Mais Lynx e Noah
Capitulo XXI
Mais Lynx e Noah
Gargalhadas roucas e altas revoaram pelo corredor do castelo dos Black quando quatro rapazes, aos trancos e barrancos, se apertavam para sair, todos ao mesmo tempo, de uma passagem que ficava atrás de uma tapeçaria.
Cygnus e Eric soltaram uma alta gargalhada quando Jack e Noah quase encontraram com o chão devido a esse feito. Os outros dois o encararam com certa censura.
-Desse jeito nós vamos acordar o castelo inteiro... – Noah falou, antes de rir mais um pouco. – Bem, se nós já não acordamos.
-Mas até que seria uma boa idéia, não? – Cygnus falou num largo sorriso. - Quem sabe a Perse não poderia aceitar uma festa particular? Comigo somente, é claro.
-É capaz dela te matar se o vir desse jeito, Cygnus. – Eric comentou, meio risonho. – E creio que ela não deva ter ficado muito satisfeita com a sua saída...
-Claro que não! Ela não pode me dizer nada. – ele falou numa voz meio pastosa e meio alteada. – Não fizemos nada de errado hoje, fizemos?
Noah abriu a boca para responder, mas automaticamente se calou, pois uma voz fora mais rápida. E ele teve a ligeira impressão de que aquela voz não estava ali antes com eles.
-Diga isso para ela amanhã, Cygnus, talvez, ela acredite em você. – ele não precisava mirar a dona daquela voz para reconhecer Lynx ali. E sentiu-se ligeiramente envergonhado com o fato dela estar ali, mas ela foi inevitavelmente esquecida quando ele voltou os olhos para a morena e percebeu que ela usava um penhoar sobre o que, certamente, seria a sua roupa de dormir. Respirou fundo tentando não pensar besteiras, mas sua ebriedade não estava cooperando muito com isso.
-Lynx! – Cygnus praticamente gritou e Lynx se viu revirando os olhos. – Você por aqui?
-Não, Cygnus, eu ainda estou lá no meu quarto, sendo acordada pelas gargalhadas estrondosas de vocês quatro e caminhando até aqui para fazer-lhes um pedido encarecido de irem dormir logo de uma vez. – ela murmurou entre dentes. – Será que pode ser agora ou está difícil? – ela cruzou os braços, adquirindo um ar autoritário.
Aparentemente, as palavras da morena surtiram efeito nos outros três, mas, como ela previra, em nada adiantara no que dizia respeito a Cygnus, pois o mesmo gargalhara um pouco e, a passos meio incertos, aproximou-se dela e puxou-a para si, abraçando-a pelos ombros. Lynx resmungou algo baixinho. Geralmente era a tia a encarregada de conduzir Cygnus até o quarto, mas, como ela previra, Persephone não estava muito satisfeita em fazer isso dessa vez. E o encargo sobrara para ela e, como brinde, teria de convencer outros três a fazerem o mesmo.
Sentiu o beijo do irmão no seu rosto e respirou fundo. Agora, provavelmente, ele iria dizer...
-E o que a minha maninha faz acordada uma hora dessas? – ele comentou, como se estivesse falando com alguém que tinha cinco anos. – Você deveria estar dormindo, Lynx. – ele comentou num murmúrio. – E o que você está fazendo aqui com esses trajes? Não quero que ninguém veja uma irmã minha assim. – completou num tom repreensivo.
Lynx revirou os olhos, rogando paciência a Merlin.
-Ah, Cygnus, pelo amor de Merlin. – ela bufou de raiva, se desvencilhando dos braços do irmão. – Vocês nem se lembram de quem são agora! Aposto que nem vão se lembrar do que aconteceu agora... – ela arqueou a sobrancelha. – Aposto que nem sabem mais onde ficam os seus quartos.
Cygnus esboçou um ar pensativo, como quem está tentando se lembrar de alguma coisa. Noah arqueou a sobrancelha, desviando a muito custo sua atenção de Lynx para o corredor em que estavam, sua mente processando muito lentamente que tinha a ligeira impressão de que estava meio perdido, enquanto isso, Jack e Eric discutiam um com o outro para que lado ficava o sul, o leste, o norte, o oeste... Mas se perdiam no meio do caminho com um confuso: qual era qual mesmo?
Lynx apenas suspirou profundamente e, agarrando o braço do irmão, saiu arrastando-o consigo pelo corredor, resmungando de leve para que os outros os seguissem.
Alguns minutos depois, os quatro já estavam a rir de besteiras novamente e Lynx respirou fundo, contendo a vontade de ralhar com eles enquanto murmurava entre dentes para eles ficarem em silêncio, mas, aparentemente, eles não estavam muito dispostos a obedecer. A morena suspirou, cansada, e como último trunfo na manga, ameaçou azará-los sem nenhuma piedade. Sorriu satisfeita ao notar que eles silenciaram, apesar de resmungarem algo de quando em quando.
Lynce teve que fazer um caminho mais longo, pois decerto achava que Cygnus não cooperaria muito com ela se acabassem por passar pelo corredor dos aposentos da sua tia, já que, volta e meia, o irmão comentava algo como “O meu quarto não é por aqui, Lynx, você sabe... não sabe?”, ou então,“A Perse disse que estava me esperando...”, ou ainda, “Ela decidiu me esperar no meu quarto...?”.
Lynx respondia a tudo com uma calma sobrenatural, apesar de se controlar para não amordaçar o irmão para que, assim, ele se calasse de uma vez.
E, num tempo que lhe pareceu durar uma eternidade, ela finalmente chegara ao quarto de Cygnus.
-Pronto. – ela falou num murmúrio, abrindo a porta num bufo de raiva. – Agora entre e durma de uma vez. – Cygnus arqueou a sobrancelha, meio cético.
-Desde quando eu recebo ordens suas, maninha? – ele cruzou os braços sobre o corpo, meio ameaçador.
-Desde quando eu nasci primeiro do que você, Cygnus. – ela grunhiu em resposta. – E, também, desde quando eu descobri um segredinho seu e, se você não quer que a mamãe descubra, você vai ter que entrar nesse quarto e só sair daí quando estiver num estado mais decente.
-Você está me ameaçando? – Cygnus falou num tom arrastado.
-O que você acha? – ela pôs as mãos na cintura, com o rosto ligeiramente rubro.
Cygnus bufou de raiva, contrariado, mas não arredou do lugar.
-Eu não vou deixar minha irmã sozinha com três homens. – ele resmungou, contrariado. – Mesmo que eles...
-Você não está em condições nem de cuidar de si mesmo agora, creio que não seria de muita utilidade se um deles tentasse me atacar. – ela o interrompeu num revirar de olhos. – E seria mais fácil ocorrer o contrário, não? Visto que a sóbria aqui sou eu e eu creio que nem os três juntos seria o suficiente para tentar fazer alguma coisa comigo. – Lynx sorriu meio de lado e Noah sentiu-se ligeiramente incomodado quando ela lançou um olhar para ele, e depois para os outros, que assistiam a discussão dos dois irmãos aos risos prendidos. – Agora será que você pode entrar nesse quarto, ou eu vou precisar te azarar para isso?
Cygnus murmurou algo num grunhido ininteligível e entrou no quarto em silêncio. Lynx suspirou, satisfeita, virando-se para os outros três.
-Agora, vocês três... – ela começou calmamente.
Eric e Jack esboçaram um tom estranhamente sério e adquiriram uma postura aprumada. Noah apenas sorriu meio de lado, ainda a observar Lynx de cima a baixo, maravilhado com o que via e tentando imaginar o que realmente gostaria de ver.
A morena fez um sinal para que os outros fossem na frente, mas Noah estava aturdido demais para obedecer a qualquer coisa que ela dizia e apenas seguiu-a quando recomeçaram a andar.
Aparentemente, Lynce não se importara com isso, permitindo, então, que caminhassem lado a lado.
Eric e Jack seguiam aos murmúrios mais à frente e, a cada vez mais, tomavam distância dos dois. Noah sentia o rosto ferver, tanto por senti-la tão próxima a si, quanto pelo fato de algo lhe dizer que os dois amigos estavam a falar dele. Ouvira Lynx falar algo com ele, mas não entendera muito bem, pois estava mais concentrado em tentar conter as informações da sua mente que diziam visivelmente que seria uma ótima idéia tomá-la para si e beijá-la com fervor. Como gostaria de fazer há muito tempo.
O trajeto até o corredor em que ficavam os aposentos em que eles dormiam fora muito rápido na visão do rapaz. E, num breve instante, Noah se vira parado no meio do corredor, se despedindo dos amigos que foram para os seus respectivos quartos e, no outro, virara-se para o seu e quase caíra para trás ao deparar-se com a morena recostada à parede do vão da porta. Do seu quarto.
Noah engoliu em seco ao notar que não era pretensão nenhuma de Lynx sair dali e que, para ele entrar no quarto, teria que passar por ela. E a idéia que surgiu em sua mente ao vê-la parada ali era bastante tentadora.
O rapaz respirou fundo, tentando controlar a si mesmo, mas mal dera alguns passos, sentiu-se novamente obrigado a parar ao notar que a morena caminhara uma das delicadas mãos lentamente até a fechadura e abrira a porta com um leve estalo.
-Acho melhor você entrar, Noah. – ela falou num murmúrio e ele reparou que a face dela estava ligeiramente ruborizada.
Lynx empurrou a porta espalmando a mão sobre ela e, num gesto meio altivo e acanhado, deu espaço para que ele passasse, contudo, ainda permanecia no vão da porta. Noah meneou a cabeça de forma brusca tentando não pensar que aquilo era realmente convidativo e limitou-se a fixar o olhar em algum ponto específico que não fosse a primogênita dos Black, mas, ao ver dele, aqueles olhos gris o chamavam, da mesma forma que o seu corpo agora clamava para ter o dela junto ao seu. Sentiu um leve tremor quando a mente divagou sobre a imagem dela em seus braços e suspirou profundamente.
-Lynx... – ele começou num murmúrio rouco e pigarreou antes de prosseguir. – Eu acho... eu acho melhor você sair daí.
Ela ficou completamente ruborizada e Noah permitiu-se sorrir brevemente. Ela ficava ainda mais tentadora assim.
-Sim, sim. Desculpe-me. – ela murmurou, se afastando do vão da porta.
Sentindo-se um pouco mais seguro, Noah caminhou em direção ao seu quarto, mas se viu parando novamente, quando sentiu a mão delicada da garota se fechar sobre o seu braço.
Seu corpo foi acometido de um leve choque, ao que o loiro virou-se a fim de encará-la.
-Richards... – ela começou num sussurro. – Está tudo bem com você?
-C-como assim? – ele gaguejou, um tanto quanto confuso.
-Os ferimentos, Noah. – Lynce explicou pausadamente. – Eu queria... Eu queria saber se estão cicatrizados.
-Ah... – ele começou, tentando olhar para outra coisa que não fosse os lábios carmim da garota.
Involuntariamente, ou talvez nem tanto assim, virou um pouco o corpo para ficar de frente para ela. Lynx fez o mesmo e Noah prendeu a respiração por alguns instantes ao perceber que ela estava próxima a si. – A maioria está.
-E por que você saiu hoje à noite? – ela questionou pausadamente. Apesar do tom, Noah notou que os olhos dela denotavam mais mágoa do que repreensão.
-Lynce... – ele começou num murmúrio. – Eu... me desculpe. – completou, incerto do que dizer.
-Desculpar pelo quê? – ela indagou com os olhos semi-cerrados. – Por você ter se divertido com uma qualquer hoje no estado em que se encontra...? – murmurou num tom arrastado. – O senhor faz o que quiser da sua vida, Richards, eu não me importo nem um pouco. – completou quase num sibilo e, num gesto rápido, deu as costas para ele e fez menção de ir embora, mas, tão rápido quanto ela fora, ela se viu voltada para ele novamente. Noah segurava firmemente em seus dois braços e notou que ela o encarava de modo irritado.
-É melhor você me soltar, Richards. – ela falou num tom ameaçador. – Eu não...
-Por que você está me perguntando essas coisas, Lynx?
-Eu não perguntei nada, Richards. – ela rebateu num murmúrio rouco. – Eu só fiquei intrigada com o seu pedido de desculpas. – ela falou, ligeiramente corada. Noah riu.
-E por que você ficou tão incomodada com a possibilidade de eu ter dormido com uma outra mulher, Lynx? – Noah curvou os lábios num largo sorriso ao notar que ela ficava cada vez mais desconcertada.
-Eu... eu... – ela começou, cada vez mais vermelha e depois pigarreou. – Eu não lhe devo satisfações. – ela respirou fundo. – Será que o senhor pode me soltar agora, senhor Richards?
-Não, Lynx. – ele falou, trazendo-a para junto de si e sorrindo meio de lado, enquanto recostava sua testa a dela.
-P-por que não? – ela gaguejou, sua voz não passando de um leve sussurro.
-Porque... – ele falou rente aos lábios dela, enlouquecendo ao sentir o hálito quente de Lynx tocar-lhe de leve os seus. – eu sei que você não quer sair daqui.
Ainda com certo receio, Noah subiu uma das mãos lentamente pelo braço de Lynx, a fim de tocar-lhe de leve a face. A morena deixou escapar um longo suspiro e ele sentiu que ela inclinara de leve a cabeça, como se esperasse por isso.
Esboçando um breve sorriso, o rapaz beijara o canto dos lábios dela antes de puxá-la para si pela cintura e tomar os lábios dela contra o seus, como se receasse que, a qualquer momento, a garota se dissolvesse a sua frente.
Os lábios dela eram macios, como ele imaginava que seriam, e esse simples fato o fez soltar uma leve exclamação de satisfação que foi rapidamente abafada quando notou que ela entreabrira os lábios, permitindo, assim, que ele aprofundasse o beijo.
Num gesto bem delicado, Lynx pousou as mãos sobre os ombros dele enquanto inclinava a cabeça para o lado, encerrando de forma meio rápida o beijo. O rapaz abriu os olhos, confuso e atordoado, mirando-a com certo receio, mas o mesmo automaticamente morrera ao notar o sorriso quase arteiro que a mais velha dos Black exibia.
-O que foi? – ele arriscou perguntar, ao notar que ela permaneceria sorrindo, como se esperasse que ele dissesse algo. Ele iria completar o raciocínio, mas ele se perdeu em algum recôndito de sua mente quando notou que ela empurrara de leve seu corpo contra o seu, deixando-o completamente colados e... raios, era a impressão dele ou ela o instigara a permitir que sua perna ficasse entre as dele. Sentiu um calor subir pelo seu corpo ao constatar que sim. – Lynce...
-O que foi, Richards? – ela riu um pouco. Um riso meio angelical que contrastava por completo com as reações que deveriam ser consideradas ilícitas de serem feitas com ele. – Com medo de uma mulher...? – ela se pôs na ponta dos pés e o breve movimento do corpo dela contra o seu fez o rapaz ter a ligeira impressão de que iria explodir. A morena roçou os lábios dela ao seu antes de percorrer o trajeto ao ouvido dele. Noah apertou com força o penhoar dela e inspirou profundamente, imaginando o que viria a seguir. – Eu sei que você também me quer, Noah Richards. – ela se afastou de leve e tornou a sorrir para ele, antes de capturar os seus lábios mais uma vez.
Noah acreditava que a bebida o estava fazendo ouvir coisas ou, aparentemente, Lynx não estava agindo com muita sensatez, principalmente quando ele teve a impressão de que ela o guiava lentamente em direção a porta do seu quarto e que as macias mãos dela tentavam arranjar uma maneira de se livrar da blusa que ele estava usando. Percebeu que ela descolara os lábios dos seus e se afastou um pouco. Noah sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao sentir o contato com as mãos dela com a sua pele, enquanto retirava a sua camisa com um meio sorriso.
Lynx espalmou as mãos de leve sobre o peito dele e ele se sentiu com falta de ar. De um jeito que lhe lembrou um felino, a morena se aproximou dele e começou a dar esparsos beijos sobre os ombros dele. Noah suspirou e quase a tomaria em seus braços novamente, se ela não fosse mais rápida.
Lynx o empurrou e o rapaz caiu deitado na cama, com os cotovelos sustentando o seu tronco meio erguido e as pernas entreabertas.
-Lynx, você... – a voz morreu em sua garganta com um leve engasgue ao notar que a garota deixara o penhoar deslizar graciosamente pelo seu corpo. Ele arregalou os olhos e engoliu em seco.
Ainda meio atordoado por vê-la somente com uma roupa de dormir ligeiramente transparente, ele viu-a aproximando-se dele calmamente.
Numa leve graciosidade ela colocou um dos joelhos entre o espaço que ele deixara entre as pernas e aproximou dele de modo sorrateiro, sustentando o peso do seu corpo com suas duas mãos sobre o colchão, deixando-o entre elas.
Ela permitiu um contato breve entre os seus lábios antes de se afastar e encará-lo de modo firme. Os olhos gris deixando transparecer um leve tom azulado.
-Você pode me tocar se quiser, Richards. – ela sorriu ao que ele corou furiosamente com a insinuação da morena.
Mas, como se isso fosse o que ele esperava para começar a tomar alguma atitude, Noah tornou a beijá-la de uma forma mais lasciva e, num gesto ágil ergueu um pouco mais o tronco e a puxou para perto de si com uma das mãos, invertendo as posições logo em seguida.
Noah deixou um longo suspiro escapar dos seus lábios enquanto descia os beijos até o pescoço de Lynx. Ele não sabia ao certo o que realmente tinha acontecido para a morena incitá-lo daquela maneira, mas, pouco lhe importou o fato quando uma das suas mãos subia lentamente a camisola dela e afundava lentamente o corpo dele sobre o dela.
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Noah abriu os olhos lentamente, ainda meio desnorteado e inebriado com as sensações que aquele momento proporcionara, mas, ao se dar conta do que realmente tinha acontecido arregalou os olhos e sentou-se num pulo, a ponto de ainda ver sua porta se fechando num gesto delicado. Esfregou o rosto, enquanto sentia a cabeça latejar e respirou fundo, escorregando os pés para fora da cama e enterrando o rosto nas mãos.
-Certo, Noah, muita calma nessa hora. – ele suspirou. – Isso não pode ter acontecido... Isso não pode ter acontecido.
Ele tirou as mãos do rosto e abriu um dos olhos, reconhecendo sua camisa e sua calça jogada a um canto do quarto. E, ao olhar para si, reparara que somente estava a usar as suas roupas de baixo.
-Céus, eu nunca mais bebo tanto em minha vida... – ele tornou a se jogar de costas na cama fitando o teto com um olhar meio desfocado. – O que a Lynx deve estar pensando que eu sou agora? – ele mordeu o lábio inferior de leve. – Tudo bem que ela me provocou, hum, e como ela me provocou... Mas isso não é motivo suficiente para que eu tivesse perdido as estribeiras! – ele bufou de raiva.
Ele coçou a cabeça de leve e, num impulso nem tão ágil, devido a um grande latejar da cabeça, ergueu o tronco e já iria se preparar para levantar se não tivesse visto em seu criado-mudo duas coisas que não havia visto antes. Um pote com um líquido de aspecto esverdeado e um pedaço de pergaminho.
Confuso, tomou os dois objetos em suas mãos e deu uma atenção especial ao bilhete. Riu de forma admirada ao constatar que só podia ser da Lynx, surpreso por ela, sendo uma mulher, saber escrever.
“Esse frasco contém uma poção que ajuda a curar os seus ferimentos de forma mais rápida.
Eu queria te entregar logo, mas, como você estava dormindo, optei por não acordá-lo.
Espero que tenha tido uma boa noite, Richards.
Beijos
Lynx Black”
Noah sorriu ao mesmo tempo que sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando a mente começou a divagar com ela sussurrando seu sobrenome rente ao seu ouvido. Sim, ele havia tido uma boa noite. Uma ótima noite.
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Ela não conseguia dormir, a festa tinha terminado há algum tempo e as suas sobrinhas já estavam todas dormindo calmamente em seus respectivos quartos. Mas ela não conseguia, a vontade de torturar, estrangular, matar Cygnus era mais forte e fazia-a andar de um lado ao outro do quarto sem sossego. "Nos passaremos a noite juntos, Perse, espere, será magnífico.", ele falara. E ela, idiota e ingênua, acreditara e esperara por ele noite todo.
Pra que?
Somente para depois vê-lo sair com os amigos para uma taverna e, provavelmente, terminando a noite na cama de uma qualquer.
- Persephone, você esta acordada? - ela ouviu a voz rouca e arrastada de Cygnus do outro lado do quarto, o canalha ainda tinha coragem de aparecer ali bêbado.
Ela apenas reprimiu um bufo de raiva e permaneceu em silêncio, optando por deitar em sua cama e encobrir-se calmamente em suas cobertas. Ele não a deixou esperando? Pois bem, que agora ele morresse gritando, que ela não abriria a porta... ela respirou profundamente. Por mais que o corpo dela gritasse pelo dele agora. Oh, mas que droga, ela não podia ficar pensando nessas coisas agora. Ajeitou-se emburrada em sua cama e fechou a cara, sabendo que ele não desistiria assim tão fácil.
Houve três toques na porta e ela revirou os olhos. Já sabia até o que ele iria dizer.
-Perse, eu sei que você está acordada. - ele falou numa voz meio enrolada pela bebida e pigarreou antes de prosseguir. - E nem adianta fingir que eu não existo, porque eu não vou fazer você esquecer disso assim tão facilmente. - ele respirou fundo. - Perse... você não vai abrir? - continuou num tom ameaçador. - Olha, se você optar por isso, acredite, eu vou fazer um escândalo.
Ela revirou os olhos, não ia abrir, não ia abrir, estava decidia. - Não me importo, vai ser até melhor. - ela respondeu com raiva. - Assim, sua mãe arruma logo uma noiva para você, e eu me livro totalmente da sua presença. Ou melhor, ela arruma um noivo pra mim, já está na hora mesmo. Dá o fora, Cygnus, não quero te ver nem coberto de ouro.
Ele suspirou, ela estava falando em casamento, o que significava que estava com muita raiva.
-Você não esta falando sério, Persephone, abra a porta. Vamos agir como pessoas civilizadas e...
-Você está bêbado. Não consegue nem falar direito. - ela o cortou, com a voz já alterada. - Não vou mais falar com você, Cygnus, vá para o seu quarto dormir.
-Não vou sair daqui. Vamos, você não esta sendo sensata...
Ela fechou os olhos e colocou as mãos sobre os ouvidos para não ouvir nenhuma palavra, queria que ele fosse embora, tê-lo tão perto não ajudava nem um na sua decisão.Suspirou e retirou as mãos dos ouvidos, ele havia parado de falar, devia ter ido embora, então abriu os olhos.
Deixou escapar um suspiro de alívio ao notar que o silêncio voltara a reinar sereno no corredor.
Esboçou um sorriso satisfeito e ajeitou-se de uma forma meio manhosa na cama, mesmo que algo lhe dissesse que Cygnus havia desistido fácil demais.
Ela estava completamente certa em desconfiar disso. Foi o que ela constatou, alguns minutos depois, quando ouviu uma risada soar dentro do seu quarto.
-E agora Perse? - Cygnus falou num murmúrio rouco. - Vai me expulsar do seu quarto agora?
Ela respirou fundo antes de se virar para ele e erguer o tronco calmamente. Por que raios ela se esquecera de trancar a droga da janela?
-Você estar ou não aqui não vai adiantar nada, Cygnus. - ela murmurou num tom arrastado, apesar de sentir-se ligeiramente quente ao notar o olhar dele sobre si.
-Mesmo?
-Mesmo. - ela repetiu num resmungo.
-Por que você continua a fingir que não se importa com minha presença nesse quarto, Perse?
Ela reprimiu um grito de raiva, não pelo comentário dele, mas ao notar que ele sempre estava certo.
Mil vezes maldito seja Cygnus Black!
-Vá procurar suas rameiras, Black. - ela grunhiu em resposta. - Você não vai achar nada de mim a não ser uma morte bem lenta e dolorosa!
Ele olhou espantado para a garota. - Que rameiras?Por Merlin, você não esta pensando que eu fui...
Ela o olhou com os olhos castanhos brilhando de raiva, eles pareciam mais duas bolas de fogo do que olhos agora. - Eu não estou pensando, Cygnus Black, eu sei!! Não venha mentir pra mim. Agora volte para suas rameiras, eu preciso dormir.
Ele suspirou, controlando a vontade de agarrá-la e fazê-la sentir tudo que ele sentia por ela. - Eu não estou mentindo. Não estava te traindo, só fui num bar!
Ela olhou cética. - Você acha que eu vou acreditar nessa historia? Não sou besta, Cygnus, eu sei o que homens fazem quando vão a tavernas.
-Sabe? Não parece, Persephone. Nós vamos beber, só beber!Eu não fui a um bordel.
-Quem me diz? - ela perguntou, já gritando. Nem havia percebido, mas já estava praticamente em pé na cama, apontando o dedo para Cygnus. - Não se pode acreditar num Black, todos vocês vivem mentindo.
-EU NÃO ESTAVA COM NENHUMA MULHER. Dá pra colocar nisso na sua cabecinha?
-Não, não dá. Mas mesmo que desse, não faz muita diferença. Você me traiu do mesmo jeito.
-Do que você esta falando agora? - Cygnus perguntou confuso.
-Você se lembra do que me prometeu de manhã?Não íamos passar a noite juntos? Mas não, Cygnus Black prefere passar a noite num bar bebendo com amigos. - Ela respondeu rancorosa, frisando a palavra amigos.
Cygnus sabia que aquele não era o momento apropriado para rir, mas, simplesmente, não se conteve e gargalhou gostosamente. E, à medida que o rapaz ria, a feição de Persephone se mostrava ainda mais carrancuda e os olhos ainda mais brilhantes de raiva.
-Você está com ciúmes! - ele concluiu, entre risadas. - E ainda por cima de garotos, Perse?
Ela apenas emburrou ainda mais - se é que era possível - e encarava Cygnus com um olhar mais do que assassino.
-Não, Black, apenas estou dizendo que você não costuma cumprir suas promessas. - ela alteou a voz para se sobrepor ao rir dele.
-Perse, Perse... - ele suspirou, como quem se recupera do riso. - Você acha mesmo que eu trocaria você por eles?
- Eu não acho, Cygnus, eu tenho certeza. Você me trocou por eles, o que acha que fez hoje?
Ele tentou segurar a risada, para não deixá-la com mais raiva, mas não conseguiu. - Hoje foi só uma festa de homens, Persephone, não estávamos fazendo nada demais.
Ela o olhou desconfiada.
-Não acredito em você, não acredito.
Ele suspirou e tentou puxá-la pra perto, mas ela não deixou.
-Nem tente chegar perto de mim, Cygnus Black!Tire essas mãos que tocaram suas rameiras de perto de mim.
-Já basta, Persephone! - ele gritou com raiva, fazendo ficar quieta. - Não vou ficar aqui ouvindo você me insultar, já falei e repito não estava te traindo.
-Não vai? – ela falou num tom arrastado. – E o que está esperando para sair do meu quarto?
Cygnus quase engasgou com o que ela disse, de certa forma, esperava que ela tivesse outra reação e não essa.
-Você está me expulsando? – ele questionou num tom rouco.
-Isso mesmo, Black. – ela respirou fundo. – Dá o fora daqui!
-Essa é a sua última palavra? – ele falou num tom arrastado.
Persephone não disse nada, apenas se levantou calmamente da cama e caminhou até a porta, abrindo-a e olhando significativamente para o rapaz.
-Ótimo! – ele falou num resmungo. – Ótimo.
Ele resmungou algo ininteligível antes de caminhar até ela e, após ter-lhe lançado um último olhar, saiu sem dizer mais nada. Persephone fechou a porta, irritada e, com um longo suspiro, voltou a deitar-se na cama, apesar de não estar tão certa assim de que iria conseguir dormir.
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