. Eric e eu estávamos envolvidos no mesmo negócio, e eu sabia que ele arriscara muito dinheiro ao comprar uma companhia de computadores em Nova York. Fiz amizade com o contador responsável por seus negócios, que acabou me contando detalhes sobre as ações da firma que passou a ser de Eric. E... comprei as ações quando elas baixaram bastante. Quebrei a companhia e vendi as partes.
-E sentiu-se bem com isso?
-Não. Setenta pessoas acabaram desempregadas devido a minha atitude.
-E como Eric está agora?
-Vivendo com pouco dinheiro. Mas ajudei as pessoas que prejudiquei, empregando-as em minhas companhias. E, como não deixei Eric na miséria absoluta, não tive de pagar uma pensão tão grande a Samantha.
-Entendo. Bem, agora que sabemos tudo um do outro, que tal me ajudar a secar minhas coisas milorde?
Obs:Bom pessoal, como disse lá no capitulo de 'Da magia...", se não fosse pela Monalisa Mayfair eu não conseguiria atualizar as fic hoje!!!Obrigada a ela e a Renata Lovegood que disse a Monalisa como se atualizava as fics com a F&B nesse estado!!!Bem, esse é o penúltimo capitulo da fic, espero que gostem...Alguém já sabe quem é a pessoa por detrás dessa confusão toda???Quero palpites!!!!!!Na sexta posto o último capitulo e no domingo o primeiro da minha nova fic, que será uma adaptação de um livro que eu li e amei!!!Achei perfeito para uma fic H/H...Bjux e até sexta!!!!
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