O baile dos pretendentes
Capitulo VIII
O baile dos pretendentes
Eric sabia que estava atrasado para o baile. Haveria muitas famílias bruxas nesse baile pelo que lhe disseram.
Como até agora só havia se relacionado com os Black queria saber se todas as outras famílias bruxas eram como eles. Embora o príncipe tivesse a nítida sensação de que apenas os Black eram assim. E eles eram assim justamente por serem Black.
Balançou a cabeça como que para afastar os pensamentos e decidiu ir logo para o baile. Jack e Noah já estavam lá porque ele lhe pedira que fizessem isso. Queria analisar as famílias bruxas sem que elas soubessem que ele era o príncipe.
Caminhava pelo corredor quando viu algo se mexer nas sombras.
-Quem está aí?-perguntou enquanto apertava a varinha que trazia com mais força.
-Sou eu, Vossa Alteza desculpe se lhe assustei.
A figura deu mais alguns passos e a luz do recinto lhe iluminou.
Stella Black.
Ela estava bastante bonita com o vestido azul que usava. Mais bonita até do que quando ele a conhecera.
-Pensei que já estivesse no baile com suas irmãs, srta. Black.
A garota suspirou pesadamente antes de continuar.
-Também achei que estaria, Alteza. Mais receio que minha mãe não esteja querendo a minha companhia.
-Como assim?
Ela deu um sorrisinho de escárnio que lhe lembrou o irmão, Cygnus.
-Por que achas que tantas famílias bruxas foram convidadas? Mamãe certamente pretende arrumar pretendentes para todos nós. Não me surpreenderia se houvesse pretendentes até mesmo para Cygnus e Persephone.
Eric se espantou com a naturalidade com que ela lhe falava coisas delicadas como esta.
Mesmo assim, não pode deixar de sentir um aperto no coração ao ver que ela, aparentemente, se incluíra como alguém que a mãe arrumasse um pretendente.
-Até para a senhorita? - percebendo o que falava tentou se concertar - Digo, tanto a senhorita quanto as suas irmãs são muito novas para se casar. Ao meu ver, claro.
Ela sorriu.
-Que bom que pensas assim. Que pena que minha mãe não pense assim. Do jeito que ela é não me surpreenderia se inventasse de arrumar pretendente até mesmo para você. E, lamento lhe informar, ela não desiste facilmente.
Eric sorriu também.
Era bom conversar com a garota Black. Na verdade, era extremamente agradável.
Talvez ele nem fosse ao baile. Talvez apenas ficasse naquele corredor conversando com ela. Talvez.
Ele não soube explicar ao certo o que o levou a fazer o que fez. Mas Eric nunca se arrependeu de puxado pela cintura e juntado os lábios no dela, apaixonadamente.
Stella ficou sem reação por incontáveis segundos, até que foi se dando conta do que acontecia, dos lábios quentes dele no seu.
Martirizou-se por faltar-lhe forças para empurrá-lo, o que seria o correto a se fazer. Mas aquela sensação era boa demais. Simplesmente não conseguia.
Acabou por envolver-lhe a nuca com seus braços, enquanto Eric aprofundava mais e mais o beijo.
Talvez nenhum dos dois fosse ao baile realmente...
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E nenhum dos dois foi ao baile. Só Betel parecia perceber que nem sua irmã, Stella, nem o príncipe estavam presentes. Talvez ela devesse procurar os dois, pois ela tinha certeza que eles deveriam estar juntos, era coincidência demais os dois não serem encontrados.
Devagarzinho, para não chamar a atenção da mãe, ela saiu do salão, indo parar em um dos corredores da ala sul, a menos usada no castelo, era o lugar ideal para a irmã se esconder.
Ela percebeu, no entanto, que não estava sozinha, que estava sendo seguida. Era irônico que naquele castelo, enorme, nunca fosse capaz de ficar sozinha.
-Quem está aí? - ela perguntou para o escuro. E um pequeno ser muito feio, um elfo, surgiu do meio das sombras. Ela suspirou, aliviada e desapontada ao mesmo tempo.
-Winly, você me assustou. O que está fazendo aqui, na ala sul? Por que não está na cozinha com os outros elfos? Por que está me seguindo?
-Senhorita, Winly nunca a seguiria. Não, não, Winly não a estava seguindo... - o elfo repetia, com medo de Betelguese que, entre as irmãs, era a que mais gostava de azarar elfos e era impiedosa.
Betelguese sorriu.
-Então, Winly querido, o que estavas fazendo?
-Winly estava somente cumprindo ordens da senhora Black! A senhora Black disse para Winly não perder suas meninas de vista.
Betel olhou furiosa para a elfo.
-E minha mãe acha que tem o direito de mandar um elfo me seguir? Winly, volte para cozinha e não saia de lá até eu mandar. Caso minha mãe pergunte, você vai dizer que não me viu. Entendido?
-Mas, senhorita, sua mãe mandou Winly...
-Winly! Você quer ser castigado? Ou melhor, quer ganhar meias?
Winly olhou apavorado para a garota. Betel podia jurar que o elfo ia chorar.
-Não, não! Por favor, senhora, eu lhe imploro, meias não! Winly promete voltar para a cozinha e ser um elfo bom.
Betel sorriu.
-Ótimo. Agora vá, suma da minha frente.
O elfo fez uma reverência e sumiu.
-E depois os Black ainda se acham melhor que os outros bruxos, mas tratam seus elfos iguais aos outros...
Betel olhou surpresa para o garoto que saiu das sombras. Ela o reconheceu como um dos filhos do casal Lestrange, o último pretendente que Stella afastara.
-O que você quer? Não deveria estar no baile, tentando cair nas graças da Stella?
Ele revirou os olhos, fazendo uma careta engraçada em seguida.
-Stella é chata.
Betel arqueou a sobrancelha, ligeiramente ofendida com a audácia do rapaz a sua frente.
-Creio que não era isso que o senhor dizia a ela, enquanto tentava cortejá-la, não é, Lestrange? – ela murmurou num ar sério, antes de sorrir de forma enviesada. – Ou será que você só está dizendo isso agora por que teve seu orgulho ferido pela minha irmã tê-lo dispensado?
Ela alargou o sorriso quando notou os olhos escuros do rapaz chisparem.
-Cuidado com o que fala, Black, a senhorita ainda pode se dar muito mal por isso. – ele sussurrou num tom ameaçador, ao que ela gargalhou um pouco.
-Lestrange, eu não tenho medo de homem. – murmurou num tom sereno, diminuindo a distância entre eles a passos suntuosos. – Vocês se dizem mais fortes, mas não passam de fracos que chegam a perder a cabeça por uma simples ação de uma mulher. – ela riu um pouco, parando de andar quando o ultrapassou e voltando o olhar para encará-lo. – Uma boa mulher. – ela tornou a sorrir. – Passar bem. – completou, antes de voltar a caminhar pelo corredor.
-Hey, Black! – Lestrange a chamou depois de alguns segundos.
-Sim? – ela tornou a virar-se para encará-lo.
-A senhorita cavalga muito bem.
-Obrigada. – ela fez uma leve mesura e sorriu. – O senhor também é um exímio cavaleiro, Lestrange. – e, dizendo isso, sumiu da vista do rapaz ao dobrar um corredor qualquer.
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Noah e Jack circulavam pelo salão incomodados.
-O Eric ta demorando tanto.
-Também não estou gostando disso. – disse Jack – Se bem que, - olhou em volta, sorriu de lado – Aquela Black também não apareceu...
-Qual? – Noah olhou em volta também. Mas seus olhos não circundaram todo salão, param sobre uma figura familiar e ao mesmo tempo encantadora.
A garota que se vestia de homem, finalmente a via novamente. Só que dessa vez ela ostentava um belíssimo vestido. E, como imaginara tantas vezes em seus sonhos, ela estava linda.
Sentiu uma cotovelada.
-Não era dessa Black que eu estava falando, Noah. – riu Jack – Pare de babar, anda.
-Aqui mamãe! Pai! Por aqui! – eles ouviram a fina voz de garota vinda detrás dos ambos, viraram-se.
A jovem ruiva que fora apresentada a eles mais cedo se aproximava puxando uma mulher de longos cabelos negros e um homem sorridente pelas mãos.
-Esses são os cavaleiros do rei. – disse Lyra abrindo um sorriso igual ao do pai para os dois – Senhores, gostaria de apresentar-lhes meus pais.
Noah abriu um sorriso e cumprimentou o casal numa reverencia.
-Muito prazer. – disse – Meu nome é Noah Richards e esse aqui é o meu amigo...
-Lancaster. – a voz de Jack saíra bem mais grosseira do que deveria, o outro o encarou e percebeu que os olhos do amigo chispavam para o homem à frente deles – Jack Lancaster.
-Andrômeda Potter, muito prazer. - a mulher falou, aparentemente, não percebendo o clima meio estranho que se instalara entre os presentes. Ela fez uma leve mesura e segurou o braço do marido, esboçando um sorriso. - E esse é...
-Alexander Potter. - Jack falou num tom menos grosseiro, mas estranhamente sério. Noah desviou o olhar da Senhora Potter e passou a olhar para o amigo.
Jack ainda encarava o homem a sua frente com uma expressão séria que, para Noah, não cabia no rosto do amigo. Desde que se conheciam nunca havia visto tal expressão em seu rosto. Estreitou os olhos, meio desconfiado, desviando o olhar para o homem, que ao ver o rapaz, agora apresentava um semblante meio pálido.
-É um prazer conhecê-lo, senhor. - Jack prosseguiu e sorriu meio de lado, abandonando o ar sério e fazendo uma leve mesura. - Eu já ouvi a pequena Lyra falar muito do senhor. Muito bem, por sinal. - ele sorriu meio de lado, um sorriso que Noah, que o conhecia bem, notou ser de leve sarcasmo, apesar de dar um ar de gentileza para os despercebidos. - Deve ser um pai exemplar. - o homem apenas piscou demoradamente.
-Creio que devo mesmo ser... - o homem falou num tom meio grave. -...Sr. Lancaster. - completou pausadamente.
-Onde está o príncipe? - a pequena Lyra perguntou, ansiosa, ainda sorrindo, mas percebia-se que ela tinha uma sobrancelha arqueada, como quem desconfia de alguma coisa. Não se saberia dizer se o comportamento estranho do pai ao ver Jack e vice-versa, ou se pelo fato do sumiço do príncipe.
Ninguém respondeu. A pequena emburrou-se consideravelmente, mas, ao notar um rosto conhecido, alargou o sorriso e esboçou um ar animado.
-Hey, Lynce! Lynce! Vem cá!
As reações a esse fato foram variadas.
Andrômeda parou de mirar o marido com um ar intrigado e, assim como o próprio, desviou o olhar para a garota que se aproximava, sorrindo.
Jack soltou um longo suspiro e correu o olhar esparsamente pelo recinto, como se estivesse voltado a procurar o príncipe.
Noah, por sua vez, prendeu a respiração involuntariamente, observando a forma altiva da garota andar, ao mesmo tempo em que, em algum lugar de seu ser, sentia que não estava preparado para estar tão perto daquela Black. Não agora.
Lynx sorriu para a pequena.
-Lyra, estava com saudades! Faz tanto tempo que eu não te via, prima, como vai? Andie, Alexander, é tão bom ver vocês! - A garota continuou, não notando o clima estranho.
-Nós estamos bem. Como vai você, Lynce? - Andrômeda perguntou. – Sua mãe me contou que fugiu do Slughurn... Lynce, você não podia ter feito isso. Todos os casais têm dificuldades no começo, até eu e Alex tivemos, não é, amor?
Alexander sorriu.
–Andie me detestava assim que nos casamos. Foi uma atitude muito precipitada a sua, Lynce.
Os dois cavaleiros olhavam a cena sem mover um músculo: Noah porque estava ocupado demais observando Lynx Black e Jack porque não conseguia olhar para outro que não fosse Alexander Potter.
-Não vamos discutir isso, tio. E vocês, cavaleiros, como estão? - Ela perguntou, lançando outro de seus sorrisos devastadores para Noah.
Aqueles sorrisos deveriam ser proibidos, eram capazes de deixar qualquer homem aos pés da garota, Noah suspeitava.
-E o príncipe? Ainda não o vi por aqui, certamente deve estar se aprontando...
Noah e Jack deram um sorriso amarelo, por também não saberem onde o príncipe estava.
-Ele chegará logo, senhorita. – Jack respondeu, torcendo para que fosse verdade.
-Ah, senhor Richards, eu gostaria muito de conversar com o senhor! - A garota falou ao notar a aproximação da mãe com um jovem a tiracolo. – Você não se importa, se importa? Podemos dançar enquanto isso, não?
Noah olhou espantado para a garota, e assentiu sem dizer nenhuma palavra. Primeiro, ela fugia do marido, vestia-se de homem e agora o convidava para dançar!
Jack desviou por um momento o olhar de Alexander e fitou a garota, surpreso, antes reprimir um sorriso ligeiramente malicioso que insistia em aparecer nos seus lábios.
Os três Potter encaravam a primogênita dos Black com certa surpresa ante ao gesto desinibido da garota, sendo que Lyra trazia um sorriso no rosto. Noah ainda permanecia estático, contudo, ainda perplexo com o convite da bela jovem.
Lancaster, ao reparar que Noah não sairia dali nem se chovesse árvores, deu uma cotovelada discreta no amigo, ao que ele pareceu despertar, pigarreando consideravelmente. O sorriso da garota pareceu ainda mais provocante na opinião do rapaz.
-Com licença, senhores. – apesar de ter conseguido não gaguejar, sua voz não passara de um leve ruído. Jack se controlou para não rir. Nunca havia visto o amigo ter uma reação tão patética perante uma garota.
Noah aproximou-se da garota a passos meio pesados e mecânicos, oferecendo o braço para ela, ao que ela rapidamente o aceitou, ainda sorrindo.
-O senhor sabe dançar, senhor Richards? – Lynx perguntou usando o seu tom mais suave, tentando não rir ao notar o rapaz estremecer um pouco. Sentiu-se tentada a perguntar se ele estava a sentir algo, mas preferiu ficar em silêncio. O rapaz, por sua vez, parecia fazer um esforço enorme para manter seus olhos fixos a algum ponto a sua frente, se controlando para não virar o rosto para encará-la, já que a mesma mantinha o tempo todo o rosto virado em sua direção e, para Noah, aquela falta de distância entre eles seria um tanto quanto perigosa. Muito perigosa.
-Eu... bem... – ele pigarreou antes de prosseguir. Podia sentir o olhar que ela lhe lançava penetrando a sua pele, fazendo-o sentir-se ligeiramente quente. – Sim, senhorita Black. – Sim, sim. Ela não tinha somente sorrisos devastadores e uma voz inebriante. Ela tinha olhos tentadores... Sem falar nos lábios. Sim, os lábios...
-O senhor pode me chamar de Lynce. – ela tornou a sorrir e Noah, que havia lançando um olhar de esguelha para a garota, prendeu a respiração. Por que diabos essa garota era tão provocante? Aliás, por que diabos ela não parava de sorrir? Aqueles sorrisos não eram nada bons para ele. - Mas só se me prometer que o senhor irá permitir que eu lhe chame de Noah.
-Hã... tudo bem. – ele falou, num tom rouco, virando-se bruscamente para frente. – Er, tudo bem. – repetiu num tom mais firme.
Lynx pareceu ligeiramente satisfeita com a resposta do rapaz e parou de andar. Noah, mecanicamente, parou também e a mirou, meio confuso.
O rapaz quase caíra para trás quando ela ficou de frente para ele e pôs a mão nos seus ombros e entrelaçou a sua mão a dele. Mãos macias e delicadas... O rapaz sentiu um calor subir pelo seu corpo.
-Concede-me esta dança, Noah? – ela perguntou pausadamente ao que ele inspirou profundamente e assentiu, meio nervoso.
O rapaz fixou o seu olhar ao dela, achando a cor dos olhos da garota semelhante a das nuvens em uma manhã tempestuosa. Noah levou a mão à cintura da garota e tentou não pensar na textura da pele que havia por debaixo daquele vestido. Piscou demoradamente, enquanto sentia a respiração completamente rasa.
-Noah, isso está errado. – a mulher o advertiu num tom sério. O rapaz a encarou, confuso, e já estava pensando em soltá-la, quando ela prosseguiu. – Para dançar com uma Black, você deve chegar mais perto... – ela sorriu e se aproximou dele, deixando os corpos colados. Noah teve a ligeira impressão de que, a qualquer momento, seu coração iria explodir. – assim.
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